POEMA: TININHA
TININHA E SUA HISTÓRIA
TININHA
Tinha o cabelo cortado
Parecia ser um menino-a pobre-
Não teve vestido bordado
Nem um simples anel de cobre
Fazia as lidas da casa
E as lições da escola também
A mãe lhe " cortava as asas"
Não brincava com ninguém
A menina cresceu e um dia
A mãe casou-a como convém
O marido lhe deu regalias
E uma boa mesada também
Era suave e carismática
Católica, gentil e envolvente
Mas consumir era sua prática
Dirigia-se às compras diariamente
Em pouco tempo abarrotou
A casa de três andares
Enfeites e bonecas colocou
No sofá, nas escadas, aos pares
Os brinquedos tinham voz e luzes
O anjo e o Papai Noel de pilhas
Conversavam com Tininha-cruzes!
Substituindo as inexistentes filhas
Mesmo com quartos espaçosos
Tininha foi parar num quartinho
Os bibelôs lhe acenavam preguiçosos
E em todos os espaços faziam ninho
Sem que percebesse a inutilidade
A vida lhe fugiu- que ironia-
Por inconsequência, não por maldade
Sem deixar rastros -só agonia-
Imagino que em sua última hora
E na ausência de amizades sinceras
Abraçada às bonecas diga a N.Senhora:
- Perdão, troquei minha vida por quimera
Kátia Chiappini
A HISTÓRIA DE TININHA
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