QUEM NÃO?
DECEPÇÃO?
QUEM NÃO?
Ontem, sob a luz do luar
Esperei o eleito, faceira
Ora na rede a balançar
Ora no calor da lareira
A toalha de renda na mesa
E a melhor safra de vinho
Seriam parte da surpresa
Bem como os lençóis de linho
Busquei as prateadas velas
E os finos copos de cristais
E as louças da vovó, aquelas
Exibindo pinturas orientais
A ceia, pronta, esperava
Pelo jovem e gentil cavalheiro
No céu uma grande estrela esperava
Pelo encontro que seria o primeiro
E a madrugada se prolongou
E só a escuridão se percebeu
A lua cansou e logo se retirou
E o sol radiante, na manhã apareceu
Nada do que se esperava e se previa
Nenhuma expectativa se cumpriu
A promessa feita, antes, não vingaria
Quem a fez jamais surgiu
Fiquei quase sem vez e sem voz
De orar bem alto, suplicando
Que essa ausência tão atroz
Não fosse o fim se delineando
Eu me recusava a acreditar:
- O eleito não viria me ver
Mas a lição preciso interiorizar:
- O amado mentiu por querer
Agora desconfio do galanteador
Das vãs promessas de momento
Quem não se doa não recebe amor
Porque não há mútuo envolvimento
Quem sabe não faz a hora
Só sabe que nada sabe
Ele nem chegou e já foi embora
E ainda espera que eu desabe
Mas minha lágrima não vai escorrer
Porque meu eixo irei encontrar
E o novo eleito vai se surpreender
Quando meu roupão de seda deslizar...
Kátia Chiappini
QUEM NÃO?
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