Passam as caravanas
Os itinerantes passam
Passam as doidivanas
Os figurantes passam
Passam os anos vividos
Como um barco vazio
Passam os amores sofridos
Passam as águas do rio
Passam os dias sonhados
Ainda sem voz e sem vez
Passam os acomodados
Ou temerosos talvez
De lutar como era antes
Sem ser ceifada a liberdade
Hoje anões ou falsos gigantes
Querem de volta a normalidade
Passam os índios ludibriados
Sem um chão para habitar
Como bandidos e desgarrados
Na luta por uma terra e um lar
Passam pastores e os sofismas
Iludindo o povo desatento
Fazem da fé mercantilismo
Fingindo assisti-los e dar alento
Passam os bons costumes e bom senso
Vingam a ambição e a prepotência
Inverdades formuladas em consenso
Formam os homens sem decência
Só as formiguinhas e as abelhas
Passam cumprindo sua missão
A cúpula faz o que lhe dá na telha
O povo cansado está sem opções
KATIA CHIAPPINI
PASSAR
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