SE PUDER EVITAR: SOLIDÃO, NÃO
Conheci uma senhora
Que cedo ficou viúva
Da casa não foi embora
Se tornou pálida uva
Com dois filhos casados
Com os quais não se acertou
Preferiu ficar no sobrado
Com os bens que acumulou
Antes vaidosa e segura
Era bonita e vivaz
Depois veio a amargura
Mas fingiu estar em paz
Foi se tornando distante
Nem os filhos queria ver
E pela casa itinerante
Foi perdendo a seu ser
O orgulho não permitiu
Que admitisse a solidão
O filho não conseguiu
Reverter a situação
A casa no escuro vivia
Providenciaram a atendente
O momento assim o exigia
Era um quadro comovente
Trinta anos se passaram
E a solidão se perpetuou
Os neurônios se desligaram
E a demência se iniciou
Ou o apoio da família?
Ou a solidão que destrói?
Era preciso ouvir a filha
Não se comunicar, corrói
Viveu por 90 anos, então
Os últimos: fora do ar
Mergulhou na alienação
Como bêbado na mesa de um bar
KATIA CHIAPPINI
Não para a solidão!
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