A POLTRONA DA ADÉLIA
A poltrona da sala está sentindo falta de acolher minha ilustre aluna de piano: Adélia Einsfeldt.
Quando essa poetisa, em tempos idos, chegava em minha casa, descansava na poltrona porque caminhava um trajeto íngreme com subidas e descidas, após descer do ônibus,
Uma breve pausa era feita nessa poltrona, rotina da qual Adélia não declinava, motivo pelo qual, apelidei essa poltrona de Poltrona de Adélia.
Após o descanso, iniciávamos a aula dedilhando exercícios e pequenas peças para formar um repertório.
A aula transcorria em ritmo de entusiasmo e nos deliciávamos com pequenos detalhes. E o riso era fácil e contagiante entre a professora e a aluna.
Quando estou na sala tocando e ensaiando meus estudos, olho para a poltrona e parece que estou vendo a face sorridente de minha querida aluna. Sinto a marcante presença de Adélia, independente de estar sentada na poltrona ou não.
Ela falava sobre as atividades do seu dia, sobre seus poemas publicados, sobre seu desejo de infância onde o piano sempre teve um lugar de destaque.
A poltrona segue guardando o lugar de Adélia. E Adélia, de certo modo, segue sendo a dona da poltrona.
Permito-me imaginar que a poltrona e Adélia formam um par harmonioso.
Então, querida aluna, a poltrona espera por você.
Será um prazer voltar a receber essa dama prendada.
E quando eu contar até três, iremos executar aquela valsinha a quarto mãos.
Katia Chiappini
Adélia recebendo flores no dia do lançamento de um de seus livros de poemas.
Minha especial aluna de piano!
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