PERCEPÇÃO DE MIM MESMA
Ouço um choro que corta
E uma angústia que esmaga
Que bate em minha porta
Tão tardia quanto vaga
Ouço um gemido sentido
E um arrancar de roupas
Antes não tivesse ouvido
Tenho medo de estar louca
Ouço a mim mesma em pranto
Estou no escuro escondida
Bem encolhida num canto
E sem sentido e indefinida
Estou num quarto fechado
Vejo Deus na parede
Rezo - sou um ser abandonado -
Confesso ter fome e sede
Olho para o porta retrato
O choro vem compulsivo
Não vejo minha foto - de fato -
Dou um gemido expressivo
Não quero falar com ninguém
Preciso, sim, me recolher
Porque a ninguém convém
Me consolar ou me entender
De que me vale esse mirante
Se nada e ninguém eu almejo!
Vou contar ao mar deslumbrante
Que desisti do meu desejo
Percebo muito mais que isso
Calou-se a minha linda canção
O amado está, há muito, omisso
Declamo versos para a solidão
Estou quase desistindo de mim
Sem ritmo, melodia ou ''staccato''
Nem rego as flores no jardim
Rasgo o ingresso do teatro
Meu corpo está sem serventia
Tranquei a vida em marcha lenta
Tudo em mim é nostalgia
Porque ninguém me reinventa
KATIA CHIAPPINI
PERCEBO A MIM MESMA CHEGANDO DE VOLTA À TERRA E PISANDO FIRME NA NOVA JORNADA! OU QUASE...
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