NAMORO VIRTUAL
Uma amiga minha, separada, depois de alguns anos, resolveu teclar na sala de bate papo, porque descobriu essa possibilidade.
Ela teve uma ideia e colocou um nick e escreveu:
- Procuro um homem para casar. E se não for essa a intenção não me chame para conversar.
Pois minha amiga foi atendida e logo iniciou uma conversa, troca de e-mails, fotos, nada que causasse constrangimento.
Ambos eram pessoas de idade madura e teclavam com respeito, como se fossem grandes amigos.
Depois de um tempo minha amiga aceitou conhecer essa pessoa. Ele era um homem alto e ela uma mulher de estatura média.
Mas isso não impediu a continuidade do relacionamento.
E, já estão juntos por 40 anos. E formaram uma família maior acrescida dos filhos de um casamento anterior de ambas as partes.
Mas há homens que querem falar só nessas salas e não demonstram intenção de conhecer a mulher. São agradáveis, ou parecem ser. Mas passam anos teclando e nada de se referir à possibilidade de um encontro, frente a frente com a mulher.
Como se fosse possível haver plena satisfação desse jeito.
Mas como, certamente, já são comprometidos, não dizem nada e seguem teclando para ter uma pessoa comunicativa, com quem possam, ora brincar, ora falar sério, confessar fatos de sua vida.
É um modo de ter uma companhia sem se envolver.
Mas sabemos que isso magoa, porque quando a mulher fala nesse assunto ,ele desconversa. E, sob pressão, até faz promessas de marcar um encontro.
Se esses homens falarem a verdade sobre sua situação de comprometimento, sabem que vão perder a companhia das noites e aquela conversa que preenche as madrugadas.
Um dia a mulher descobre que não há motivo para esperar aquele cavalheiro e deixa de teclar.
Mas se o homem for desimpedido, e mesmo assim, quiser ficar distante, pode ser imaturo, inseguro, sem querer se arriscar.
Quero dizer que todo o relacionamento só se completa com o conhecimento, com o encontro real.
A internet não pode propiciar o toque nos cabelos, um jeito de acariciar o rosto, um jeito de afagar as mãos, um abraço, um beijo.
Mas, as vezes, a mulher também não se anima a se arriscar. Ela pensa que se o parceiro não gostar de sua figura, vai precisar terminar com a amizade e não vai concretizar algo mais que esperava.
E ambos ficam nesse amor platônico, sem nada usufruir.
Mas, essa forma de se relacionar existe. É um arremedo de amor, uma ilusão de internet, uma simulação de bem querer. E as juras de amor são forçadas, são feitas para não perder aquele contato virtual.
E essas pessoas nunca vão se permitir amar de verdade, com a ferocidade das paixões que cegam, com o descanso no corpo um do outro, após o ato de amor.
Essas pessoas vivem pela metade porque prezam mais a sua individualidade e em nome dela, não sei o que pretendem.
Preferem manter a esposa que já não amam do que romper com uma estabilidade confortável. Mesmo amando outra pessoa.
E, na velhice, irão se dar conta de que a vida passou e os sentimentos ficaram esquecidos, assim como os reais prazeres da vida.
KATIA CHIAPPINI
NAMORO VIRTUAL E SEM SABOR DE MEL!
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