Aquarela de poesias

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Poesias para você

terça-feira, 5 de abril de 2016

QUASE SEI...QUASE NÃO SEI...

                QUASE SEI...QUASE NÃO SEI...

O ''quase'' que escritores, músicos e intelectuais usam em seus textos, pode dar a impressão de fuga, de não posicionamento. Pode ser um receio de serem mal interpretados em suas explanações.
O excesso de metáforas ou de palavras de difícil compreensão podem nos desviar do âmago e deixar um certo cansaço quando vamos interpretar o que lemos.
Mas não só os intelectuais usam o ''quase'' .Em todas as esferas da atividade humana, há o receio de se expor.
A sinceridade pura e simples, sem omissões, seria o dizer tudo sem constrangimento.
Mas dizer tudo nos compromete tanto quanto nada dizer ou ''quase dizer.
O''quase''é um modo de deixar nas entrelinhas uma percepção além das linhas e uma maneira de se colocar mais próximo da racionalidade. E o bom observador perceberá a mensagem embutida e não explícita do texto.
É claro que não nos satisfaz o fato de ''quase'' ter vivido um amor, uma ''quase'' alegria da mudança de emprego. E o ''quase'' que almejamos para atingir os pontos necessários para a aprovação no vestibular.
O homem em sua essência precisa ser inteiro. Precisa ser íntegro. Então não posso dizer: ele é ''quase'' honesto, ou'' quase'' justo.
E muito menos nos deixaria tranquilos se ouvíssemos:
- Ele é ''quase'' incorruptível.
O ''quase'' é frustrante mas necessário para o contraponto de algumas situações. Porque o silêncio feito na hora certa vale mais do que 1000 palavras.
Há um limite entre o falar e o não falar. E o não falar é uma conveniência estratégica.
Por exemplo, os casais que vivem uma vida longa em comum, dizem ''quase'' tudo o que pensam um do outro. O que fica sem ser dito é o silêncio inteligente. É aquilo que,se fosse dito, poderia magoar ou estremecer as relações e a estrutura do bem viver.
Há o ditado que diz: ''quem diz o que quer ouve o que não quer, ou,''não atire a primeira pedra quem tiver telhado de vidro', ou ainda,'' a palavra é prata e o silêncio é ouro.''
E se fôssemos dizer tudo o que pensamos de um grande amigo, para ele próprio, talvez não o tivéssemos por perto, nas vicissitudes da vida.
O equilíbrio entre fala e calar me parece ''quase'' perfeito. Mesmo difícil de ser atingido, deve ser perseguido. Porque esse é o modo de proceder, se quisermos estar receptivos às mudanças dos padrões comportamentais pelos quais passa a sociedade.
Entre o ''quase'' falar ou tudo falar, nesse percurso existe uma dúvida atroz.
Mas quem vai ganhar todos os créditos é aquele cidadão que levanta cedo, sai da cama, se apronta e vai para o trabalho. E faz o seu melhor, seja qual for a atividade desenvolvida.
É quem segue auxiliando o próximo sem esperar retribuição alguma.
É quem está chorando na alma e sorrindo na face.
É quem acredita nos amigos e aceita deles um abraço sincero.
Ganhará o cidadão que souber tomar as rédeas de sua própria vida e agir de modo a dar sentido aos seus dias. E, com isso, tiver orgulho da missão cumprida.
      
                                         KATIA CHIAPPINI


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