AMÉLIA
Matar a galinha de angola
Puxar água do poço no arrebol
A mulher do campo se desenrola
Pois, em locais ainda esquecidos
A civilização não desembarcou
E muitos dos filhos paridos
São da mulher que não estudou
Sovar firme a massa do pão
Costurar as roupas pra família
Mexer o tacho no fogo de chão
Passar a roupa em grandes pilhas
E ainda empalhar as cadeiras
Fazer sabão caseiro e requeijão
Subir exausta a íngreme ladeira
Voltando da lida pelo estradão
São tarefas da mulher rendeira
Que trabalha sem descanso
Que disputa um lugar, ligeira
Na única cadeira de balanço
Essas Amélias de triste sina
Lavam o galpão e a garagem
E seus eleitos, nos bares da esquina
Bebem da cachaça e da libertinagem
KATIA CHIAPPINI
AMÉLIA
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