ILOGICIDADE E ANTAGONISMO
A vida é um eterno mistério que foge de nosso controle. Vivemos monitorados pelos pais e professores por um longo tempo, responsáveis por solidificar nossa jornada.
Logo, chegamos aos 40 anos, casamos, temos filhos, criamos a prole com esmero, trabalhamos muito e descansamos pouco.
Agora temos uma poupança para a sonhada viagem, mas não estamos com boa saúde.
Ou perdemos um ente querido sem pedir o seu perdão e ficamos abalados,
Ou precisamos usar o dinheiro para custear a extensão universitária de um filho, em sua viagem de intercâmbio.
Ou nosso companheiro de viagem perde o emprego e ficamos sem coragem de seguir nessa aventura.
Metade da vida se foi. Resta a outra metade.
Mas, falta ajudar a criar os netos, buscá-los na escolinha, levar ao pediatra, já que para essas atividades estão contando conosco.
Temos a idade para decidir por nós, mas temos nossos medos e circunstâncias contrárias aos nossos anseios.
Os arroubos da juventude não mais existem, mas nos consolamos dizendo que temos a experiência.
O corpo já não está definido e musculoso como nos tempos de academia. Agora ele pede jornadas curtas para que as pernas não fiquem inchadas e doloridas.
E ainda temos que nos libertar da pressão familiar que contraria nossos planos e jura ter suas razões.
E ainda nem nos conhecemos o suficiente, somos bipartidos, divididos e inseguros.
Mas, nem Deus é uno, é um conjunto de três entidades, Pai, Filho e Espírito Santo.
Somos o que nos falta, o que gostaríamos de ser.
Perseguimos um ideal pela vida a fora e esquecemos de viver nossa realidade, nossa essência. Então, erramos, acertamos, voltamos ao erro e o corrigimos mais uma vez.
Modernamente, colocamos nosso cérebro fora de nós, ele está no mecanismo do computador e demais inteligências artificiais e virtuais. Deixamos a máquina pensar por nós e decidir nossos próximos passos.
Não temos mais os momentos de diálogos com nossos pais e amigos da faculdade. Ah! mas não podemos perder a hora do bate-papo, on-line.
Abandonamos o jogo de futebol com nosso time, criado ainda na infância, porque surgiu um jogo impactante e entramos numa disputa que transcorre entre internautas cadastrados para o evento.
Somos mais aquele ser que incorporou mecanismos e se esqueceu de viver os sentimentos reais e humanitários.
Nem nos conhecemos mais. Estamos perdidos num labirinto de difícil solução e repleto de confusas escolhas. Estamos inseridos num mundo onde as equações não têm solução, onde o jogo de xadrez não chega ao seu final.
Somos o que não queríamos ser, porque nos vemos coagidos a usar máscaras para permanecer atuantes e visíveis no mercado de trabalho.
A sinceridade não é mais uma virtude, virou vilã. ou figura não desejada.
E vamos nos envolvendo num emaranhado de situações insólitas, sem perceber que estamos caminhando para a reta final
Cumpre-nos retroceder e voltar a valorizar os momentos vividos em família, ao mesmo tempo que priorizamos nossos próprios momentos.
Precisamos preservar a liberdade para nos sentirmos inteiros .Quem perde a identidade fica à margem da vida e lá permanece.
Não há lógica na existência, por isso nos cabe enfrentar o antagonismo.
Temos o livre arbítrio para corrigir as falhas, ou buscar um novo olhar sobre o mesmo tema. A inteligência e a maturidade devem estar aliadas aos bons propósitos. Mas, somos responsáveis pelo exercício de nossa liberdade, bem como. de seus desdobramento, ou consequência.
Colhemos o que plantamos. Bons ou maus resultados estão ligados â semeadura.
Precisamos dar valor aos gestos singelos, como ajudar o semelhante.
Os acumuladores de capital são pobres de espírito.
Precisamos priorizar os bons exemplos de uma vida digna porque esses serão lembrados após o último suspiro.
Ao contrário disso, a herança vai se tornar motivo de disputas intermináveis .Será motivo de rivalidade e inimizade entre irmãos.
Na humildade está a sabedoria. Só com a vivência de espírito cristão se constrói a harmonia entre o ilógico e o antagônico.
Vamos buscar no interior a nossa centelha divina e demais fragmentos perdidos de felicidade que tanto almejamos.
E rezar para que tenhamos o discernimento, em tempo hábil, para criar um interlúdio produtivo e promissor.
KATIA CHIAPPIN
ILOGICIDADE E ANTAGONISMO
ResponderExcluir