DIGUINHO, AMIGO FIEL
( miniconto )
Diguinho sempre foi um amigo para todas as horas.
Trabalhava no cartório de protestos e sua função era preencher formulários e solicitar a assinatura do interessado. Mas tinha conseguido um crachá onde se lia:
-Justiça
E nada mais se sabia dizer sobre como o obtivera.
Certa ocasião,meu ex-marido, advogado pediu uma sugestão para Diguinho:
- Como faço para fazer um cidadão entender que seu aparelho de ar condicionado, está pingando no chão do escritório de outro condomínio? E cujo condômino é meu cliente?
E assim dizendo, meu ex-marido explicou que já havia solicitado, por diversas vezes, as providências cabíveis.
Na tarde seguinte, Diguinho falou por telefone e apareceu no escritório de meu ex-marido, com um sorriso suspeito e muito bem humorado.
Disse;
-Vamos falar com aquele fulano.
Chegando lá, Diguinho puxou da parede toda a instalação do aparelho e inutilizou o seu uso.
O homem, apavorado, ficou sem ação .E antes que esperasse, Diguinho apresentou o crachá, onde se lê apenas a palavra ''justiça''.
E falando firme com o cidadão disse:
-Amigo, você tem 24 horas para mudar de lugar esse aparelho e refazer a parede, como se nada tivesse acontecido.
Na tarde do dia seguinte, Diguinho e meu ex-marido ,advogado, voltaram ao local do conflito.
Tudo estava na mais perfeita ordem, tudo em seu lugar, sem rastros, sem imperfeições.
Diguinho, à sua maneira, atingira o objetivo.
Ele tinha um problema neurológico e não podia ser contrariado. Fazia algumas estrepolias nessa vida.
Mas meu ex-marido o livrara da cadeia, em algumas emergências, com o pagamento da fiança e apresentação do atestado do médico psiquiatra que não deixava dúvidas, quanto às peculiaridades incontestáveis, desse cliente de plantão, imprevisível, mas de excelente alma.
KATIA CHIAPPINI
MEU AMIGO DIGUINHO!
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