PASSAR...
Passam as caravanas
Os itinerantes passam
Passam as doidivanas
Os figurantes passam
Passam os anos vividos
Como um banco vazio
Passam amores sofridos
Passam as águas do rio
Passam os dias sonhados
Ainda sem voz e sem vez
Passam os acomodados
Ou temorosos talvez
De lutar como era antes
Sem ter ceifada a liberdade
Hoje anões ou falsos gigantes
Querem de volta a normalidade
Passam os índios ludibriados
Sem um chão para habitar
Como os banidos e desgarrados
Na luta por uma terra e por lar
Passam pastores e sofismas
Iludindo o povo desatento
Levam a fé para outro prisma
Fingindo assisti-los e dar alento
Passam bons costumes e bom senso
Vingam a ambição e a prepotência
Inverdades formuladas em consenso
Tornam os homens sem decência
Só as formiguinhas e as abelhas
Passam, cumprindo a sua missão
A cúpula faz o que lhe dá na telha
O povo, cansado, está sem opção
KATIA CHIAPPINI
PASSAR...
ResponderExcluir