MEU AMIGO DIGUINHO
( miniconto )
Diguinho chegou em minha casa na hora do almoço
Estávamos quase nos sentando à mesa quando o telefone tocou.
Tratava-se de minha prima, escritora, convidando-nos, meu marido e eu, para um almoço comemorativo ao lançamento de seu livro.
A obra era sobre Simões Lopes Neto, tradicionalista e renomado autor desses pagos riograndenses. Ele mereceu bem mais do que uma obra. Foi estudado e citado por vários escritores de seu tempo.
Minha prima cursara Literatura Comparada e dissertava sobre a obra de vultos históricos. E estava lançando seu livro na Pontifícia Universidade Católica,na cidade de Porto Alegre.
Tivemos que deixar um especiaria sobre a mesa. Meu marido e eu ficamos olhando para o prato que continha uma tainha recheada, acompanhada de pirão, molho de camarão, arroz e alguns outros tipos de condimentos, a escolher.
Dissemos para o amigo Diguinho:
- Se quiseres, fica à vontade. Podes provar a tainha recheada, com calma, antes de ir embora.
Assim falando, pedimos para nossa auxiliar esperar o amigo provar a especiaria, antes de se retirar.
Fomos ao evento de minha prima, compramos o livro, ficamos para o almoço, nos despedimos e voltamos para casa.
Ao chegar, fui direto olhar a mesa da copa, onde deixara a tainha recheada.
Incrível, só restara uns ossos no enorme prato vazio.
Meu marido atendeu ao meu chamado e foi conferir a cena. Nem queria acreditar no que viu! O amigo Diguinho, simplesmente, se banqueteou e deve ter saído mastigando os ossinhos do pescoço da tainha, que se transformara num conjunto vazio.
Não me contive e fiz uma ligação para o meu amigo:
- Oi, já chegou em casa ? Tudo tranquilo?
- Nem me fale,amiga, estou chegando da emergência porque trancou um pedaço de osso na garganta e estava me sufocando.
- E a tainha?
- Nem me fale dela, amiga, nem me fale mais nada...
KATIA CHIAPPINI
MEU AMIGO DIGUINHO!
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