( miniconto )
Meu mano e eu saímos para dar uma volta, para fazer um lanche.
Éramos adultos e seguíamos unidos como sempre fomos na infância e juventude. Um só tinha o outro para confidenciar as mágoas, para ensinar alguma lição de casa, para comentar algum assunto que estivesse nos perturbando.
Ele sempre foi calado, caseiro, mas ótima companhia.
Era o tipo do homem desligado para namoros, para festas badaladas.Tanto que se casou com a primeira namorada.
Era reservado em assuntos sentimentais e eu nem me envolvia nessa área, a menos que me fizesse alguma pergunta.
Caminhávamos ,então, em direção ao local onde lancharíamos quando um homem passou bem perto dele, o que estranhei.
Olhei para sua expressão entre espantada e contrariada e perguntei:
- Algum problema, mano?
E ele, furioso, apressando o passo, mas controlando-se, me fez outra pergunta:
- Sabe, mana, o que esse cara me falou?
Respondi:
- Se me disser, eu vou saber.
Meu irmão, então, confidenciou que o homem falou, dentro do ouvido dele, num sussurro de arrepiar qualquer cristão:
- Vamos ao cinema, meu bem?
KATIA CHIAPPINI
UM MINICONTO: MEU MANO!
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