AMAR NA INUTILIDADE
Padre Fábio de Melo publicou um vídeo sobre esse tema. E cada palavra dita tem a densidade que emociona e quase faz sofrer.
Padre Fábio de Melo, com sabedoria, fala sobre o pouco caso com que os idosos são tratados pelos familiares omissos, em relação às suas condições de fragilidade.
Ao escutar o vídeo, a reflexão brota com presteza. E ficamos a pensar na tristeza de vir a ser um idoso abandonado, no próprio lar.
O egoísmo vigente em nossa sociedade, parece contaminar todas as pessoas e de todas as formas.E leva os filhos a justificarem esse ato de abandono.
Amar na inutilidade é prestar socorro ao ser frágil, adoentado, mas um ser humano, em sua essência.
Quando vemos o marido, ao lado de sua mulher, acamada, contando histórias, com desvelo e atenção,estamos presenciando um ato digno de apreço.
E quando vemos a mulher procurar a mão do marido e seu sorriso, vemos, nesse gesto, um modo de dizer:
-Estou precisando de amor.
E quando vemos o filho acariciar os ralos cabelos e desalinhados, de sua vovó, ficamos prestes a acreditar que ainda há gestos solidários, a se manifestar.
Amar na inutilidade é amar até o final, aquele ser que já foi útil para sua família. É amar o ser humano, nosso familiar, porque merece respeito e consideração, enquanto estiver entre nós.
Amar na inutilidade é perceber algum gesto de lucidez, um sorriso franco, de um ser debilitado. E, por isso, pouco consciente do que ocorre ao seu redor.
Amar na inutilidade é perceber a centelha divina que move o ser a pedir ajuda e mesmo socorro.
Amar na inutilidade é colocar seus préstimos à disposição do ser carente, por alguns momentos. É participar do rodízio, da colaboração pecuniária do que for necessário, numa corrente solidária.
Amar na inutilidade é levar para passear ao Sol da manhã, enquanto conta histórias sobre fatos passados, sobre filhos e netos.
Amar na inutilidade é entoar a canção, ler o poema, declamar o sentimento de carinho.
Amar na inutilidade é ver muito além do aspecto físico.
Amar na inutilidade é agradecer o auxílio recebido e a dedicação que se fez presente por tantos anos. É agradecer as orientações recebidas, os conselhos e palavras de apoio, quando se fizeram necessários.
Amar na inutilidade é agir por prazer e reconhecimento, mais do que por filiação ou outros laços de parentesco.
É demonstrar o espírito cristão que leva um pouco de paz ao semelhante. É estar presente nas vicissitudes.
Amar na inutilidade é louvar a Deus e pedir-lhe proteção nas horas amargas, é rezar com fé, pela conformidade, quando tudo já se fez e quando só resta esperar.
Desejo que os idosos recebam o carinho que merecem.
Um dia, seremos nós esse idoso.E quem se doa, recebe.
Particularmente, desejo ter alguém para colocar minha cadeira de rodas no Sol da manhã, de todas as manhãs.
E, principalmente para me tirar do Sol, a tempo e a qualquer tempo.
Deus seja louvado!
KATIA CHIAPPINI
DEUS SEJA LOUVADO!
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