A ÁRVORE
Meu pai er funcionário do Banco do Brasil e era responsável por abrir novas agências em todo o território nacional.
O internato, foi naquele momento, a melhor opção para que eu prosseguisse com meus estudos.
Após fazer os temas de casa, as meninas podiam brincar no recreio e se ocupar de jogos de tabuleiro, pular corda, brincar de roda, jogar tênis de mesa, caçador , praticar corrida e outros esportes. Eu tinha meus patins e minha bicicleta no colégio, o que me trazia maiores oportunidades de lazer,
Mas, quando as freiras estavam recolhidas em orações, eu aproveitava para subir na árvore que ficava nos fundos do imenso pátio da escola. E levava um livro para ingressar no mundo dos sonhos e quimeras.
Ouvia o canto dos pássaros, via as andorinhas em bando desfilar pelos céus, percebia a brisa batendo em meu rosto, desfrutava do momento do pôr do sol e do anoitecer trazendo a lua prateando a vegetação.
O sentimento era de paz, de tranquilidade e leveza.
Era possível meditar, fazer minhas preces, tentar um ato de contrição.
Esse era um momento em que o espírito se fortalecia e nova energia parecia fluir naturalmente.
Quando voltava ao convívio escolar,
as colegas perguntavam onde eu estava. Eu inventava alguma desculpa para não revelar meu esconderijo .Se o fizesse, correria o risco de ser proibida de subir na árvore. E esse era o melhor momento de meu dia.
A natureza pródiga em beleza sempre me encantou.
Os livros que acompanhavam minha pequena aventura, eram eivados de ensinamentos.
Eu lia poemas de Olavo Bilac, Cruz e Souza, Frenando Pessoa, Mário Quintana, Cassimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, Cora Coralina, Gonçalves Dias.
Permitia-me memorizar alguns poemas para declamar para minhas colegas, durante o recreio. Elas se impressionavam e batiam palmas.
Todo esse tempo, em meu recanto secreto, tornavam meus dias mais vibrantes e acalentavam minhas ilusões de menina.
Esperava, com certa ansiedade, por mais um dia, por mais uma aventura, entre os galhos da árvore que me abrigava.
Pensava em meus pais. E quando a saudade apertava, eu levava papel e caneta para meu cantinho preferido. E lindas cartas escrevia para enviar pelo correio.
Essa é uma lembrança da infância que trago comigo bem viva e que representou, além de um contato maior com a natureza, a oportunidade de conhecer os grandes clássicos.
Hoje, já adulta, guardo na alma esses belos momentos, responsáveis por minha aceitação aos preceitos e parâmetros estabelecidos no internato, onde a disciplina rígida nos era imposta.
Agradeço a Deus por todos os momentos que me proporcionou e tento vencer os desafios inerentes ao ser humano.
Deus nos ensinou a seguir em frente aceitando o fardo que colocou em nossos ombros.
Mas, de meu recanto secreto, guardo a certeza de que tirei a força que jamais sonhei, para toda a vida e suas andanças.
KATIA CHIAPPINI
A ÁRVORE
ResponderExcluiremocionante 👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito obrigada !
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