PASSAR
Passam as caravanas insanas
Os itinerantes perdidos passam
Passam as damas doidivanas
Os figurantes também passam
Passam os anos todos vividos
E os bancos da praça ficam vazios
Passam amores iludidos e sofridos
Que ninguém jamais vê ou não viu
Passam dias sonhados, imaginados
Ainda sem voz, sem ver chegar a vez
Passam preguiçosos ou acomodados
Ou temerosos com suas dúvidas, talvez
Cansados de tocar o berrante
Ou de tentar lutar pela liberdade
Homens anões ou falsos gigantes
Dizem ao povo vãs inverdades
Passam os índios ludibriados
Sem garantias para sua tenda fixar
Ficam ao léu, sós, abandonados
Numa situação precária sem par
Passam os pastores e os sofismas
Iludindo o povo em desalento
Tornam a fé um mercantilismo
Fingindo assistência e alento
Passam os costumes e o bom senso
Vingam ambição e prepotência
Discursos vazios em consenso
Abalam o homem em sua essência
Restam as formigas e as abelhas
Que, atentas, cumprem a sua missão
A cúpula faz o que lhe dá na telha
E povo, cansado, está sem direção
Passam os bajuladores enviados
Com promessas vãs, de ocasião
As leis protegem os apaniguados
Que Deus proteja essa Nação!
KATIA CHIAPPINI
PASSAR
ResponderExcluir