Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 22 de abril de 2012

AMOR!

                         AMOR: BREVE ENSAIO

Estou na idade madura, a de maior discernimento, onde as aparências denotam a perda gradativa da beleza exterior, mas onde as experiências se vestem de sabedoria. Há o toque de recolher dos arroubos juvenis.
Fico a me perguntar porque os casais , onde o desamor já se fez verdade, ainda teimam em permanecer juntos. É comum ouvir dizer:
-Não vou me separar porque a casa onde moramos é nosso único bem.
Ou ainda:
-Não tenho meios para me sustentar e dependo da boa vontade do marido e de sua mesada.
Ou mesmo
-Não vou desapontar meus pais que investiram o que não tinham para realizar o sonho de me ver casada com toda a pompa que a ocasião requer.
E os mais abonados diriam:
-Não quero a marca de desquitado porque junto ao clube que frequento ou junto ao meu partido político eu não seria bem visto.
E os demais, outra parcela de homens abonados diria:
- Não admito repartir o patrimônio.
E as mães assustadas comentariam com suas amigas:
- Preciso do apoio de meu marido junto aos filhos, já adolescentes.
E as mães ansiosas questionariam:
- Enquanto minha filha sofrer de asma, não admito aumentar sua fragilidade emocional, falando de separação.
E os papais mais vividos falariam:
- Como dispensar os cuidados especiais dos quais dependo, se deixar minha mulher?
E outros papais desse universo conturbado diriam:
- Estou carente, não amo minha mulher mas não quero ficar sem ela porque entraria em depressão.
E as moças portadoras de uma educação tradicional diriam:
- Jurei ao pé do altar amar, respeitar e cuidar do meu marido na saúde e na doença, na alegria ou na dor, na tempestade ou na bonança, até que a morte nos separe.
Ainda conhecemos homens que acumularam uma fortuna  invejável e casaram com moças mais jovens.
Esses, comprando os favores sexuais e aquelas, se vendendo por ambição de luxo e riqueza.
E nesse contexto lamentável onde está o amor?
Será que ainda existe a possibilidade de ser feliz no casamento?
E quantos casais seriam realmente felizes?
Se formos considerar que o relacionamento com todos os componentes do romantismo está em desuso, é improvável pensar que os laços matrimoniais ainda tenham real sentido.
Fica mais fácil entender a hipocrisia dos relacionamentos e da sociedade, o faz de conta e a falsidade.
Não vejo mais ofertar flores, nem perfumes, nem uma caixa de bombons, nem o hábito de caminhar de mãos dadas, nem casais caminhando pelas praças, nem o lenço do namorado guardado para  conter a lágrima da namorada, quando essa escorrer pelo rosto. Não mais percebo o prazer da espera prolongada para dar sentido ao encontro. Não vejo a preparação cuidadosa para que o grande dia se complete com especiais detalhes: velas, vinho.toalha de linho, roupa de cama de cetim, a serenata surpresa, ou o banho na cachoeira.
Em outros tempos o amor vinha cercado de ternura, respeito e admiração. E se escolhia aquela choupana, no alto da colina, para presenciá-lo e a imponência do mar beijando a areia.
Conhecer o outro em suas qualidades e defeitos era um pressuposto para almejar um lar sólido. Ao redor da mesa da sala de jantar, pais e filhos conversavam sobre seu dia, seus planos e preocupações. E faziam questão de comentar em família a hora estabelecida para o retorno, no final do dia. Era um modo de confirmar o apreço, uns pelos outros, vivenciando , no dia a dia, os valores recebidos no lar.
Eram feitos planos para os finais de semana, sem esquecer a visita aos familiares ou aquele convite para comparecer ao churrasco de domingo.
As avós recebiam a visita de seus netos e esses a aceitavam em relação aos sábios conselhos que proferia.
Triste realidade essa, onde tudo é descartável, substituível ao primeiro impasse. Encontramos almas penadas se deslocando sem rumo, falando sozinhas, nas ruas, ou se insinuando com pessoas estranhas das quais só querem um pouco de atenção. Outras almas mais sofridas ainda, capitulam ao primeiro gracejo, ao primeiro toque, com apetite voraz e feroz como se fossem filhas das selvas.
A devassidão de uma sociedade sem estrutura sólida parece ser o mal do século. As relações se tornaram instáveis como se núvens passageiras fossem. O afeto sincero foi substituído pela diversidade de parceiros que buscam o prazer pelo prazer.
Constatamos os esforços da medicina para prolongar a vida útil e os avanços tecnológicos, em todas as áreas, em nome da evolução. Mas se o homem deixar de lado a vivência dos preceitos filosóficos que têm por fim decodificar o princípio da vida, se não buscar as respostas para suas indagações existenciais, não passará de um robô teleguiado, infeliz e solitário.
E nesse ritmo alucinante de permissividade consentida e estimulada pelos meios de comunicação, chegará ao fim da caminhada sem deixar saudades. Isso porque terá se tornado invisível em vida.
Então podemos dizer que estar casado é comum, mas estar casado, por amor, virou utopia ou simples miragem.
Salvo melhor juízo, estar feliz se tornou uma impossibilidade física e psíquica.
Mas quem sabe seja válido consultar um oráculo e seguir sua orientação para poder transformar um relacionamento abalado numa colheita fértil ?
Para isso precisaríamos dois corações unidos num só desejo.
Se não houver determinação de ambas as partes para buscar a flexibilidade, possibilitando um bom entendimento, a frase final das histórias de amor -e foram felizes para sempre- não terá sentido.
E a frase inicial -era uma vez- nunca terá sido.

KATIA  CHIAPPINI

Email:katia_fachinello42@hotmail.com

4 comentários:

  1. O amor, sempre o tema principal de nossas vidas

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  2. Amor,sempre,um pouco desvirtuado,mas ainda a chama da vida.

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  3. Tânia Regina Maycá26 de abril de 2012 às 11:37

    Amor! Eterno Amor! Sentimento Único, Salvador da humanidade!

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    Respostas
    1. Certamente! e quando nos sentirmos sem amor,basta fazer o bem, ajudar quem precisa e em recompensa Deus nos voltará esse amor em dobro.E nem tem que se preocupar que ele fluirá.

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