MIRAGEM

                                  A MIRAGEM

Acordei acompanhada
De teu corpo ao meu lado
Senti malícia aglutinada
E um cansaço exagerado

Fui meus olhos acordando
Com o coração partido
E frenética circulando
E não estavas escondido

Olhei árvores frondosas
Da horta caminhei ao redor
Do jardim  colhi as rosas
Outras ganhei e sei de cor

Sempre se pode perceber
A presença do tempo de calor
Viajei do meu para o teu ser
Como sentinela do amor

O amor não é previsível
É um sentimento sem direção
Vai além do mundo possível
E volta às entranhas, sem razão

Já bem distante do leito
Deixa o suor  demarcado
Mora na respiração, no peito
E enlaça presente e passado

Ou  nos isolamos sem suporte
Negando os braços e as dores
Ou  recuperamos o norte
Vivendo em outros amores

Mas a alma não tem direção
O corpo nem o toque suporta
O sonho e o real-mesma dimensão
Viver ou morrer, pouco importa

Com privação de sentidos
E a mercê de nossas alegorias
Ficamos como álbuns esquecidos
Mas povoados de fantasias

Não há imagem, só miragem
De um amor sem amplexo
Despe-se a alma de sua roupagem
Cobre-se o corpo, já sem sexo

KATIA