VALSEANDO

                         A VALSA

Estou recordando a realeza

Dos tempos de Strauss em Viena

Dos salões de rara beleza
E as valsas; a melhor cena

Recordo vestidos e penteados
Os cristais e a prata brilhando
Os ambientes decorados
E os passos do cavalheiro buscando

Um par para a valsa dançar
Entre as damas e bailarinas
Um jeito de se aproximar
Para convidar as meninas

É hora da valsa que enlaça
Os corpos febrís nos salões
A cena romântica se passa
Em todas as estações

O cavalheiro se prepara
Convida o par para a dança
Ela lhe sorrí-joia rara-
Ele a envolve e se lança

Como se em nuvens pisassem
Como um louvor, uma prece
Como se as tristezas dissipassem
Como se nada mais houvesse

Lembro do Danúbio Azul tocando
Em ''Odisséia do Espaço''
A mais bela valsa inebriando
A ficção com seu compasso

Lembro de meus quinze anos
Dançando a valsa com papai
Época  de sorrisos ,novos planos
Que os desenganos distrai

E da valsa de formatura
Pano de fundo das ilusões
Nas mesas tanta fartura
Nas almas, indagações

Hoje valsear nem se comenta
É raro-o mundo entristece-

Mais vale lembrar a tormenta

Das almas de quem a padece

A valsa: há quem a tenha?

Creio que se perdeu na andança

A paz perdeu sua senha

E a valsa ficou na lembrança

Como se poderia valsear

Num tempo de fome e de frio?

Se o mundo perdeu seu andar

E se a valsa é um conjunto vazio?

KATIA

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