EXCESSO DE CONEXÃO
Não precisamos salientar que os avanços tecnológicos estão ampliando nossos horizontes. E de maneira progressiva, com uma avalanche de descobertas incríveis.
Mas o que estamos observando é que estamos tendo problemas para nos relacionar e cultivar as amizades.
As horas intermináveis em frente às telas do computador ,estão nos tornando dependentes da máquina e desse mundo fantástico que desvendamos a cada dia.
Começamos a observar, no restaurante, que o grupo se reúne como se fosse para um encontro social. Mas, olhando para cada componente do grupo, vamos nos surpreender com as cabeças baixas, lendo mensagens na internet,via smartphones.
Nas ruas e avenidas ocorre o mesmo, dentro dos automóveis, dos elevadores e em toda parte.
Esse procedimento gera isolamento, com o tempo, e sem que se perceba.
Um aluno meu fez a seguinte pergunta:
- Professora, como faço para falar com meu amigo, na vida real?
-Com naturalidade
- Sim, mas o que mesmo eu devo perguntar a ele?
Nesse pequeno diálogo percebemos o perigo de perdermos nossa essência e o sentido de nossas vidas.
Inconscientemente, temos a sensação de que ninguém mais quer nos ouvir. E isso faz com que as conversas on-line estejam em nosso foco como uma maneira de compensar nossas necessidades.
Mas, com isso, estamos privando nossos filhos do convívio familiar .Eles vão querer respostas que não serão dadas e vão desistir de fazer as perguntas.
Não podemos esperar mais da tecnologia do que uns dos outros.
Precisamos saber que o computador nos leva a vivenciar experiências de falsa empatia.
O que você fala no anonimato é uma caricatura, é uma máscara sobre o rosto que fala por você, que diz como você não é.
Você diz o que convém, o que o outro quer ouvir. E por não querer perder seus contatos, você fala algumas coisas que não são suas, mas que usa para não perder sua comunicação no bate-papo, no skype,ou e-mails. E você se permite algumas transgressões para não ser esquecido, nem deletado.
Esse é um mundo ilusório e que pode perturbar a mente.
O lema da atualidade parece ser:
-Compartilho, logo existo.
Mas você verdadeiramente existirá quando souber ficar só consigo mesmo e refletir o que está acontecendo em sua vida e que tipo de escolhas pretende fazer. E se perceber que o caminho correto é tão longo quanto difícil ,trilhe-o. Se aceitar trilhar um atalho escuso e de fácil acesso, fuja dele enquanto é tempo, antes de ingressar num túnel escuro do qual não saberá voltar, quando sua mente acordar.
Aprenda a ficar só com sua meditação. Apenda que ficar não é cair na solidão.
A literatura tem nos mostrado que o mundo virtual está sendo alvo de preocupações. Já existe tratamento psiquiátrico para reverter esse quadro de alienação que o mundo virtual propicia e intensifica.
O excesso de conexão leva à perturbações neurológicas tais como, cansaço mental ,dispersão da realidade ,perda de memória e de concentração, pela falta de sono adequado. A visão é afetada e os hábitos alimentares sofrem alterações prejudiciais à saúde.
A fuga da realidade pode levar aos quadros de depressão e suicídio.
A tecnologia tomou vulto e precisamos equilibrar nossas escolhas e priorizar o estudo e o trabalho.
Precisamos enfrentar nossos defeitos e lidar com eles sem fugir para o computador e deixar que se acumulem de modo a nos sufocar na vida real.
Podemos começar pela família ,amigos ,comunidade, voltando ao convívio que perdemos. Saber ouvir é uma virtude que podemos voltar a exercitar.
Precisamos aceitar aquele convite para ir ao estádio de futebol, ao bar para beber aquela cerveja, à casa de um amigo para fazer um carteado acompanhado de uma roda de chimarrão.
Nossos idosos querem ir ao cinema ou ao parque para tomar um pouco de Sol. Podemos nos oferecer para levá-los. E aquele amigo quer companhia para fazer uma caminhada diária. E nossa mãe pediu para levar o cachorro para dar uma volta na rua. Atividades é que não nos faltam se quisermos interagir no grupo e voltar a dar atenção aos que nos querem bem.
Precisamos voltar a atender o telefone, como forma de nos mostrar polidos e atenciosos. E não deixar para depois, só porque sabemos que podemos olhar as mensagens ou a relação dos telefonemas não atendidos.
A tecnologia veio auxiliar a resolver problemas de ordem cultural e profissional. Mas na esfera pessoal nada substitui o contato humano.
Ao nos tornarmos escravos da máquina podemos criar outros problemas que nunca pensamos em ter.
A felicidade não se encontra no mundo virtual. Ao contrário, você pode encontrar falsidade, infelicidade a rondar sua vida e ameaças que crescem como bola de neve.
E como passar um fim de semana no sítio de sua família se não souber mais apreciar as belezas naturais? Como participar de acampamentos ,canoagem, equitação e pescaria?
Como se privar de ir à praia de mar e de sentir a areia branca sob seus pés? E de brincar com seus filhos?
Não se sinta despido sem o seu computador.
Vista-se com boas ideias, como a leitura de bons livros, como o prazer de ouvir uma música, deitado na rede.
Ao entardecer sente-se numa cadeira preguiçosa e cubra-se com as estrelas que vão se desenhando e se descortinando para você.
Sorria para sua mulher que está tricotando, perto de você. Dê um afago em seu cão e peça para ele buscar seu chinelo.
Pequenos gestos trazem grande felicidade, se você souber abrir caminhos, ao invés de se enclausurar.
A mãe natureza pode levar você a reviver sentimentos, hábitos e atitudes que havia deixado de lado.
A natureza é uma terapia para corpo e mente, alma e espírito.
A natureza é pródiga e Deus a criou para que dela se beneficie.
Você deve esta pensando;
- E o meu computador?
E eu lhe respondo:
- Ele está pedindo que o deixe em paz e vá procurar sua turma...
KATIA CHIAPPIN
e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com
ALERTA!
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