Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

FILISOFANDO

                           FILOSOFANDO

Sabemos bem pouco da vida

Somos meros observadores

A vida nem sempre dá guarida

Somos, muitas vezes, desertores

A competição nos  desafia

Nem a achamos fundamental

Cada um tem a sua própria magia

Temos que ser apenas um desigual

Queremos merecer o respeito

Mesmo humildes ou itinerantes

Luxo e poder a ninguém dá direito

De ofender, de ter gestos aviltantes

Sábio é quem descobre a humildade

É quem supera banais futilidades

Ganha o céu quem busca a solidariedade

Quem se doa. quem constrói amizades

Entre o bem e o mal, que haja meio termo

Entre anjos e demônios saiba o que escolher

Já somos hoje homens inseguros e enfermos

Já nos restam poucas escolhas para fazer


KATIA CHIAPPINI

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

MINHA NETA DE 15 ANOS E ESSA VOVÓ DE 80 ANOS.

                                   Minha neta de 15 anos

                                  E

               essa vovó de 80 anos de idade!

Minha neta de 15 anos é notívaga e ama estender a noite com uma conversa descontraída, própria da adolescência. Ela estava na praia com uma amiga da escola que costuma convidar todos os anos. Quando a menina foi embora, minha neta, após o jantar, viu um capítulo de uma série comigo, desligou a TV, e começamos a conversar. Deixei que buscasse um tema para que definíssemos nossas opiniões.

Minha neta quis que eu explicasse se era possível aprender piano em qualquer idade. Queria que eu explicasse os principais passos para um bom aprendizado, como seriam os estudos de teoria e solfejo, quantas horas por dia seriam necessárias para a prática, enfim, todos os passos relevantes sobre o assunto.

Como eu ensino piano para a terceira idade, como também me apresento em eventos, minha neta quis saber um pouco mais e ficamos um bom tempo nesse tema.

 Logo que consegui um intervalo de tempo, foi minha vez de perguntar sobre seus interesses e aptidões.

Percebi que ela aprecia música, dança, gosta de dublar as cantoras da moda. E ama se dedicar ao Tecido, uma arte circense que pede um corpo preparado para executar acrobacias feitas num tecido especial e preso no teto, onda se deve subir para delinear lindos movimentos de difícil aprendizado, onde a força nos braços é fundamental.

Ambas desfrutamos desse momento e trocamos informações que tornaram esse bate-papo muito interessante,

Mas, entre uma intervenção e outra, entre surpresas e risos, percebemos que o mais importante nem eram os temas abordados, e sim, a tranquilidade e receptividade que houve entre essa vovó e sua neta.

Duas gerações tão distantes conseguiram se comunicar de modo tranquilo, com especial leveza, com cumplicidade e harmonia.

Esse diálogo não anunciado, transcorreu entre meia noite e quase às três da madrugada, sem que fosse interrompido.

Quando percebi o adiantado da hora, falei para minha neta que já estava com fome. E ela concordou em continuar nosso assunto em outra oportunidade, porque também iria tomar um leite morno. 

Tínhamos que ir para a praia com a família, pela manhã, sob pena de perder um banho de mar revigorante e benéfico para a saúde.

Antes de pegar no sono, percebi que tinha apreciado esse convívio noturno. E que minha neta esteve bem descontraída e atenta.

Esses são momentos de simplicidade plena que agregam muitos elos na corrente dos sentimentos. São detalhes e minúcias que nos enriquecem a alma e que acrescentam mais vida às nossas vidas.

Nesse mundo atribulado que vivemos, as famílias precisam voltar a dialogar com os filhos e agregar valores já esquecidos.

Minha neta nem imagina o prazer que me deu ao dialogar com essa vovó de passo mais pesado, mas que ainda conserva um raciocínio capaz de acompanhar os apelos da juventude.

Por essas razão, por esse fato ocorrido, volto a pensar que a simplicidade e a humildade, valem bem mais do que o acúmulo de bens materiais que escravizam o ser humano e roubam dele toda a ternura.

Um beijo e um abraço, minha neta, e obrigada por ter se despedido de mim, quando da volta ao lar, com tanto carinho e atenção e com a fisionomia radiante.

E quanto mais o tempo passar, mais nítida ficará essa lembrança em minha memória.

E, mais uma vez agradecerei a Deus, pelo convívio familiar, insubstituível e inigualável. 


KATIA CHIAPPINI