Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

DIGA NÃO PARA A SOLIDÃO!

       SE PUDER EVITAR: SOLIDÃO, NÃO

Conheci uma senhora
Que cedo ficou viúva
Da casa não foi embora
Se tornou pálida uva

Com dois filhos casados
Com os quais não se acertou 
Preferiu ficar no sobrado
Com os bens que acumulou

Antes vaidosa e segura
Era bonita e vivaz
Depois veio a amargura
Mas fingiu estar em paz

Foi se tornando distante
Nem os filhos queria ver
E pela casa itinerante
Foi perdendo a seu ser

O orgulho não permitiu
Que admitisse a solidão
O filho não conseguiu
Reverter a situação

A casa no escuro vivia
Providenciaram a atendente
O momento assim o exigia
Era um quadro comovente

Trinta anos se passaram
E a solidão se perpetuou
Os neurônios se desligaram
E a demência se iniciou

Ou o apoio da família?
Ou a solidão que destrói?
Era preciso ouvir a filha
Não se comunicar, corrói

Viveu por 90 anos, então
Os últimos: fora do ar
Mergulhou na alienação
Como bêbado na mesa de um bar

                                   KATIA CHIAPPINI
                                               


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

AINDA QUERO ESSE SENTIMENTO!

                   QUERO TEU SENTIMENTO!

Mesmo o amor sincero
Se transforma - é pena -
Começa com ''te quero''
Depois entra em quarentena

Se confunde a identidade
Que se dissipa no ar
E sem haver continuidade
A fonte começa a secar

Amar é uma arte a manter
É saber voltar ao início
Da mesma água beber
De acariciar como vício

Manter o encantamento
É pressuposto essencial
Brincar de pegar ao vento
Beijar além do carnaval

Cantar em dueto na estrada
Colher uva na parreira
Cavalgar com a namorada
Como da vez primeira

Olhar, sorrir e dançar
Sem impor a censura
O cabelo despentear
Ser o apoio e a cura

Deixar a chuva molhar
Tomar aquele banho junto
Rolar na areia do mar
Tomar o amor como assunto

Ouvir o grito da hora
Dessa que é a especial
Meu senhor, minha senhora
Não há outro grito igual

Sentir o encantamento
Mesmo ilusório, da novela
Viver todo o sentimento
Ouvindo a música - aquela -

Quero tua intimidade
Para testar teus sinais
E enlouquecer de verdade
Nos movimentos finais

Se eu nada disso tiver
Dar esse conselho eu quis
Se alguém o seguir - se eu souber -
Serei igualmente feliz!

                                      KATIA CHIAPPINI
                                                         e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com





sábado, 23 de novembro de 2013

QUE?

                      QUE HOMEM É ESSE?

Que homem é esse
Que no mal prevalece?
Que o bem esquece
Que não se merece?

Que aceita benesses
E como ser esmorece?
Como se não soubesse
Que o vazio se estabelece?

Que bajula, senão desce
E em vida falece?
Que de outro jeito não cresce
Nem sua teia tece?

É um homem sem prece
Como ser se desmerece
Como se fosse e viesse
Como quem padece

Mas é homem que obedece
O sistema que não enobrece
E eu diria se pudesse:
-Sua omissão- confesse -

                                     KATIA  CHIAPPINI




quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O TEMPO

                                  TEMPO!

Tenho tempo
 Ele me tem
Vento e tempo
Vão e vêm

Tempo é vida
Para ser útil
Curar a ferida
Não ser inútil

É correnteza
Nem espera
Faz mil proezas
É, será e já era

Tempo  de educar
O filho a crescer
Tempo de se doar
E o amor receber

Tempo de aviso
Clama o vovô
Espera um sorriso
Não é um robô

Ser bom pastor
Num tempo qualquer
É ser protetor
Do filho, da mulher

Não sei que tempo
O tempo me reserva
Só sei que é tempo
De ser boa erva

O tempo acomoda
As mágoas do amor
É roda que roda
Da alegria para a dor

Em tempo de ''paquera''
 -Tempo de verão -
A amada já espera
Pra soltar o roupão

Tempo não é balaio
Esquecido e à esmo
Não se deixe ser ensaio
Seja você mesmo

                                    KATIA CHIAPPINI 
                                     e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com               





terça-feira, 19 de novembro de 2013

UMA AMIGA DO REINO ANIMAL: LADY

                                   LADY

Lady foi o nome que demos a uma cadela de pelo preto, lustroso, suave ao toque e de doçura sem par.  Lady, pastor belga, era uma fêmea inteligente e carinhosa. Foi ensinada a permanecer na área de serviço, só com a cabeça na cozinha, onde podia ver Ana nas lides domésticas. Essa ficava trabalhando e conversando com Lady
Na parte da tarde era permitido receber a cadela na sala principal para uma salutar convivência. 
Ao ouvir a campainha, da porta de entrada, já latia até ver se a pessoa era conhecida da casa.
Meu filho, ainda pequeno, trouxe Lady no ônibus, sem nada me avisar, pois tinha decidido ter um cão em casa.
Os dias se sucediam e Lady, aos quatro meses, era um animal grande e muito bem desenvolvido.
Chamei meu filho e perguntei:
- Qual é a raça do cão, mesmo ?
- Vou falar a verdade: ''é um pastor belga''
A essa altura dos acontecimentos não havia nada a fazer.
 Já havíamos aplicado as vacinas, comprado as vitaminas que necessitou no primeiro ano, o cálcio e o vermífugo.
Uma senhora amiga me disse que se encantava ao ver o carinho do meu filho quando esse estava na praça da matriz com o animal.
Lady nos trouxe alguns problemas. Seus dentes afiados e fortes   procuravam os pés das cadeiras e mesas, sem contar com a mania que  tinha de pular sobre o sofá da sala e sobre as camas.
Lembro-me de que ao mudar de apartamento, precisei trocar o assoalho do quarto dos fundos onde ela costumava ficar, bem como uma poltrona que deixei ao seu alcance.
Certa ocasião comprei um frango assado para complementar nosso almoço de domingo e o coloquei sobre a mesa. Enquanto fui chamar a família e lavar minhas mãos, Lady, com seu olfato peculiar, descobriu o frango. Encontrei-a na área triturando os ossos, toda lambuzada e faceira. Ficamos com o arroz e feijão do dia a dia.
Noutra oportunidade levei-a comigo para acompanhar minha sogra até a casa dela. Quando faltava pouco para chegar, tentei desviar Lady para passear na praça. Ela não obedeceu ao comando e enquanto minha sogra não desapareceu no corredor do edifício, a cadela não se afastou do prédio. 
A dama negra cresceu imponente e cada vez mais bela. Recebi muitas propostas para que a vendesse e sempre dizia que não tinha preço pelo valor sentimental que a tornara amada por todos os membros da família.
Mas a vida se nos apresenta algumas surpresas e não podemos sequer interferir.
Muito contrariada e com pesar precisei convencer a meus três filhos da necessidade de me desfazer de Lady.Ela  ficaria no pátio de uma casa confortável fazendo companhia para uma viúva recente e que viu nela um cão de guarda, além de uma companhia para sua filha. 
O que me levou a tomar essa decisão foram dois fatos ocorridos num único dia. Ao entrar no elevador do prédio Lady estranhou a vestimenta de minha vizinha  e latiu de modo a assustá-la.
Então eu acariciei o rosto da senhora e falei:
- É minha amiga, Lady.
Antes que tudo voltasse ao normal percebi a palidez da vizinha e seu pavor no rosto.
Dirigi-me, logo a seguir, à praça da matriz, onde alguns rapazes praticavam esportes enquanto outros conversavam em turmas.
Passei com Lady e um senhor veio em minha direção, a passos largos, e quase me deu um encontrão. Lady se manifestou, de imediato, latiu para o homem, no intuito de me defender. O homem se dirigiu para um banco e sentou aflito e temeroso.
Como se não bastasse, os jovens da praça se colocaram a favor do homem e me xingaram por não saber cuidar do animal.
Meu constrangimento foi total e foi o sinal que faltava para agilizar o que tinha que ser feito.
Por esse motivo reuni meus filhos e expliquei toda a situação que teria um desdobramento imprevisível mas preocupante.
Por outro lado, tinha sido marcada uma reunião de condomínio, com chamada extra, para resolver se a cadela poderia ou não permanecer no prédio.
E nos surpreendemos, na manhã seguinte, com a visita do dono do imóvel que veio verificar, inclusive, as condições do mesmo e a higiene do local. Casualmente Lady tinha sido levada para tomar banho e só voltaria à tardinha.
Outro fato determinante foi a decisão que tomamos de morar com minha sogra, por um período, porque essa se encontrava adoentada e bem idosa, necessitando de cuidados especiais.
Assim, tudo providenciado, uma manhã levamos Lady ao seu novo lar. Meses depois descobri que a cadela tinha ficado uns 15 dias sem querer alimento e sentada perto do portão da casa, olhando para a rua. 
Fomos ver Lady um meio ano depois e o fato se repetiu.
Aprendi que quando se dá o animal não se deve visitá-lo porque aumentamos seu sofrimento. Ao reconhecer os antigos donos volta a tristeza.
Lady se recuperou e foi uma fiel companheira de Dona Marlene, sua nova dona. Alguns anos depois a cadela veio a falecer com problemas na coluna: uma displasia grave  que a impossibilitou de andar. No final da vida só se arrastava pela casa.
Conservo na lembrança a presença de Lady deitada em meus chinelos quando ela ali se instalava enquanto eu lia o jornal.
Lembro-me de que era preciso dar antes a sua comida colocada no prato perto de nossa sala de jantar, junto a área dos fundos, antes de nos reunirmos para as refeições. Só assim poderíamos garantir nosso próprio sossego. 
Meu filho realizou seu sonho de infância, há muito acalentado e foi um tempo feliz. Hoje, já adulto, fica com os olhos marejados ao se lembrar de Lady.
E seria um tempo igualmente feliz para os homens, se soubessem se espelhar na dedicação dos cães, sem limites, eivada de humildade e afeição.  E lembrando esse tempo tenho pensado que diria:
- Lady, minha dama, foi um prazer tê-la conhecido.
Isso se me fosse possível solicitar a ajuda de uma fada para dar a fala a Lady.
Ela me responderia:
- O prazer foi todo meu.

                                      KATIA CHIAPPINI
                                   e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MÃES E FILHOS!



                MÃES!

As vezes o filho grita
Se agita e só reclama
A mãe não facilita
Exige e ao dever chama

O amigo comprou maconha
A mãe teme o perigo
Sabe que o usuário sonha
E a inércia vira um castigo

À mãe não deu ouvidos
Foi beber no bar do João
Ficou tonto sem sentidos
Caiu com o copo na mão

O excesso de farras noturnas
Precoces e preocupantes
Afastam obrigações diurnas
Não permitem ir adiante

E o carro em velocidade
Com o celular chamando
Sei que é próprio da idade
Mas pode acabar matando

A mãe sabe que é uma fase
Mas sabe estar atenta
Manda estudar a crase
Manda ler e orienta

O fumo se revela na tosse
Mas a turma o instiga
Quer ter de si a posse
Contesta a mãe e briga

Um dia vê um amigo
De sua infância, na rua
Maltrapilho, sem abrigo
Mostrando a pele nua

Pergunto: qual é a jogada?
Resposta: sou um viciado
Entendo que só a calçada
O recebe nesse estado

Então abraço e peço perdão
Àquela que me criou
Agradeço à mãe a devoção
E sei que o meu mal não desejou

                                     KATIA CHIAPPINI 







AS ROSAS

                       FALAM AS ROSAS!

As rosas aprenderam
A falar para contestar
Vivências absorveram
E hábitos vão mudar

Elas seguem formosas
E o perfume ainda exala
Apenas mais poderosas
Exibem a sua fala

A luta mal iniciou
O homem se acomodou
A rosa desabrochou
E novos rumos tomou

Cuida da casa e dos filhos
E o marido está ausente
Não perde jamais o brilho
Nem a força que há na mente

Há rosa delegada, juíza
Rosa no Palácio da Alvorada
Rosa madrugando com a brisa
Em toda e qualquer empreitada

Ainda há murchas rosas
Presas à triste realidade
Pacientes e fervorosas
Lutando com tenacidade

Mas essas rosas mimosas
Não vão desistir jamais
Sua missão é grandiosa
Basta ler os jornais

Mulheres de meu Brasil
Falem! não se calem mais
Sejam rosas - muitas mil -
Com têmpera de samurais

                                  KATIA CHIAPPINI
                                 e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com





EU SOU...

                               SOU ASSIM...

Imagino ser quatro folhas
Como as de um trevo
Espero que tu me recolhas
E me desfolhar me atrevo

Sinto que és meu norte
E que estás em meu caminho
E quando te abraço forte
Quero te receber no ninho

As vezes te tornas um lírio
Alvo em formosura
Vou cantar o estribilho
De nossa canção sem censura

As vezes és minha doçura
Outras uma forte compulsão
Despertas em mim a mais pura
E a mais impura paixão

Estou e sou teu presente
Só não descobriste ainda
Não notaste meu jeito dolente
E nem a vontade infinda

És forte como o coqueiro
Vou subir e te escalar
E te encontrar por inteiro
E no balanço te amar

Vou seguir minha natureza
E me deixar ficar contigo
De nada tenho certeza
Mas farei de ti meu abrigo

Vais me esperar todo pronto
Vou passar da alegria ao pranto
Vais ficar arrebatado e tonto
Vou ser tua magia e quebranto

O vento assobia ao anoitecer
Eu assobio para te chamar
A lua surge só para ver
Se sou assim: feita pra amar

                                      KATIA CHIAPPINI


domingo, 10 de novembro de 2013

CONSTRUINDO A PAZ..

                    FRAGMENTOS DE PAZ

Dedicado a todos que lutam para construir pontes e não muros intransponíveis.

                                  PAZ!


Construir a paz de mansinho
É ajoelhar e fazer a prece
É saltar alegre do ninho
Pra levar a filha à quermesse

Depois preparar o chimarrão
Olhar a natureza sem fim
Saber estender a mão
Criar laços enfim

É recolher os figos
Pra fazer o doce no tacho
Dar ''bom dia'' aos amigos
Com um sorriso - eu acho -

Construir a paz é ler
Pescar na beira do rio
O pôr do sol rever
Afagar o cão que latiu

Guiar o homem cego
Aconselhar o semelhante
Não priorizar o Ego
Amenizar o semblante

Construir realmente a paz
É fazer voluntariado
Que nova esperança traz
Ao semelhante abandonado

É ouvir do mar o ruído
Voltar a rolar na areia
Declamar em outro ouvido
Enquanto prepara a ceia

Construir com afinco a paz
É viver com simplicidade
Assumir tudo o que faz
Mas ter como par a verdade

Construir a paz é receber
O amor ainda incerto
Não arriscar não é viver
E errar pode dar certo

Não olhar para trás
É continuar a trajetória
É construir mais paz
E só aceitar a vitória

                                    KATIA CHIAPPINI





sexta-feira, 8 de novembro de 2013

APROVEITANDO A FEIRA DO LIVRO:

                                O LIVRO

Não dobre o livro descuidado
Aproveite o seu ensinamento
Seja dele um perfeito aliado
E faça dele seu linimento

Absorva o saber que dele emana
Divida o número de folhas
Leia um pouco por semana
Saiba valorizar sua escolha

Há livros diversos - infinidades -
Diversificados, de vários estilos
Memória fiel da humanidade
São o deleite de seus pupilos

Revelar a cultura e o saber
Construir o mundo interior
São as formas de se obter
A conscientização e o valor

No livro libertamos emoções
De amores que não vivemos
Vibramos do coração os bordões
Dos beijos que não tivemos

O ''Morro dos Ventos Uivantes''
''O Vento Levou''- já no passado -
Em filmes, em livros, itinerantes
Voltarão, quem sabe, repaginados

Nos livros constam as guerras
Cuja cobiça os homens avistam
Imperam em todas as esferas
E mutilam jovens que se alistam

Podemos ler de modo inteligente
Ler sobre os temas da ecologia
Constatar a morte da semente
No solo infértil e em agonia

É a terra dando mais um grito
São animais a morrer de fome
É  o colono tentando ainda aflito
Em vão colher o trigo que come

Mas vejo no livro uma esperança
De obter a trégua e liberdade
Vejo os povos formando aliança
Globalizando a fé na humanidade

Não abandone seu andar jamais
Leia sobre medicina e ciência
Sempre haverá livros e  jornais
Em outras e em nossa querência

KATIA CHIAPPINI

Em Porto alegre, Rio Grande do Sul, estamos com o evento cultural mais significativo da cidade e se alastrando por outros pagos.
Estamos nos referindo à feira do livro que a todos encanta e congrega.  E dá oportunidade aos novos autores, quando do lançamento de suas obras.
Paralelamente ao evento presenciamos espetáculos de música e teatro dando oportunidade ao artista de apresentar seu trabalho.
Ensinamos aos nossos filhos alguns conceitos novos, ao folhear os livros e pedir que escolham o assunto de sua preferência.
Os escritores aposentados se vestem de espírito jovem e ficam conversando na praça por horas a fio, relembrando suas histórias passadas nessa mesma feira.
O patrono da feira circula pelas bancas, cumprimenta a todos com simpatia e recebe os amigos aos quais questiona sobre o movimento da feira e sobre sua organização.
Todos os que se preparam para trabalhar na feira possuem o mesmo entusiasmo. E são muitos os auxiliares necessários para que tudo transcorra em ordem e privilegiando a hospitalidade própria do gaúcho.
Nos balaios se encontram grandes obras com preço reduzido, sendo possível a cada um comprar o que estiver de acordo com suas posses.
Precisamos formar o hábito de leitura nos bancos escolares porque o levaremos por toda a vida. E os benefícios são inumeráveis e incontestáveis.
Então, em todas as partes desse mundo, quando e onde for possível, prestigiem uma feirado livro.

Pessoas encontram na leitura o lazer
Descobrem um mundo escondido
Encontram ora conforto ora prazer
E vão buscar seus sonhos perdidos

              Casa do Poeta/ Porto Alegre/ Katia Chiappini
              e-mail: katia_fachinello42@hotmail.com



















quinta-feira, 7 de novembro de 2013

AS FASES DA VIDA!

  INFÂNCIA, FACULDADE E MATURIDADE.

Os anos de minha infância foram esplendorosos.
Durante as férias de julho, eu e meu irmão éramos presenteados com a oportunidade de passar uma temporada na estância de meus tios, em Santana do Livramento.
Os dias transcorriam na maior alegria com os passeios à cavalo, banhos no açude ,caminhadas pelos campos onde o gado pastava e por caminhos verdejantes onde a natureza se fazia pródiga.
Nas férias de final de ano íamos para a praia com meus pais onde os banhos de mar e de piscina se intercalavam.
Em tempos de faculdade, todos os sonhos eram postos à prova e queríamos tantas coisas ao mesmo tempo , que se tornava difícil administrar todas elas.
Casei-me durante o terceiro ano do curso, tive meus filhos,trabalhei junto com o tempo dos estudos e havia a necessidade de cumprir muitos compromissos e a exigência dos pais à respeito de um futuro promissor. 
Mas os colegas eram unidos, bons companheiros, e os bailes, aos finais de semana, reunião um grande número de estudantes.
A época era, talvez, a mais importante de nossa vida. Isso
 porque estávamos ingressando na idade adulta e responsável, onde cada um de nós deveria vencer seus próprios fantasmas e empecilhos eventuais.
E no curso da vida chega um dia em que nos achamos maduros.
Os filhos já criados, os netos em andamento, a casa mais vazia e o casal voltando a ser, um a companhia do outro, como no início.
Mas é preciso lembrar que passamos por transformações várias.
Perdemos o viço, o riso solto, a energia. As rugas começam a aparecer , em bandos e sem cerimônia, e nos tornam temerosas de aparecer para o espelho, quanto mais para nosso parceiro das noites.
Em contrapartida voltamos a ter mais liberdade para dirigir os próprios passos. Passamos a frequentar a academia, os cursos de idiomas, as aulas de pintura, os cursos de instrumentos musicais e toda ordem de atividades que procuramos resgatar, nesse tempo.
A preocupação com a saúde nos torna mais atentos e, ao mesmo tempo,acompanhamos a evolução da medicina geriátrica que nos alonga a existência. Os idosos aprendem a jogar xadrez, praticar palavras cruzadas e intensificar o hábito da leitura e viajar.
Não raro, encontramos um par romântico, para preencher as lacunas do coração.
Eu estou na maturidade produtiva. Ensino piano para a terceira idade, me apresento em eventos, escrevo na pauta algumas músicas que os alunos querem executar, procuro novos sons na internet.
Por outro lado, passei a postar crônicas e poemas num blog autoral e a participar de coletâneas, analmente, com um grande número de trabalhos publicados.
Gosto de conviver com meus netos e procuro unir todos eles para a mesma atividade.
Oriento os netos adolescentes em seus estudos e ficamos nas consultas escolares para esgotar os assuntos das avaliações rotineiras.
Não tenho obrigação com os horários das refeições, nem com a hora de despertar.  Programo meu dia com liberdade de horários nas atividades.
Posso frequentar bares, teatros ,shows musicais, grupos de literatura
Ainda convivo com grupos diversos em eventos sociais e busco o encontro comigo mesma, em sessões de meditação.
Se me perguntassem que etapa da minha vida eu gostaria de viver novamente, eu responderia com segurança:
- Gostaria de viver o presente minuto.
-Mas e o passado e o futuro não te chamam ?
- O dia de hoje é o que tenho a descortinar.
Penso que a nossa preocupação deve se voltar para o presente para que possamos usufruir intensamente os dias que representam lucros na maturidade.
Ao acordar faço minhas orações, procuro sorrir, dar bom dia, regar minhas plantas.
Jamais vou me permitir ficar invisível no meu próprio lar como um chinelo velho, desbotado, jogado embaixo da cama, inútil  e esquecido.
Mas sei que se eu quiser amor devo distribui-lo antes mesmo que me peçam.
O amor ao semelhante, tão diferente, deve ser a primeira manifestação posta em prática para não mergulhar na solidão interior. Essa que nos assola mesmo no meio de uma festa. 
Preferir a união é afastar a depressão de nossas vidas. 
E praticar o bem é certeza de conseguir um sono tranquilo.
E, por fim, saiba que a vida é uma aula de musculação: segure a sua barra.

                                     KATIA CHIAPPINI


                                       E-MAIL: KATIA_FACHINELLO42@HOTMAIL.COM

sábado, 2 de novembro de 2013

VIVO OU MORTO: EIS A QUESTÃO.

                         VIVO OU MORTO?

As vezes me sinto vivo
E outras sem socorro
Vivo mesmo sem motivo
E sei que às vezes morro

Não sei se sou mar revolto
Porque um dia tive alguém
Agora me encontro solto
Sem me prender a ninguém

Não sei o que vem a ser isso
Cada vez sei menos do ser
Perdi todo aquele viço
Não sei nem como viver

Estou agora em ponto morto
Ou ensaiando a marcha-ré
Estou sem sentido e sem porto
Como o mar calmo e sem maré

Posso estar vivo ou estar morto
E nem me importa a diferença
Estou em meu quarto absorto
Sem expressão e sem crença

O ser pode morrer em vida
Quando não se definiu
Ou quase morto pedir guarida
Porque viver se permitiu

É preciso tentar ser feliz
Estar triste é viver em vão
Quem a morte em vida quis
Não venceu a depressão

Vivo ou morto não importa
Ir em frente é a questão
Ninguém bate em sua porta
Se bater a solidão

Se estou morto ou vivo
Sigo sendo um teorema
Estou sem Ego e inativo
Sem enfrentar o problema

Vida ou morte - se perceber -
Pode ser ou não bem-vinda
O tempo é que vai dizer
Só sei que pouco sei ainda

                                       KATIA CHIAPPINI

E-MAIL:
katia_fachinello42@hotmail.com


 Hoje se comemora o dia de finados.
Reverenciem seus mortos elevando preces e agradecimentos aos entes queridos em outro plano.
Dizem que as preces são necessárias para tranquilizar as almas que partiram atormentadas  e para que busquem sua paz cujos benefícios se fazem sentir após um longo aprendizado.