Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sábado, 30 de maio de 2015

POETA!

                                  POETA!

Reúnem-se os poetas
Declamam sem sentido
Não atingem as metas
Nem são aplaudidos

É que a vida lhes é dura
Precisam de incentivos
Com ou sem ditadura
Poetas são oprimidos

Há excelentes autores
A recitar belas´poesias
As rimas são seus amores
Representam a anistia

Mas pra ganhar o mercado
Precisam ser comerciais
Deixam o talento de lado
Escrevem frases banais

Dizem o que lhes dá na telha
Andam com a multidão
Simples rebanhos de ovelhas
Buscam ganhar o seu pão

Mas não tem preço escrever
É satisfação pessoal
É um dom a desenvolver
É chama, é um ideal

Com ou sem auxílio
Do órgão governamental
O poema não vai para o exílio
Ele é fundamental

É preciso resolver o dilema
O poema é alvo de estima
Quem já não disse um poema?
Ou se declarou em rimas?

Cena linda é a do filhotinho
Declamando para a mãe querida
Soletrando as rimas de mansinho
Para quem lhe deu a vida

Tanto quanto exercer o magistério
Ser poeta tem seus obstáculos
Resistir a isso é um mistério
Devem ser mágicos ou oráculos

         KATIA  CHIAPPINI 



UMA IDEIA QUE DEU CERTO: MINICONTO.

               UMA IDEIA QUE DEU CERTO.

Branca de Neve era o apelido de um traficante, e chefe de gangue, que estava chamando os alunos, de quinta a oitava série, na hora do recreio, no portão, com o intuito de vender maconha. Eu era a vice-diretora da escola e percebi que a situação estava amedrontando a comunidade.E alguns pais estavam receosos de enviar os filhos para a escola.
Não tive a colaboração do zelador e nem do professor de educação física da escola. E me aconselharam a chamar a polícia .Mas não foi o que eu tinha decidido fazer.
Numa tarde qualquer, resolvi, para ficar em paz com minha consciência, chamar o Branca de Neve:
-Você quer um lanche com um copo de suco de laranja?
- Sim, diretora
Nem preciso dizer que mandei caprichar no cachorro quente e pedi para colocar um bife, queijo, maionese, alface, tomate e temperos.
Enquanto ele se alimentava com entusiasmo, pedi-lhe que se afastasse do portão da escola. Mas disse-lhe que as crianças não podiam conversar com estranhos e que ele e sua turma estavam atrapalhando o movimento dos transeuntes que precisavam entrar pelo portão, a todo momento. Falei sobre o lixo que jogavam na calçada, sobre o fluxo normal dos veículos que seria prejudicado, sobre a algazarra que estavam fazendo, junto ao estabelecimento de ensino regular.  Usei todas as argumentações possíveis, menos a de que suspeitávamos de tráfico de drogas.
Em dado momento falei;
-Branca, temos brigadianos circulando pelas redondezas. Ele controla a entrada e a saída dos alunos.
- Se é assim, diretora,vamos sair da frente do portão porque a senhora está pedindo. Ficaremos na quadra seguinte, onde não há escolas.
- Mas não poderia ficar bem mais longe?
- Não porque tenho uma nova missão.
- Mas não se preocupe comigo!
- Não, diretora, vou dar-lhe proteção: pode precisar de mim.
 - Não é necessário.
- Engano seu .Quem passa todo o dia na escola não conhece o perigo que há nas ruas.
E assim dizendo, agradeceu o lanche, apertou minha mão e se despediu.
Mentalizei, muitas vezes o gesto de Branca, me abraçando pelos ombros e dizendo que eu poderia chamá-lo a qualquer hora, em qualquer circunstância de perigo ou de briga na escola.
O máximo que consegui foi transferir a gangue para a próxima esquina. Mas já foi um começo!
Enquanto viver vou lembrar de que ao menor chamado teria ao meu lado um protetor insólito, ''sui- gêneris'', pouco convencional, mas cumpridor de sua palavra -pelo meno- aquela empenhada a quem lhe deu um tratamento humanitário.
E tenho a certeza de que na vida de Branca de Neve, não passei em ''brancas nuvens''.

                                   KATIA CHIAPPIN
                     -E-MAIL:katia_fachinello42@hotmail.com


quinta-feira, 28 de maio de 2015

D. MARIA : UMA MULHER DE VERDADE.

                     D.MARIA BARNEWITZ

Risonha carinhosa e faceira
Solidária com os professores
Lá vai Maria merendeira
Com suas pernas e suas dores

Faz guloseimas e o alimento
E leva ao bar do colégio
É seu trabalho e sustento
É para nós um privilégio

Sabe o que é suor e fadiga
Não se nega a vender fiado
Contorna situações sem briga
Disfarça o seu ar cansado

Tem nas filhas as aliadas
Que no recreio lhe dão uma mão
Filhas estudiosas e amadas
Que receberam boa formação

É competente na culinária
Sabe cumprir com seu dever
Trata bem as funcionárias
Nunca se deixa abater

Numa especial festa junina
Linda poesia declamou
Com sentimento de menina
Ouviu as palmas e chorou

Dona Maria e seus prensados
Alimentava toda gente
Vendia pastéis e enrolados
Aconselhava o aluno carente

Teus passos serão só teus
Revelam tua dignidade
Caminha como filha de Deus
Como irmã da humanidade

                                    KATIA CHIAPPINI


quarta-feira, 27 de maio de 2015

O POEMA E O TEMPO

                    O POEMA E O TEMPO

Tem o seu tempo o poema
Ambos são flexíveis
O tempo é um teorema
Sem solução previsível

O poema vem de encomenda
Vem para cantar o amor
O tempo os conflitos desvenda
Faz o amor curar a dor

Se eu quiser fazer um poema
Devo fazê-lo agora
Se eu não pensar no tema
Amanhã será outra hora

O dia muda os fatos
Transforma o poema também
Vivenciamos outros atos
E o poema fica aquém

Se hoje disser que me ama
E depois mudar de ideia
O meu poema vai falar
De amor a outra platéia

Um dia falei de flores
E você de desamores
O poema não mostrei
Perdeu todas as cores

Poema é sentimento
Se faz a quem se mima
É o melhor dos eventos
Embeleza palavras na rima

Vou achar o tempo do poema
Esperar meu amor na janela
Planejar outro estratagema
E declamar entre vinhos e velas

                                       KATIA CHIAPPINI


EU E MEU CANTO...

                        EU E MEU CANTO

Esse meu canto
Não é quebranto
É um acalanto
Está em meu recanto

Canto é encanto
É proteção e manto
Canto tanto e tanto
Até em Esperanto

Esse meu canto
Seca o meu pranto
Invoca o meu santo
E a tristeza espia''de canto''

E novo canto eu garanto
Meus males eu espanto
O meu é um canto acalanto
Com ele a vida abrilhanto

O coração eu imanto
A dor então suplanto
E o amor quero tanto
É desencanto:mas eu canto

                                 KATIA CHIAPPINI


terça-feira, 26 de maio de 2015

A LONGA ESPERA!

                        A LONGA ESPERA

De tanto ficar á espera
Não padeço mais agora
Deixei sonhos e quimera
Não chegará mais a hora

A espera não é vazia
Preenche os sentidos
Traz mil alegorias
Alguns desejos incontidos

Foi um blefe mas esperei
Prometeu e não cumpriu
À espera por anos fiquei
Lamento: ''onde já se viu''?

Inexistente será a cena
Percebi nela as falhas
Melhor estar de quarentena
Do que aceitar as migalhas

A longa espera só cansa
Escurece a luz do futuro
Sombreia a esperança
Magoa o coração puro

O caminho é crua andança
Torna a face tristonha
Perdem-se as lembranças
De quem sonhou ou sonha

A espera não é inércia
A vida corre em paralelo
Mas é uma controvérsia
Desfazem-se todos os elos

Os olhos distraídos dançam
Saudosos em recordação
Os braços no ar se balançam
Mas abraçam só a solidão

                                      KATIA CHIAPPINI


domingo, 24 de maio de 2015

TERCEIRA IDADE!

                      TERCEIRA IDADE

A terceira idade é uma passagem de sua vida e privilegiada. Você já criou seus filhos e os vê independentes e donos de si. Há uma satisfação especial em brincar com seus netos, em conviver em família, em festejar seu aniversário reunindo todos eles. Nessa idade você merece só alegrias e o reconhecimento por uma vida dedicada aos seus. Não quer ser magoada e nem magoar. Você tem direito de se expressar e de ser ouvida como sempre foi e de não ser tolhida em sua liberdade. Muito já se sacrificou para manter a família unida e tentou dissolver conflitos de toda ordem para manter a harmonia. Decida-se pela boa colheita. Então, receba suas amigas para o chá da tarde, relembre fatos que lhe dão prazer, ouça as histórias das outras e dê umas boas risadas com essa turma que sempre foi fiel a você.
Não julgue ninguém porque precisa aprender a respeitar o pensamento alheio. Você também deve ter errado muitas vezes.
Enfrente seus desafios e viva com prudência porque tudo o que fizer trará consequências que serão de sua responsabilidade. Nem sempre a vida lhe parecerá justa mas vá em frente. Seja solidária, questione a veracidade dos fatos e não aceite tudo o que lhe disserem. Não perca sua  personalidade sob hipótese alguma.
Reavaliar seus procedimentos é importante. Se precisar, dê um passo atrás para depois retornar com mais certeza do que quer para sua vida.
Auxilie filhos e netos mas preserve seu espaço. Aquele do qual necessita para se sentir inserida no mundo. Não faça só o que agrada aos outros mas a você mesma. A renovação precisa ser constante porque você precisa encontrar novas formas de viver, de se ocupar e de se tornar produtiva.  Mas seja coerente com você mesma. Busque sua verdade e lembre-se:
- Não há um padrão a seguir para ser feliz.
Apenas seja vigia de suas fraquezas e não caia em tentações. Não se deixe envolver por caminhos escusos que poderão se tornar uma prisão da qual não haverá saída. Permita-se deixar levar pelo desejo de praticar o bem e torne-se útil ao seu semelhante. Crie novos grupos de convivência, novas amizades e oportunidades de se realizar como pessoa.
Evite brigas em família e seja uma mediadora nas situações de conflito entre pais e filhos. Seja sábia e não emita opiniões se não for solicitada para fazê-lo. Seja amiga do seu genro, de sua nora e de todos da família que vai, naturalmente, se ampliando. Mas que você construiu com seu esforço e presença. Continue a ser o equilíbrio, o fiel dessa balança familiar, a palavra sábia, o conforto. E seja íntegra, justa e autêntica, independente da idade.
E o amor? 
Bem, se você estiver sozinha e encontrar um parceiro que saiba respeitar suas peculiaridades, suas necessidades e carências, deve se dar uma chance de ser feliz em um novo relacionamento. 
Mas perceba que esse amor precisa ser gentil, amoroso, presente, companheiro, cúmplice e verdadeiro. Essas qualidades são essenciais para que construa uma vida a dois, bem mais do que a necessidade fisiológica de ambos.
As pessoas não se separam por falta de sexo e sim por falta de laços consistentes de um verdadeiro amor. E esse vai além de um momento obtido sob os lençóis de cetim.
Mas esse amor tardio é sempre um risco .Precisa analisar todas as circunstâncias, programar todos os passos e pensar se está disposta a se arriscar.
E dizem que ''quem não arrisca não petisca''

                                      KATIA CHIAPPINI




sexta-feira, 22 de maio de 2015

QUEM AMA...

                            QUEM AMA

Quem ama não trama
Aceita e respeita
Fica e não critica
Dá amor e calor
Leva o vinho ao ninho
Aproxima o ser e o ter
Fica alerta e desperta
Com o amado ao lado
Faz café e cafuné
Lembra o dia de alegria
Quando leu e respondeu
Ao apelo com desvelo
E se sentiu no navio
Para sonhar ao navegar
É quase real e natural
Viver e quase morrer
Morrer para reviver
É amar pra justificar
Tanto sofrer e bem-querer
E entre o amor e o tormento
Aqui jaz a minha paz

                                  KATIA CHIAPPINI


quinta-feira, 21 de maio de 2015

SIGO...

                              SIGO...

Sigo além da reticência
Penso no que me é permitido
Nem tudo explica a ciência
Há muito mistério escondido

Sigo a calma madrugada
Sigo o gado na invernada
Piso na relva molhada
Rego e cuido da florada

Sigo a dança da passarada
No céu azul em revoada
Sigo a árvore abençoada
Ou a fonte iluminada

Dalva é a estrela louvada
Pelo poeta em seu cantar
Coloco a rede na pousada
E no céu a sigo com o olhar

Sigo a noiva maquiada
Chorando emocionada
Pulo corda na calçada
Com os netos e a criançada

Sigo a criança abandonada
Encaminho à instituição
Sigo a vida-não por nada-
Pra ver o mar no verão

Sigo as ondas até do avesso
O mar me faz muito bem
Minhas mágoas esqueço
Sigo mesmo sem um bem

                                  KATIA CHIAPPINI



quarta-feira, 20 de maio de 2015

PAPAI E SEUS LIVROS: MINICONTO

                  PAPAI, OS LIVROS E EU


Meu pai tinha o apelido de poeta, em sua cidade natal, porque desde cedo começou a fazer rimas. Para ele era um sentimento natural, um modo de se comunicar com ele mesmo e com seus semelhantes.
Comprava livros de autores universais e seu acervo era de peso. Os grandes poetas orientais ocupavam parte de suas prateleiras.
Eu tinha apenas 2 anos de idade quando resolvi colocar no chão alguns livros de meu pai. Mas alguns despencaram e empurraram outros e houve uma avalanche de livros, quase em cima de mim.
Papai chegou nesse instante e deu-me umas palmadas bem dadas. Assustada, comecei a chorar e fui procurar minha mãe pela casa.
Mamãe, com toda calma falou para meu pai:
- Você já percebeu que essa criança gosta de folhear todas as revistas e seus próprios livros infantis, várias vezes ao dia? 
 - Sim, mas olhe o que fez com meus livros encadernados?
-Sim, mas e se você estiver desviando esse interesse que ela tem pelos livros?
Papai não falou mais nada. Mas passou a ler uma história para mim todas as noites, antes da hora de dormir. Ele lia e pedia que eu dissesse o que eu tinha entendido. Ele completava meu pensamento e se alegrava com o fato de ver que eu prestava atenção na sua leitura.
Meu pai me deu umas palmadas. Mas descobri que ele é que foi sacudido, com a intervenção de minha mãe, como se apanhasse também.
E depois, quando eu já tinha 6 anos de idade, me ensinou a colocar os livros em ordem alfabética e deixou que mexesse na prateleira .
Mas isso  porque, na outra manhã do dia desse acontecimento que lhes relatei ele falou:
- Minha filha,ficou bem entendido que só papai mexe na prateleira?
Eu retruquei:
- Mas depois que eu crescer vou mexer sem apanhar, tá?

                                     KATIA CHIAPPINI



                                  -E-MAIL:KATIA_FACHINELLO42@HOTMAIL.COM

terça-feira, 19 de maio de 2015

É UM SINAL DE ADEUS?

                                  ADEUS?

Adeus pensei não dizer
E desse mal não sofrer
De que adianta querer
Se querer não vai trazer?

O que adianta eu ser
Aquela que soube dizer
Que tentou compreender
Teu incompreensível ser?

Ainda que pudesse entender
Não bastaria para ter
A mão que não vais estender
O abraço que não vai acontecer

Queria meu tempo rever
Ninguém vai me devolver
O adeus vai prevalecer
Só lembranças vou reter

Não tenho nada a esconder
Que possa me desmerecer
Só enxerga quem sabe ver
Quem tenta amadurecer

Adeus!Com Deus quero crer
Que um dia vou merecer
Quem vier pra me proteger
E em minha porta bater

                                      KATIA CHIAPPINI





D.MARIA DA ESCOLA BARNEWITZ: PORTO ALEGRE

                 D.MARIA: mulher que se quer

Suave Maria de puro amor
Talismã dos professores
As varizes causavam dor
Mas Deus lhe ouvia os clamores

D.Maria, querida merendeira
Precisava atender em pé
Se portava como da vez primeira
Sem lamúrias e com muita fé

Faço preces com o rosário
Peço por D.Maria do bar
Nunca faltou ao trabalho
Nem se queixava de andar

Trabalhava além do horário
Enxugava com lenço o suor
A lida ia além do salário
Porque ela fazia o melhor

Anotava no caderninho
Os débitos do professor
E cobrava de mansinho
Com paciência e com amor

Naquela festa de S.João
Declamou como ninguém
Foi tomada pela emoção
E a platéia também

D.Maria- moça ligeira-
Fazia bolo e prensado
Se movia brejeira
No espaço apertado

D.Maria não era a Virgem
Mas se espelhava nela
Era bondosa por origem
Amava lidar com as panelas

Já carreguei sua sacola
Não é Maria qualquer
É mãe de toda a Escola
É uma fada feito mulher

                                   KATIA CHIAPPINI

domingo, 17 de maio de 2015

D. JACIRA:MINICONTO

                        
                             D.JACIRA E O PIANO

Hoje fui visitar D.Jacira na casa de geriatria onde se encontra.
Ela tem 91 anos de idade e sua memória permanece em bom estado e a saúde geral está bem controlada.
Estávamos recordando nossos encontros por ocasião das aulas de piano que eu ministrava na Casa de Cultura de Porto Alegre, minha cidade.
O médico de D.Jacira aconselhou-a que fizesse essas aulas para auxiliar no movimento das mãos, já que havia um problema de artrose a preocupar. Ainda lembrou dos benefícios que traria ao cérebro por manter a concentração, reflexão, motricidade, persistência para executar as peças musicais e, principalmente, a memória em atividade. Ainda serviria para deixar a coluna mais ereta e o pescoço mais elevado, evitando rugas em demasia.
D.Jacira se empenhou bravamente e logo aprendeu a ler a clave de sol e a de fá, reconhecer o ritmo e cuidar da leveza da interpretação.  Começou a tocar algumas valsas e canções do folclore italiano.
Um certo dia teve a ideia de chamar o marido para que a ouvisse ao piano. Ele se chegou, colocou uma cadeira, quase ao lado, acomodou-se e disse:
- Sim, pode iniciar
D.Jacira teve uma ideia que colocou em prática ao dedilhar suas valsas preferidas: Danúbio Azul, Sobre as ondas.
Dedilhou-as com desembaraço e de modo correto, sem perder uma nota do início ao final. Mas usou apenas a mão direita para mostrar ao marido o resultado de seu aprendizado. Não quer dizer que não soubesse unir as duas mãos. Apenas imaginou que tocaria com mais facilidade e sem tropeços.
Ao final ele aplaudiu, deu-lhe um abraço e um beijo no rosto .
Mas antes que D.Jacira se erguesse da banqueta do piano, o marido tocou o seu braço, sorridente, carinhoso, falando mansamente:
 - Querida, à propósito, a mão esquerda vem logo, não é ?

                                  KATIA CHIAPPINI

sábado, 16 de maio de 2015

BREVE REFLEXÃO

    
                        BREVE REFLEXÃO!

Quem desvia não se acha
Percorre turvos caminhos
É preciso rever a marcha
E voltar ao antigo ninho

Preparar nova partida
É possível a quem espera
Primeiro se cura a ferida
Entre o inverno e a primavera

As vezes levamos um tapa
É para acordar ligeiro
Não ser só moldura ou capa
E sim um cidadão obreiro

Não seja o que especula
Nem seja um ser opressor
Da corda bamba se pula
Para ir em frente sem temor

Não se aceitam benesses
Nem sombrios atalhos
Deus não ouvirá as preces
De quem só tem atos falhos

A ambição é o mal da raça
Não é boa conselheira
O braço que nos abraça
Nos empurra na ribanceira

Vamos defender as fronteiras
Cuidar de nosso planeta
A terra está sem eira nem beira
E o salário é uma gorjeta...

Abaixo o oportunismo
E o dinheiro mal havido
Abaixo o comunismo
Desse Brasil mal resolvido

                                   KATIA CHIAPPINI


sexta-feira, 15 de maio de 2015

DOCES RECORDAÇÕES

                     


                    DOCES RECORDAÇÕES

A paz fugiu da rua
E da mata os vaga-lumes
A vegetação está nua
Na feira- poucos legumes- 

Ninguém pula corda ainda
Nem brinca de 5 marias
Hoje a correria é infinda
Se anda de alma vazia

A internet dominou
Nem se conversa mais
A tecnologia acelerou
Digitalizou os jornais

Não se espera na praça
A hora do pôr do sol
À noite se fecha a vidraça
Sem perceber o farol

O passado mostra os traços
Do amor feito saudade
Romperam-se os laços
Ninguém vive sua verdade

Queria ver a caravela
Queria banhar-me ao luar
Ser a sereia mais bela
Com as conchas em colar

Queria beber da flor
O mel que a abelha esqueceu
Libertar-me dessa dor
Buscar uma luz no breu

                                       KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 13 de maio de 2015

VOCÊ E EU / EU E VOCÊ

                    VOCÊ E EU /EU E VOCÊ


                                      Sem você fico sem graça
                                      E sem você não me vejo
                                      Você sem mim não passa
                                      Eu percebo o seu desejo

                                      Sem você me desconheço
                                     Te desconheces também
                                      Fico frágil e sem preço
                                      E você triste sem ninguém

                                      Você sem mim nada quer
                                      Ainda que querer possa
                                      Venha quando me quiser
                                      A minha casa é a nossa

                                      Eu sem você não vicejo
                                      Ora recuo, ora tento
                                      Não pensar naquele beijo
                                      Não demonstrar sentimento

                                      Você nada me confessa
                                      Mas fica por perto: rodeia
                                      De nada me adianta ter pressa
                                      Vou fazer castelos na areia

                 

                                          KATIA CHIAPPINI