PROCURANDO ALGUÉM...
Ando procurando alguém que saiba rir e chorar comigo.
Procuro alguém que se emocione ao ouvir uma linda melodia ao piano, quando escutar o meu toque. E que seque minhas lágrimas que brotarão incontidas.
Procuro alguém que queira sentar à beira mar para ouvir o murmúrio das ondas ao ecoar em mais um anoitecer de verão.
Procuro alguém que me queira bem e me ame em qualquer circunstância de minha vida. E que não fale de meus defeitos,
quando os seus próprios esconde.
Procuro alguém que não fale tudo o que pensa porque as palavras ferem. E mesmo porque, se ditas na hora da raiva, machucam mais do que deveriam.
Procuro alguém cuja companhia seja uma luz em minha vida. E enquanto luz me faça brilhar com intensidade.
Procuro qualidades que não tenho para que me sirvam de estímulo e de exemplo.
Procuro aquele gesto simples de alguém entrando com a bandeja do café da manhã e uma rosa nas mãos para me ofertar.
Procuro aquela caixa de bombons importados que sei que vou encontrar na cristaleira de minha sala de estar.
Procuro alguém que tenha guardado minha foto em seu livro preferido e de cabeceira.E que mesmo amarelada, ali permanecerá.
Procuro alguém que não confunda os desabafos e lamentações com o término do namoro.
Procuro alguém que me telefone dizendo que está a caminho porque quer me levar ao teatro.
Procuro alguém que aprenda na internet como fazer um filé de linguado com molho de camarão e me convide para jantar em sua casa. E que tenha comprado as velas e escolhido o vinho envelhecido.
Procuro alguém que me faça uma festa surpresa de aniversário.
Procuro alguém que tenha intuição e venha me amar antes que eu chame.
Procuro alguém que recupere minha auto estima porque a cada separação precisamos juntar os destroços de nós mesmos.
Procuro alguém que queira ser amado e que sua preocupação primeira seja a de colher um grandioso e especial amor.
Procuro alguém que não tenha medo de envelhecer comigo e que o faça na dor e na alegria, na saúde e na doença.
Procuro alguém que não se negue a desligar o fogo da panela de feijão, após ferver uma hora. E nem se negue a fazer um suco para mim. E que saiba passar um cafezinho para me surpreender, ao me convidar para bebê-lo com ele. E que aproveite para me falar como foi o seu dia, após voltar do trabalho.
Procuro alguém que me convide para ir dormir na mesma hora que se retirar para o quarto do casal. E que aos domingos prepare um mate amargo para falar de nossos filhos, quando os tivermos.
Procuro alguém que me deixe deitar sobre seus ombros e depois no seu peito para sentir a respiração acelerada que provoquei.
Procuro alguém que não fale inverdades e que não faça falsas promessas. Procuro alguém que tenha coragem de se arriscar.
Procuro um homem que seja meu admirador número 1, meu fã número 2 e minha última tentativa de ser feliz, de tal modo que depois de conhecê-lo eu não deseje mais ninguém.
Procuro um homem que se complete com a minha doação total e que me queira ao seu lado como eu gostaria de estar.
Procuro um homem que esteja com fome e sede para ser saciado, e que ao mesmo tempo me escolha para transbordar e desacelerar os mais belos gestos de um congraçamento amoroso. E acelerar os passos e sentimentos em direção à mundos misteriosos e de intensa magia que até aos Deuses irá enrubescer.
Procuro alguém ciente do que deseja para si, se é que é possível encontrá-lo nesse mundo de incertezas.
Procuro alguém não para me sentir acompanhada, e sim, para me sentir amada.
E só o fato de estar divagando sobre minha procura me traz a sensação de que ainda me é dado tempo para viver grandes momentos preparados pelo destino e com a aquiescência de Deus.
KATIA CHIAPPINI
PODERIA...
Poderia me surpreender ao ver um velejador chegando nessa linda praia chamada de Princesinha do Mar.
Poderia ser aquele velejador conhecido, de nome, mas não em pessoa.
Poderia ser um sonho tomando forma e exalando sentimentos amorosos.
Poderia tentar falar com Iemanjá para assoprar a ela que sussurre aos ouvidos do velejador que uma dama o espera. Ou assoprar para Iara, a sereia do Rio Amazonas, que cante a irresistível canção.
Poderia dar licença ao mar para banhar com seus verdes olhos, em forma de ondas, outros olhos esverdeados num corpo bronzeado, junto a um corpo de mulher.
Poderia uma árvore frondosa, colocada numa praça, chamar o velejador para nele projetar sua sombra.
Poderia a chuva que cai, insistente, chamar novamente o Sol para atrair o velejador para um banho de mar, em pleno verão.
Poderia a força do Minuano direcionar o velejador para ancorar na praia de Torres.
E eu poderia estar com ele num dia de domingo...
KATIA CHIAPPINI
VERÃO NA PRAIA DE TORRES...
De esplêndida paisagem
O mar em sua pujança
Embala sonhos e miragem
E me faz sentir criança
Torres é praia majestosa
Da manhã ao por do Sol
E a juventude ruidosa
Sobe o morro do Farol
Lendas dizem que sereias
Se escondem naquele mar
O pescador até tonteia
Ouve histórias de arrepiar
O mar ao se insinuar
Beija o corpo da areia
Seus olhos de verde olhar
São ondas que balanceia
Torres estende os seus braços
Para o Sol e para o luar
Já abraçaram os meus passos
E abraçam meu desejo de amar
Fico tensa porque vem a imagem
De quem disse que iria me chamar
O mar me espera em sua margem
Mas de mãos dadas não fui passear
KATIA CHIAPPINI
MEDITAÇÃO PARA A JUVENTUDE
Exterioridades,ouro,dólares,brilhantes e comodidades supérfluas, são os valores da sociedade atual. E como consequência não consegue se furtar à continuidade da insatisfação e da insegurança.
É como se a juventude de hoje buscasse a tristeza do amanhã.
Como o tigre que brinca com sua presa, o jovem brinca com os comportamentos ditos da moda, sem respeitar limites.
A voz juvenil quer ser a única certeza porque carrega o orgulho e a prepotência. Os jovens tratam mal aos seus pais e ferem o espírito familiar.
Os jovens querem sobrepor suas vozes de modo que ecoem mais do que os sinos das Catedrais. Mas só conseguem se mostrar egocêntricos e solitários porque suas vozes não são ouvidas. E essas vozes não são mais nobres do que o coaxar das rãs no pântano de águas estagnadas.
A beleza pertence à juventude mas essa não a reconhece.
A juventude se recusa a perceber que valerá muito pouco se não galgar o conhecimento com seu esforço e um espírito solidário.
E pode ser tarde para o arrependimento!
E se ferir a si mesmo vai amaldiçoar os seus dias e guardar as adagas amargas da desesperança.
E flechas afiadas e venenosas cravarão em seu peito o desprezo pela humanidade.
E a velhice não acolherá de braços abertos essa juventude.
Caminhamos a passos lentos em relação ao despertar espiritual.
Os jovens se tornam adultos e escravos do lucro fácil.Bebem o cálice da amargura, do ódio, do desespero e da solidão.
Oh! Deus, supremo doador das graças,escuta o grito de angústia das almas prisioneiras.
Devolve aos teus filhos pródigos o discernimento e a fé que lhes permite alçar voo em Tua direção e dentro de Teus propósitos.
Que os jovens voltem a apreciar as fontes luminosas, as montanhas, os riachos e a brisa do mar.
E que ouçam,com a alma em paz,o canto dos pássaros, o murmúrio da cachoeira e o sibilar dos ventos por entre as folhas das árvores.
E que saibam ser mais humildes para aceitar os conselhos de pais e professores, indispensáveis a uma formação cristã.
KATIA CHIAPPINI
É MULHER!
Fera ferida
Reverbera
Atrevida
Fugaz, frágil
É assaz
Ágil
Forte e brejeira
É suporte
É altaneira
Fica , se quiser
Quando fêmea
É mais mulher
KATIA CHIAPPINI
FUGA
Fuga da vida
É fuga de si
E traz ferida
Eu bem senti
Fuga do amor
Insegurança
Medo da dor
Desconfiança
Fuga do prazer
Tempo perdido
É vida a verter
Sem sentido
Fuga covarde
E confortável
A fuga invade
Deplorável
A fuga é sinal
De imaturidade
Não é natural
É inverdade
Fuga é negação
Nada constrói
É corrosão
Tudo destrói
Fuga é defesa
Medo de assumir
A cama e a mesa
Que estão por vir
KATIA CHIAPPINI
EM TEMPO E A QUALQUER TEMPO
Minha Pátria foi transformada numa selva de pedras onde está impossível aceitar os desmandos da cúpula governamental. Essa não ouve o choro dos sofredores ou as lamentações dos desafortunados .Há uma casta que se impõe e domina, como se fossem lobos abatendo as ovelhas oprimidas.
É possível que a palavra de Deus tenha se desvanecido das Escrituras Sagradas para ser substituída pela palavra do homem inconsequente, cujas leis privilegiam os poderosos.
E não adianta o homem construir templos com pompa e glória se os pobres esfarrapados se deitam nas calçadas sujas das ruas e das das avenidas, se moram sob pontes infectas com suas famílias.
E não adianta erguerem-se vozes em coros de igrejas, para louvar a Deus, se a comunidade cristã continuar a fazer ouvidos moucos ao choro sofrido de seus semelhantes.
E quando as bocas com fome suplicam o pão de cada dia!
Estamos numa gruta escura onde as víboras da hipocrisia e da falsidade rastejam abundantes.
A terra está contaminada por Césares de todas as nacionalidades que usurpam os direitos do cidadão.
Há homens que lavram a terra e plantam para a colheita, mas que recebem um salário aviltante e enriquecem os gananciosos e inescrupulosos patrões.
Os homens lutam, uns contra os outros, deixando jovens incautos morrerem em campos de batalha.
Mas me refiro ao campo de batalha em que se transformou a cidade grande, onde há disputa pelos pontos de venda de drogas.
Falo dos traficantes, sequestradores, assaltantes, torturadores, traficantes de órgãos, do embarque de mulheres e crianças para o estrangeiro, como se fossem mercadoria que se compra ou vende.
Falo de crimes hediondos onde a pena legal não cumpre sua função e eficácia. E a lei se desvirtua pela ação de negociatas, artimanhas escusas e atos de corrupção.
Os espinhos sufocam as flores, os fortes subjugam os fracos e a escravidão continua a vingar a todo vapor.
A fonte das virtudes secou e a solidariedade foi substituída pelo egocentrismo asfixiante e cruel.
E quando haverá paz?
Quando os filhos do sofrimento forem socorridos.
Quando a ilegalidade do trabalho infantil não for uma triste realidade.
Quando mulheres e crianças não forem vítimas de abuso.
Quando a dominação for substituída por justiça social.
Quando as políticas públicas se preocuparem com os núcleos habitacionais para acomodar a população de baixa renda.
Quando as crianças não precisarem mamar nos seios secos de uma mãe desnutrida.
Quando soldados armados não ameaçarem os estudantes, professores e trabalhadores, todos prontos para lutar por melhores condições de trabalho e um salário justo.
Quando as pessoas honestas não forem mortas como queima de arquivo.
Quando não abandonarmos nossos idosos em asilos fétidos.
Quando a moradia, a saúde, a educação e a segurança, forem a real preocupação dos homens eleitos e dos quais se espera resultados direcionados ao eleitor esperançoso.
Homens atacam suas vítimas na escuridão da noite para não serem reconhecidos. Mas permanecerão as manchas de sangue no solo e sinais nos corpos. Serão ouvidas testemunhas e estudadas as circunstâncias dos crimes, a motivação para tal.
E ao raiar de um novo dia as buscas continuarão, o sol brilhará e os crimes serão revelados.
E os lobos sofrerão as penas que impuseram aos cordeiros imolados.
E quanto maior o crime maior será a pena. E dizem que a justiça demora mas não falha.
E o corpo dos maus, dos psicopatas e monstros, ficará doente e a alma destruída.
E, sem se dar, conta haverá o tempo ,a qualquer tempo,em que a justiça de Deus se fará sentir.
E os maus serão seres nas sombras. E morrerão em vida porque passarão a ser mortos-vivos muito antes do seu último suspiro.
KATIA CHIAPPINI
O NÃO SER OFUSCA O SER
Não ser é ser pela metade
É disfarçar para prosseguir
A hipocrisia teima e invade
Os dias de nosso porvir
Somos incógnitas sem solução
Labirintos sem voz e sem saída
Teoremas sem fácil resolução
Criaturas desoladas e oprimidas
Estamos sós e com muito frio
Perdemos o abraço da despedida
Somos viajantes sem mochila
Tristes pétalas ao chão caídas
Estamos cansando dessa luta
Perdemos algumas certezas
Mas sempre atentos e na escuta
Dominamos a própria natureza
É saber que quase nada sabemos
O que impulsiona nossa jornada
Tentamos entender a que viemos
Pra escolher uma nova alvorada
Negar esses pseudo-oradores
É não comungar com a inverdade
Até Cristo sofreu as piores dores
Pensou ter perdido a identidade
KATIA CHIAPPINI
NORMINHA DUVAL!
Norminha parte
Norminha Duval
Deixa sua arte
E alegria de carnaval
Conquistou a canção
Amou toda gente
Foi pura emoção
Plantou a semente
Norminha cantou
''Canção para Elis''
Sambou e encantou
Foi força motriz
Que Deus de sua janela
Em sua constelação
Possa cantar com ela
Em dueto uma canção
Que Deus possa sentir
Cada acorde de seu violão
Norminha se fez ouvir
Na voz de cada coração
KATIA CHIAPPINI
TRISTEZA!
Vem do coração oprimido
Ao não suportar a desilusão
É um desabafo sentido
E traz lágrimas em profusão
A tristeza é feita de lamentos
Que oprimem demais o peito
É preciso dialogar com os ventos
Ao debruçar-se em parapeito
A tristeza nega o prazer da vida
Descrê da beleza propalada
Não sabe onde encontrar guarida
E se deixa vagar pelo nada
Como uma flor murchando
Cujas pétalas pendem opacas
A tristeza vai se insinuando
Sem obedecer leis ou placas
Como um ser em busca do pão
A tristeza tem fome e ansiedade
Perdeu-se o amor e a paixão
Assim como a espontaneidade
KATIA CHIAPPINI
EM TUAS MÃOS...
Senti as tuas mãos
Meu belo Arlequim
Costurei com devoção
Uma colcha de cetim
Em tuas fortes mãos
Eu me aconcheguei
E aquela solidão
Não mais aprisionei
Em tuas suaves mãos
Deixei ficar as minhas
E por mais um verão
Acreditei que vinhas
Em tuas róseas mãos
Fui a chama acesa
Senti real paixão
Depois uma certeza
Tuas mãos não vou ter
Vejo as minhas vazias
E o toque de recolher
Fará minhas noites frias
KATIA CHIAPPINI
A VIDA É...
A vida é uma conquista para a juventude
Uma brincadeira sob a ótica infantil
Uma jornada em direção à finitude
Um presente para a idade senil
Uma diligência que segue sua verdade
Um tempo breve em nossa evolução
Um tempo de viver em qualquer idade
A transparência de uma bolha de sabão
A vida tem um olhar que prende e cativa
Quando tempo de amor que espalha alegria
É o trabalho suado de uma vida ativa
É semeadura e colheita de igual valia
A vida não é dos que curvam a cabeça
Nem dos que vivem na lama da desavença
A vida é luta e quem não lutar se esqueça
De abraçar a felicidade como recompensa
Pelo pouco que nos falta vamos sorrir mais
Pelo muito que já temos vamos agradecer
A vida nos convida a reconhecer os sinais
E a subir seus degraus quando pensamos descer
A humanidade é tal qual água corrente
Que caminha em ondas como as do mar
Na passagem quero ser estrela cadente
Pra atender os desejos de quem deseja amar
KATIA CHIAPPINI
SOMOS O REVERSO DE NÓS
Somos como roupa sem cós
Ou como cortina sem ilhós
Médicos sem guarda-pós
Ou culinária sem noz
Se livres como albatroz
Seríamos mais nós
Mas o tempo é atroz
Sem nascente ou foz
Somos nosso algoz
Acuados e ainda sós
E o homem feroz
Prega contras e não prós
Cursamos o básico e o pós
Tentamos desfazer nós
É mister ser veloz
Semear a vez, colher a voz
KATIA CHIAPPINI
POETAS
O poeta é um ser que lê o poema e se deixa ler por ele.
Como o poeta vive de sonhos ele se insere num mundo próprio que se transforma em labirinto e nesse emaranhado de ideias se aprofunda e nunca sabe a hora de sair. Se torna um exilado de si mesmo, nostálgico. E percorre países desconhecidos e terras distantes que só os olhos da alma já avistaram.
Poetas são puros de alma e conseguem mostrar um mundo encantador aos olhos de quem sabe perceber as belezas da vida. Com sua exuberante performance o poeta se vê rodeado de boêmios num bar qualquer, assim como de literatas brilhantes. Onde estiver estará compartilhando humanidade.
Mas o poeta tem uma inquietude interior e precisa escrever todos os dias. Seu manancial não se esgota e, ao contrário, se multiplica. A criação é infinita e essa diversidade de assuntos dos quais se ocupa estão a pedir mais e mais esclarecimentos.
Se o poeta estiver cruzando a avenida é comum que esteja aéreo e só com seus pensamentos. Não reconhecerá ninguém e precisará que o chamem para responder a um cumprimento.
É possível que os transeuntes pensem, mesmo sem querer:
- Lá vai um homem surdo ou um poeta.
O poeta pode sair ao encontro da luz e só perceber sombras. É a sombra do espírito que está triste e traz ao poeta a dimensão de seu sofrimento, naquela hora. Trata-se de algum mal que o consome e para o qual ainda não lhe foi possível encontrar a melhor solução.
Se forem males de amor, então, é provável que fique na madrugada escrevendo cartas, mensagens para a amada, poemas sofridos. Até que exausto procure o descanso do corpo no travesseiro fiel.
Se o poeta for para o bar afogar as mágoas a cena pode se tornar deprimente. Mas todos temos direito de exagerar nos atos, uma vez ou outra. Não somos um receituário pronto, nem eficaz. Temos nossas variações de humor e algumas atitudes fora dos padrões aceitáveis.
E se o poeta não conseguir pegar no sono vai se sentir como numa cama de espinhos, sendo tomado por pensamentos dolorosos ou desejos não satisfeitos.
Parece ao poeta que ninguém fala a sua língua ou não a entende. É como se andasse no deserto, ou no topo de uma montanha inacessível ou nas profundezas dos vales.
O poeta procura escrever para revelar como sente a vida. Ele compõe o que a vida escreve e escreve sobre os fatos da vida.
Mas antes de compreender a alma do poeta precisamos nos aprofundar na sua mensagem. Ele existe para desvendar um novo olhar ao nosso redor. Esse olhar fala de amor e paz porque é o olhar de um poeta.
Poetas não fazem a guerra. Preferem apregoar a igualdade, louvar a liberdade, conclamar por justiça. Poetas escrevem uma vida melhor
Penso que ser poeta é estar com uma aura especial. Deus acolhe o poeta em seus braços para que esse acolha o seu semelhante com o mesmo amor que se tem por uma mãe zelosa ou por um filho dedicado.
Existem poetas de rua que vendem seus poemas por um real e espalham no rosto um sorriso largo para quem os compra.
São risonhos e assim continuam mesmo quando custam a vender um poema. Nunca se tornam agressivos. Ou não seriam poetas.
Quando o poeta se inspira e está leve de alma consegue ver os regatos que correm, árvores que florescem, frutos que amadurecem e folhas que caem com a força do vento. E então se põe a conversar com os pássaros, afagar os cães e se alegrar com as crianças que ensaiam os primeiros e ainda trôpegos passos e que, mesmo assim, correm pelas praças sob o olhar atento de suas mães.
E exercitando a imaginação, de repente, o poeta pode ver uma arara numa casa de aves raras e imaginar que se transformou numa linda sereia com a cauda colorida como suas cores. Ou que uma revoada de andorinhas criou asas gigantes e se transformou numa caravana de fadas que se permite povoar sua vida com sonhos e transformar, com a varinha de condão, sua triste realidade, em dias de príncipe.
E, então, a inspiração, fará o poeta passar para o texto escrito novas histórias, novos contos, crônicas e poemas eivados de beleza.
Vamos entender a alma do poeta e desejar que seus sonhos nunca terminem porque precisamos sonhar com ele, amar como ele e transpor as fronteiras do racional para glorificar o emocional e deixar aflorar a sensibilidade.
Queremos sua bênção, poetas e atletas dos mais puros sentimentos, das paixões e dos amores.
KATIA CHIAPPINI
PERSISTÊNCIA...
Lá se vão 7 anos de desenganos
Muitos arrufos e pouca consistência
Namoro no teclado ano a ano
E os dedos dando sinais de impaciência
De um lado da tela há um moço
Do outro lado se apruma a mulher
Fazem de suas conversas um esboço
Dos sonhos e ideais que tanto se quer
Por incrível que sejam os conflitos
Existem também no mundo virtual
Promessas não cumpridas viram atrito
E impedem a aproximação real
As fugas e evasivas distanciam
Oprimem do casal a firme adesão
Mas quando ambos nada mais esperam
Se descortina ,de repente, a reconciliação
Durante idas e vindas persistentes
Dessas vidas em preto e branco sem noção
Permanecem desconfianças insistentes
Mas ninguém quer fazer par com a solidão
Jacó esperou 7 anos para desposar Rachel
Porque Labão lhe deu Lia por convenção
Em mais 7 anos talvez um coquetel
Brinde a queda dos roupões rumo à explosão
KATIA CHIAPPINI
AINDA QUE...PORQUE...
Ainda que sejas desatento, te darei atenção
Ainda que sejas frágil, serei tua fortidão
Ainda que sejas pálido, serei tua coloração
Ainda que de pouca fé, farei uma oração
Ainda que machucado, tratarei tua lesão
Ainda que tímido, serei tua sustentação
Ainda que sintas frio, serei o teu verão
Ainda que indeciso, serei tua motivação
Ainda que temeroso, te levarei à decisão
Ainda que descrente, apertarei tua mão
Porque quem ama, quer dizer a verdade
Porque se quiser carinho, irá semear amizade
Porque se estiver inquieto, vai querer tranquilidade
Porque quem tem amor, vai precisar reciprocidade
Porque quem sofre, vai buscar outra oportunidade
Porque quem nasce, vai almejar a liberdade
Porque quem cresce, vai buscar responsabilidade
Porque quem se torna adulto, terá uma finalidade
Porque quem é idoso, precisa de caridade
Porque quem morre, vai deixar saudade
Ainda que e porque o exemplo traz dignidade
KATIA CHIAPPINI
ORA SOU, ORA SEI...
Sou privacidade
Sou benesse
Tua verdade
Ou tua prece
Bem ou mal
Estou à espera
Do mundo real
Não da quimera
Sou o futuro
Seremos nós
Sou o ar puro
Tua vez e voz
Sou expectativa
Sou suor e sina
Sou tua ''Diva''
Madura menina
Sou teu farol
Sou Ilhabela
És meu lençol
Sou passarela
Sou o amor amigo
Oásis no deserto
Sei ficar contigo
Sei o mesmo gesto
Sei que és certeza
Sei que a tua serei
Sou chama acesa
Sei que te amarei
Sou flor e pausa
Sou trevo da sorte
Sou a melhor causa
Quero ser teu norte
Sou céu e mar
Sou o teu enredo
Sei que o Sol e o luar
Guardam nosso segredo
Serei dia e noite
Teu eterno serão
Espero teus açoites
Com penas de pavão
KATIA CHIAPPINI
INSATISFAÇÃO...
Talvez eu seja uma semente sem Lua crescente
Ou embarcação ora sem leme e sem munição
Ou um ser triste de dedo em riste
Talvez eu esteja com febre e a ninguém alegre.
Talvez eu insista em saber o que jamais vou entender
Para que perguntar com voz cálida se a resposta será inválida?
Talvez eu sinta saudade de correr na chuva
Ou de provar um cacho de uva.
Talvez eu queira pular corda
Ou me distraia com aquela pizza de recheada borda
Talvez eu me distraia com um quadro-negro e giz
Para desenhar como em criança fiz
Ainda sei brincar de esconder
E subir na árvore para seus frutos colher
Talvez eu perceba que a mim não dei
O que um dia eu desejei
Talvez eu não pergunte para não admitir
Que a resposta não desejaria ouvir
Talvez eu guarde algumas culpas e a insanidade
Não me deixe pedir desculpas com humildade
Não preciso que alguém elogie o que faço
Prefiro antes estar em seu cansaço
Talvez a vida espiritual esteja me exigindo demais
E meu corpo tenha declinado do que lhe apraz
KATIA CHIAPPINI
APOCALIPSE
O apocalipse é obra do apóstolo João, mais ou menos no ano 100. É um livro de difícil entendimento e considerado enigmático por usar simbologia. O livro foi dirigido às igrejas da Ásia Menor. João pretendeu afirmar a vitória de Deus sobre a terra.
O simbolismo teve a finalidade de chamar atenção atiçando a curiosidade do leitor para que procurasse o sentido da simbologia na própria Bíblia Sagrada.
O cordeiro simboliza Cristo:
-Cordeiro de Deus, vós que tirastes os pecados do mundo, dai-nos a paz. (assim rezamos na santa missa )
A mulher significa a igreja cristã; o dragão significa as forças hostis ao Reino de Deus. As duas feras se referem ao império romano e ao culto imperial. A fera é Nero; a Babilônia é a Roma pagã. As vestes brancas significam a vitória. Cristo é chamado de ''o filho do homem'' ou de'' cavaleiro'', entre outros nomes.
O apocalipse não deve ser tomado como história contemporânea escrita no tempo ''futuro''. Não se trata de uma revelação clara do futuro.
O apocalipse é uma mensagem sobrenatural colocada em símbolos que se situam no passado, no presente, no futuro.É um período indefinido que separa a ascensão de Jesus de sua volta gloriosa.
Cristo anuncia aos fiéis a impossibilidade de fugir do sofrimento. Ele garante a salvação para os homens de boa vontade que caminharem ao seu lado,dentro dos princípios que trouxe ao mundo com sua pregação.
Existe o profeta canônico que escreveu a Bíblia. E existem falsos profetas em nossos dias.
Qualquer ser humano, pastor ou não, que se dedique a estudar a Bíblia e difundir a palavra de Deus, pode ser chamado de porta voz de Deus. Ser porta voz é mergulhar na revelação. É estudar o livro sagrado muitas horas por dia para desvendar os códigos e simbolismos. Da mesma forma que se faz uma faculdade, esses seguidores de Cristo na terra, se deixam ficar por muitos anos, à procura da palavra revelada. E mergulham na meditação, na prática da adoração e da louvação a Deus.
A palavra de Deus só se revela a quem vai buscá-la .Só se torna clara para quem acredita nos seus ensinamentos e a procura.
O apocalipse nos veio através de João para atestar a palavra de Deus.
Deus revelou sua palavra para seu filho Jesus Cristo. Esse enviou um anjo que apareceu para João e lhe confidenciou a palavra sagrada. E João recebeu ordens de escrever o conteúdo apocalíptico e mandar aos servos de Deus. Os servos de Deus formam as igrejas.
O apocalipse tenta desvendar as coisas que vão acontecer no futuro. Mas as coisas espirituais serão conhecidas apenas para quem tiver interesse nelas. Só quem buscar a palavra divina irá chegar mais perto da verdade revelada.
Ao leitor superficial e descrente nada será revelado.
Mas só a Deus é dado conhecer o futuro pela sua faculdade de ser o único que tudo sabe.
Podemos distinguir três momentos:
-Revelação- quando Deus fala a João e só a ele revela os mistérios da fé.
-Inspiração- quando Deus atua na mente de João para que esse registre o que Deus falou.
-Iluminação- quando ao ler as palavras sagradas o espírito ilumina a mente para entender o que foi revelado, no passado, já decorridos, a partir disso, muitos milênios.
Existem três escolas sobre o estudo do apocalipse:
-Futurista- pessoas que concluíram que os prognóstico não se cumprirão e nem se cumpriram.
-Preterista- pessoas que afirmam que tudo ficou no passado.
-Historicista- entre os dois extremos. É acreditar que a mensagem volta aos tempos de João mas se destina ao futuro. A profecia é aliada com a história. E Jesus Cristo nasceu, viveu e morreu no tempo do império Romano. João foi para a ilha de Patmos, como presidiário.
E lá Cristo se revelou a ele, algumas vezes, em forma de aparição.
Há uma imagem de Cristo andando entre 7 candeeiros e com 7 estrelas na mão. Os sete candeeiros são as sete igrejas e as 7 estrelas são 7 anjos. Esse é um código profético que nos leva a crer que Cristo andava entre os homens com sua legião de anjos. E que deu a cada um de nós um anjo protetor.
Aceite a proteção de seu anjo. Ele acompanhará seus tímidos passos e estará como um ser espiritual que lhe dará a proteção nas horas mais difíceis de sua trajetória.
E Deus quer se apresentar a nós para ouvir nossos lamentos, estender a Sua mão, nos aceitar como somos, nos receber como filhos pródigos e perdoar. Quer nos mostrar que o passado deve ficar onde está para podermos erguer a cabeça e seguir caminhando ao Seu lado.
O tempo é veloz e a vida é pequena.
A caminhada vai prosseguir até que cada um de nós possa atingir a serenidade da alma.
Deus tem um plano traçado para nós, mas permite que façamos nossas escolhas.
E a minha escolha primeira é a palavra de Cristo e a crença em seu Pai Celestial
KATIA CHIAPPINI
POUCO SABEMOS
Somos e não somos
Estamos sem estar
As vezes nos pomos
E nem queremos ficar
Não estamos em nós
Estamos em vão
Talvez porque a sós
Criamos só confusão
Na grande multidão
Temos companhia
Mas é pura ilusão
Pura e simples utopia
É bem difícil aceitar
Os próprios defeitos
Sem se dispor a encarar
Nos sentimos desfeitos
Não deixei que falassem
Nem sei qual meu tropeço
Mudo as máscaras da face
Sem elas me desconheço
Vou indo sem saber
Quando e onde chegar
Sem ter nenhum prazer
Sem ter a quem abraçar
KATIA CHIAPPINI
O PÉ DE PÉROLA!
O pé de Pérola
Bate e se esfacela
Não vai sambar com ela
Na Escola da Portela
Não vai montar na sela
Esse pé com sequela
Pérola acende uma vela
Reza pelo pé dela
Sem compras na ruela
Aceita e não apela
Ouve o sino da capela
Assiste sua novela
Então o pé de Pérola
No parapeito da janela
É parte das mazelas
Mas ela não se rebela
Pérola sabe ser ela
Nada lhe atrela
Sua decisão se revela
Nos poemas, nas panelas
E o marido de sentinela
Fez-se cuidador dela
Seus compromissos cancela
E por Pérola, zela
KATIA CHIAPPINI
FOI ASSIM...
( Amor no Ano Novo )
Entre as verdes folhagens
Naquele lindo jardim
Deu-se especial passagem
Você passou para mim
Sussurrei e depois gritei
Me fiz leve e astronauta
Alcei voo e levitei
Desacelerei- exausta -
Enlouqueci- eu acho -
A espera se fez longa
Enlacei meu macho
Até dancei ''La Conga''
Vi as estrelas sem fim
Me enrolei nessa pessoa
Ouvi toques de clarim
Esperando a garoa
Sobre a relva molhada
Entre a verde folhagem
Tudo se fez morada
Para a nossa estiagem
Caímos lentos ao solo
Desacelerados, suados
Me aqueci no teu colo
Como eternos namorados
KATIA CHIAPPINI
REFLEXÕES PARA 2016
Viva sem desistir
Escute sem deixas
Fale sem proibir
Ajude sem queixas
Diga sem ofender
Ame sem exigir
Perdoe para crescer
Explique sem ferir
Ouça sem agredir
Espere sem retrucar
Confesse sem fingir
Abrace para amparar
Caia para levantar
Chore sem sofrer
Reclame sem gritar
Construa para ter
Olhe sem interferir
Ajude sem explorar
Converse sem punir
Desculpe sem tripudiar
Lute sem desesperar
Siga sem esmorecer
Trabalhe sem praguejar
Vença sem se corromper
KATIA CHIAPPINI
PAISAGEM CAMPEIRA
A dança é o laço de fita
O mate é doce ou amargo
A pilcha do gaúcho, bonita
Tem o pano farto e largo
O rincão é Sul- é aqui -
Nesse céu da terra amada
Aqui canta o bem -te-vi
E o galo na alvorada
O tropeiro- valente -
A ovelha pastoreia
O cão corre na frente
É fidelidade certeira
O repentista faz rima
Que ecoa muito além
O gaúcho se reanima
E corre para o seu bem
As garças se põem esguias
É beleza que conquista
E por toda a cercania
Campos se perdem de vista
Domingo chama o rodeio
Jogo de bocha e corrida
O ''truco''vem de entremeio
Entre churrasco e bebida
O mascate chega ''de vereda''
O gaúcho é hospitaleiro
A prenda quer roupa de seda
Pra seduzir no travesseiro
KATIA CHIAPPINI
MINHAS VIBRAÇÕES!
Com vibrações de amor
Olho para o além
Sei suportar a dor
Não sou dela refém
Estudo minha cena
Canto a melodia
Sei permanecer serena
Sem abraçar a agonia
Essa força vem do amor
Que acolhe o semelhante
Quem ama não tem temor
Nem deixa triste o semblante
Mesmo o amor ausente
Vibra e pulsa no coração
Quando real é persistente
Espera pela reconciliação
Contemplo o horizonte
Pratico a meditação
Minha fé será a ponte
Entre a emoção e a razão
Encomendei um mar de rosas
Que o jardineiro colheu
Toco nas pétalas formosas
Como toco o corpo teu
KATIA CHIAPPINI