Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

TRANSFORMAÇÃO

                    TRANSFORMAÇÃO

Transformei você em vaga-lume
Fiz de você meu cravo preferido
Dei de presente o melhor perfume
Percebi seu riso farto e descontraído

Fui me insinuando, lenta e levemente
Ao entardecer quando me interpelou
Confessei-lhe que não era experiente
Nada falou, me olhou e me acariciou

Mas deixei claro que sentia falta
Daquele beijo e carinho na face
De correr na chuva ,assim, peralta
E de ser surpreendida por um enlace

Sentia falta de correr e de rolar na areia
De escalar a frondosa árvore que não cansa
De imitar, ao entardecer, o canto da sereia
De encilhar o cavalo baio para andança

Quero viver as alegrias de uma conquista
Quero ganhar os bombons da confeitaria
Pretendo não te perder mais de vista
Mas te amar, sem pressa, como ninguém amaria

Mas os meus sonhos de adolescência
Ainda são povoados por duendes e fadas
Do amado vou buscar boas referências
Pra trilharmos, juntos, a longa caminhada

Quero sugerir os gestos com ternos trejeitos
E combinar amar com suave aconchego
Pra só depois me transformar, no leito
Na leoa indomada que não dá sossego

KATIA CHIAPPINI




quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

ENTRE O CÉU E O INFERNO

                ENTRE O CÉU E O INFERNO

Céu e inferno são conceitos relativos. Habitam a terra como os seres humanos e travam batalhas entre si.
Se nós recebermos uma graça, após muitas orações, é comum ouvir dizer::''graças ao céu''.
Como temos vidas opostas e como cada pessoa toma uma direção diversa da outra, assim, o céu de uma é diferente do céu de outra.
Nesse raciocínio, estou falando de estar no céu, mesmo habitando a terra .Conforme nossos desejos forem se materializando, por nosso mérito e esforço, vamos, em algum momento, dizer que estamos no céu.
Quando nosso filho volta do hospital ,recuperado, quando uma filha volta para casa, após estudar no exterior, quando uma gravidez chega ao término sem nenhum risco, dizemos que tudo chegou a bom termo.  E nesses momentos nos sentimos felizes como se estivéssemos no céu.
O céu de cada um está na proporção e na razão direta de sua semeadura .Quem semeia bondade a recebe em dobro.
Penso que o inferno seja o destempero humano .O inferno, imagino que esteja ligado ao ódio, à inveja, à prepotência, à dominação, à avareza , bem como a outros sentimentos menores e que subtraem do homem a racionalidade, a responsabilidade, o sentido do bem comum e dos ensinamentos cristãos.
Vive no inferno quem se afasta do valores morais e espirituais.
Vive no inferno quem se deixa corromper por falsas promessas, pela ambição do poder, pela fama, a qualquer preço.
Os anjos estão na terra. São anjos as pessoas que nos impulsionam na caminhada e com quem podemos contar, sempre.
Os demônios vestem pele de cordeiro, usam carapuça, se valem de hipocrisia. E os seres puros, sem maldade,  se tornam vítimas de  gaviões humanos que não exitam em ceifar vidas  para jogá-las num precipício, onde os vícios de toda ordem tomam forma e aniquilam a vontade e a razão. E cordas não são lançadas ao poço para resgatar quem lá se encontra preso e indefeso.
Entre o céu e o inferno fazemos nossas escolhas. 
E Deus não deve ser julgado quando somos castigados por nossos atos.
O livre arbítrio a nós cabe e nos acompanha em cada decisão tomada.
Quando ouvimos alguém se lastimar e apregoar que está no inferno, pode ter sofrido uma injustiça, ou pode ter tomado decisões errôneas.
Se quisermos pôr em prática nosso espírito humanitário, devemos tentar, de alguma forma, com palavra ou com boas ações, promover a cura espiritual dessa pessoa, que vai além da cura dos males do corpo.
Estar no céu é se aproximar do melhor de nós. Essa é a verdadeira essência que contém a centelha divina.
Algumas pessoas, para se livrar de ajudar o próximo dizem:
- Eu não creio em céu e não me importo com ninguém.
Mas esquecem de que ninguém se importará com elas em eventuais necessidades.
O céu que não é visível, que imaginamos ao longe, no horizonte e que Deus faz sua morada, esse não nos é dado entender muito bem.
Do mesmo modo, o inferno, imaginamos que seja uma fogueira que queima as vaidades humanas ou castiga a maldade praticada contra o semelhante.
No dia do juízo final, foi prometida ao homem, a visão do céu ou do inferno. Ou a visão do próprio Deus que virá para julgar a raça humana, ainda sobre a terra.
Mas como passaríamos a habitar essa terra sem fazer o bem, sem perceber que o céu nos contempla quando agimos com justiça e bondade?
Como esperaríamos o dia do juízo final sem preparar nosso céu interior para merecer as benesses do Senhor-Deus?
E por que os malfeitores arrependidos pediriam perdão, se não temessem a justiça divina?
Salvo melhor juízo, quero acreditar, que entre o céu e o inferno que nos rodeia, aqui na terra, precisamos plantar em solo fértil, arando e removendo as pedras e os inços, antes que criem raízes. 
E a semeadura será feita em céu aberto, em busca da felicidade e da harmonia do cosmos.
Nessa tênue linha que se coloca entre céu e inferno, temos que aproveitar o interlúdio a nosso favor e equilibrar sentimento e razão, amor e paixão, de modo a sonhar, num certo dia, e acordar, após transpor o portal, entre os espíritos de luz, que acreditamos existir.
Antes de criar nosso céu ou de despencar no inferno, sem volta, vamos agir com consciência e responsabilidade para obter ,pelo menos, o equilíbrio sustentável e a leveza espiritual que todos almejamos, sobretudo.

KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

NOVOS RUMOS

                        NOVOS RUMOS

Não podemos permanecer inertes em face aos acontecimentos que nos cercam.
É preciso mobilidade e decisão para mudar o que não está de nosso agrado.
Há pessoas que se deixam abater por longo tempo e perdem outras oportunidades, com as quais a vida lhes acena.
Mudar de emprego, de estado civil, da casa que guardou tristes lembranças, mudar o que for preciso, é uma tentativa de recuperar a felicidade que nos foi ceifada, em algum momento.
Mas mudanças trazem riscos. Precisamos contar com eles, pois atravessam nossa jornada, atropelam nossos planos de vida, são imprevisíveis.
Uma demissão sem justificativa, a morte de um ser muito querido, a ausência de um filho que tomou outro caminho, o casamento da filha única, que deixará a casa paterna, todos os acontecimentos do dia a dia estão sujeitos ao desmoronamento.
Agora, imaginem um casal que mora na mesma casa, por anos a fio, embora separados, sem se dirigirem um ao outro. E tendo que suportar essa situação porque nenhum deles quer deixar a casa onde mora. Declinam do divórcio litigioso para evitar gastos, ou por não admitir ver o pouco que restou do patrimônio, dividido.
E cada qual tem sua vida, em separado, mas sem privacidade alguma. E estão só esperando qual deles vai morrer primeiro, para que o sobrevivente possa ficar, definitivamente, na posse da casa.
Novos rumos exigem reformulação de estilo de vida e algum sacrifício, em busca de novas conquistas, que podem tardar, mas virão, se a determinação for férrea e constante.
Novos rumos pedem  a assimilação dos desentendimentos e a busca da própria identidade.
Novos rumos oportunizam a retomada da autoestima e evitam o isolamento do ser em depressão.
Novos rumos são parte inerente do ser humano que veio à terra para trabalhar, aceitar desafios, descobrir as pedras do caminho, tropeçar nelas e se erguer com altivez e espírito de luta.
Novos rumos significa mudar de vida, levar as lembranças do passado, mas não deixar o futuro esquecido em ''banho maria''.
As nossas andanças são rodeadas de nossas circunstâncias. Mas, essas não podem nos deixar inertes, nem escondidos no casulo, nem lentos e desmotivados, dando pesados passos de tartaruga.
Novos rumos são prenúncio de futuro. Esse lembra a evolução, que se processa em todos os campos da atividade humana.
Se o mundo gira precisamos acompanhar essa roda viva e não podemos descer na estação do despreparo, onde as sombras nos chamam para companhia.
Aceitar os novos rumos, seguir a vida quando faz um apelo para que não desanime, é buscar a força interna, a fé e esperança.
Confiar na capacidade de superação e sublimação, é nosso dever.
Fazer  preces e renovar as energias abatidas por intempéries que não são de um só ser humano, está ao nosso alcance. Todos nós temos as nossas lições para aprender a lidar com os desafios que, a toda hora, nos levam a repensar valores , pensamentos e atitudes.
A existência faz um apelo diário para desafiar nossa integridade. 
Não podemos  permitir que nada e ninguém afaste nossos objetivos de vida e nem os ideais sonhados e trabalhados para que se tornem realidade, para que se materializem com sucesso.
Acolher os novos rumos, aceitar os desafios, é sinal de maturidade.
Só através de lutas diárias e batalhas travadas com empenho, iremos recuperar alguns momentos dessa propalada felicidade que, por sinal, brinca de esconde-esconde com todos nós.
Vamos, o tempo vai fazer a contagem: 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10....... (fechar os olhos )     
A felicidade vai se esconder...............
Vamos correr para encontrá-la! 
E se eu tropeçar podes me dar a mão.
Se precisares de mim, estou aqui..... 

KATIA CHIAPPINI





terça-feira, 22 de janeiro de 2019

UMA AMIZADE SINCERA: ADÉLIA

                  UMA AMIZADE SINCERA: 
                                ADÉLIA

Mereces toda a acolhida
És dama gentil, Adélia
És um exemplo de vida
Tua companhia é colírio
O sorriso contagia
Recebo-te em casa
E já na minha saudade
Ficarão as tardes brejeiras
Onde vivências minhas
E histórias tuas
Vertem tristezas e alegrias

Em preces de gratidão
Agradeço a Deus -Pai
Esse encontro terapia
Esse momento amizade
Foste a hora calorosa
De uma tarde chuvosa
Já buscando o Sol
Que pensa em roubar de ti
Minha querida Adélia
Um naco de teu brilho
Para raiar no horizonte

KATIA CHIAPPINI


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

BOA NOITE! ( BOM DIA )

                    BOA NOITE ( BOM DIA )

Quem diz'' boa noite'', está pensando em você. Está desejando que tenha um sono reparador para enfrentar o novo dia .Quem passa apressado, voltando do trabalho, deixa o passo mais lento e lembra de dizer'' boa noite'', está revelando-se receptivo ao semelhante.
Quem está de bem consigo mesmo quer deixar transparecer seu modo de ver a vida e fala ''boa noite'', desejando que seja feliz.
Quem se mostra solidário, passa por você no elevador, no corredor do prédio, nas dependências do bar da faculdade ou da mesma empresa, e faz questão de não negar uma palavra amiga, um cumprimento, seja, ''bom dia'', ''boa tarde'' ou'' boa noite.''
Quem se lembra de desejar um ''boa noite','está falando ao seu coração. Está demonstrando carinho e sugerindo que você sorria. E esse sorriso fará falta em seu dia, se não o receber. E sem um sorriso como ficará sua autoestima?
Um ''boa noite'' que você recebe, pode ser a única manifestação calorosa de seu dia. Retribua e não deixe de repassar parte do carinho que recebeu.
Um ''boa noite'' revela um gesto amigável que precisa se espalhar, refletir no semelhante, agregar valores e socializar, naturalmente.
Na casa de meus tios, na estância, em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, peões e patrões não se recolhiam antes de desejar ''boa noite'', uns aos outros.
Às vezes, uma pessoa se isola e passa a não cumprimentar ninguém porque teme que lhe peçam dinheiro.Pois, sabemos que quando a amizade esbarra num pedido  que mexa com sua conta bancária, nesse momento termina a pseudo-amizade e você passa a conhecer quem é quem.
Assim como temos uma imagem distorcida das pessoas elas podem ter de nós.
Digo isso, pois bem me lembro, de uma amiga que trabalhou como balconista por 8 anos numa loja. E, ao sair para outro emprego, seus patrões passaram ao seu lado e não a cumprimentaram. Ela se magoou porque nunca imaginou que seria vista como um entulho jogado na rua. Ela se decepcionou com a frieza do casal e com a maneira como a perceberam ou como não a perceberam. Pensou gozar de maior consideração, pelo tempo dedicado à firma.
É um fato, afirmar que não conhecemos ninguém, verdadeiramente.
Por esse motivo, enquanto suas amizades forem leais a você, procure não ignorá-las e as cumprimente e faça um convite para esticar a tarde, em algum local aprazível.
Dizer ''boa noite'' é fazer um convite à vida. É diminuir a angústia de alguém, é se mostrar humanitária.
Ouvir as lamentações de um ser que sofre e convencê-lo de que o outro dia será um ''bom dia'', por si só, é um sinal de caridade cristã.
Pense em quantas pessoas não têm quem lhes dê um ''bom dia''.
A alma recebe essa energia quando cumprimentamos, o coração se renova, os olhos parecem mais brilhantes e o sorriso mais cativante.
Volte para casa, depois de um dia atribulado, mas não o faça de cabeça baixa e indiferente aos seus vizinhos, amigos e familiares.
Quantas mães e pais entram em casa brigando com os filhos antes de dizer ''boa noite''?
Reclamam da bagunça da casa, dos temas incompletos, da gritaria que a vizinhança veio reclamar. 
Embora tudo isso possa ser verdade, não é bem melhor os filhos receberem, antes, uma palavra amiga de seus pais?
Queridos leitores, ''boa noite'' para todos os que estão lendo esse ensaio e bons fluidos, quer sejam de esperança, fé ou caridade cristãs.
 Uma ''boa noite'' para todos, um sono reparador e um ''bom dia', que devem repassar aos que cruzarem os seus caminhos, dia após dia.
Um ''bom dia'',ao acordar, é uma graça divina que se recebe de graça: sem sustos e sem custos.

KATIA CHIAPPINI 

UM PENSAMENTO!

                              UM PENSAMENTO

Como posso ser tua rosa se de mim ainda não retiraste todos os espinhos?
Como posso oferecer o cálice se ainda não providenciaste o vinho para o jantar à luz de velas?


                                 KATIA CHIAPPINI

SIGO TEUS PASSOS

                        SIGO TEUS PASSOS

Sigo teus passos como andarilha
E te acompanho, seja aonde for
Tal qual um amor de mãe e filha
Acrescido de um peculiar amor

Como se fosses meu eterno guia
Não sei medir o que me ocorre
Exagero na dose, mas não devia
Nasce d'alma e n'alma não morre

Há momentos de tensa melancolia
Quando a saudade vem e me acorda
No interlúdio, vinga a tal da alegria
Se de amores a taça transborda

Tua voz é minha melhor melodia
E ávido me falas em rimas
Sussurras segredos na cercania
Segredos de minha especial estima

O amor é destino, carma ou vício
E ninguém consegue descrevê-lo
Só não me deixe mofar no hospício
Desmemoriada, por não poder tê-lo

E nem me deixe de porta em porta
Vagando pelas ruas a mendigar 
Por outra paixão que já nasce torta
Por outro alguém que não sabe amar

KATIA CHIAPPINI


O VIOLINISTA CEGO



Meu pai, Antonio Chiappini, de saudosa memória e alguns de seus irmãos, eram poetas natos e de grande sensibilidade

Transcrevo um soneto do meu tio Francisco Chiappini, em tempos idos.

VIOLINISTA CEGO

Triste,levado pela mão do guia
Ei-lo que as ruas a vagar,percorre
Tangendo em cada porta uma harmonia
Que nasce n'alma e d'alma também morre

Que perfeição, que som,que melodia
Quando seu arco pelas cordas corre
Há certos laivos de melancolia
No som que lânguido no espaço morre

Se a música é divina, santa e bela
Não há nada que possa escrevê-la
Se o violino do cego está a vibrar

E, ao vê-lo,, pela rua, porta em porta
Eu penso ver a própria arte absorta
Pobre, inválida e triste a mendigar.

FRANCISCO CHIAPPINI
RECOLHIDO POR KATIA CHIAPPINI

sábado, 19 de janeiro de 2019

DEVOÇÃO

                            DEVOÇÃO

Ficou inútil e sem  sentido
A vontade de amar outra vez
No mundo atual e corrompido
Agora só vinga a insensatez

Interesses, prazeres e ''curtição''
São apelidos dados ao amor
Não o são, não há mais razão
Transformaram-se em desamor 

Ficar, devoto à beira do leito
Velando um sono conturbado
Seria a obrigação do eleito
Que foge pra não ser cobrado

Vãs promessas viajam na nave
Dos desiludidos passageiros
A devoção reclusa em 7 chaves
Esconde-se tal agulha no palheiro

KATIA CHIAPPINI


quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

O OLHAR

                               O OLHAR

A força de um olhar
Vence porque enlaça
É profundo o lampejar
Que a nossa alma abraça

O olhar vem bem antes
Que transpareça algo mais
Há olhares tão vibrantes
Que deixam seus sinais

Fixar no pensamento
O olhar de quem cativou
É segredo que dá  alento
E que o vento não levou

Olhar o ser mais  querido
É estar no firmamento
É um olhar embevecido
De real encantamento

Olhares revelam a hora
De tirar o melhor proveito
De buscar a velha eletrola
De convidar à dança, o eleito

O olhar é luz que preside
É visão que fala e abala 
É no olhar que se decide:
- Ou ficar, ou fazer a mala

KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

SAUDADE, MINHA E SUA...

                  SAUDADE, MINHA E SUA... 

A saudade está na alma sentida
E nela se guarda o sentimento
O melhor dele, o melhor da vida
Os arrufos do melhor momento

O amor é menos importante
Pois, é um vulcão em erosão 
Saudade: lembrança palpitante
Se mantém viva no coração

Choramos menos, de decepção
De amor, o choro é passageiro
Choramos a saudade, em profusão
E as lembranças de janeiro a janeiro

O amor se desconstrói, breve
Os cúmplices já não mais o são
A saudade é nostalgia leve
Que fica rondando nosso serão

O amor acasala e desacasala
E acelera desacelerando
A saudade é como o pala
É abrigo que vem se aninhando

Quero viver minhas lembranças
Chamar a saudade para perto
Estarei tranquila na andança
Se a saudade habitar meu deserto

                 KATIA CHIAPPINI

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

UMA QUADRINHA!

                         UMA QUADRINHA!



                      Qual inseto que se queima na vela
                      O poeta se queima de ânsia louca:
                      Busca a sua rima e nela se revela
                      E sussurra sílabas com voz rouca

                               KATIA CHIAPPINI

ONDE ESTÁ VOCÊ ?

                       ONDE ESTÁ VOCÊ?

Minha reflexão de hoje é a respeito de pessoas que se retiram do convívio, sem que haja uma razão aparente para tal gesto.
Elas têm um bom emprego, família, algumas amizades e vivem, razoavelmente, com certo conforto.
Mas esse vazio interior vem da displicência, de um espírito que não procura evoluir e manter a esperança.
Quando você se encontrar desiludida, lembre-se de que precisa se doar para algo ou alguém, pois vivemos para interagir com o próximo. No momento que buscar uma atitude solidária, seu mundo mudará de estação, onde o inverno deixará lugar para que surjam os encantos da primavera da alma.
O que não se pode admitir é o isolamento, a tristeza. É aquele modo de pensar que faz você achar que só você tem problemas existenciais. 
Todos temos, o que muda é o modo de assimilar e contornar cada um deles. É aceitar que determinada circunstância  é provisória e que o futuro continua a nos sorrir.
Nossas imperfeições como seres humanos e falíveis precisam ser contrabalançadas com atitudes em prol de outros seres que aguardam nossa aproximação e que sofrem com nosso desligamento, mesmo que não se queixem.
Procure a si mesmo (a) em seu interior, faça uma cuidadosa meditação e faça suas preces em agradecimento pelas coisas que já conseguiu realizar.
Dê tempo ao tempo para se reerguer, mas não fique na inanição e nem no isolamento. Não somos ilhas, somos multidões de seres que se completam e que necessitam de aproximação.
Somos todos carentes, às vezes solitários ou desiludidos.
Mas, temos pela frente uma vida inteira para assimilar mudanças e prever novos rumos, novos olhares.
Se achar que precisa troque de roupa ,de sapato, de bolsa, de penteado. Mas, muito antes e além disso troque seu espírito e o ilumine com boas ações.
Nunca se coloque dentro do próprio casulo e não ande com passos de tartaruga já cansada. Saia da ostra, arranhe a casca e surja alva e brilhante como precisa ser.
Se você não souber bem onde está nesse momento, saiba que é parte do mundo e que sua força interior deve se fortalecer a cada conflito vivido.
Você estará onde estiver sua essência, sua centelha divina, sua espiritualidade.
Você estará cumprindo uma missão e terá forças para levá-la a bom termo. E seus ombros não vão carregar fardo maior do que o que lhe for devido, pelos desígnios de Deus. E Deus será sua proteção maior, sua fé e esperança, em todos os momentos.
O segredo do bem viver não é acumular bens materiais e a eles se apegar de modo doentio.
O segredo está em amar ao próximo como a si mesmo, assim como Deus nos ensinou.
E a cada queda precisamos nos erguer para continuar a luta diária.
Amadurecemos com as próprias vivências e vamos nos tornando pessoas fortes e determinadas.
 E cada vez que se perceber perguntando, a si mesmo (a) onde você está, pense e responda com convicção:
-Eu estou com Deus. E Deus é amor!


KATIA CHIAPPINI

domingo, 13 de janeiro de 2019

UM PENSAMENTO

                    UM PENSAMENTO

Poemas são mentores espalhados nas linhas do caderno, 

nas pautas da música, nos livros publicados. E, em primeira

 edição, nos corações acolhedores de especiais leitores

.
                           KATIA CHIAPPINI


NENHUMA EXPLICAÇÃO

                  NENHUMA EXPLICAÇÃO

Era tão pobre, mas puro
Prometeu amor e amou
Outro, era rico, mas impuro
Fingiu, mentiu, se ''mandou''

Outro esperou um bocado
E parecia tão bom moço!
Roubou-me o pão suado
Quieto, sem fazer alvoroço

Outro marcou para casar
Tudo estava preparado
Fui ao salão me pentear
E o vi, na outra, agarrado

Devolvi todos os presentes
Nunca mais quis casar
São falsos esses viventes
Mas quem cai vai levantar

Fico comigo e estou bem
Novos caminhos eu piso
Sem confiar em ninguém
Salvo melhor juízo

Quando estiver inteira
E outro alguém também
Talvez fique de ''bobeira''
Mas sem entrar nesse trem

A escolha responsável
Pode ser feita ou não
Haverá alguém amável 
Razão de nova paixão?

Não me deixo ser cativa
Não confio no candidato
A vida é uma roda viva
Não mais creio em boato

KATIA CHIAPPINI

sábado, 12 de janeiro de 2019

FALANDO DE AMOR!

                      FALANDO DE AMOR

Amor distraído desinibido
Ou incontido, ou se esvaindo
Amor vivido, muito sofrido
Condoído,compadecido

Amor sem pejo, desejo
Amor que eu vejo, ensejo
Pedindo um beijo, revejo
A minha paixão e lampejo 

Ora verdade, ora inverdade
Amor saudade, densidade
Amor que vem e me  invade
Amor ligado a uma amizade

Amor inteiro e hospedeiro
Amor profundo e certeiro
Passeando entre canteiros
Entre flores, entre viveiros

Mas nem sempre bem-vindo
Ora chegando, ora partindo
Deixando um vazio infindo
E a identidade, oprimindo

Sem futuro, qual dor insana
Entre angústias, não emana
Esvai-se até o fim de semana
Sem levitar ao Nirvana

KATIA CHIAPPINI

O BAÚ

                                O BAÚ

Guardei no baú, quando adolescente, alguns objetos. E ali os esqueci.
Guardei uma moeda, uma pétala de rosa, cartas e mais cartas de amor, um diário e um lenço perfumado.
A moeda representava o primeiro lanche que o namorado me ofereceu , no bar da Faculdade, onde fez questão de arcar com a despesa.
A pétala de rosa representava o primeiro ramalhete de flores que dele recebi.
As cartas de amor foram escritas quando viajei para passar o carnaval com meus tios e primos do interior e deixei o namorado perplexo.
O diário me foi dado quando o namorado foi trabalhar em outro Estado e pediu que eu registrasse algum pensamento, ao pensar nele. Disse que queria ler todos eles, quando voltasse, em suas férias.
O lenço perfumado me foi alcançado para secar minhas lágrimas de emoção, o que ocorreu quando fomos assistir, meu namorado e eu,  um filme romântico e envolvente.
Vivemos por longo tempo juntos e tivemos os filhos.
Na idade madura resolvemos tomar a decisão de nos separar, mas ficamos amigos e prometemos, um ao outro, que, em qualquer eventualidade, nos apoiaríamos para resolver juntos problemas de difícil solução.Alguns deles, relacionados com a educação dos filhos e com suas necessidades, no decorrer da vida.
Tempos depois, já com meus netos criados e bem direcionados na vida, resolvi procurar o baú.
Bem, a moeda me fez lembrar que me dediquei ao mesmo homem a vida toda e que ele não me pagou na mesma moeda.
A pétala de rosa amarelada e seca me fez lembrar que eu já não era aquela moça que um dia fora chamada de ''minha rosa''.  E logo depois de casada o apelido passou a ser ''nega véia'' e eu ainda tinha que achar divino, pois era um modo carinhoso do homem do Sul se dirigir a sua ''patroa''. 
As cartas de amor me lembraram que as primeiras eram românticas e longas. Mas as outras cartas não vieram tão lindas e foram perdendo o viço. E a própria comunicação se transformou adquirindo um caráter bem mais prático e objetivo, no dia a dia.
O diário, pouco a pouco, foi deixado de lado porque a inspiração foi se afastando e se tornando pálida. E as mensagens que eu antes escrevia não se sustentaram devido aos acontecimentos que tomaram outro rumo.
O lenço perfumado deixou de existir porque os lenços de papel vieram tomar o lugar dos belos lenços de linho, bordados com monograma em ponto cheio.
O baú já não me emocionava mais porque o que ele continha, já não tinha o mesmo sabor, nem o mesmo significado. 
Tudo se transformara.  Um círculo, sempre em movimento, acaba por modificar as circunstâncias de nossa vida .Amadurecemos e mudamos o pensamento e assimilamos de modo diferente nossas vivências e experiências.
O baú ficou sem graça, empoeirado, desgastado pela ação do tempo e descolorido.
A vida também adquiriu uma palidez natural, mas nunca desejada.
Havia necessidade de seguir, cada um o seu rumo, da melhor maneira que encontrasse.
Laços afetivos se fragilizaram e a linha do carretel da vida ficou enfraquecida.
Mas a saudade, um sentimento que não deixa morrer o melhor de nós, ficou lembrando os momentos de um grandioso amor, vividos em secretos lugares.
E mesmo que eu jogasse o baú no mar, não jogaria as emoções que ele guardou. Pois, um dia, esses instantes de felicidade nos quais cada objeto guardado tratou de deixar marcas, foram envolvidos por horas de plenitude e paixão

KATIA CHIAPPINI

Ebb Tide de Robert Maxwell- melodia que lembra o ruído do mar, no arranjo feito para a mão esquerda

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

ACEITE O ELOGIO

                       ACEITE O ELOGIO

Penso que não devemos ser tão modestos quando alguém nos elogia Às vezes, temos um ato de defesa e não sabemos sorrir e agradecer as palavras de carinho que nos dirigem, com sinceridade.
Recebemos já sem receber, verdadeiramente, aquele elogio, como se não fizéssemos jus a ele.
Aceitar o elogio torna nosso dia mais leve. Agradecer as palavras ditas com gentileza, nos torna mais alegres e a energia que de nós emana passa a refletir ao nosso redor. E o ambiente se contamina, fica no ar a sensação de paz.
Conhecemos pessoas tímidas e que têm dificuldade de fazer amigos e que se tornam reclusas. São determinadas pessoas que não dizem ''bom dia'', ao passar por um vizinho, ao entrar no elevador, ao chegar na sala de aula.
E se essas pessoas receberem um elogio ,certamente, vão pensar que não o merecem, pois pouco se comunicam.
Há pessoas que ao receberem o elogio, dizem, por exemplo:
- Oh! que nada, são seus olhos que estão me vendo assim.
Será que já tínhamos analisado esse fato ?
Parece mentira, mas há pessoas que se sentem mal quando são elogiadas. Certamente a ideia que fazem de si mesmas as torna incrédulas e pouco polidas.
É claro que elogio é diferente de bajulação, de hipocrisia. Mas, sabemos fazer a diferença entre a sinceridade e a inverdade.
Os políticos sabem que são bajulados, mas, em sua vaidade excessiva, fazem de conta que aceitam as palavras pegajosas e ficam a sorrir para seus bajuladores.
Mas, se uma pessoa admira nosso modo de ser, nossas ações, e nos dá um elogio desinteressado, precisamos aceitar e mostrar que ficamos satisfeitos por sermos reconhecidos.
Lutamos muito para conseguir garantir um lugar digno na sociedade, para sermos bons pais, bons amigos, ou, ainda, para alcançarmos uma situação estável na vida, sem passar por cima dos outros.E, se agirmos de acordo com nossos princípios e valores, apreciamos aquele elogio de um amigo em quem podemos confiar.
Nós pecamos por não elogiar. Porque nos parece mais fácil criticar e julgar as pessoas.
Mas a crítica só é válida se for para apontar soluções, para colaborar com o próximo, para sugerir atitudes.
O elogio dos pais aos filhos nem sempre vem na hora certa. Muitos filhos gostariam de um abraço e de uma palavra amiga quando se desempenham bem nos estudos ou no trabalho.
Nossos avós colaboram com nossa formação e são grandes amigos. E nem sempre recebem uma palavra de gratidão.
Mas, nunca tenhamos inveja do elogio que o outro recebe. Nada vai acrescentar ao ser humano esse tipo de sentimento, às avessas.
O elogio sincero deve fazer parte das relações humanas.
 Uma pessoa, às vezes triste, encontra um amigo na rua que lhe diz:
- Como está bonita com essa roupa!
A pessoa sorri e na mesma hora sente-se menos triste e segue seu caminho com um semblante mais iluminado.
Se um mendigo nos encontra e fala: 
- Moça, pode me dar um pão com manteiga. por favor?
E se o elogiarmos pela educação que demonstrou, isso cai bem, como um elogio. Porque dificilmente alguém vai dizer ao mendigo que reparou em suas boas maneiras.
E, ainda, o mendigo vai lucrar porque vamos lhe fornecer um lanche com boa vontade.
Sempre que a pessoa fizer por merecer, não devemos lhe negar um elogio.
Então, receba o seu com alegria, agradeça e diga, também, uma palavra amiga para retribuir.
Mostre que apreciou esse elogio e lembre-se de elogiar uma nota boa de seu irmão, um bolo de chocolate que sua mãe fez para o café da tarde, uma visita que sua vovó lhe fez, de surpresa.
Lembre-se de que a vida é curta e que nos distanciamos dos entes queridos por mil razões. Então, no reencontro, devemos estar receptivos aos abraços e elogios.
Meu conselho é de que aceite, com alegria, os elogios que receber.
Agradeça os bons sentimentos das pessoas, a gentileza e o carinho.
Convide as amigas para tomar um chá e faça valer seus relacionamentos.
Seja amável e, sempre que for oportuno, não economize um elogio.

KATIA CHIAPPINI

CONSIDERAÇÕES E COMPARAÇÕES

        CONSIDERAÇÕES E COMPARAÇÕES

Chamo as teclas brancas do piano de plebe e as pretas de nobres. Sempre pensei que somos assim, um pouco de tudo e que necessitamos nos completar, buscando no outro o que não temos.
Quando as teclas pretas entram na melodia, ela se torna expressiva e atinge o seu apogeu. Os tons menores precisam das teclas pretas para expressar sua tristeza. Os tons maiores são alegres e finalizam a música com resolução e certeza. Os tons menores deixam o final suspenso e o som parece querer mais um acorde. Em nossa vida ora estamos em Dó maior ora em Dó menor, ora alegres e ora tristes. Mas nunca definitivamente alegres e nunca definitivamente tristes. E estar alegres ou tristes é uma permissão que damos a nós mesmos, uma livre escolha, um modo de agir na vida. E apesar do que estamos vendo, não devemos desistir e nem entrar em coma, ainda estando vivos. E enquanto respiramos o ar da alvorada, ou ouvimos o canto dos pássaros, estamos ouvindo nosso interior, nossa essência maior, nossa centelha divina.
Somos, ora sons diminutos, ora aumentados, ora harmônicos, ora dissonantes, ora presto, ora prestíssimo ou simplesmente adágio. Somos um ritmo lento, um ''ritardando', quando as mágoas não se resolveram.
Somos ''vibratos'' ou melismas'','' drive'' ou ''apogiatura''.
Somos um eco permanente a interagir no universo. E buscando o próprio som, o melhor tom para nos expressar e descortinar nosso lugar ao sol, nosso terreno demarcado.
Temos sede e fome de viver nossas melodias, sonhos, devaneios, segredos e enredos.
Temos sede de mudanças, de desafios, de contrariedades para formar o espírito que se fortalece nas dissonâncias e nos acordes tumultuados.
Ainda vamos nos embalar na melodia suave, na ''cantata angelical dos grandes mestres da harmonia, na suavidade da balada sentimental, ao lado de um ser que sabemos imperfeito, bem melhor do que um príncipe que vira sapo ou de um sapo que vira príncipe, ao toque da varinha mágica da incerteza.
Desejo que a vida seja harmônica e melodiosa, em ritmo de valsas, boleros, milongas e tangos viscerais e ardentes.
Trocar de ritmo , ao longo da vida, de acordo com nossa evolução e discernimento, de acordo com o senso de responsabilidade e coerência,para, em última análise, equilibrar razão com emoção, é o que nos impele a cumprir nossa missão.

KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

SEGREDOS

                            SEGREDOS

Segredos queimam
Quando guardados
Porque eles teimam
Em serem revelados

Queremos repartir
Com o melhor amigo
Segredos vão oprimir
Os jovens ou os antigos

Guardar um segredo
É suportar na bagagem
Sempre o velho enredo
É renegar outra imagem

Quando sem sentido
De nada vale o segredo
Não se torna um amido
Metaboliza o medo

KATIA CHIAPPINI

SE EU SOUBESSE...

                        SE EU SOUBESSE...

Se soubesse de mim
Saberia o que quero
Da desilusão eu vim
E nada mais espero

Nuvens passageiras
Minam as lembranças
Não é a vez primeira
Que perco a andança

Há descrença cruel
Há confusão: eu falo
A vida vira papel
E escorre pelo ralo

Mesmo amando a flor
Me ferem os espinhos
E esvai-se todo o ardor
Perdem-se os caminhos

Se soubesse o que sei
Desviaria o meu olhar
Em ser feliz eu pensei
Mas já cansei de tentar

KATIA CHIAPPINI

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

NEM SEI SE SEI O QUE QUERO

         NEM SEI SE EU SEI O QUE QUERO



                              O QUE QUERO?
                              Nunca digo o que quero
                              Pois não quero o que digo
                              O que quero nem espero
                              O que me vem eu sigo
                              O querer não está exposto
                              É meu segredo e abrigo
                              É apenas de meu gosto
                              Preciso guardar comigo
                              Dou um grito sem sentido
                              As vezes estou febril
                              Nada de o acesso indevido
                              Ao que me é hostil
                              Quero a paz de um viver
                              Com justiça e boa colheita
                              Mas querer não é poder
                              As leis são imperfeitas
                              Quero o que mereço
                              Sem que precise pedir
                              Não temo o recomeço
                              Viver é reconstruir
                              O que quero é caminhar
                              Assimilar meus medos
                              Se as pedras eu afastar
                              Escreverei novo enredo
                                   KATIA CHIAPPINI