ESCULTURA DE ESTIMAÇÃO!

              ESCULTURA DE ESTIMAÇÃO!

Essa que aparece na foto, é a única peça em argila que fiz, para um trabalho da Escola, valendo nota, para a disciplina de Trabalhos Manuais.
Achei pouco interessante e quase disforme.
Mas tentei esculpir um homem mais velho com as marcas do tempo a tatuar seu semblante.
Lembro-me de que cheguei em casa e quis, de pronto, saber a opinião de minha mãe.
E isso se deve ao fato de mamãe ser uma reconhecida artista em trabalhos de cerâmica, pintura em tecido, pintura a óleo, porcelana, xilogravura e autorretrato. Ela tinha esse dom nato e nem minha tia, que se formara em Belas Artes, a superava na beleza das peças produzidas.
Mamãe realizava exposições de seus trabalhos e vendia tudo o que produzia, com rapidez. E ,ainda, recebia encomendas, na ocasião, saindo com novos compromissos, ao final do evento.
Suas exposições eram noticiadas em jornais locais e em programas de televisão
Mas, voltando ao relato inicial, esperei mamãe chegar em casa e fui correndo, mostrar minha escultura, já temendo sua reprovação.
Eu falei: 
- Mamãe, fiz isso na escola, mas achei estranho, algo sem graça e desengonçado.
Mamãe olhou bem a peça e falou:
- Filha, está muito bem feita essa escultura: ficou linda.
Mas, até hoje, tenho minhas dúvidas sobre essa tentativa de trabalhar com argila.
Nem sei, até agora, anos depois, se gostei ou não desse trabalho.
Ao longo dos anos mostrei aos filhos e netos e me surpreendi com a boa apreciação que recebi.
Eu era uma menina que cursava, na época, a quinta série, com apenas 11 anos de idade. 
Fiquei bem temerosa de não obter minha aprovação em Trabalhos Manuais.
Mas o receio se desfez com a nota de aprovação, o que não me deu, até hoje, a certeza de que essa foi uma tentativa válida.
Apenas, tentei cumprir o que a professora esperava de mim.
E era fundamental acatar as ordens dos professores, visto que a disciplina existia para ser cumprida. E o respeito aos mestres era habitual e de praxe: indiscutível.
Saudades dos tempos de levantar para reverenciar os mestres, ao entrarem na sala de aula!
Saudades dos limites impostos em prol de uma educação que respeitava os bons princípios. E que são fundamentais par conviver em sociedade.

KATIA CHIAPPINI