Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

domingo, 28 de abril de 2019

IDOSO FELIZ

                             IDOSO FELIZ

Muito se tem falado sobre o idoso e o modo de prolongar sua vida útil e qualitativa.
Muito se tem pensado sobre a necessidade de ser solidário com o idoso. 
Em primeiro lugar e antes de tudo, todos seremos idosos e esse fato deve ser aceito sem revolta ou contestação.
 O idoso feliz é aquele que segue alguma regras básicas para se manter saudável. Pois em tudo o que fazemos temos que seguir alguma rotina ,algum programa que nos faça atingir os objetivos que temos em vista.
O idoso precisa seguir uma alimentação que leve em conta o consumo de frutas, vegetais, fibras, grãos, derivados do leite. A dieta deve ser leve e se torna necessário beber  de 6 a 8 copos de água por dia. Após as 18 horas, aproximadamente, deve evitar ingerir carboidratos.
É preciso comer menos, diminuir a quantidade do sal, evitar gorduras, frituras e doces em excesso.
Praticar caminhada ou qualquer tipo de exercício físico é fundamental ,pois o corpo não foi feito para estar sem atividade.
O idoso não deve reclamar e se lamentar a todo momento, pois as pessoas preferem ver uma pessoa sorrindo do que se digladiando consigo mesma e com os demais.
Deve tratar bem todas as pessoas, mas não chorar por quem não merece.
É importante cuidar da aparência e se manter limpo, asseado, agradável ao convívio social.
Na casa do idoso deve haver um preparo para tornar a vida menos perigosa. Evitar os tapetes, cuidar para que ande devagar , pedir que se agarre em corrimão, ao subir escadas, adequar o banheiro com aparelhos próprios para a terceira idade, disponibilizar chinelos de borracha para a hora do banho.
Se o idoso for bem disposto, a família pode levá-lo ao coral da igreja, para que dele participe. Ou pode fazer sua inscrição numa academia de dança de salão. Ou deixar que participe de um grupo teatral.
A idade não interfere nessas atividades. E a arte dá um novo sentido à vida. 
Pois além do corpo, o espírito deve se fortalecer.
O idoso precisa esquecer acontecimentos passados que não lhe fazem bem e necessita aprender a perdoar, no presente, para ter paz de espírito.  
Para dormir bem precisa tranquilidade e consciência tranquila. Ler antes de dormir pode ser um bom exercício.
Para obter um bom funcionamento do cérebro, é preciso exercitá-lo com palavras cruzadas, jogos de carta, jogos de tabuleiro. É possível se dedicar a decorar poemas, escrever de próprio punho seus apontamentos , multiplicar as horas de leitura e interpretação dos textos.
Uma providência importante é manter as amizades e promover encontros entre amigos, para ter um momento de lazer. 
O idoso pode frequentar lugares onde existam pessoas de sua idade, pode fazer voluntariado, duas vezes na semana, pode levar seus netos na praça de esportes, ou para tomar sorvete no shopping.
Os familiares devem dar uma certa liberdade de ação ao idoso e não tratá-lo como incapaz, pois isso seria um modo de apressar o seu fim.
Temos que pensar que o idoso tem sonhos que ainda não realizou, e nesse caso, precisamos entender seus desejos manifestados e aceitá-los sem reprimendas.
Talvez ele queira fazer uma viagem, ir ao cinema, ao restaurante.
Talvez queira conhecer o mar, se não teve essa oportunidade antes.
Talvez queira convidar uma irmã de quem se distanciou, ou um filho querido, para que venha fazer-lhe uma visita.
O idoso precisa ter fé e esperança em Deus.
Antes de deitar deve fazer suas preces, agradecer por mais um dia, ler um Salmo, uma passagem da Bíblia Sagrada.
E ,finalmente, a família deve deixar que coma um pouco daquela feijoada da qual tanto gosta, desde que não seja à noite.
E ainda, dentro desse raciocínio, agora vou procurar o meu amigo que se considera um idoso feliz, para convidá-lo:
- Quer me fazer companhia no bar da esquina para beber um gole ou dois, de cerveja?

KATIA CHIAPPINI

quinta-feira, 25 de abril de 2019

REAÇÃO

                                REAÇÃO

Quando a casa desmorona
Vá tomar um bom sorvete
Aquele que te abandona
É quem pisou em falsete

Coloca a saia rodada
Vá dançar com um amigo
Trilha uma nova jornada
Compra compota de figo

Vá assistir a uma peça
Ou escolhe um evento
A vida segue: ora essa!
Apesar dos contratempos

A reação quer presteza
Toma uma firme atitude
Se caiu a cama e a mesa
Busca força na juventude

E mesmo se fores madura
Podes viver tua plenitude
Desamor ninguém atura
Busca a paz no'' Talmude''

KATIA CHIAPPINI



quarta-feira, 24 de abril de 2019

CENA DE SUPERMERCADO

                CENA DE SUPERMERCADO

As pessoas estavam fazendo suas compras no supermercado.
Eu já estava largando os volumes no balcão para serem registrados.
Em dado momento as pessoas pararam e se surpreenderam com gritos e lamentos.
Tratava-se de uma mulher bem simples, sem documentos ,sem dinheiro algum. Ela dizia que estava com fome, mas em suas mãos, não se via nada que tivesse sido subtraído das prateleiras.
Mas a mulher se descontrolou porque um dos seguranças do supermercado a interpelou. Ela pedia que a deixassem ir embora, sem chamar a polícia. E dizia que não tinha tocado em nada.
Gritou por mais de 20 minutos, ninguém interferiu porque havia outros seguranças cercando a mulher e impedindo que saísse.
Acho que tentou roubar algo, mas só tentou e foi impedida.
Fiquei surpresa ao ver que as pessoas não tentaram acalmar a mulher, ou questionar os guardas, ou perguntar se ela queria um litro de leite e um pão para se alimentar.
Todos seguiram fazendo suas compras com normalidade.
Em dado momento, depois que a mulher já estava rouca de tanto implorar que a deixassem sair, um gerente do supermercado fez sinal para que ela saísse e saiu da frente da porta para lhe dar passagem. 
A mulher se abraçou no homem, comovida, com o rosto mais normal, com os gestos controlados e saiu a passos largos, bem apressada.
Outra mulher saiu atrás dela com um refrigerante e um sanduíche, mas não conseguiu entregar.
Ao se desesperar, quando dentro do supermercado, a mulher olhava para os seguranças e dizia: 
- Pra vocês é fácil me prender porque nunca passaram fome.
Fiquei até nervosa e distraída com essa cena, porque a mulher me emocionou pelo modo como reagiu: sem agredir, mas se lamentando e apelando para a boa vontade de todos aqueles homens fardados que a impediam de sair.
Ela dizia: 
- Não posso ser presa porque estou sem identidade e vão me maltratar e demorar mais para me soltar.
Ao sair, eu paguei minhas compras mas as esqueci sobre o balcão. Uma moça gritou, pedindo que eu esperasse por ela e me deu os volumes.
Bem, o fato é que nunca é possível saber se o gerente que a soltou ficou comovido com a cena, ou se ficou preocupado com o mal estar que  a cena poderia causar no ambiente.
E é triste pensar que há tantas mulheres, homens e crianças perambulando famintos pelas cidades e sem amparo das autoridades competentes, pois não há preocupação com essa parcela da população. Estamos distantes de despertar para o exercício da solidariedade e de exigir o cumprimento de políticas públicas voltadas aos asilos, orfanatos e casas de amparo à população carente, sofrida e jogada na rua.
Uma tarde dessas, eu estava na parada do ônibus. 
Passou um maltrapilho com seu carrinho e seu cão, talvez, único companheiro.
Pediu-me dinheiro. Mas eu disse-lhe que ia para academia com meu vale transporte e só um troco para pedir um cafezinho no bar da esquina.
Ele ficou conversando e me contou que fazia ponto numa praça aqui da cidade de Porto Alegre, porque havia uma senhora que fazia umas marmitas e distribuía para quem lá estivesse, na hora do almoço.Ela preparava 10 marmitas para doação.
Mas, se ele não chegasse bem cedo, já não conseguia comer .Pensou que pudessem roubar as marmitas porque percebeu que sumiam com rapidez.
Um dia, se escondeu entre as árvores da praça e viu duas senhoras bem vestidas levarem quatro marmitas para casa.
E assim como elas, outras pessoas de classe média roubavam os volumes. 
Mas, infelizmente, ninguém denunciava esse roubo e os indigentes perdiam a chance de se alimentar.
E eles também não contavam para a senhora que lhes alimentava, o que tinham visto.Pois, se  reclamassem, a senhora que fazia essa obra humanitária poderia parar de trazer as marmitas.
Pior do que isso, esse homem me disse também, que às vezes, uma pessoa abria uma marmita e colocava pedrinhas da rua no meio da comida, ou gravetos.
Então, que povo é esse que teima em achar graça nessas atitudes?
Onde estão os valores primordiais a serem preservados?
Finalmente, meu ônibus chegou, me despedi do homem.Ele agradeceu minha atenção, se emocionou e vi as lágrimas correndo, pois sabe-se lá, quanto tempo tinha esperado por uma palavra amiga?
Fiquei pensando que quando o cão desse homem morrer, ele seguirá acompanhado apenas de sua própria sombra.
Ah! um detalhe: perguntei ao homem onde ele morava, querendo me referir ao bairro, pois o tempo parecia chamar uma chuva, já que estava nublado.
Ele respondeu:
- Moro num papelão.

KATIA CHIAPPINI

terça-feira, 23 de abril de 2019

UM PENSAMENTO

                        UM PENSAMENTO

Transponha seus obstáculos,com fervorosos passos,próximos a Deus e atravesse a ponte dos lamentos.
Que se lancem ao vento!
K

segunda-feira, 22 de abril de 2019

PROPAROXÍTONAS EM PAUTA

              PROPAROXÍTONAS EM PAUTA
                            (no poema )
Amor já tão pálido
De aspecto esquálido
Sentimento inválido
Nada tem de cálido

Amor ,ora cíclico
Em dia específico
Ora, um tanto cítrico
Como frio ou analítico

Amor fútil, patético
Às vezes frenético
Sem jeito de poético
Sem teor estético

Amor em vão, caótico
Seja báltico ou nórdico
Sem tônus, robótico
Sem bônus, utópico

Quero-o fantástico
Flexível como elástico
Que seja um amor lícito
Eletrizante, bombástico

O amor característico
Tem o respeito implícito
É belo, quase artístico
Quero-o altruístico

KATIA CHIAPPINI

RIMAS POBRES,RICAS E RARAS

        RIMAS POBRES, RICAS OU RARAS

Lembrando que importante é se expressar de modo que o sentimento colocado no verso, transmita emoções, nem sempre o poeta se utiliza das rimas. É o livre arbítrio que vai definir ao escritor se lhe convém ou não fazer uso delas.
Há declamadores expressivos que não utilizam versos rimados, mas vão falando e se expressando com propriedade e interpretação fascinantes, que até esquecemos que não há rima, e sim, ideias encadeadas percorrendo o conteúdo desejado e sutilmente exposto, sem grandes alaridos, nem voz estridente, ou forçada. E nem gestos escandalosos, desnecessários ao declamador que se preocupa em transmitir sentimentos e não apenas técnica.
Outros poetas, se reportam à literatura universal de outras eras.  E  sentem-se mais seguros compondo versos rimados, pois esses, dão um ritmo  e uma sequência que parece enriquecer o pensamento, a palavra escrita. Ritmo, rima, métrica e sequência lógica,são como a moldura de uma obra de arte, emoldurando e dando o devido acabamento à obra.  
As rimas podem ser pobres, ricas ou raras.Essa última se denomina rima preciosa, como se fosse um tesouro linguístico.
As rimas pobres se caracterizam por se apresentarem percorrendo uma mesma categoria gramatical. Então, se revelam quando um substantivo rima com outro substantivo, quando dois adjetivos ou dois verbos se deixam rimar.
As rimas ricas se caracterizam por se apresentarem entre uma categoria gramatical e outra diversa. Então, se revelam quando um substantivo rima com um verbo, quando um substantivo rima com um adjetivo, quando um adjetivo rima com um substantivo, quando um substantivo rima com um advérbio.
Essas rimas são chamadas de ricas porque as combinações contém mais beleza e não são tão comuns.
Na rima pobre, podemos rimar amor com dor, emoção com coração, amizade com verdade.Perceba que as palavras são todas substantivos e se apresentam sem originalidade,sem lapidação.
Na rima rica, podemos rimar estrela com vê-la, sendo a primeira palavra um substantivo e a segunda uma forma verbal e pronominal do verbo ver. Assim temos a rima da palavra amigo com contigo.Uma delas é substantivo e a outra é um pronome pessoal.
Ainda ,se eu disser: aquela mulher desconhecida , dizem que tirou a própria vida, estarei rimando um adjetivo com um substantivo.
A rima rica requer uma busca mais cuidadosa, um autor mais preocupado em fugir da rima comum, para valorizar o poema.
Outro exemplo: não há machado que corte, a beleza daquele porte.
Rima preciosa, ou rima rara, ou ainda, rima artificial, é aquela que combina palavras de terminação incomum.de sons raros, personalizados.
Se eu falar: aquele corpo que depois de morto, apodrece
E que se retorce ,se encolhe em forma de ''s'' ( a letra s ), estarei procurando uma rima rara.
Outro exemplo: um dia um cisne morrerá e talvez a água se tisne.
Ou ainda: essa é a história de uma múmia
Lê para mim ,mas resume-a.
Entre os poetas, podemos citar Olavo Bilac, denominado ''Príncipe dos Poetas'', sendo o mais popular ´poeta parnasiano e o autor  mais lido em sua época. Foi um poeta lírico e um sonetista. Nos seus versos descobrimos as rimas ricas. Em sua obra, Via Láctea, verifica-se uma evolução  da objetividade parnasiana para uma postura mais intimista e subjetiva.
Quando o poema se desenvolve mais livremente, sem rimas, é chamado de poema livre ou poema solto ou de poema com rima branca.São versos que não rimam com nenhum outro verso.
Nesse caso você pode rimar por acidente,em um ou outro momento do texto, talvez rimar a palavra do meio da frase com o final da mesma. Pode misturar frases com rima e sem rima ,de modo totalmente informal.  
Esse estilo se notabilizou, ao longo dos anos, colhendo muitos adeptos. Esse é um estilo mais despojado e descompromissado com os padrões clássicos, com as regras e parâmetros rígidos.
Se o seu tema ( escolhido ) não quer rimar com poema, deixe-o solto para buscar seu sentido individualizado. Espalhe-se e exerça sua  liberdade de expressão sem regras fixas, sem parâmetros pré- estabelecidos e seja o poeta que se manifesta, seja como for, quando for, onde for.
E, se nesse interstício, houver um envolvimento amoroso, seja com quem for.

KATIA CHIAPPINI

sábado, 20 de abril de 2019

SOBRE O POEMA RIMADO OU NÃO RIMADO

                POEMA RIMADO OU NÃO ?

Particularmente aprecio ritmo cadência e rima na declamação onde percebo maior aceitação e pujança.Mas o poeta deve ser como o pássaro que alça voo ,sem estabelecer fronteiras. E o verso precisa falar aos sentimentos e calar fundo, em todo e qualquer momento
Nesse entendimento,com ou sem rima é preciso tocar a alma, incentivar sonhos, cativar e captar emoções, em serões, serestas,saraus em bares de quaisquer esquinas. Versejar é amar a vida colorindo os profundos e secretos sentimentos .Se houver emoção, se o coração vibrar, haverá sentido na poesia, na prosa poética. E não é preciso chamar a rima
É preciso haver estima pela palavra e vontade de espalhar mais flores do que espinhos,nessa jornada.
Perola Maria Bensabath está nos perguntando:
- Rimar ou não, eis a questão.

Katia Chiappini - aceitando o desafio proposto, sobre esse tema.