Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sábado, 31 de agosto de 2013

ODE !

                           ODE AO POETA !

A poesia é sentimento que aflora
Vem de longa data, não de agora
Da alegria ou da dor que vigora
Das vivências dessa ou daquela hora

A poesia se apresenta e implora
A inspiração ora vem ora vai embora
Noa salões ou na favela mora
No crepúsculo da vida ou na aurora

O poeta põe o disco na vitrola
Com lápis e papel cantarola
Viu na T.V.malabares e argolas
E o palhaço que no chão se rola

Vai com o filho jogar bola
Depois revisa a lição da escola
Logo sai levando uma sacola
Para comprar suco de acerola

Mas de todos os fatos faz poema
Noite e dia planeja o esquema
Estuda para expor um tema
Descobre a fórmula do teorema

O poeta não tem ganância
Prolonga o tempo de infância
Vive feliz na praia ou estância
Dá margem às ilusões e ânsias

Poeta é do espírito um estado
Que a razão teima em deixar de lado
Que a emoção ou traz num cortado
Ou libera o sentimento represado

O poeta sofre preconceito
Nem todos têm o devido respeito
É que nasceram de um especial jeito
Mais contestadores do que perfeitos

Poetas ! multiplicadores sedentos 
Declamam também aos detentos
Têm a pressa e o encanto do vento 
E despertam os sentimentos

O poeta, entre mortos e feridos,
Sobrevive ao tempo - indefinido -
Comunga com os esquecidos
É defensor dos sonhos perdidos

                                       KATIA CHIAPPINI




PREENCHER AS PÁGINAS...

                 PÁGINAS EM BRANCO

Quando não soube perdoar
Deixei uma página em branco
Arrependida a chorar
Sentei-me triste no banco

Não fiz aquele mestrado
E queria tê-lo feito
Ficou no pretérito passado
Nem justo nem perfeito

Perdi o pai e a mãe - eu sei -
Cuidei-os sempre no leito
Aqueles conselhos não terei
Mas conservo os amigos do peito

Deixei brancas as folhas
Que ficam a implorar -faça -
Mas custa soltarmos as rolhas
Para enfrentar a nossa desgraça

Os labirintos são circulares
São os desafios que encontramos
Nem sempre acertamos os lugares
Para fugir dos desenganos

Precisamos perdoar o filho
Para viver a página do amor
E manter todos no trilho
Com as bênçãos do Senhor

Quando desempregados
Vamos perseguir a fé
E se do lar afastados
Precisamos ficar de pé

As vezes pulamos etapas
Por omissão ou decoro
Mexemos do tacho só a rapa
A que sobrou pra consolo

Então resta preencher a vida
E as páginas ainda em branco
Buscar a família e gente querida
Conservar o sorriso franco

Deixe o orgulho se humilhar
Não compre só charuto de Havana
Se cair levante para resgatar
O sol a sorrir na veneziana

KATIA CHIAPPINI

O QUE FALTA AO CIDADÃO ?

                           O QUE FALTA ?

Falta um firme teto
Um pouco de afeto
Rever o gesto
Ler o projeto

Falta investimento
Mais proventos
Medicamentos
Alimentos

Falta a confiança
A esperança
Não essa andança 
Onde o mal avança

Falta cuidar da saúde
Ter mais atitude
E amiúde
Crer na virtude

Falta evitar extremos
Selecionar o governo
Não vagar a esmo
Nem perder a si mesmo

Falta ser reconhecido
Não preterido
Como em tempos idos
Ser incluído

Falta ser respeitado
Assalariado
Valorizado
Não devastado

Faltam soluções
Sobram ingratidões
Abaixo os espiões
Homicidas e ladrões

Falta rever a decência
Em sã consciência
Amar a ciência
Exigir competência

Oh! Santa Cruz
Falta Jesus
Qual avestruz
Estou de capuz

                                       KATIA CHIAPPINI





sexta-feira, 30 de agosto de 2013

EGOÍSMO !

                        EGOÍSMO EM PAUTA

Aquele que se faz
Nada realmente faz
Perde, de pronto, o gás
Anda só para trás

Torna-se incapaz
Coragem não traz
Como traz o capataz
Alimenta sua ''paz''

É fútil e fugaz
Não se satisfaz
Não está em cartaz
É falso mas sagaz

Não olha para trás
Não ajuda o incapaz
O egoísmo é voraz
Só faz o que lhe apraz

                                     KATIA CHIAPPINI



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O QUE AINDA EXISTE DA CANÇÃO ?

     MÚSICA ! JOGASTE PEDRA NA CRUZ ?

Zezé de ''amargo'' e Luciano
Chitãozinho e'' chorarás''
Brincadeiras à parte têm planos
Firmaram carreira - não se desfaz -

Continuamos com bons musicistas
A melodia adorna o poema sem igual
Mas o reconhecimento não está à vista
E o valor de mercado é o principal

A música virou bate estaca
Perdeu o tom, semitom ou escala
O bom compositor não se destaca
Batuque de raiz só na senzala

Saudade dos ícones da canção
Gregório Barrios, Gardel e Manzanero
Guardados na pauta da canção
Ou nas palavras de amor''te quiero''

Que todos continuem a cantar
E permaneça o dom de compor
Só não aplaudam a música vulgar
Que idolatra o sexo sem nexo, sem amor

Hoje o bumbum marca o compasso
Corpos despidos dão o tom maior
Seios e coxas invadiram o espaço
Vendem mais que o melhor trovador

E o artista de fé e competência
Vê ruir seu trabalho - brincadeira -
O talento vira inútil miragem
E o C.D mofa na prateleira

É urgente um novo despertar
Um novo olhar à música brasileira
Antes que vire puro lixo a rolar
E se destrua por não tirar a viseira

Caetano,Gil, Vitor Ramil !
Da música fiéis artesãos
Não permitam enxovalhar o Brasil
Nem deteriorá-lo como Nação

A música é a cultura de um país
É unânime em merecer palmas
É a moldura da vida , é raiz
Berço do amor, céu da alma

KATIA CHIAPPINI

OBS:
A palavra artesão tem o plural como artesãos quando se refere ao artista. E tem o plural em artesões quando se refere ao enfeite de abóboda como os que pintam os tetos das igrejas.

sábado, 24 de agosto de 2013

VENHA...

                   ENCONTRE-ME !

Se eu não souber de mim
Venha me convencer
Se ainda não disser sim
Insista até eu ceder

Se eu de você me esquecer
Será uma falha da memória
Fique atento sem esmorecer
Ainda serei parte da história

Se a mágoa permanecer
Abrace-me com paciência
Quero voltar para ser
Sua causa e consequência

Faça-se a minha vontade
E porque não a sua!
Exerça sua liberdade
Venha despido -estarei nua -

Estou procurando conter
Sua mão em minha cintura
Quero admitir me perder
Com adorável criatura

No seu peito vou subir
Elevar o corpo com jeito
Quero o seu alvo atingir
E descer no encaixe perfeito

                                     KATIA CHIAPPINI






 Encontre-me também ao piano, caro leitor.
Folder a disposição na casa de cultura, em Porto Alegre, para contato.
Desenvolvo um trabalho com a terceira idade e demais fases da vida, para um encontro musical e das almas.
Ou faça seu contato por email:
katia_fachinello42@hotmail.com  ( em minúsculo )
ATENCIOSAMENTE : KATIA


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O QUE NOS FALTA CONSEGUIR ?

             O QUE FALTA AO CIDADÃO ?
                                  ( ou quase )
Falta um teto
Um pouco de afeto
Rever o gesto
Ler novo projeto

Investimento
Como proventos
Medicamentos
Alimentos

Ter confiança
Esperança
Abaixo a andança
Onde o mal avança

Falta saúde
Atitude
E amiúde
Crer na virtude

Evitar extremos
Escolher o governo
Não vagar a esmo
Nem perder a si mesmo

Ser reconhecido
Não preterido
Como em tempos idos
Ser incluído

Falta ser amado
Assalariado
Valorizado
Não devastado

Faltam soluções
Sobram ingratidões
Vingam os espiões
Homicidas, ladrões

Falta decência
Em sã consciência
Amar a ciência
Impor competência

Oh! santa cruz !
Falta Jesus
Qual avestruz
Me escondo no capuz

                                      KATIA CHIAPPINI



CULPAS !

 Queridos : não há porque permanecer com a culpa.
             

Mea culpa! ainda estou sem marido
Por ter me descuidado em tempos idos
Por não ter dado ouvidos ao cupido
Por descumprir o estabelecido

Mea culpa ! por sufocar os sentidos
Por deixar os desejos contidos
Por odores e tremores não havidos
Por dissimular o prazer não sentido

Mea culpa ! por velar os filhos queridos
Descuidar do leito e da própria libido
Por trazer trabalhos para serem lidos
E nem aquela langerie ter vestido

Mea culpa !fingiu estar distraído
Nada me revelou mesmo combalido
Trouxe a flor e meu perfume preferido
E ainda assim foi por mim preterido

Desabafou com o coração partido
Expliquei que não o tinha banido
Entendi as imperfeições, o ocorrido
Beijei seu rosto e ele ficou comovido

Enquanto não tinha me resolvido
Sentia todo o meu corpo encolhido
Ele banhou-se e veio exibido
E não desejei seu corpo despido

Mea culpa ! se o amor foi rompido
Os cacos ficaram, no chão, caídos
O ego, em sua essência, ferido
E o núcleo da alma destruído

Fomos com óleo santo ungidos
No batismo esse foi o ritual cumprido
Os conflitos devem ser diluídos
Porque Deus nos quer agradecidos

Mea culpa ! ninguém tem me atraído
Estou só - a Bíblia me faz algum sentido -
Nas minhas preces faço um pedido :
- Que meu leito ouça másculos gemidos.

                                   KATIA CHIAPPINI
                     Email : katia_fachinello42@hotmail.com



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

SOBRE OS HOMENS !

                                HOMENS !

Somem
Consomem
Ora se tem
Ora não convém
No sexo, além
No amor, aquém

Homens !
Provém
Mantém
Por bem
Oferecem
O vintém

Alguns merecem
Enternecem
Obedecem
Aquecem
Brigas não tentem
Toques convencem

Ninguém
Fica sem
Amém !
Porém
Fogem
Ferem

Homens !
Sem alguém
Sofrem
Entristecem
Até encolhem
Não comparecem

Em desordem
- Nem comentem -
Até se vendem
Vazios se sentem
E sem um bem
Sem fé, morrem

                                     KATIA CHIAPPINI





domingo, 18 de agosto de 2013

SOBRE A MULHER !

                     FALANDO EM MULHER !

Mulher é ser dengoso
De porte majestoso
De corpo fogoso
Olhar atencioso

É um ser dedicado
Nos corações tatuado
As vezes ser explorado
Mas não acomodado

Mulher dá a palavra final
É um ser fundamental
Determinada e sem igual
É festa como é o carnaval

Mulher é amor maior
Dos males o melhor
Insubstituível- sei de cor -
Quem não a tem ? pior

                                   KATIA CHIAPPINI

                     email : katia_fachinello42@hotmail.com

SER MULHER !

                      SER UMA MULHER !

Ser mulher
Manha requer
Vem se vier
De onde estiver

De onde quiser
É quem se quer
É ''petit'' fleur
É chansonnier

É a Ester
É expert
É la ''mer''
Lê Baudalaire

É chanceler
Ou pilota o talher
É quem se der
E não se fizer

 KATIA CHIAPPINI




quarta-feira, 14 de agosto de 2013

SOBRE SENTIMENTOS ! (Parte Dois )

                   O QUE AINDA RESTA ?
                                          (Parte Dois )

Ser eterno aprendiz
Amar a mulher-matriz
Fazer o que não fiz
Tentar receber o ''P.I.S

Pensar porque não quis
Desejar e pedir''bis''
Curar a cicatriz
Calar o que não se diz

Buscar a força motriz
Estudar para ser juiz
Regar a flor-de-lis
Ouvir música de raiz

Comer carne de perdiz
Descobrir o valor de'' x''
Ver além do nariz
Admirar a foto da Miss

Ver''Sissi, a Imperatriz
Aplaudir a atriz
Lutar para ser feliz
Ainda que por um triz

                                    KATIA CHIAPPINI
                                  ( para dilin e anônimo )












terça-feira, 13 de agosto de 2013

AMOR E DESTINO !

                    O AMOR COMO DESTINO !

Quero-te para ser feliz
Naquela hora contemplada
Em que serei aprendiz
E a surpresa na madrugada

Quero que sejas o mar
De uma única sereia
Vem em mim navegar
E me aquecer como a areia

Vou acalmar teu desejo
Sou lua e serás o sol
Vou te envolver num beijo
Teu olhar será meu farol

Não vais ainda partir
Sou predestinada
Aos 70 vou te conduzir
Mesmo menina avançada

Espero pelo que me prometeu
Um momento de pura paz
Uma troca de toques, esqueceu ?
Quando a paixão colhe e faz

                                   KATIA CHIAPPINI


EM TEMPO :
Não se preocupe em procurar o amor, antes esteja em estado de espera !               katia.

MANIA DE MARIA !

                        TANTAS MARIAS !

Tenho mania de Maria
Maria é mãe indulgente
Tem sua própria melodia
E não precisa de regente

Maria, mãe celestial
É a virgem protetora
Outra Maria especial
É Maria professora

Maria mostra a aliança
Tem marido e guarida
Outras perderam a andança
Dormem no chão, na avenida

Marias só de carnaval
Vestem a fantasia que têm
Vivem os dias de bacanal
Essas não são de ninguém

Maria, mãe destemida
Que desata qualquer nó
Se vê na velhice explorada
Como mãe e como avó

As vezes, mãe do juiz
Ou do ícone do futebol
Esquecida flor de lis
Não tem cobertor e lençol

Quer ser considerada
Gerou vidas e envelheceu
Se entregou - nem pediu nada -
Cumpriu o que prometeu

Que o filho seja guardião
E não ausente na tempestade
Maria quer prender a sua mão
E do beijo sente saudade

Há Maria, mãe do soldado
Que se embrenhou nas trincheiras
E como a do político cassado
Ficou ''sem eira nem beira''

Marias de hoje têm expressão
Não como mulheres de Atenas
Nem como Amélias da canção
Marias brilham e roubam a cena

                                     KATIA CHIAPPINI 

                   MARIA CATARINA ( NOME DE BATISMO )





segunda-feira, 12 de agosto de 2013

SOBRE OS SENTIMENTOS .

                     O QUE AINDA RESTA ?

A espera tão prolongada
É  algo que não se resiste
Não me sinto mais amada
E nem o serei, enquanto triste

Você jogou no precipício
Meu carinho, de repente
Não sou mais o seu início
Nem seu vício, nem me sente

Nunca soube o que pretende
Não fala, está sempre calado
Se pergunto não me entende
E se mostra contrariado

Melhor saber da verdade
Numa circunstância qualquer
Admiro a sinceridade
Vou buscá-la onde estiver

Se me aproximar da coerência
Não farei par com a adversidade
Meus olhos verão minha essência
E vencerei minha fragilidade

Admito perder o que não tive
Outros ciclos vão se definir
Parte de meu ser sempre revive
E viverá para me fazer sorrir

                                    KATIA CHIAPPINI

domingo, 11 de agosto de 2013

U M DESFECHO INUSITADO !

                         O BEIJO NA MÃO !

Existe um hábito que observamos ao andar de ônibus. É o ingresso de pessoas pedindo esmola, nas dependências do coletivo, para os mais variados fins. Em troca se recebe um santinho, um cartão de agradecimento ou u material explicativo que expõe o motivo do pedido.
As pessoas ouvem o pedinte sem dar atenção e nem se emocionam com os relatos. Isso porque há esmoleiros nas ruas, nas sinaleiras e em diversos pontos da cidade, com suas histórias sempre iguais e duvidosas. E filhos emprestados são usados para comover as pessoas e até crianças de colo passam fome e frio nas ruas.
Certo dia encontrei uma amiga no mesmo ônibus e fomos conversando durante o trajeto, colocando assuntos em dia e combinando um lanche no Shopping. 
Um cidadão maltrapilho, falando com lentidão e de fisionomia abatida, nos chamou a atenção ao entrar no ônibus.
Expôs seus motivos para estar solicitando um auxílio e ao final do discurso se revelou aidético.
Minha amiga, impressionada, retirou uma nota de 5 reais da carteira e guardou a bolsa, novamente. Eu separei algumas moedas de minha niqueleira  sem me preocupar com a quantia.
O homem foi passando entre os bancos e recebendo pequenas quantias em niqueis. E agradecia cada importância recebida, mesmo a de valor ínfimo.
Eu estava sentada junto à janela e minha amiga junto ao corredor do ônibus.
Em dado momento, quando percebi, o homem estava ao meu lado esperando a doação e tratei de colocar as moedas em sua mão.
Minha amiga sussurrou :
- Além de moedas o menor valor que tenho é uma nota de 5 reais.
- Mas e as moedas ?
- É que quero evitar o contato com a mão do pedinte.
- Então , mostre que está lhe oferecendo uma nota de 5 reais e peça que a pegue para guardar diretamente no bolso de sua calça.
- Sim, justamente , essa é a ideia.
Enquanto minha amiga fazia essa confidência vi o homem se distanciar para recolher outros donativos. Falei para minha amiga se levantar para dar o dinheiro a ele. Ela dobrou a nota ao meio, no sentido do comprimento, pegou numa ponta e apresentou a outra ponta para o homem recolher e guardar.
O homem abriu seu melhor sorriso e falou :
- Que Deus lhe retribua em dobro !
Minha amiga olhou para o homem, sem acreditar, conteve um gesto agressivo de repulsa, congelou a expressão de contrariedade e espanto. O que se explica porque o homem ficou tão feliz que , inesperadamente, puxou para si a mão de minha amiga e, antes que essa percebesse, a beijou. E exalando uma etérea felicidade ficou repetindo as palavras que ficaram ecoando no ônibus :
- Muito obrigado ! muito obrigado! muitíssimo obrigado !

                                     KATIA CHIAPPINI
                       e-mail: katia_fachinello42@hotmail.com




sábado, 10 de agosto de 2013

MORALIDADE...

                            NA MORAL...

Na moral ? a moral agoniza
Sendo torturada a cada dia
Na moral? ninguém a prioriza
É como se não tivesse serventia

Não se dá ouvidos à filosofia
E quem não refletiu sucumbiu
A moral virou mercadoria
Se é que um dia existiu

Vilipêndio e mil tramoias
São aceitas sem contestação
A honestidade virou paranoia
E ao mal se delegou a razão

Foram-se os bons exemplos
Não há paradigmas a seguir
Nem mais hábitos nos templos
Onde bênçãos costumamos pedir

A perseguição é uma sina
Discrimina mais do que se pensa
Está de volta o monstro que elimina
E o povo vive na descrença

Parece que a tecnologia
Anulou o homem- essência
Há inocentes na cela fria
Vítimas da prepotência

Na moral ? pobre'' mãe gentil'
Que abriga uma corja de golpistas
Todos filhos desse imenso Brasil
Onde a justiça se perdeu de vista

Quem vai cuidar de nossos filhos ?
Educar o menino e a menina ?
Melhor voltar a ajoelhar em milhos
Do que aceitar trair por propina

Talvez nem tanto e nem tão pouco
O equilíbrio ainda nos socorre
Cuidado com os malfeitores loucos :
- Ou obedece às ordens ou morre

Amedrontados com as atrocidades 
Na corda bamba com o marginal
Vemos a democracia virar saudade
Na moral ? estamos sem moral

                                       KATIA CHIAPPINI





quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O DINHEIRO COMPRA TUDO ?

                   O DINHEIRO COMPENSA ?


Conheci uma senhora, D. Clara, que demonstrava uma preocupação pertinente : a de não ter conseguido agradar sua nora Luíza.
E sendo esse seu filho único a situação era delicada.
Caso não conseguisse manter boas relações com a nora temia ver seu filho se afastar da casa paterna e de seu convívio, em especial.
D. Clara,preocupada com o andar dos acontecimentos, imaginou uma maneira de reverter a situação a seu favor. Convidou sua nora para um breve lanche e conversou com ela, por longo tempo,entre uma e outra xícara de chá. Tentou transformar a tarde, de modo que se tornasse uma oportunidade propícia para deixar a nora à vontade e conversar sobre temas que a ela agradassem. E a moça foi se sentindo prestigiada e até reclamou do marido, do casamento, e D. Clara não contestou nada, apenas se tornou uma atenta e paciente ouvinte.
Antes que se despedissem, D. Clara presenteou sua nora com um envelope contendo certa importância em dinheiro. A surpresa foi tamanha que Luíza deu um abraço nervoso e repentino em D. Clara agradecendo com um sorriso a quantia recebida.
Passou a tratar a sogra de outra maneira e recebia dela outros mimos e novos convites para tomar o chá da tarde.
Dessa forma, as relações entre ela, o filho e a nora se estabilizaram.
Mesmo sabendo que o interesse era visível, D. Clara sentiu-se recompensada pela presença do filho em sua casa e não temia mais que a nora pudesse, algum dia, colocá-lo contra ela.
Conheci outra senhora, D. Ana, que ficou durante o período de oito anos, viúva, morando com seus empregados que se revesavam dia e noite para que ela não ficasse só. Com eles fazia suas compras, pagava suas contas, ia ao cinema , frequentava restaurantes e os levava para passar uma temporada na praia.
Tinha seus filhos e netos aos quais não dava atenção. Era,sim, uma boa patroa e gratificava seus empregados.
Um certo dia conheceu um senhor que parecia querer cortejá-la e passaram a almoçar no mesmo restaurante, alguns dias da semana.
As relações de amizade se tornaram mais estreitas e esse senhor a convidou para morar com a família dele prometendo cuidar dela e de todas as suas necessidades. Sugeriu que indenizasse os empregados devidamente, vendesse a casa e se desfizesse de seus móveis e utensílios. 
D. Ana assim o fez, sem pestanejar.
Passou a morar com as duas irmãs desse senhor. Mas esse amigo protetor alugou um apartamento e passou a morar perto mas sozinho. As moças atendiam D.Ana e faziam as tarefas domésticas de modo a manter a casa asseada, a comida na mesa e a roupa dessa senhora lavada e passada. E esse admirador do dinheiro dessa senhora mais do que dela própria, passou realmente, justiça seja feita, a cuidar da mesma e proporcionar-lhe algum lazer para mantê-la feliz no novo ambiente.
Tomei conhecimento disso por uma pessoa amiga e telefonei para o celular de D. Ana e, para minha surpresa, ela se mostrou satisfeita com a nova realidade. Soube que se mudara de cidade para se sentir menos invadida pelos vizinhos que poderiam fazer comentários maldosos a seu respeito. Isso porque o seu ''admirador'' era 20 anos mais jovem que ela. Ninguém sabia que sua intimidade e seu leito haviam sido preservados e que jamais coabitaria com esse senhor.
Pelo que me foi dito percebi que a união era de fachada e que havia uma espécie de contrato entre as partes.
Nesses dois episódios aqui relatados é triste descobrir a ausência de um sentimento fundamental para o ser humano: a amizade sincera e  que se alimenta da lealdade incondicional.
Em ambas as situações foi o dinheiro o condutor responsável pela resolução dos problemas.
No primeiro relato, soube-se que D. Clara viveu em paz com sua nora mas jamais a sentiu uma pessoa confiável.
No segundo relato,D.Ana abdicou  de parte de seus bens e pareceu se submeter a uma vida que não era a sua e da própria  liberdade.
O incrível e inesperado é que acompanho essa situação, que já dura quatro anos, sem nenhuma queixa por parte de D. Ana.
Sei que recebe uma pensão do ex- marido que reserva para seus gastos essenciais.
Mas fico a lamentar a prevalência do dinheiro em detrimento dos valores essenciais e sei que ,mais dia menos dia, D. Ana vai se deparar com as consequências de uma lacuna afetiva que o dinheiro não preenche. Em verdade, deixou de conviver com as antigas amigas que se encontravam na missa de domingo, no galeto do salão paroquial, nos eventos sociais : casamentos, formaturas, nascimentos e aniversários.
E fica em meu pensamento uma impressão estranha de instabilidade, como se a qualquer momento o fiel da balança pudesse pender para o lado errado.
E não canso de indagar a mim mesma:
- Será que essa felicidade que o dinheiro sustenta pode se tornar duradoura ?
- Será que esse não é um investimento na pseudo-felicidade ? 
- Ou a solidão implacável está a justificar esse procedimento de uma senhora de 80 anos por ser , ainda, a despeito de tudo, o pior dos males ? 
Oh! Sócrates, Oh! Platão, Oh! Aristóteles : SOCORRO !

                                      KATIA CHIAPPINI  
                    EMAIL: katia_fachinello42@hotmail.com