Aquarela de poesias

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Poesias para você

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O DINHEIRO COMPRA TUDO ?

                   O DINHEIRO COMPENSA ?


Conheci uma senhora, D. Clara, que demonstrava uma preocupação pertinente : a de não ter conseguido agradar sua nora Luíza.
E sendo esse seu filho único a situação era delicada.
Caso não conseguisse manter boas relações com a nora temia ver seu filho se afastar da casa paterna e de seu convívio, em especial.
D. Clara,preocupada com o andar dos acontecimentos, imaginou uma maneira de reverter a situação a seu favor. Convidou sua nora para um breve lanche e conversou com ela, por longo tempo,entre uma e outra xícara de chá. Tentou transformar a tarde, de modo que se tornasse uma oportunidade propícia para deixar a nora à vontade e conversar sobre temas que a ela agradassem. E a moça foi se sentindo prestigiada e até reclamou do marido, do casamento, e D. Clara não contestou nada, apenas se tornou uma atenta e paciente ouvinte.
Antes que se despedissem, D. Clara presenteou sua nora com um envelope contendo certa importância em dinheiro. A surpresa foi tamanha que Luíza deu um abraço nervoso e repentino em D. Clara agradecendo com um sorriso a quantia recebida.
Passou a tratar a sogra de outra maneira e recebia dela outros mimos e novos convites para tomar o chá da tarde.
Dessa forma, as relações entre ela, o filho e a nora se estabilizaram.
Mesmo sabendo que o interesse era visível, D. Clara sentiu-se recompensada pela presença do filho em sua casa e não temia mais que a nora pudesse, algum dia, colocá-lo contra ela.
Conheci outra senhora, D. Ana, que ficou durante o período de oito anos, viúva, morando com seus empregados que se revesavam dia e noite para que ela não ficasse só. Com eles fazia suas compras, pagava suas contas, ia ao cinema , frequentava restaurantes e os levava para passar uma temporada na praia.
Tinha seus filhos e netos aos quais não dava atenção. Era,sim, uma boa patroa e gratificava seus empregados.
Um certo dia conheceu um senhor que parecia querer cortejá-la e passaram a almoçar no mesmo restaurante, alguns dias da semana.
As relações de amizade se tornaram mais estreitas e esse senhor a convidou para morar com a família dele prometendo cuidar dela e de todas as suas necessidades. Sugeriu que indenizasse os empregados devidamente, vendesse a casa e se desfizesse de seus móveis e utensílios. 
D. Ana assim o fez, sem pestanejar.
Passou a morar com as duas irmãs desse senhor. Mas esse amigo protetor alugou um apartamento e passou a morar perto mas sozinho. As moças atendiam D.Ana e faziam as tarefas domésticas de modo a manter a casa asseada, a comida na mesa e a roupa dessa senhora lavada e passada. E esse admirador do dinheiro dessa senhora mais do que dela própria, passou realmente, justiça seja feita, a cuidar da mesma e proporcionar-lhe algum lazer para mantê-la feliz no novo ambiente.
Tomei conhecimento disso por uma pessoa amiga e telefonei para o celular de D. Ana e, para minha surpresa, ela se mostrou satisfeita com a nova realidade. Soube que se mudara de cidade para se sentir menos invadida pelos vizinhos que poderiam fazer comentários maldosos a seu respeito. Isso porque o seu ''admirador'' era 20 anos mais jovem que ela. Ninguém sabia que sua intimidade e seu leito haviam sido preservados e que jamais coabitaria com esse senhor.
Pelo que me foi dito percebi que a união era de fachada e que havia uma espécie de contrato entre as partes.
Nesses dois episódios aqui relatados é triste descobrir a ausência de um sentimento fundamental para o ser humano: a amizade sincera e  que se alimenta da lealdade incondicional.
Em ambas as situações foi o dinheiro o condutor responsável pela resolução dos problemas.
No primeiro relato, soube-se que D. Clara viveu em paz com sua nora mas jamais a sentiu uma pessoa confiável.
No segundo relato,D.Ana abdicou  de parte de seus bens e pareceu se submeter a uma vida que não era a sua e da própria  liberdade.
O incrível e inesperado é que acompanho essa situação, que já dura quatro anos, sem nenhuma queixa por parte de D. Ana.
Sei que recebe uma pensão do ex- marido que reserva para seus gastos essenciais.
Mas fico a lamentar a prevalência do dinheiro em detrimento dos valores essenciais e sei que ,mais dia menos dia, D. Ana vai se deparar com as consequências de uma lacuna afetiva que o dinheiro não preenche. Em verdade, deixou de conviver com as antigas amigas que se encontravam na missa de domingo, no galeto do salão paroquial, nos eventos sociais : casamentos, formaturas, nascimentos e aniversários.
E fica em meu pensamento uma impressão estranha de instabilidade, como se a qualquer momento o fiel da balança pudesse pender para o lado errado.
E não canso de indagar a mim mesma:
- Será que essa felicidade que o dinheiro sustenta pode se tornar duradoura ?
- Será que esse não é um investimento na pseudo-felicidade ? 
- Ou a solidão implacável está a justificar esse procedimento de uma senhora de 80 anos por ser , ainda, a despeito de tudo, o pior dos males ? 
Oh! Sócrates, Oh! Platão, Oh! Aristóteles : SOCORRO !

                                      KATIA CHIAPPINI  
                    EMAIL: katia_fachinello42@hotmail.com




2 comentários:

  1. Não, o dinheiro não compra a verdadeira tranquilidade e paz.

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  2. Dinheiro é essencial, mas não o é responsável pela paz de espírito.

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