Aquarela de poesias

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Poesias para você

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UM GAÚCHO DE VALOR !

                               O CAPATAZ

O capataz é soberano
Transmite ordens aos peões
Trabalha mano a mano
Como o melhor dos centuriões

Comanda toda lida do campo
É braço direito na estância
Não há gripe ou sarampo
Que lhe afaste da andança

Nas manhãs vai ao escritório
Prestar contas ao patrão
Cita problemas no relatório
Que são de difícil solução

A lida do campo é corrida
Potreiros são vistoriados
A vaca prenha é assistida
Todos os animais medicados

A árvore se espalha na sanga
O capataz na sombra descansa
No calor arregaça a manga
Se apruma e refaz sua andança

Há banho e marcação de gado
Para o consumo - abate da ovelha -
Não dá pra cantar um fado
É preciso substituir a telha

O capataz permanece atento
Ao filho do estancieiro
Que cavalga milhas ao relento
Sem temer qualquer entrevero

Pela fazenda dá sua vida
Tem o estímulo do patrão
Que lhe dá terra e guarida
E a casa própria em construção

À tardinha coloca um tamanco
Sorve o mate,conta o ''causo'' recente
Acende a fogueira e puxa o banco
 Sorri para a estrela cadente

Não deixa o pampa- enraíza -
Anda pilchado como convém
O estudo do filho prioriza
Mas da estância é eterno refém

                                     KATIA CHIAPPINI

Estou lembrando do capataz de meu tio, na distante Santana do Livramento, que era considerado e respeitado  em sua lida.
Meu tio, a título de recompensa pela dedicação de quase 40 anos, tinha por hábito, ao final do ano, acrescentar mais terreno ou gado aos bens do capataz e sua família.
Esse capataz atendia aos filhos, netos e sobrinhos de meu tio, nas férias escolares, as melhores que se poderia ter.
Eu era a sobrinha mais velha e responsável pela organização da criançada em todas as suas atividades.
E só depois que eu chegava na estância, meus tios podiam tirar um cochilo tranquilo e sem interrupções.

                                              KATIA




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