Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

UMA REFLEXÃO PARA O SEU DIA

                          UMA REFLEXÃO

Quando subir as escadas da vida, desça quantas vezes se fizerem necessárias. Nunca se desespere e não se jogue em queda livre para não ceifar suas ambições e os sonhos mais lindos. E que ainda não sonhou...

                                    KATIA CHIAPPINI



UM PENSAMENTO: INSPIRAÇÃO DE 29 DE FEVEREIRO /2016

              UM PENSAMENTO:dia 29 /2 /2016
                    ( APROVEITE BEM O DIA ATÍPICO )

QUANDO FOR DANÇAR COM A VIDA, FAÇA-O NA PONTA DOS PÉS PARA ALÇAR VOO EM BUSCA DOS IDEAIS ATÉ A ÚLTIMA PONTA DO FIO DA MEADA.

                                    KATIA CHIAPPINI

domingo, 28 de fevereiro de 2016

UM MINICONTO: MEU MANO

                        MEU MANO
                        ( miniconto )
Meu mano e eu saímos para dar uma volta, para fazer um lanche.
Éramos adultos e seguíamos unidos como sempre fomos na infância e juventude. Um só tinha o outro para confidenciar as mágoas, para ensinar alguma lição de casa, para comentar algum assunto que estivesse nos perturbando.
Ele sempre foi calado, caseiro, mas ótima companhia.
Era o tipo do homem desligado para namoros, para festas badaladas.Tanto que se casou com a primeira namorada.
Era reservado em assuntos sentimentais e eu nem me envolvia nessa área, a menos que me fizesse alguma pergunta.
Caminhávamos ,então, em direção ao local onde lancharíamos quando um homem passou bem perto dele, o que estranhei.
Olhei para sua expressão entre espantada e contrariada e perguntei:
-  Algum problema, mano?
E ele, furioso, apressando o passo, mas controlando-se, me fez outra pergunta:
-  Sabe, mana, o que esse cara me falou?
Respondi:
-  Se me disser, eu vou saber.
Meu irmão, então, confidenciou que o homem falou, dentro do ouvido dele, num sussurro de arrepiar qualquer cristão:
- Vamos ao cinema, meu bem?

KATIA CHIAPPINI

ÓCIO PRODUTIVO

                    ÓCIO PRODUTIVO

Estou na praia de Torres, sozinha no apartamento por uma semana, o que costumo fazer a cada ano.
Antes disso fico em família e reúno 10 a 12 pessoas no nosso apartamento. São filhos e netos desfrutando das belezas dessa praia que é chamada de Princesinha do Mar.
Ao final de fevereiro, o início do ano letivo vai levando cada um aos seus afazeres na cidade.
Nessa época me permito aproveitar para escrever.
Mas a experiência mais fantástica é unir a escrita com a música.
É inebriante ficar, por três ou quatro horas consecutivas, ouvindo o som dos anos 60,70,80 em toda sua pujança.
Desfilam nesse encantamento, Sinatra, Elvis, Elton John, Lisa Minelli, Tony Bennett, Bob Marley, Simon e Garfunkel, Ray Charles, Celine Dion, Nina Simone, Barbra Streisand, Willie Nelson, Eric Clapton, Etta James. E muitas orquestras e seus maestros famosos que embalaram os salões de baile que frequentei em minha juventude.
Não tenho outra oportunidade de me deixar levar pela música, enquanto os versos brotam em inspirações mirabolantes, românticas ou em forma de crônicas do cotidiano.
Esse é um momento em que ficar só leva ao mundo interior.
A concentração só é interrompida pelo cantar dos pássaros, pela brisa do vento em minha janela, pelo gargalhar das crianças que passam em direção ao mar.
Consigo me desligar da rotina que sigo na cidade.
Aqui na praia faço as refeições quando os textos já se encaminharam para serem distribuídos pelas editoras que os solicitam. Não tenho horário para dormir, ou passar uma vassoura na casa.
E esse ócio produtivo é distribuído de forma tranquila e preenche a semana, deixando uma sensação de paz e repondo as energias que se perdem ao longo dos outros meses do ano.
Ao entardecer coloco a cadeira na beira do mar e vejo a passagem entre o entardecer e o anoitecer. E posso me dar ao luxo de solicitar uma caipirinha caprichada, à disposição na barraca à beira mar.
Posso me banhar com o clarão do Sol, depois com o luar e o ar marinho.Posso afundar os pés descalços na areia.
Tenho mais tempo para caminhar no calçadão, apreciar o farol, a praia da guarita, as águas do rio Mampituba e o movimento dos pescadores.
Posso ver  a sessão de cinema que se chama ''corujão'', após o jantar, pois não preciso cuidar o horário de levantar.
Posso ler os livros que comprei na cidade e que deixo para devorar aqui na praia, deitada na rede da ampla sacada.
Quando ouvimos música por alguns minutos já sentimos a diferença de humor que emana de nosso ser .Quando podemos criar essa oportunidade de ouvir um repertório que selecionamos previamente, sem tempo, esse prazer se multiplica e nos inebria mais intensamente.
E os poemas surgem prontos do pensamento que já os contém, antes mesmo de começarem a ser escritos ou digitado no blog pessoal e autoral.
A música tem o poder de percorrer nosso corpo e transbordar na alma. Ela cria uma atmosfera de sonhos ,quase milagrosa.
E não podemos nos concentrar demais nas baladas românticas, quando as ouvirmos, porque a emoção poderá tomar conta de nós e uma lágrima teimosa poderá nos surpreender.
Então esse ócio produtivo se torna um momento importante para mim, a cada ano. É um jeito de reunir forças, tranquilizar a alma, espantar os males de amor e renascer de si mesma.
Recebo telefonema dos meus familiares porque se preocupam com essa dama, já madura, porque mãe e avó. E me dizem que não deixe o fogão aceso, nem tapetes pequenos pela casa para não cair. Lembram que preciso me cuidar e atravessar na sinaleira, não ir à praia com o tempo carregado, como se eu não tivesse lhes dado esses conselhos durante toda a vida.
Mas entendo que isso é sinal de preocupação e carinho.
Escolho um restaurante para fazer as refeições e me delicio com os frutos do mar. Principalmente com o linguado à milanesa, com molho de camarão e pirão. Acompanha molho tártaro, maionese e uma porção de arroz.
Agora ,ao som de ABBA, vou me preparar para o almoço, porque só de lembrar os pratos de peixe e condimentos, fiquei com a salivação à todo vapor.
E ,ao entardecer, selecionei e já está no ponto, o repertório de Roberto Carlos, Julio Iglesias e Luis Miguel. Esse é o meu instante de devaneios românticos, de secretos e mágicos pensamentos de transgressões pessoais.
Essas, vão permanecer  guardadas no baú de minha herança sentimental. 

KATIA CHIAPPINI

sábado, 27 de fevereiro de 2016

NADA MAIS SERÁ IGUAL...

                  NADA MAIS SERÁ IGUAL...

Se pretender amar outro alguém
Vou estar em você onde for
Do primeiro contato, aquém
Desde aquela carícia de amor

Quando você for se declarar
Nunca o faça de nosso jeito
O nome da moça irá trocar
E irá deixar o coração desfeito

Depois de mim será festim
Não haverá um beijo igual
Só a Colombina e o Arlequim
Numa ilusão de Carnaval

Quando especial se faz marco
Esse amor que se sabe finito
Outros laços são indícios parcos
Não apagam da paixão o grito

KATIA CHIAPPINI

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

GUARDEI MINHA VIDA

         
                      GUARDEI MINHA VIDA

Guardei a vida
Para viver depois
Mas não dei partida
Para nós os dois

Fiquei à espera
Esperei em vão
Se não se esmera
Se perde a ocasião

Veio a maturidade
Foi um empecilho
Disfarcei ansiedade
Com gole de vinho

Amor foi uma prece
Tranquei-o no baú
Antes que quisesse
Tocar o teu corpo nu

Perdi aquela chave
O amor se sufocou
Bola na trave
O corpo murchou

KATIA CHIAPPINI

HOJE É SEXTA FEIRA

                       HOJE É SEXTA FEIRA

Hoje é sexta feira
Pela vez primeira
Estou de bobeira
Na praia faceira
Vou fazer a feira
Pintar a cadeira

Andar na esteira
Plantar a roseira
Acender a lareira
Pagar a lavadeira
E a arrumadeira
Pois é sexta feira

Hoje mais festeira
Levarei a carteira
Serei cervejeira
Latas na lixeira
Depois bagunceira
Vou falar bobeira

Vou ser arteira
Sem eira nem beira
Vou ser arqueira
De flecha certeira
E na cachoeira
Amar quem queira

KATIA CHIAPPINI



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O MAR...

                                 O MAR

O mar é meu...

Amigo
Prazer
Abrigo
Bem-querer

O mar me lembra...

Empolgação
Mal de amor
Doce ilusão
Ardor

O mar me prometeu...

Me anunciou
O amor cigano
Que não chegou
Nem por engano

O mar me consolou...

Me embalou
Nas ondas d'água
Me acalmou
Joguei-lhe as mágoas

KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

PACIÊNCIA NA HORA DIFÍCIL!

               PACIÊNCIA NA HORA DIFÍCIL

Estamos vivendo um momento de dificuldades tamanhas para todo o povo dessa pátria, antes tão amada e agora tão aviltada.
Problemas se acumulam sem solução. O custo de vida tira a tranquilidade do povo. Os ânimos se aceleram e se acumulam de modo a fabricar tragédias.
Se você tem por hábito ler o jornal, faça-o após o café da manhã para que não se arrisque a ter um mal estar, pela prática de tantos desmandos e injustiças que se espalham e se espelham em frente aos nossos olhos arregalados e incrédulos. 
Por todos os lados nos deparamos com a violência, descaso com a saúde, pouco comprometimento com as moradias populares, acesso limitado aos bancos escolares.
Os professores lidam com o desconforto, baixos salários,descrença, desatenção, desestímulo. Estão lhes negando os cursos de atualização e um ambiente adequado para desenvolverem suas funções. Perderam a autonomia em sua própria sala de aula e pisam sobre ovos para prosseguirem nas funções, sem maiores atritos.
Os executivos desprovidos de humanidade e só visando suas metas, exploram o trabalhador que precisa dançar conforme a música porque é responsável pelo sustento de sua família.
Os políticos da alta cúpula de Brasília empurram a votação do que não lhes convém porque estão no mesmo barco da corrupção aviltante que assola o país. Mas triplicam o próprio salário, sem falar das aposentadorias vitalícias obtidas com poucos anos de trabalho e quase nenhum  comprometimento com as causas sociais. Que se danem os eleitores!
Mulheres recebem salário menor do que os homens pela mesmo trabalho que desempenham.
Discriminações de gênero, de crenças religiosas, de ideologias, de raças, ainda são pertinentes: escurecem e envergonham o panorama nacional.
A despreocupação com o sistema penitenciário e o descumprimento das leis, joga de volta na sociedade todas as taras que se possa imaginar, em forma de monstros vestidos de gente.
Terremotos, tornados, avalanches, desmoronamentos, representam o grito da natureza em consequência da agressão que vem sofrendo pela ação do homem. O eco sistema se desorganiza e o equilíbrio natural se desfaz. O devastamento e a caça predatória que o digam às autoridades constituídas que fingem de nada saber para não se obrigar a tomar as devidas providências. Essas que a pátria está a implorar sem que seja ouvida.
Nossos minérios são explorados pelo trabalho escravo que obriga o homem a dormir em ambientes precários sem higiene e sem alimentação saudável. Totalmente sujeito às injustiças e ao descumprimento das leis trabalhistas. Totalmente marginalizados.
A preocupação em acumular bens materiais joga os homens ,uns contra os outros, desfaz lares e ocasiona ódios, vinganças, mortes.
Precisamos pensar em cumprir nosso dever de modo digno e não nos deixar levar por atalhos escusos. O caminho longo e que demanda esforço e suor é o único que vai nos gratificar e garantir a correção de nossos atos.
A paciência vem da oração, da crença em Deus e em nós mesmos.
Ser paciente é caminhar com vagar mas com segurança. É atender o próximo para que se preocupe com você em sua velhice. E não precisa cobrar atenção: o que você der vai receber na hora certa.
A paciência nos torna mais tolerantes com pais, filhos,amigos e subalternos. E nos faz ver que vencer é lutar por conta própria sem explorar ninguém. Ser paciente é perseverar no caminho do bem e não se negar ao próximo quando esse necessita de nós.
Quando não estivermos mais nesse plano vamos ser lembrados pelos exemplos deixados em nosso currículo emocional e afetivo.
Apesar de todos os problemas não vamos justificar nossos atos baseados nos atos dos outros.
Se alguém não for fiel a você e aos seus propósitos, deixe que siga seu caminho. Não siga quem vai levar você para a lama. Não se apegue às injustiças para que não se apague sua chama.
O mundo dá voltas e voltas. Estejamos preparados para o acerto de contas, a qualquer momento. Não sejamos fugitivos, desorientados, amargurados, de mal com nossa própria consciência e sem aceitação de nosso semelhante.
Não podemos virar as costas para nossos idosos, para os que perderam o emprego e precisam de nossa solidariedade.
Paciência é, antes de tudo um exercício de solidariedade.
Precisamos de um grupo de pessoas para viver nosso dia a dia. Não é justo se afastar nas horas difíceis onde só quem tem fibra vai demonstrar seu valor e superioridade de sentimentos.
E convém lembrar que aqui se faz e aqui se paga. Ou que a justiça tarda mas não falha .Alguns políticos corruptos vinham exercendo atos escusos desde muito tempo e só agora estão sendo descobertos.
E, sem falar que o dinheiro havido de forma irregular está retornando aos cofres públicos, os bens bloqueados sem limite de tempo, outros bens leiloados. E isso nos dá a exata medida do retorno que as circunstâncias nos preparam. Quem a ninguém prejudica não precisa temer. Quem enriquece, ilicitamente, um dia se vê com os bens confiscados e diminuídos.
Então, o caminho é de sua escolha. A fé deve caminhar ao seu lado. A paciência deve ser sua parceira e permanecer em seu modo de proceder para lhe dar um futuro tranquilo e digno.
Deus filho, o homem mais paciente que conhecemos, ainda está pregado naquela mesma cruz porque seus pupilos não o reconheceram. Ainda sofre com a humanidade.
Mas enquanto depositarmos nossas preces no altar divino, Cristo dividirá conosco a paciência que teve até morrer na cruz: calado e sem lamentações.
Mas a nós cabe falar, lamentar, clamar por justiça e respeito. 
Estamos vivos e temos uma missão social da qual não podemos abrir mão.
A paciência é uma aliada que vai nos levar a vencer pelo diálogo bem fundamentado e não pela violência  que leva à morte tantos inocentes!
Paciência, fé e esperança em dias melhores. Porque é inevitável a chegada de uma nova era onde só os homens de boa vontade serão os escolhidos para nos representar nessa pátria que teimamos em amar.
Tenha paciência com você mesmo e aceite suas limitações para entender o seu semelhante e não seguir sendo esse julgador implacável no qual se tornou.

                                      KATIA CHIAPPINI

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MEDITAÇÃO À BEIRA MAR

                 MEDITAÇÃO À BEIRA MAR

Existe uma hora mágica quando o Sol está prestes a se pôr para a noite surgir com a Lua, dama da noite.
Coloco minha cadeira perto do mar e fico observando essa transformação da natureza.
É um espetáculo de luzes, reflexos e cores digno de ser assistido.
Percebo a transparência das águas, o cardume de pequenos peixes. Ouço o murmúrio das ondas e vejo um princípio de maré alta. A brisa se torna quase fria demais.
Para meditar fecho os olhos e gravo na memória o céu que acabei de ver, as nuvens mais claras e mais escuras fazendo desenhos no horizonte. Sinto o calor na pele, molho os pés no mar e tento não pensar .A brisa joga areia em meu rosto para se fazer notar. Penso no mar beijando a areia.
Nessa hora, o silêncio me deixa ouvir os murmúrios da vegetação, o barulho da lancha de pesca que corta o mar, o ronco do motor do avião que corta o ar. Sinto a terra sob meus pés e imagino que estou fazendo uma pausa para repor as energias, das quais vou precisar para seguir meu caminho. E esse caminho deve ser íntegro para que meus filhos herdem de mim o melhor que eu possa lhes dar.
Ora tento esvaziar a mente, ora pensar na paisagem que desfruto à beira mar. 
Ao abrir os olhos já é noite e a transformação já se deu.
A brisa do mar começa a gelar o rosto definindo a hora de sair.
Então, estendo uma toalha grande na areia e me deito para me despedir da paisagem que me conforta e encanta.
Faço uma oração, repito um mantra e agradeço a presença de Deus em meus dias e noites.
Levanto, fecho a cadeira, caminho em direção à casa e me despeço da beira da praia. Visto-me de tranquilidade, de serenidade, tomo banho de Sol e depois de Luar.
A meditação me faz levitar, sonhar os sonhos mais lindos, sentir a liberdade que as ondas do mar parecem ter. E a imensidão do horizonte se torna menor do que meu mundo imaginário ,secreto e pessoal. O pensamento, na meditação, toma proporções gigantescas e propicia um momento de inspiração. Posso cantar em silêncio, declamar para mim mesma, fazer pedidos para a fada do dente, para o gênio da lâmpada, para os anõezinhos de Branca de Neve.
O mar é todo meu, nessa hora, assim como o entardecer, o crepúsculo e a noite.
Meditar é voltar ao interior, respirar com profundidade, trocar o ar dos pulmões, suspirar, sentir cada parte do corpo relaxando. 
Posso me despedir do mar dizendo:
-Obrigada por tanta beleza e pela paz que me transmite!
A cada verão que me banho no mar, tenho a certeza de que dele tiro a força que jamais sonhei.
A força que me leva a transpor obstáculos que se interpõem em meu caminho. Obstáculos que me servem de estímulo para não desistir da vida e que testam minha resistência.
Quero estar à beira mar sempre que Deus me permitir. E enquanto eu tiver saúde para desfrutar dessa beleza sem par, estarei de pés descalços, sentindo a areia molhada e percorrendo as dunas de areia.

                                  KATIA CHIAPPINI

NÃO ME PERMITO CHORAR

             NÃO ME PERMITO CHORAR

Não creio que possa chorar
Criei sólidos pilares
Nada tenho a lamentar
Nem a gritar aos sete mares

Nem seria justo chorar
Já o fiz na despedida
Minha missão é comunicar
Agradecer pelo dom da vida

Não me permito mais chorar
Ao meu redor sempre os terei
Criei laços ao caminhar
Terei todos a quem amei

Quero ser uma aprendiz
Pra declamar um poema
Dizer que ainda sou feliz
Mesmo se de alma enferma

KATIA CHIAPPINI

domingo, 21 de fevereiro de 2016

BOM DIA!
















                                                         BOM DIA!
          Bom dia, tudo vai dar certo para você.

Nesse domingo ensolarado quero desejar um dia de domingo muito especial para vocês.
Independente das intempéries diga que você ama a natureza pródiga, seus animaizinhos de estimação, sua família, seus amigos, seu ex-amores e seus amores.
A vida nos espera em todas as dimensões e precisamos agradecer pelo Sol de cada dia.
E se estiver na praia olhe para o mar, escute seu murmúrio e perceba que essas verdes águas são parte de sua verde esperança.
Bom dia para os que amam, para os que sofrem calados, para os que choram mas desafiam a si mesmo, e seguem sua jornada, vislumbrando novos horizontes.
Não é porque estamos tristes que vamos desejar a tristeza como pauta de nossa existência. Mesmo porque na pauta musical se colocam as notas de uma linda melodia e se corrigem algumas notações melancólicas que possam obstruir o caminho da harmonia.
A mesma que queremos criar vencendo os desafios que a vida se nos oferece para testar nossa fibra e determinação.
Bom dia para quem eu quero bem mesmo que não mais me queira. Além do horizonte as estrelas brilham em nossa direção e na alma tatuam-se os amores que não esquecemos porque são parte de nós.Mas nada é suficiente para sombrear ou assombrar nossa jornada. Ela é nossa missão, é de nossa responsabilidade e existe para ser cumprida.
Como gênero humano somos o apoio, uns dos outros.
Algumas pessoas dependem de nossos cuidados, de nossa atenção e de nosso olhar atento e carinhoso.
Bom dia com chuva ou Sol, alegria ou tristeza.
O ciclo da vida trata de equilibrar os dias de contentamento com os dias de mágoas.
Bom dia para a mulher madura que perdura para compartilhar sua experiência e sensatez.
Bom dia para os bons de coração porque Deus os acolherá em seu reino.
Bom dia aos poetas e músicos dos bares onde, com sua magia, conseguem dissipar as mágoas do dia transcorrido.
Não somos totalmente felizes, nem totalmente infelizes. Então, precisamos aprender a viver o interlúdio fecundo que se nos impõe. Se formos sábios suficientes para descobrir nosso momento e criar asas para nos transportar aos sonhos mais lindos, não vamos deixar passar essa chance. E para transformar os sonhos em fatos reais, precisamos usar de sabedoria e confessar nossos desejos mais íntimos.
Bom dia para os assalariados e desbravadores de seus caminhos ainda tortuosos.
Bom dia aos cidadãos brasileiros que não desistem de lutar por mudanças, já que o ciclo da vida se transforma e o mundo gira sem parar no tempo.
Bom dia povo brasileiro, cuja coragem instiga e convida a se reunir por reivindicações justas e necessárias.
Bom dia Deus salvador!
Bom dia coração sofrido!
E um melhor dia quando a felicidade voltar às almas ora dilaceradas e destroçadas pelos desenganos e em busca pela mudança de planos. 
E parabéns para os que já descobriram como criar novos laços e aprenderam a assimilar as dores, transformando-as em louvores e preces.
Acendam-se as velas nos altares das igrejas e nas profundezas das almas caridosas. Daquelas que ainda sabem pedir perdão e que não se envergonham ao fazê-lo.
Bom dia meu Brasil, meus amigos, minhas amigas, meus leitores, meus filhos, meus netos.
Bom dia para algum amor que ainda ocupe meus pensamentos, embora possa ir desaparecendo sem deixar rastros ou lembranças.
Bom dia, dia!

KATIA CHIAPPINI

PONTO FINAL

                            PONTO FINAL

PONTO FINAL...

     A verdade, enfim, nos convém
     Demorou a ser mas foi dita
     Ninguém é, não será de ninguém
     Nem estou tão bem na fita

    A verdade não surpreendeu
    Haviam atitudes estranhas
    A fuga, aos poucos, se deu
    Sem explicações tamanhas

    Então tudo se transformou
    Tomou a forma: é atual
    Pouco ou nada nos restou
    Depois do ponto final

    Nem o ponto de interrogação
    Encontrou sua resposta
    Sobrou o de exclamação
    De quem se viu pelas costas

    Deu-se o desenlace formal
    Nada foi ou será explicado
    Mal visto foi o ponto final:
    - Perdeu-se o amigo e namorado

    O barco não mais vai ancorar
    O mar já está virando lama
    Cansou de tanto esperar
    Pelo velejador e sua dama                                                                                                                                                                                                              



                                    KATIA CHIAPPINI


sábado, 20 de fevereiro de 2016

FIM DE VERANEIO

                        FIM DE VERANEIO

Mais um verão está terminando. É tempo de voltar à realidade.
As luzes das praças se apagam. As crianças escolhem o material escolar com a expectativa de cursar uma nova série. Os amigos esperam ansiosos pelo reencontro na escola.
É preciso limpar a geladeira, guardar as roupas de cama e mesa, organizar o que fica na casa de praia.
Mas a praia esteve cheia de programação com os amigos. O clima esteve agradável e o convívio com os familiares reconfortante.
As noites convidativas serviram de apelo para caminhar nas calçadas à beira-mar, tomar uma cerveja, ouvir música, jantar num bom restaurante, dançar no clube local.
Mas o mar vai ficar triste depois que todos partirem. O Sol e a Lua vão ficar esperando por um novo verão. Os pássaros em revoada vão sentir a falta de farelos que ficavam pelo chão dos restaurantes e que lhes serviam de alimento. As janelas e portas vão permanecer fechadas e as sacadas não serão palco dos encontros para sorver um bom chimarrão.
Tudo se aquietará e voltará à calma.
Os argentinos já deixaram as praias na metade de fevereiro porque o calendário escolar assim exigiu.
As moças e rapazes se completaram em noites de sonhos. Os amores se tornaram cálidos e envolventes. A natureza colaborou para ofertar um clima de romance sob as árvores frondosas.
O verão é hospitaleiro e convida ao lazer. A alegria paira no ar e contagia crianças, jovens, adultos e até a maturidade. 
Parece que ninguém quer brigar nem se indispor com ninguém.
Percebe-se um nível de tolerância entre as pessoas, uma relação harmoniosa e um sorriso largo sendo distribuído ao léu.
Mas para quem perdeu um amor o verão sugere novos planos, menos desenganos. E possibilita um novo olhar ,uma nova esperança. E a cada verão lá está o Sol convidando a brilhar como ele. Lá está o mar espiando e murmurando:
-Venha brincar em minhas ondas.
A cada verão buscamos conviver com a simplicidade das roupas mais leves, com nossos próprios sentimentos e com a meditação nas manhãs, onde a brisa se faz reconfortante.
E um momento de prazer pode valer à pena. Se estiver escrito nas estrelas, virá ao nosso encontro. E essa possibilidade já nos fará mais felizes. E se um momento mágico nos escolher e um novo amor surgir, vamos deixar que venham ao nosso ninho.
Mais um verão se foi, mais um tempo findou.
Só a esperança não foi embora. E nem a fé irá nos abandonar.
Numa esquina qualquer da vida um novo fato pode balançar nossas estruturas. E a promessa de um verão a dois pode nos pegar de surpresa.
E se isso ocorrer na maturidade estaremos tendo uma especial e incomparável bênção de Deus, antes do último suspiro. 

                                       KATIA CHIAPPINI

SONHO OU REALIDADE!

                   SONHO OU REALIDADE!

Quisera ter sonho de paz
Pois a realidade suga
No primeiro sou capataz
Na segunda sou fuga

O sonho revela um sorriso
A realidade traz o choro
Mas acordar é preciso
Antes ou no dia vindouro

Insisto em sonhar de novo
Buscando atenuar deslizes
Sou parte de um sofrido povo
Que perdeu da pátria as raízes

Um pouco de sonho é preciso
Verso e melodia me chamam
Mas estou atenta ao aviso
Quando meu trabalho reclamam

Me calo, penso e me ponho
A refletir sobre  vida
Entre o real e o sonho
A razão vence a corrida

                                   KATIA CHIAPPINI

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

FELICIDADE!

                             FELICIDADE

Felicidade é brincar com a criança que olhou para você e disse:
-Quer brincar comigo?
Felicidade é ver a mãozinha de seu filho acenando e mandando beijos quando você vai para o trabalho.
Felicidade é a simplicidade que lhe faz carregar os pacotes do supermercado para ajudar a vovó que se queixou do peso dos volumes.
Felicidade é algo que você encontra quando se doa ao seu semelhante. É quando percebe que dessa doação depende a recuperação física e moral do cidadão aflito.
Felicidade é encontrar dentro de você a melhor pessoa que pode ser.
Felicidade é contar histórias aos filhos e netos e perceber a  magia que você transmite. E a boa energia que circula ao seu redor.
Felicidade é agradecer a Deus pela família, amigos e trabalho.
Não será feliz quem responsabilizar outra pessoa por suas aflições e tristezas. Cada um de nós deve buscar a própria felicidade dentro de si. A cada um cabe zelar por suas alegrias.
A felicidade se torna infeliz se não a cultivarmos com ações cristãs, com um viver solidário, com dedicação ao nosso irmão necessitado.
Os gestos mais simples podem despertar os momentos mais felizes.
As pequenas delicadezas podem ser fonte da almejada felicidade.
A busca da afinidade, da empatia, da cumplicidade, podem trazer vibrações felizes.
Felicidade é amar aos pais e aos filhos com nobreza de sentimentos e dedicação constante.
Felicidade é aceitar tudo o que conseguiu com o próprio esforço,dia após dia, sem desistir nunca de retomar a jornada.
Felicidade é estar em paz consigo mesmo.
Felicidade é criar laços afetivos de modo a perdoar os deslizes do próximo para que um dia possa ser perdoado.
Felicidade é a soma das boas ações que praticamos nessa vida.
Felicidade é riqueza interior. É perceber que se pode ajudar os outros praticando o bem.
Felicidade é aquele momento de intimidade que fica tatuado na alma e que você vai lembrar por toda a sua vida, até o último suspiro.
Felicidade é arriscar-se por amor, é enfrentar desafios para vivê-lo com plenitude. 
Felicidade é saber reconhecer aquela pessoa que ama você e a quem deve amar. Não jogue fora o seu amor com quem não o merece.  Não perca tempo com um amor não correspondido. E nem com quem não sabe respeitar a veracidade de seus sentimentos.
Felicidade é poder se sentir livre para agir de acordo com seu bom senso e vontade plena.
Quem ama não precisa se valer da posse. Essa anula o verdadeiro amor. Quem ama deixa espaço para o amado ser inteiro e não dependente. Aliás, só podemos amar quem nos permite seguir nosso caminho sem dominação e prepotência. Na diversidade de opiniões pode haver um amor que liberta e não aprisiona.
Felicidade é viver com humildade em qualquer circunstância.
Só os puros de coração herdarão o reino de Deus.
Feliz é a pérola que rasga a ostra e aparece resplandecente em sua alvura.
Felicidade é tranquilidade de espírito e paz na alma.
Felicidade é quando alguém percebe que estamos caminhando em sua direção. É quando atende aos nossos desejos secretos e os satisfaz na intimidade.
Felicidade é quando o amado se faz Sol e pede a Lua em namoro.

                                   KATIA CHIAPPINI

DIVAGAÇÕES SOBRE O SER...

               DIVAGAÇÕES SOBRE O SER...

Quem procura
Espera obter
Vida não obscura
Trabalho e lazer

Quem bom parece
Ora é ora não é
E se a traição tece
Rima contra a maré

Quem não crê na gente
É ser que não se doa
Qual venenosa serpente
Sibila e atordoa

Quem sai de casa
Vence e produz
Crescem-lhe as asas
E sua alma reluz

Cada um tem uma cruz
É missão dada por Deus
Só quem a cumpre faz jus
Ao amor dos filhos seus

KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O SORRISO NÃO É PARA MIM!

             O SORRISO NÃO É PARA MIM!

Nem sei quando apareceu
O sorriso que eu pedira
Muitas vezes prometeu
E o retrato eu não vira

Lá estava no porta-retrato
Eu nem tinha visto ainda
Tudo se desfizera de fato
Restara a saudade infinda

Mas agora estou bem certa
Não quero guardar o sorriso
A porta já não está aberta
Para recaídas ou improvisos

Devolvo o sorriso que vejo
Estampado no porta-retrato
Não mais abraços e beijos
Nem falso amor e insensato

                                  KATIA CHIAPPINI

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

TERRA DE BELEZA SEM PAR!

                             TORRES

Em 1820 Torres era uma pequena colônia de pescadores mas já despontava como um lindo balneário marítimo com sua paisagem exuberante. Era sede de um destacamento militar comandada por um Alferes, numa casa que fica próxima à Igreja Matriz.
Foram os componentes desse destacamento e mais uma tribo de índios os responsáveis pela construção de um Forte, agora inexistente, a Igreja São Domingos e uma casa onde se alojaram, e as primeiras construções de alvenaria.
No ano de 1822 essa casa recebeu como hóspede ilustre a figura de D.Pedro I e, muitos anos depois, D.Pedro II. Abrigou ainda o General Bento Gonçalves, em junho de 1820.
Augusto Provensal de Saint Hilaire, um naturalista francês, também ocupou essa casa que mais tarde foi transformada em museu.
Saint Hilaire fez pesquisas por todo o Brasil e Uruguai, catalogando a fauna e a flora e colhendo dados para uma obra que viria a publicar.
Torres é considerada a Princesinha do Mar por ser a mais bela praia do litoral riograndense. Sua beleza natural é seu cartão postal. O Morro do Farol, a praia da Guarita, o Rio Mampituba, a Lagoa do Violão, a Igreja Matriz, a ponte em direção à terras catarinenses, são alguns dos destaques da praia.
O povo é simples e hospitaleiro e ainda confia no ser humano.
Podemos dizer que percebemos um coração magnânimo, recheado de nobres sentimentos, de alma pura. Torres sabe conquistar  a simpatia dos turistas. a cada ano.
O povo argentino já se apaixonou por Torres assim como turistas de todo o território nacional que escolheram essa praia para descansar.
A rede hoteleira não deixa a desejar e a Prefeitura tem se preocupado em manter a cidade limpa.
Torres não é mais um simples balneário e sim uma cidade com vida própria.
Os pulmões se revigoram com a pureza do ar, com a brisa do mar, com a tranquilidade de um passeio no calçadão que congrega os desportistas. E a maturidade se exercita, em logas caminhadas.
Torres é serra, é praia, é rocha, é areia, é verde esperança, é promessa de amores, é céu estrelado, é onda na imensidão do mar, é canto de louvor a Deus. 
Suas construções são sólidas e se erguem altaneiras .E o fluxo da cidade se mantém constante e em movimento..
Por ocasião da entrada do ano, os fogos de artifícios levam multidões às praias para que se encantem com o colorido do céu e o jorrar de estrelas artificiais que brilham em lindos desenhos pirotécnicos.
Os pintores de telas não se cansam de retratar a paisagem onde brotam flores e pássaros, auroras e crepúsculos, um céu bordado de estrelas e o mar esplendoroso que dá o toque mágico ao querido recanto de Torres.
Os ouvidos descansam no silêncio de cada amanhecer, os veranistas buscam a paz e um ameno convívio junto ao aconchego da família
Torres é uma terra de sonhos, um mundo de poesia latente em cada um de nós, os veranistas, uma volta à infância com a presença dos filhos e netos .E as brincadeiras de pular corda, brincar de roda, jogar dama e xadrez, ensaiar um carteado, fazem a alegria da criançada que pede passagem. 
E o mar brinca com as crianças. Mostra os seus pequenos peixes, conchas, mariscos, o verde das águas límpidas, o balanço das ondas e a branca areia que não deixa o mar invadir toda a terra.
O mar aconchega as crianças. E essas pulam de alegria entre as ondas murmurantes que parecem falar com elas.
E eu, veranista de Torres desde meus 7 anos de idade e agora já mãe e avó, estou no Morro do Farol ouvindo o marulhar das ondas, o farfalhar do vento e minhas próprias histórias de amor que ouço brotar do pensamento e dessa paisagem sem igual com a qual Deus me presenteou, durante toda minha vida. 
E, em meus últimos dias quero estar em Torres, sentada junto ao mar para apreciar meu último pôr do Sol.

                                       KATIA CHIAPPINI

domingo, 14 de fevereiro de 2016

CANÇÃO DA PARTIDA

                     CANÇÃO DA PARTIDA

Porque dizer adeus
Se adeus pode não ser
Porque não pedir a Deus
Se houve tanto querer!

Até breve, até logo
Sei que o mundo gira
Minha saudade não afogo
Embora a dor me fira

Houve pele entrelaçada
Intenção, vibração e calor
Adeus é palavra exagerada
Pois pouco se sabe do amor

Na alma ecoa um sino
Anunciando teu novo andar
Foi o que quis o destino
Mas quem vai pode voltar

Mas se isso acontecer
É preciso vir com tudo
Entregar-se é viver
Negar-se é ficar mudo 

KATIA CHIAPPINI

sábado, 13 de fevereiro de 2016

BREVE HISTÓRIA!

                       BREVE HISTÓRIA!
                       ( do mundo oriental )
Um homem viu uma jovem mulher na beira de um rio e percebeu sua preocupação. Como pretendia chegar ao outro lado do rio, postou-se perto da jovem que também faria a travessia.
Quando a balsa chegou o homem percebeu que a jovem estava com medo de subir na embarcação.
Então ele pediu licença e a carregou no colo e a colocou no centro da balsa, em local seguro.
Outro homem que tudo observava, do outro lado do rio ,assim falou:
- Você carregou essa jovem para apreciar sua beleza e abraçá-la, disfarçadamente?
O homem respondeu sem se alterar:
- Não, apenas percebi que a jovem estava com medo de entrar na embarcação.
E continuando a argumentar disse:
- Eu só levei a moça no colo para deixá-la em segurança. Mas você está olhando para essa jovem como se a quisesse possuir. E seu desejo imoral faz com que a carregue em pensamentos demoníacos por muito mais tempo.
Antes que esse homem pudesse encontrar as palavras para responder o nosso personagem continuou:
-E seus pensamentos demoníacos serão a sua ruína.
O homem ficou envergonhado,abaixou a cabeça e se retirou do local.
Como as fábulas de Esopo, essa história nos passa uma mensagem. Dela podemos tirar o seguinte ensinamento:
- Não julgue as pessoas por você mesmo e não atribua a elas as mesmas falhas de caráter que, eventualmente, você possa ter.
Cuide apenas de você e do que lhe é pertinente.

KATIA CHIAPPINI

AINDA E SEMPRE O AMOR!

                AINDA E SEMPRE O AMOR!

Parece que ficou muito difícil ter um amor e poder dizer que se tem.
Ficamos com receio de expor o nosso amor, de admitir que ele existe e que nos faz bem ao corpo e à alma.
Penso que essa atitude é uma defesa que colocamos em prática como se fosse proibido amar. Como se fosse pecado ser feliz e manifestar essa onda de romantismo, de encontro de sentimentos, de cumplicidade harmoniosa.
É como negar a si mesmo a felicidade. É como se o certo fosse viver na agonia, na solidão, no egocentrismo.
O amor passou a ser alvo de uma nefasta permissividade. A virilidade se fez sinônimo de promiscuidade. Em nome da dita saciedade fisiológica, passou a imperar o domínio dos instintos. A selvageria da incontida liberação dos hormônios é justificada e incentivada pela noção histórica de masculinidade. Não há juízo de valores e nem demonstração de carinho.
Então preferimos nos isolar numa sala e contar as mazelas ao computador. E algumas amizades virtuais parecem preencher nosso mundo. Mas esses não são os verdadeiros amigos que cresceram conosco. Não são aqueles do nosso time de vôlei, de nossas brincadeiras de esconde-esconde, de pular corda,de brincar de roda, de subir em árvores, de correr na chuva.
E confundimos o viver com um estado de vivência ilusória que criamos como substitutivo de uma vida real. E o computador passa a ser o nosso mentor e o único meio que encontramos para suportar a nós mesmos.
O simples fato de pensar em falar de um estado de amor, que possamos estar vivendo, nos deixa em pânico. Tememos a discordância, a inveja e outros sentimentos daninhos que percebemos latentes nas pessoas desses atribulados dias, em que a tranquilidade parece fugir de nossos lares.
E o modo de falar, de agir, já não é mais o mesmo de outros tempos.
Hoje o namoro é pegação, intoxicação de permissividade. Não há comprometimento, nem um sentimento sincero que possa evoluir para uma vida a dois.
E se encontrarmos esse amor precisamos guardar conosco para que não sejamos banidos de nosso círculo de amizades.
Temos a exata impressão de que o amor se tornou saco de pancadas.
É impressionante o olhar de despeito que percebemos nas pessoas quando um casal passa de mãos dadas. O que antes era lindo de se ver, hoje tornou-se motivo de chacota, de piadas de baixo calão, de deboche generalizado.
E, na verdade, se esse casal enamorado, passar por nós, nos dará até uma tristeza de pensar que nem poderemos falar de sentimentos sem sermos alvo de um riso irônico.
O amor virou uma banalidade, uma aventura de um dia sem previsão de mais nada, um momento etéreo, uma simples alternativa de prazer, sem o mínimo de valorização afetiva. E quanto menos envolvimento melhor será. Não se quer cobranças, nem promessas, nem ouvir falar da esperança de um futuro em comum. Uma comunicação direta com intuito de expor planos para o futuro vai parecer loucura, doidice total.
E antes que nos internem num hospício, vamos negar aquele grandioso amor que tivemos. Vamos mergulhar junto com ele num recanto só nosso, nas profundezas da saudade e na intimidade de nossos dias secretos.
E vamos procurar uma terra nova, despoluída de inveja e maldade. E quando lá chegarmos vamos buscar outra vida, outro momento, outro fragmento de esperança e outro amor. Nas montanhas, no sertão, na serra, nos vales, no deserto? Pouco importa, basta correr em direção daquele que vai nos acenar de longe, abrir seus braços e nos acomodar em seu peito cálido. E seu corpo fará um apelo. Pedirá para vir em direção ao nosso para nele se acomodar em direção à eternidade.

                                 KATIA CHIAPPINI

DOIDA?

                             DOIDA?

Doida fagueira, festiva, fogueira
Insinuante, trepidante, faceira?
Ou doida mulher que se quer dengosa
Mulher tão atrevida quanto ardilosa?
Doida porém suave, de bela figura
Ou doida de fato e não mais pura?

Venha como vier e tenha doce perfume
Com riso solto e quadris ondulantes
Seja superior e domine o ciúmes
Disfarce o gênio e seja cativante
Seja travessa mais sempre uma rosa
De gestos delicados e harmoniosa

Entre o raiar do dia e da noite
Sejamos ora doidas e e ora afoitas
Na conguista de beijos e açoites
Mesmo escondidas entre as moitas
Essa doidice movimenta a vida
Mas nem sempre nos dará guarida

Seja como for temos que equilibrar
O doce molejo e a malemolência
Ora esperando na sala de estar
Ora no quarto em efervescência
E tudo o mais que vier a acontecer
Fará o brilho do olhar renascer

São os mistérios da vida que hão de vir
São os momentos de magia a surgir
Entre espinhos e flores estamos a sonhar
Mas mil carícias irão nos acordar
Somos, as mulheres, doidas de atar
Mas também somos doidas de amar

KATIA CHIAPPINI