Aquarela de poesias

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Poesias para você

sábado, 13 de fevereiro de 2016

AINDA E SEMPRE O AMOR!

                AINDA E SEMPRE O AMOR!

Parece que ficou muito difícil ter um amor e poder dizer que se tem.
Ficamos com receio de expor o nosso amor, de admitir que ele existe e que nos faz bem ao corpo e à alma.
Penso que essa atitude é uma defesa que colocamos em prática como se fosse proibido amar. Como se fosse pecado ser feliz e manifestar essa onda de romantismo, de encontro de sentimentos, de cumplicidade harmoniosa.
É como negar a si mesmo a felicidade. É como se o certo fosse viver na agonia, na solidão, no egocentrismo.
O amor passou a ser alvo de uma nefasta permissividade. A virilidade se fez sinônimo de promiscuidade. Em nome da dita saciedade fisiológica, passou a imperar o domínio dos instintos. A selvageria da incontida liberação dos hormônios é justificada e incentivada pela noção histórica de masculinidade. Não há juízo de valores e nem demonstração de carinho.
Então preferimos nos isolar numa sala e contar as mazelas ao computador. E algumas amizades virtuais parecem preencher nosso mundo. Mas esses não são os verdadeiros amigos que cresceram conosco. Não são aqueles do nosso time de vôlei, de nossas brincadeiras de esconde-esconde, de pular corda,de brincar de roda, de subir em árvores, de correr na chuva.
E confundimos o viver com um estado de vivência ilusória que criamos como substitutivo de uma vida real. E o computador passa a ser o nosso mentor e o único meio que encontramos para suportar a nós mesmos.
O simples fato de pensar em falar de um estado de amor, que possamos estar vivendo, nos deixa em pânico. Tememos a discordância, a inveja e outros sentimentos daninhos que percebemos latentes nas pessoas desses atribulados dias, em que a tranquilidade parece fugir de nossos lares.
E o modo de falar, de agir, já não é mais o mesmo de outros tempos.
Hoje o namoro é pegação, intoxicação de permissividade. Não há comprometimento, nem um sentimento sincero que possa evoluir para uma vida a dois.
E se encontrarmos esse amor precisamos guardar conosco para que não sejamos banidos de nosso círculo de amizades.
Temos a exata impressão de que o amor se tornou saco de pancadas.
É impressionante o olhar de despeito que percebemos nas pessoas quando um casal passa de mãos dadas. O que antes era lindo de se ver, hoje tornou-se motivo de chacota, de piadas de baixo calão, de deboche generalizado.
E, na verdade, se esse casal enamorado, passar por nós, nos dará até uma tristeza de pensar que nem poderemos falar de sentimentos sem sermos alvo de um riso irônico.
O amor virou uma banalidade, uma aventura de um dia sem previsão de mais nada, um momento etéreo, uma simples alternativa de prazer, sem o mínimo de valorização afetiva. E quanto menos envolvimento melhor será. Não se quer cobranças, nem promessas, nem ouvir falar da esperança de um futuro em comum. Uma comunicação direta com intuito de expor planos para o futuro vai parecer loucura, doidice total.
E antes que nos internem num hospício, vamos negar aquele grandioso amor que tivemos. Vamos mergulhar junto com ele num recanto só nosso, nas profundezas da saudade e na intimidade de nossos dias secretos.
E vamos procurar uma terra nova, despoluída de inveja e maldade. E quando lá chegarmos vamos buscar outra vida, outro momento, outro fragmento de esperança e outro amor. Nas montanhas, no sertão, na serra, nos vales, no deserto? Pouco importa, basta correr em direção daquele que vai nos acenar de longe, abrir seus braços e nos acomodar em seu peito cálido. E seu corpo fará um apelo. Pedirá para vir em direção ao nosso para nele se acomodar em direção à eternidade.

                                 KATIA CHIAPPINI

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