Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

ANO NOVO NA PRAIA DE TORRES-R.G.DO SUL-BRASIL

                   ANO NOVO EM TORRES

Estou no lugar de que mais gosto de estar: praia de Torres.
Desde criança veraneio nessa linda''princesa do mar''. Antes com meus pais e irmãos, agora com filhos e netos ao meu redor.
A magia se inicia ao entrar na cidade porque o ar muda e se renova imediatamente. E respiramos a natureza e a tranquilidade. A cidade se mantém limpa, convidativa e hospitaleira.
A paisagem é emoldurada por rochas, areia branca, dunas, canteiros floridos, praças, mar e rio, um lindo farol e um quantidade de navios pesqueiros que cortam o rio Mampituba com suas redes. E por homens judiados do sol e de pele marcada, mas que não trocam a beira da praia por nada desse mundo. As famílias dos pescadores se acomodam em cadeiras que trazem de casa e acompanham a pesca. E se propõem a auxiliar na limpeza e nas tarefas que se sucedem. Muitos moradores do local já compram o peixe e limpam em suas casas. Outra parte vai ser vendida nas peixarias ou supermercados.
Quem observa os homens trabalhando e permanece à beira do rio, logo se depara com o barco de turismo que convida a visitar a ilha dos lobos. Ou com o dindinho, um ônibus de passeio que leva os interessados a percorrer toda a praia.
As pessoas sentam nas sacadas, ao anoitecer, congregando parentes e amigos para uma conversa descontraída, regada com alguns goles de cerveja ou caipirinha.
Um grande número de turistas ocupa os hotéis da cidade e senta nos bancos da praça central para ouvir o som de flauta peruana, ou o do violino. Nessa mesma praça se apresentam artistas de toda ordem que estão de passagem e a rotatividade é impressionante. As atrações são muitas: palhaços, capoeiristas, cantores, bandas locais, tatuadores, caricaturistas, mágicos e homens que viram estátuas e encantam a criançada.
Percebe-se uma energia contagiante em todo o lugar. E muitos sorrisos e descontração entre as pessoas. Todos querem agradar, uns aos outros, conviver de modo a aproveitar o veraneio da melhor forma possível.
 A noite realmente é uma criança porque vemos o futebol de areia, os desportistas se exercitando, os namorados de mãos dadas. Escuta-se o som do violão nos bares à beira-mar, entre barracas de churros, cachorro quente e outras guloseimas.
 A iluminação do calçadão é excelente e até as crianças tiram os sapatos para brincarem na areia ou dançarem nos tablados de madeira onde se promovem brincadeiras ao som de música, na parte da tarde. 
Os hotéis possuem salas de recreação onde se vê grupos jogando sinuca, xadrez, ping-pong, futebol de mesa, carteado.
Há televisão, mesas e cadeiras para quem quiser ler e espaço para abrir o computador.
Mas o espetáculo grandioso vem da imponência do mar que domina e se destaca na paisagem. Pode-se ver garças, aos bandos, esguias e faceiras, caminhando na beirada.
Algumas pessoas se estendem ao sol, outras preferem o banho de mar, outras sentam-se sobre as rochas, famílias se abrigam em barracas. As crianças fazem castelos de areia e passam, de um lado para outro, buscando água do mar em seus baldes, para brincar com a areia molhada e fazer bolos, caminhos ou buracos bem fundos que cavam até achar água. 
Nas fisionomias se percebe a alegria e, em certo momento, todos viram crianças grandes e ficam correndo atrás dos filhos para brincar com eles. São demarcadas as canchas de tênis de praia, futebol ou basquete.
Eu volto ao mar na parte da tarde e fico sentada bem na beira para observar a beleza que envolve toda a paisagem, bebo um suco de abacaxi, entro mais um pouco e brinco nas ondas, dou uma caminhada e volto para casa. Espero aquela hora de encanto sem par, quando o sol se esconde e a escuridão da noite vai surgindo e mudando a cor do céu. E aquela brisa reconfortante me invade, me oxigena e fortifica.
E fico a olhar os barcos, os surfistas, os idosos que não largam as mãos, os balões cruzando o céu, os aviões voando baixo e o piloto abanando para a população.
E essa liberdade que toma conta de mim e esse mar que me olha com olhos de verde espanto, nunca poderei descrever. Mas posso sentir que me faz feliz, me torna mais saudável e me dá uma nova energia que invade o corpo e a alma. Sinto que fico mais perto de minha essência e, ao mesmo tempo, dou um intenso sabor à vida.
O mar me chama nos verões. Mas eu o tenho nas quatro estações do ano. E gosto de dizer que o mar é meu irmão porque convivo com ele desde bem pequena e nunca o abandonarei.
E meus olhos verdes são verde-mar para aprofundar esse especial sentimento.
E não vou deixar que enfraqueça, e muito menos se dissipe.
É desse amor que tiro meu estímulo para viver. E desses momentos em que vivi rodeada com minha família e amizades, nos verões, na praia de Torres, retirei os  melhores frutos de minha existência.
E quero acreditar que da visão do mar e sua majestade, reafirmo minha própria visão de liberdade e transformo as fraquezas em força, como se quisesse me espelhar na maré cheia.
Torres é a praia que me acompanha e que se tornou minha bagagem permanente. E olhando o mar, meu irmão simbólico e meu norte, penso que dele retiro as forças que jamais sonhei.
E nem os fogos de artifício que serão lançados ao céu pela passagem do ano novo, num espetáculo pirotécnico ímpar e que será assistido por milhares de pessoas que aqui já se encontram, lotando a rede hoteleira, nem esse acontecimento terá beleza maior do que o esplendor do mar, misto de magia, mistério e sedução.

                                       KATIA CHIAPPINI 




segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ATORDOANDO OS OUTROS!

                ATORDOANDO OS OUTROS!

Eu estava almoçando com minha filha e sentamos em nossas cadeiras numa mesa onde cabiam 6 pessoas. Como o restaurante estava bem movimentado, o garçom nos encaminhou para essa mesa. Não demorou muito um senhor acomodou-se do meu lado direito, bem próximo, porque sobraram lugares.Chegou bem disposto e cantarolando baixinho.Conversei com minha filha diversos assuntos. Falei dos filhos e netos, comentei sobre os estudos, o trabalho e as estratégias para o próximo ano.
Minha filha me escutava e pouco se pronunciava.E me deixou desenrolar um carretel de informações, evitando interromper meus pensamentos, de onde tirei uma espécie de relatório mensal, em itens detalhados, a respeito da família e seus componentes.
Percebi, logo a seguir, que o senhor parecia inquieto.Na verdade não aprofundei essa observação mas ouvi um barulho que fez com a cadeira. Depois, percebi que olhava em minha direção, embora o fizesse de modo discreto.Mas o movimento era rápido e eu nada poderia imaginar.
Passados alguns minutos o homem levantou-se, bruscamente. Buscou outra mesa, bem distante, onde os ocupantes haviam acabado de liberar. Olhei para o senhor que caminhava a passos largos, com a pressa de alguém que sente queimar seus pés na areia escaldante, ou como um mendigo à procura de um abrigo frente aos primeiros raios que precedem um temporal. E, com absoluta surpresa, toquei no ombro de minha filha e apontei para aquele senhor. Acontece que o vimos com as duas mãos tapando os próprios ouvidos e com uma expressão nada agradável de se ver. Ficou, por mais de 5 minutos assim, apavorado e mudo, com o prato ainda servido e a comida esfriando.E as mãos chegavam a amassar seus cabelos grisalhos como se quisessem alisá-los, na ânsia de colher um pouco de paz. 
Consegui atordoar o cidadão, sem que nada percebesse. Consegui passar por isso e continuar viva. Mas aquele senhor queria me ver pelas costas e talvez tivesse desejado que eu perdesse a voz.
Passados mais 5 minutos ele se mudou novamente para o fundo do restaurante, num cantinho solitário, onde só se via uma mesa bem próxima da cozinha. E estrategicamente colocada para que o cidadão pudesse recuperar a paz que havia perdido, tendo em vista o meu excesso de eloquência.

                                       KATIA CHIAPPINI


domingo, 28 de dezembro de 2014

FELIZ ANO NOVO

                       FELIZ ANO NOVO

Com as vibrações do amor universal que deve preencher todos os corações, sinto-me grata pela passagem de mais um ano.Tenho razões para isso, se pensar que meus familiares estão com saúde e que o ano transcorreu trazendo novas conquistas e realizações.
Olho para o além e faço minhas orações em prol da humanidade e dos governantes. Peço a paz para os povos e o discernimento para que as Nações encontrem uma maneira de entrar em acordo e promover uma trégua duradoura, enquanto discutem suas diferenças e pendências internacionais.
Junte sua voz a minha e peça a fraternidade e a compreensão dos povos. Peça pelos seus familiares, pelos desabrigados, pelos discriminados, pelos famintos de amor, pelas crianças e pelos idosos que merecem especiais cuidados. E dê um sorriso os desamparados.
Só no amor está a esperança de um mundo melhor.
Ano novo é uma maneira de falar . A cada 365 dias temos um novo ano. E basta virar a folha do calendário e ver quando se inicia. Mas, em verdade, o nosso olhar é que deve ser novo. A nossa crença no ser humano é que deve prevalecer. E nossa contribuição em prol das causas sociais deve nortear nossos dias.  A cada novo ano precisamos ter atingido um grau de evolução que nos permita ser mais pacientes e justos para com nosso semelhante, tão diferente em suas necessidades.
Só o amor verdadeiro irmana os povos. A pacificação depende dessa vontade de agregar pela razão e não pela explosão de materiais bélicos, cada vez mais eficientes quando se trata de destruir. A conciliação não se fará com ódio e irracionalidade.
Nesse novo ano vamos iniciar alguns movimentos em prol do bem comum e participar de ações solidárias. Quanto mais nos envolvermos em trabalhos comunitários, mais frutos colheremos. E iremos nos preocupar em multiplicar  o número de pessoas dispostas a nos auxiliar nessa tarefa, que ainda congrega poucas pessoas e menos ainda, os dirigentes dos órgãos governamentais.
Só vamos nos sentir seguros se nos engajarmos, de alguma forma, em atitudes meritórias e gradativas que nos fortifiquem para a luta diária.
O novo ano será bom na medida que assim o tornarmos. E isso depende de determinação, planejamento, iniciativa e seriedade de propósitos.
Nada se faz de um dia para outro. Mas não podemos delegar a outros uma missão que é nossa. Só a soma dos esforços vai nos permitir ter nova esperança nos homens.
E se for a hora de reivindicar nossos direitos de classe, vamos apoiar nossos irmãos de luta. Vamos merecer a vitória e não só continuar a nos beneficiar, sem nada ter feito para merecer.
Fugir da luta é transferir a responsabilidade e onerar nosso próximo. Ou seja, colocamos mais um peso nos ombros de nosso semelhante, além do que ele já carrega, e não carregamos o nosso próprio.
Seus sofrimentos não são só seus. Então, aproveite para crescer através deles. Cada um de nós tem uma missão a cumprir. E os espinhos do caminho são colocados para nos testar. Mas o importante é vencê-los, transpor todas as barreiras e seguir em frente. E não podemos nos perder em lamentações de toda ordem.   
Nossa força é interior. Basta descobri-la e continuar a jornada de cabeça erguida e peito aberto. 
Sejamos desbravadores de nós mesmos nesse ano que se inicia e façamos um itinerário para cumprir as tarefas.
Sejamos um pouco melhor do que fomos no ano anterior. Vamos exigir de nós mesmos tudo o que a nós devemos. 
Pensar no próximo é fundamental. Não somos ilhas e precisamos compartilhar bons sentimentos.
Que não nos seja permitido ser menos do que desejamos ser.
E se esse não for o ano de viver aquele amor que transporta ao paraíso e nos tira o eixo central, se não for o ano de criar asas para estar entre as nuvens, seja, então, o ano de pisar sobre terra firme, equilibrando o corpo e o espírito.
Dessa forma vamos continuar a viver com essa seriedade que nos é peculiar, onde uma rotina estável não nos permite enveredar por caminhos diversos dos habituais. E vamos continuar a receber todos os elogios, de quem, com sensatez, se mantém politicamente correto.
Vamos nos contentar em almejar transferir as transgressões deliciosas, as travessuras a dois, os atrevimentos, as especulações e fantasias que justificam viver, para o ano de 2016.
E,então, estaremos com uma pontinha de esperança e felizes em antecipar um pequeno fragmento de fé para cumprir 2015 e chegar em 2016, o quanto antes.
FELIZ ANO NOVO!

                                      KATIA CHIAPPINI


                        e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com                       

                   


sábado, 27 de dezembro de 2014

SEM QUE ME CHAME...

                    SEM QUE ME CHAME...

Sem que me chame eu vou
Sem que me veja ele pensou
Sem que reclame já estou
O destino me aconselhou

Meu ser incauto optou
O instinto o direcionou
A razão não despertou
O sentido se antecipou

A flor já se desfolhou
De nada se envergonhou
A insensatez ignorou
A paixão se delineou

O sol encabulado corou
O céu mil estrelas chamou
A onda do mar transbordou
O vento uma valsa dançou

A semeadura brotou
A vida se renovou
Um corpo se insinuou
Sobre o outro deslizou

A magia da noite se superou
O mundo todo se acordou
A felicidade surgiu e ancorou
Duvide quem não amou...
                                      KATIA CHIAPPINI





sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

QUERO UM POUCO DE POESIA

              QUERO UM POUCO DE POESIA

Vejo com amargor e pena
A ausência da delicadeza
O amor não está em cena
Nem o gesto puro e a leveza

O afago no mimoso rosto
Se não se pedisse viria
Ninguém daria esse desgosto
Havia no amor sintonia

Uma carícia nos cabelos
Um abraço que consola
Nem se pode percebê-los
De emoção a face não cora

O momento da reconquista
Se perdeu ao sabor do vento
E hoje não mais se avista
Um olhar noutro olhar atento

É só por simples empolgação
Que se unem agora esses moços
Sem criar laços logo se vão
Cavando na vida o próprio poço

A jovem viajou mas não demora
O jovem disso nem se dá conta
Por via e-mail a joga fora
Como inútil faca sem ponta

Na era da dança de salão
Os pares se uniam na valsa
Havia o aperto de mão
O vestido rodado e com alça

Hoje ela muda o penteado
Ou o guarda-roupa inteiro
Ele nem lhe faz um agrado
Ela perde tempo e dinheiro

O casal nem senta na praça
Sob a árvore hospitaleira
Pra ver a criança que passa
E a carroça subindo a ladeira

O amor virou Carnaval
Poucos dias de exaltação
A paixão chegou ao final
Tudo se perdeu no arrastão

                                     KATIA CHIAPPINI



ADEUS!

                                ADEUS

Adeus, quase nada importa
O desamor se tornou visível
Ninguém bate em minha porta
O dia final é previsível

Adeus, se nada acrescenta
O coração está a protestar
Não quer noites de tormenta
Pois pensou nelas amar 

Adeus, não há mais solução
Vou me banhar na cachoeira
O amor perdeu a embarcação
Assim como está não o queira

Adeus, eram muitas as promessas
Que ver cumpridas nem suponho
Não reclamo, já não há mais pressa
Na realidade, hoje, eu me ponho

Adeus a quem à revelia
Discute sem ter adequação
E deixa a alma tão vazia
E prepara a triste separação

Adeus, vou seguir minha vida
Preciso aceitar o que virá
Não vou pensar na despedida
Quando for a hora- será-

                                     KATIA CHIAPPINI



-E-MAIL:katia_fachinello42@hotmail.com


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

FELIZ NATAL!

                          FELIZ NATAL!

Que as bênçãos do natal alcancem as famílias que lutam por um lugar ao sol. E aos demais, que Cristo mostre a direção.
Procurar reatar as amizades nessa data, é um bom começo. Talvez alguém queira se aproximar e não encontre um jeito porque tem medo de ser humilhado. Se for um irmão, pai ou mãe, devemos ser sensíveis e não guardar esse rancor todo que estamos acumulando.
Provocar o temor só afasta as pessoas. Só o perdão aproxima.
E essa quantidade de presentes que se distribui é o melhor modo de ver o natal?
Lembrou-se de sorrir para seu semelhante? Ou de atravessar o ceguinho que espera por isso? Levou um rancho para o asilo que fica perto de sua casa e que luta com dificuldades? Convidou alguém que vive sozinho para passar o natal com você?
Ainda é tempo de repartir as bênçãos que se obteve com os  irmãos em Cristo. É tempo de dar um pouco de atenção aos ceguinhos do asilo Santa Luzia.
Procurar a proximidade com a família e se mostrar carinhoso com os idosos é muito importante.
 Podemos ter um prazer imenso em nos doar e fazer o bem para um semelhante. 
Quem ama e deixa esse amor transbordar nunca estará sozinho.
Se um dia precisar, vai perceber que as pessoas se chegam a você antes que as chame. E não existe nada melhor do que receber esse amor gratuito e de estar inserido na solidariedade que a todos deve irmanar.
A família reunida é o melhor presente que o natal pode nos proporcionar.
Quantos homens ricos passam o natal solitários? Ou precisam ''comprar'' pessoas para ter alguém ao lado?
O verdadeiro natal é feito quando se distribui amor, esperança,fé e caridade. E isso tudo é gratuito e traz a paz para os corações.

                                         FELIZ NATAL!

                                    KATIA CHIAPPINI



quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

MINICONTO: O CASAMENTO

                          O CASAMENTO
      

Entrei na igreja correndo, tão atrasada quanto agitada, pelos idos de 1960. A maquiadora havia feito um bom trabalho mas tardou a finalizar o rosto. Minha mãe me olhava contrariada mas tinha suas razões. Ela tinha feito questão de confeccionar meu vestido longo com uma cauda mais longa ainda, como era de praxe. Meu pai entrou comigo e eu parecia deslocá-lo do chão, tão apressados eram os meus passos em direção ao altar. Pois a essa altura o pároco esperava já de cara fechada. 
Ao ouvir a Ave Maria, com fundo musical de órgão e a voz maviosa da artista, as lágrimas surgiram lentas e depois muito intensas ,para o meu desconforto. E não pararam de correr até o final da cerimônia. Minha mãe alcançou-me uma caixa de lenços, oportunos e descartáveis, que trouxera na bolsa, como se adivinhasse o quadro que se desenrolaria a sua frente e sob seus olhos espantados.
Ao sair do altar em direção à porta de entrada, lembrei-me de caminhar com mais lentidão, como deveria ter feito, ao entrar.
Ao chegar ao local dos cumprimentos olhei para minha mãe e disse:
-Agora saí direitinho como deveria ter entrado?
-Bem, filha, ninguém elogiou os bordados do vestido que levei tanto tempo para terminar. E tua maquiagem, um desastre, manchou todo o teu rosto. As lágrimas trataram de desfazer, em minutos, o trabalho árduo da maquiadora que tudo fez para realçar teus olhos verdes. 

                                      KATIA CHIAPPINI
                        e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

MARIAS SABEM AMAR!

                   MARIAS SABEM AMAR

Maria do Rosário
Do Perpétuo Socorro
Maria do santuário
Ou perdida no morro

Maria Aparecida
Maria da Penha
Marias bem-vindas
Que portam senha

Vou retirar a minha
Rezar por uma graça
Pedir que Maria, a vizinha
Não sofra mais ameaças

Desatadora de nós
Afasta-nos desse sufoco
Estamos já sem voz
Desorientados e ocos

Meu louvor ás Marias
Que não blasfemam injúrias
Que procuram a alegria
E sabem ouvir as lamúrias

Somos muitas as Marias
Mulheres predestinadas
A letra M é magia
Em nossas mãos tatuadas

Temos de Maria uma voz
É a da mãe de Jesus sofrido
Ela protege a todos nós
E sempre nos dá ouvidos

O gênero feminino
Tem sua Maria interior
Quando dá o seio ao menino
Ninguém, lhe é superior

                                      KATIA CHIAPPINI


            Feliz Natal com as bênçãos da Virgem Maria.

domingo, 21 de dezembro de 2014

A CHUVA NA MINHA JANELA

            A CHUVA NA MINHA JANELA

Abri uma das janelas da sala e vi que não havia perigo da chuva entrar. Nesse domingo, um antes das festas natalinas, Porto alegre está inundada e em muitos bairros falta energia elétrica. Algumas casas já perderam seu teto, árvores tombaram. E o trânsito ficou complicado devido ao fato de algumas sinaleiras não estarem sinalizando, como é a sua função. 
Acordei um pouco tristonha por problemas outros. e fiquei olhando a chuva. É interessante que nos acalma porque há beleza na chuva. Vejo que os morcegos não se ergueram em direção ao céu, na hora costumeira, nem as pombas apareceram nos telhados. Algumas pessoas, como eu, estão assistindo o espetáculo das águas escorrendo de todos os lados. Ao escrever essas linhas faço um exercício que me traz a tranquilidade de espírito e me anima um pouco mais. Posso olhar pela janela e assistir a movimentação dos barcos no rio Guaíba, ver a cúpula da igreja Nossa Senhora das Dores, observar a beleza da usina do Gasômetro, o céu nublado e as construções fazendo o pano de fundo para essa paisagem.
A chuva promove um pouco de nostalgia e um pouco de bem estar. E algo de surpresa porque muda de feição, se mistura com o granizo, balança com força as folhas e galhos das árvores.
Mas a cidade se cala nesse momento. Todos se recolhem às residências e a natureza impera incontestável e imponente.
Fiz um gesto simbólico e joguei na chuva uma folha de papel de um bloco de recados. No papel escrevi tudo aquilo que me perturba, no momento, e fiz um pedido para que a chuva levasse para longe e não me devolvesse mais. E lavasse minha alma e depurasse meu espírito, algo sofrido.
Noutro papel escrevi o que espero para o novo ano e coloquei perto da estátua de Cristo que tenho em meu oratório.
Quando a chuva toma proporções menores a cidade fica ainda mais silenciosa e tudo se cala nas ruas.
É uma ironia pensar que essa chuva que me deixa bem é a mesma que, nesse momento,já deixou muitas famílias ao relento. E que matou algumas plantações e prejudicou a safra de tantos trabalhadores que já estão na lavoura mesmo antes do sol nascer.
Mas minha janela me revela alguns dos pontos mais bonitos de minha cidade e olhando a chuva, penso que de alguma forma é uma bênção.
Agora uma criança chora muito. Talvez porque cansou de estar presa em casa, já que a chuva iniciou nas primeiras horas da manhã.
Minha filha me ligou dizendo que estava ilhada e que não viria almoçar hoje, como sempre faz, aos domingos. E meus netos pequenos  provavelmente não virão me ver. Pois quando os tenho comigo, costumo passear na Casa de Cultura. Aproveitamos para assistir  a uma peça infantil.  Eles já a apreciam e se divertem com os personagens fantasiados e  com as canções infantis.
Agora percebo que a chuva está acalmando. Mas não me iludo, ainda deve continuar, conforme as previsões do tempo.
Mas preciso fazer umas compras, aqui por perto. Logo estarei me aventurando nessa paisagem sombria, misteriosa, cativante.
Vou fechar a janela para não me arriscar. Porque com a virada do vento ela pode penetrar casa a dentro.
Ao finalizar o texto fico contente porque escrevo para meus leitores. E,quem sabe, os distraio também.
Desejo a todos uma chuva de bênçãos nesse Natal. Sempre é tempo de renovar as esperanças e transformar as tristezas em experiências e vivências férteis.
A chuva é como se fosse uma visita que o céu quer fazer à terra. Receba-a com carinho porque ela tem seus encantos: é só descobrir essa verdade em seu coração.
Feliz Natal, com ou sem chuva!

                                      KATIA CHIAPPINI
           

                        -E-MAIL:katia_fachinello42@hotmail.com
            












sábado, 20 de dezembro de 2014

MENSAGEM NATALINA

                            MENSAGEM!

Para mim o Natal é tempo de agradecer a Deus pela graça de estar reunindo a família, de ter filhos e netos sadios, de conservar amizades sinceras, de crescer na atividade profissional. É brincar com os idosos e com as crianças, é sorrir para o semelhante sofrido, é abraçar, beijar, brindar todas aquelas oportunidades que contribuíram para nos tornar determinados, estrategistas, leais e líderes.
Mas é conservar a simplicidade digna do sábio. Esse prefere perder horas de sono para descobrir maneiras de ajudar a humanidade do que lustrar seus troféus.
Natal é amar aos pais e não deixar que nada lhes falte. É servi-los com carinho e prazer e nunca por achar que é uma obrigação. É dar um auxílio ao irmão que passa por uma fase difícil. É tentar manter a família unida porque as desavenças podem afetar a saúde dos pais desolados. É agradecer aos professores por seus ensinamentos preciosos.
Natal é amor porque Deus nos amou e segue nossos passos.
Mas não nos cabe culpar Deus pelos erros dos homens que não respeitam Seus ensinamentos. Que preferem viver no mundo do egoísmo, da ambição e em constante luta por poder e glória, atropelando seus semelhantes.
Deus criou o mundo mas o homem é o responsável por construir ou destruir o espaço que lhe foi dado.
Então, nesse natal, façamos as orações, ouçamos a palavra do Senhor, escrita no evangelho.E, juntos, cantemos os hinos litúrgicos.
Nasse Natal quero agradecer a companhia dos meus leitores assíduos, responsáveis pela divulgação de   ''Inspirações'' e pela continuidade desse trabalho. Meus leitores são responsáveis por esse vínculo que criamos, rodeados, ora por poemas, ora por crônicas ou contos, ora por trazer à tona grandes vultos da história, ora por falar de música e de músicos brilhantes e ora por revelar meu toque ao piano, nos intervalos dos textos. 
Agradeço comovida por estar próxima dos 45.000 acessos em apenas três anos incompletos.
Esse estímulo é indispensável para que eu continue escrevendo, é minha fonte de inspiração, é motivo dessa energia vibrante que me faz postar poemas, seguidamente, para alimentar as almas de meus leitores. São mais de 900 postagens nesse curto período, construídas, uma a uma, com a mesma alegria, porque estou compartilhando e promovendo a literatura e o lazer dos que me dedicam parte de seu tempo.
Então, desejo que cada um de meus leitores multiplique o número de suas conquistas profissionais para crescer mantendo o espírito de luta porque a vida é trabalho. Quem venceu é porque mereceu cada centavo do que tem. Falo de quem venceu pelo próprio esforço e não esmoreceu.
Quanto aos aproveitadores de plantão, que cumpram suas penalidades impostas por lei. 
E, honestamente, desejo que os homens de boa vontade ganhem mais amor do que presentes.
Lembrem-se: amor se conquista e não se compra.

                   Feliz  Natal de 2014 /2015.
           Porto Alegre- Rio Grande do Sul- Brasil

KATIA CHIAPPINI / Acadêmica das letras e das artes-cadeira 58, patrono, Joaquim Osório Duque Estrada.



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A PRENDA E O GAÚCHO

   
                  A PRENDA E O GAÚCHO
      

                                      O que faria a prenda
                                      Sem a presença do macho
                                      Farias toalhas de renda
                                      Para driblar o fogacho?

                                       Todo o gaúcho bagual
                                       Dá pulos igual ao potro
                                       O que seria de um casal
                                       Se um dispensasse o outro?

                                       O assunto que ora puxo
                                       Que seja uma advertência
                                      A prenda quer um gaúcho
                                       Que volte para a querência

                                       Lembrei de pegar o gancho
                                       Penso olhando pra parede
                                       De que vale ter um rancho
                                       E deitar sozinho na rede?

                                       A prenda ora põe a mesa
                                       Ora o gaúcho acomoda
                                       Quando dança com leveza
                                       Leva o gaúcho pra roda

                                       Louvo o gaúcho e a prenda
                                       O cavalheiro e a dama
                                       Ambos retiram as vendas
                                       E desarrumam a cama


        

                                       KATIA CHIAPPINI



QUER ACREDITAR EM SEUS DEVANEIOS?

  QUER ACREDITAR EM SEUS DEVANEIOS?

Quem acredita em suas próprias suposições parece estar fugindo da vida. Como fazer questão de criar problema onde não há? Que mecanismo de defesa é esse que está sempre no automático e não se desliga?
Que visão estreita de todo um conjunto de acontecimentos que deveriam confirmar as palavras e as ações?
Como acreditar no que se supõe e se afirma como verdadeiro pode ser algo bom? 
Eu creio em possibilidades amplas que a vida se nos apresenta .Não se pode ignorar um sentimento real e puro e preferir duvidar das circunstâncias que levam a crer , que futuras ações, se bem conduzidas, podem trazer a felicidade. Precisamos avaliar o carinho, o companheirismo, as horas de diálogo, a espera, a paciência, as atenções contínuas e, de quebra, tantas rimas feitas, tantas noites aguardando a presença virtual.
E quem não se desliga de suas nebulosas acaba entrando em estado de ansiedade e não se permite ser feliz. E nem correr atrás de um sonho acalentado. Ao contrário, quem assimila os acontecimentos e sabe lidar com eles, prefere viver o dia a dia e não o passado que ficou de lado. O que temos para viver é o presente e ele começa quando um novo ciclo vem e nos surpreende e encanta.
Mas de que vale construir por tanto tempo um momento especial?
Depois deixar que suposições errôneas destruam tudo? 
 E alguém pode se arvorar da vida de uma pessoa e inventariar ela toda, e se intitular um juiz inquisidor?
Ou seria mais interessante e racional viver aquele momento e se preocupar com os fatos que pertencem só a quem está em pauta? 
A vida de cada um é um mundo à parte e não se pode invadir e duvidar de tudo e de quem amamos. Porque, na verdade, o verdadeiro amor precisa de confiança e de respeito. E precisa iniciar quando se dá o primeiro contato, quando as pessoas se comunicam e se interessam uma pela outra.
E só pode ter credibilidade se, depois de acertar alguns ponteiros, puder seguir em frente sem cobranças repetidas e sem sentido algum. A não ser que se exija perfeição das pessoas, o que não passa de um ideal que percorremos durante toda a vida e que nunca alcançamos. Apenas, nos tornamos melhores e mais humanitários, aos olhos de nosso semelhante, como nos ensinou Cristo.
E de que adianta duvidar de uma pessoa que passa longe por 22 horas e só se comunica por 2 horas, a cada noite? E como fica esse tempo todo que cada um se ocupa com sua vida e que não há essa visibilidade pública?
 E será que para ser feliz precisamos ser punidos por ter uma vida social e amizades para conviver? E não são as amizades que nos confortam quando precisamos? Se temos uma vida transparente e se estamos em paz com nossa consciência ,isso não basta? Se temos o amor de nossa família e todo o apoio, e se amamos  filhos e netos, se somos pessoas respeitáveis, isso não basta? Como, de uma hora para outra, uma pessoa vai deixar de ser séria se com seriedade viveu toda a vida?
E se não fosse confiável ficaria casada por mais de 33 longos anos?
Então, não se cria certezas partindo e parindo suposições.
O certo é confiar nas pessoas, a menos que fatos novos nos façam duvidar. Do contrário não há chance de um relacionamento se tornar real. Apenas entre as duas pessoas deve haver lealdade. E não é lícito um  prejudicar o outro e nem se portar com falsidade.
Mas é uma arte tentar agradar, permanecer junto nas horas boas e ruins, mostrar preocupação, deixar de lado o egoísmo e a vaidade.
Só que se não aprendermos isso, se não olharmos para o outro com um olhar de carinho, nada vamos construir. Só faremos castelos de areia e não uma relação sedimentada em valores cristãos que aprendemos em nosso lar. São esses valores que nos tornam fortes, batalhadores, pessoas de personalidade atuante e não meras ovelhas dentro de um rebanho que vai para o mesmo matadouro.
 E se cada um não tiver princípios sólidos e se não souber  defendê-los, vai correr o risco de se deixar levar por atalhos e labirintos onde a prisão da alma será fatal. E onde será conduzido e aprisionado por outros seres déspotas e imprevisíveis em seu poder de dominação.
E a liberdade individual será só uma palavra que ficará restrita aos livros, aos dicionários.  E, ainda, à bandeira dos inconfidentes da república que a idealizaram, na Capitania de Minas Gerais, no Brasil do século XVII.  A frase escrita em latim, libertas quae sera tamen, quer dizer, liberdade ainda que tardia.

                                  KATIA CHIAPPINI