Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ATORDOANDO OS OUTROS!

                ATORDOANDO OS OUTROS!

Eu estava almoçando com minha filha e sentamos em nossas cadeiras numa mesa onde cabiam 6 pessoas. Como o restaurante estava bem movimentado, o garçom nos encaminhou para essa mesa. Não demorou muito um senhor acomodou-se do meu lado direito, bem próximo, porque sobraram lugares.Chegou bem disposto e cantarolando baixinho.Conversei com minha filha diversos assuntos. Falei dos filhos e netos, comentei sobre os estudos, o trabalho e as estratégias para o próximo ano.
Minha filha me escutava e pouco se pronunciava.E me deixou desenrolar um carretel de informações, evitando interromper meus pensamentos, de onde tirei uma espécie de relatório mensal, em itens detalhados, a respeito da família e seus componentes.
Percebi, logo a seguir, que o senhor parecia inquieto.Na verdade não aprofundei essa observação mas ouvi um barulho que fez com a cadeira. Depois, percebi que olhava em minha direção, embora o fizesse de modo discreto.Mas o movimento era rápido e eu nada poderia imaginar.
Passados alguns minutos o homem levantou-se, bruscamente. Buscou outra mesa, bem distante, onde os ocupantes haviam acabado de liberar. Olhei para o senhor que caminhava a passos largos, com a pressa de alguém que sente queimar seus pés na areia escaldante, ou como um mendigo à procura de um abrigo frente aos primeiros raios que precedem um temporal. E, com absoluta surpresa, toquei no ombro de minha filha e apontei para aquele senhor. Acontece que o vimos com as duas mãos tapando os próprios ouvidos e com uma expressão nada agradável de se ver. Ficou, por mais de 5 minutos assim, apavorado e mudo, com o prato ainda servido e a comida esfriando.E as mãos chegavam a amassar seus cabelos grisalhos como se quisessem alisá-los, na ânsia de colher um pouco de paz. 
Consegui atordoar o cidadão, sem que nada percebesse. Consegui passar por isso e continuar viva. Mas aquele senhor queria me ver pelas costas e talvez tivesse desejado que eu perdesse a voz.
Passados mais 5 minutos ele se mudou novamente para o fundo do restaurante, num cantinho solitário, onde só se via uma mesa bem próxima da cozinha. E estrategicamente colocada para que o cidadão pudesse recuperar a paz que havia perdido, tendo em vista o meu excesso de eloquência.

                                       KATIA CHIAPPINI


4 comentários:

  1. COISAS DA VIDA, PELO MENOS, DA MINHA VIDA.

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  2. IMAGINE SÓ A TUA FILHA, TENTANDO COMER E TENDO QUE OUIVR-TE...A GENTE AS VEZES FAZ DESTAS COISAS IMPENSADAMENTE, FAZER O QUE... SOMOS HUMANOS E BEM LONGE DA PERFEIÇÃO...

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  3. QUERIDA, MINHA FILHA N]ÃO SE INCOMODOU,PIOR FOI O HOMEM QUE ESTAVA ZONZO.MINHA FILHA ME ACOMPANHA BEM E FALA MENOS DO QUE EU,NORMALMENTE.

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