Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 21 de dezembro de 2014

A CHUVA NA MINHA JANELA

            A CHUVA NA MINHA JANELA

Abri uma das janelas da sala e vi que não havia perigo da chuva entrar. Nesse domingo, um antes das festas natalinas, Porto alegre está inundada e em muitos bairros falta energia elétrica. Algumas casas já perderam seu teto, árvores tombaram. E o trânsito ficou complicado devido ao fato de algumas sinaleiras não estarem sinalizando, como é a sua função. 
Acordei um pouco tristonha por problemas outros. e fiquei olhando a chuva. É interessante que nos acalma porque há beleza na chuva. Vejo que os morcegos não se ergueram em direção ao céu, na hora costumeira, nem as pombas apareceram nos telhados. Algumas pessoas, como eu, estão assistindo o espetáculo das águas escorrendo de todos os lados. Ao escrever essas linhas faço um exercício que me traz a tranquilidade de espírito e me anima um pouco mais. Posso olhar pela janela e assistir a movimentação dos barcos no rio Guaíba, ver a cúpula da igreja Nossa Senhora das Dores, observar a beleza da usina do Gasômetro, o céu nublado e as construções fazendo o pano de fundo para essa paisagem.
A chuva promove um pouco de nostalgia e um pouco de bem estar. E algo de surpresa porque muda de feição, se mistura com o granizo, balança com força as folhas e galhos das árvores.
Mas a cidade se cala nesse momento. Todos se recolhem às residências e a natureza impera incontestável e imponente.
Fiz um gesto simbólico e joguei na chuva uma folha de papel de um bloco de recados. No papel escrevi tudo aquilo que me perturba, no momento, e fiz um pedido para que a chuva levasse para longe e não me devolvesse mais. E lavasse minha alma e depurasse meu espírito, algo sofrido.
Noutro papel escrevi o que espero para o novo ano e coloquei perto da estátua de Cristo que tenho em meu oratório.
Quando a chuva toma proporções menores a cidade fica ainda mais silenciosa e tudo se cala nas ruas.
É uma ironia pensar que essa chuva que me deixa bem é a mesma que, nesse momento,já deixou muitas famílias ao relento. E que matou algumas plantações e prejudicou a safra de tantos trabalhadores que já estão na lavoura mesmo antes do sol nascer.
Mas minha janela me revela alguns dos pontos mais bonitos de minha cidade e olhando a chuva, penso que de alguma forma é uma bênção.
Agora uma criança chora muito. Talvez porque cansou de estar presa em casa, já que a chuva iniciou nas primeiras horas da manhã.
Minha filha me ligou dizendo que estava ilhada e que não viria almoçar hoje, como sempre faz, aos domingos. E meus netos pequenos  provavelmente não virão me ver. Pois quando os tenho comigo, costumo passear na Casa de Cultura. Aproveitamos para assistir  a uma peça infantil.  Eles já a apreciam e se divertem com os personagens fantasiados e  com as canções infantis.
Agora percebo que a chuva está acalmando. Mas não me iludo, ainda deve continuar, conforme as previsões do tempo.
Mas preciso fazer umas compras, aqui por perto. Logo estarei me aventurando nessa paisagem sombria, misteriosa, cativante.
Vou fechar a janela para não me arriscar. Porque com a virada do vento ela pode penetrar casa a dentro.
Ao finalizar o texto fico contente porque escrevo para meus leitores. E,quem sabe, os distraio também.
Desejo a todos uma chuva de bênçãos nesse Natal. Sempre é tempo de renovar as esperanças e transformar as tristezas em experiências e vivências férteis.
A chuva é como se fosse uma visita que o céu quer fazer à terra. Receba-a com carinho porque ela tem seus encantos: é só descobrir essa verdade em seu coração.
Feliz Natal, com ou sem chuva!

                                      KATIA CHIAPPINI
           

                        -E-MAIL:katia_fachinello42@hotmail.com
            












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