Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sexta-feira, 29 de março de 2024

REMEMORANDO ILUSÕES

               REMEMORANDO ILUSÕES


Laça laçador

O amor que já perdi 

Caça caçador

O ser ao qual pertenci


Lavra lacrador

A semente da paixão

Rega bom regador

O amor desse verão


Pinta bom pintor

Minha face de carmim

Navega, navegador

Nas ondas e em mim


Pesca bom pescador

As ilusões que almejei

Mergulha mergulhador

Nesse sonho que sonhei



Desperta despertador

A nossa unanimidade

Tatua bom tatuador

O amor em minha saudade


KATIA CHIAPPINI





PALHAÇO

                                PALHAÇO 


Alegria da criança

O palhaço é cativante

Vem de longa andança

É figura deslumbrante


Precisa se dar por inteiro

Vai onde o circo for

É o rei do picadeiro

Traz mensagem de amor


Nos hospitais se apresenta

 Anima crianças doentes

E ninguém mais se lamenta

As faxes sorriem contentes


O palhaço ama brincadeiras

Crianças chamam o palhaço

Pra fazer a dança das cadeiras

Ou para dar um forte abraço


Por vezes no íntimo choram

Mas disfarçam sua tristeza

Grandes e pequenos os adoram

Palhaços têm graça e beleza!


KATIA CHIAPPINI

SEJA LEONINA

                          SEJA LEONINA


Seja mulher leoa

De força régia 

Cujo pensar voa

Com estratégia

Seja espírito maior

Sempre em vigília

Seja um altar-mor

Divina maravilha


Seja a lutadora

Por mudanças

A transformadora

Nunca água mansa

Seja manancial

Nascente e foz

Seja força vital

Defensora atroz


Das maltratadas

Vagando na rua

Das injustiçadas

De alma triste e nua

Das mães de cor

As mais sofridas

Escondendo a dor

De cabeça erguida


KATIA CHIAPPINI

quinta-feira, 21 de março de 2024

PARECE QUE ISSO É AMOR

               PARECE QUE ISSO É AMOR


Quando me casei e me vi em minha nova casa com meu marido, fiquei como mosca tonta, de um lado para outro, sem saber o que organizar primeiro.

Mas, preciso dizer que minha mãe não me deixava chegar na cozinha e nem fez questão de me ensinar a cozinhar.  Ela dizia que eu não perdesse tempo com as lidas domésticas porque já me ocupava com os estudos e aulas extras curriculares.

Chegamos da lua de mel que passamos em Montevideo e minha mãe e papai ficaram com a função de mobiliar o apartamento que deixamos alugado. Meu marido tinha reservado algum dinheiro para isso e deixou esta importância para meus pais.

Ao chegar fui tentar fazer a janta e comprei uma porção de guisado no bar da frente de casa,  Liguei para mamãe , me informei e consegui fazer esse prato único.

No outro dia perguntei para minha vizinha qual era a medida da água para 2 xícaras de arroz, e para minha surpresa, acertei também.

Mas, levei uns 15 dias repetindo arroz com guisado e uma salada de alface e tomate,

Então, certa noite, meu marido já cansado de ver sempre a mesma comida no almoço, assim falou:

- Amor, não dá para tentar fazer um feijão, uma galinha ao molho e uma polenta?

É claro que um dia ele diria algo que desse a entender que estava saturado de arroz e feijão.

Então, combinei  com uma cozinheira de mamãe, alguns dias  para que me ensinasse a cozinhar.

Naturalmente fui ampliando o cardápio e venci esse desafio.

Em outra ocasião ele falou se eu poderia mudar a salada e incluir outras verduras.

Foi então que resolvi comprar couve-flor, temperei com sal, azeite e vinagre , cortei bem miúda e coloquei na mesa a salada crua.

Meu marido comeu um pouco, engoliu em seco, e conseguiu, com sacrifício comer a salada crua para não me decepcionar.

 E eu nem pensei que o correto seria cozinhar a couve-flor e depois servir. 

Mas , lembro que ele perguntou:

- Tem certeza de que a couve-flor se come crua?

Respondi:

- Que eu saiba, toda a verdura pode se comer crua. Acho até que é mais saudável.

Caros leitores:

- Parece que isso é amor!


KATIA CHIAPPINI

O OUTONO

                             O OUTONO


O outono é a estação onde as árvores são convidadas a trocar suas folhas.

É feita a poda das árvores para que se renove a natureza e sua vegetação 

No outono o clima é agradável com brisa suave e algumas tardes sombrias nos deixam nostálgicos.

O outono precede o inverno onde o clima se modifica e o frio se faz sentir sobre a pele.

Dizemos que a maturidade é o outono da vida.

Também trocamos de hábitos e costumes por conta da idade madura;

Trocamos nosso visual, nossos sonhos.

Adquirimos mais tranquilidade e suavidade. 

No outono da vida não queremos mais brigar. Preferimos receber um abraço reconfortante e dar valor aos familiares que começam a se preocupar com nossa saúde e bem estar.

No outono da vida já aprendemos a escolher os amigos sinceros e não nos deixamos enganar por arroubos ou arrufos destemperados.

Desconfiamos antes, para poder confiar depois.

Se algo não parece estar bem, busque um grupo de terapia e converse sobre suas preocupações.

Nem todos merecem um carinho e nem sempre estão ao nosso lado por amizade e sim por interesse.

Assim como o outono troca as folhas das árvores, troque sua caminhada, seus anseios, seus planos e sua direção.

Troque o destinatário sempre que se sentir inseguro ou esquecido.

Mantenha-se bem perfumado e asseado no outono da vida. O cuidado com a aparência revela a autoestima e a satisfação pessoal.

Procure ser uma pessoa melhor, que sabe ouvir e conversar com o semelhante amargurado e triste.

O outono da vida pode revelar os primeiros fios de cabelos brancos.  Aceite-os como característica dessa fase de vida. Essa nuvem alva, parecendo algodão, é sua nova característica e traz especial identidade e personalidade. Orgulhe-se  de ter chegado aos tempos dos cabelos brancos, o que revela maior vivência e experiência. as quais precisa valorizar como bênção de Deus. 

O outono nos convida a conviver com a vizinhança, a comparecer ao chá da tarde, à reunião da turma da faculdade. Nos convida a aceitar o convite  daquele amigo que nos convidou para assistir um filme. Caminhar na praça, tomar um lanche na cafeteria do bairro. jogar canastra, assistir um show musical, tudo faz parte de nosso lazer de outono. Aproveite a força de suas pernas e caminhe todas as manhãs, para pegar o ar mais fresco e não tão poluído como em outros horários.

Seja uma dama de outono que tem pretensões de chegar nas outras estações, principalmente na primavera, onde as flores fazem a moldura para as flores maduras que não deixam e não deixarão de sorrir.  

Sejam bem-vindos os cravos de outono com seus galanteios nobres, com aquele aperto de mão. com um olhar sereno e um sorriso franco que acolhe. 


KATIA CHIAPPINI


POEMA DA CONFIANÇA

                   POEMA DA CONFIANÇA


Fui menina de longas tranças

Feliz e risonha como é a criança

Cultivo a fé, a caridade e esperança 

Hoje e sempre em minha andança


Jamais vou cultivar a vingança

Antes louvar trabalho e perseverança

Quem vence os desafios não se cansa

Quem crê em Deus com Deus avança


Se quiser vencer entre na dança

Mas faça-o com toda pujança

Só quem se desafia e à luta se lança

Entende que a vida não é vida mansa


Não se deixe envolver na lambança

Deus não aceita assumir sua fiança

Escolha bem antes de aceitar aliança

Supere a tempestade com a bonança


Virgem Maria, afaste a cruel matança

Deus acolhe e manifesta Sua confiança

- Subam anjos e arcanjos na balança

- Peço aos céus: assumam a liderança


KATIA CHIAPPINI





terça-feira, 19 de março de 2024

A ÁRVORE DA AMIZADE

            A ÁRVORE DA AMIZADE


                          

Somos parte da árvore da amizade

Acontece quando queremos preservar nossos bons amigos.

Alguns galhos precisam ser sustentados por outros mais frágeis, mas que formam o mesmo elo da corrente.

Algumas pessoas são como flores, outras como folhas e outras são folhas secas prestes a cair ao solo.

A árvore balança durante  tempestade mas não se deixa abater.

As amizades podem estar estremecidas, mas quando verdadeiras voltam e se fortificam.

A árvore dá sombra e oxigena as plantas.

A amizade se impõe e oxigena os cotações

Há ´arvores centenárias com raízes espalhadas e fora da terra.

Essas são frondosas e generosas produzindo boa sombra.

As raízes da amizade se nutrem de gestos solidários, revelando empatia e cumplicidade.

As árvores são a subsistência do planeta

Amizades são pérolas preciosas que envolvem sentimentos puros e recíprocos.

Somos parte da árvore da vida, dos desígnios de Deus, do ventre materno.

Temos uma missão a cumprir para galgar o caminho da solidariedade e cooperação mútua.

Precisamos nos tornar árvores de boa semeadura para colher os melhores frutos da vida.

Precisamos contornar os desafios sem esmorecer

Sejamos eternos na lembrança dos que nos amaram e ainda amam.

Quando a árvore se contorce com a ventania, ela se ergue.

Quando nosso plantio não vingar, vamos semear novamente em terra fértil e aguardar nova colheita.

Vamos lutar para deixar bons exemplos de vida aos nossos descendentes e aprender a levantar das quedas, todas as vezes que forem necessárias

Vamos firmar e reafirmar nossa identidade, nossa verdade e uma conduta ilibada, 

Somos a árvore da vida , somos a continuidade do planeta.

Que Deus esteja com seus filhos diletos, com todos aqueles que o reconheceram e proclamaram como um ser supremo, onipotente, onisciente e onipresente.


KATIA CHIAPPINI



LEMBRANDO GESTOS DE OUTRORA

      LEMBRANDO GESTOS DE OUTRORA 



A donzela choramingava e ensaiava um choro pálido só para ver se o cavalheiro iria lhe alcançar um lenço para conter as lágrimas. Mas, não o fez.

O carro parou e a donzela permaneceu no carro e aguardou para ver se o cavalheiro iria se dar conta de oferecer seu braço. Não se prontificou.

Havia um tempo em que o namorado acompanhava a dama até a porta de casa e só depois voltava para dar partida ao veículo.

Um tempo em que o cavalheiro esperava na rodoviária pela moça a quem oferecia carona.

Um tempo em que a conta do restaurante era paga pelo cavalheiro.

O namorado incorporava os hábitos da família e visitava a namorada nas quartas- feiras e aos domingos.

Nesse tempo, o namorado acompanhava a namorada à missa dominical, junto com a família dela.

Os costumes eram outros em toda a sociedade.

Os donos de mercados pequenos aceitavam vender fiado. E a conta era cobrada aos finais de cada mês.

As casas permaneciam com portas e janelas abertas durante o dia.

Ao amanhecer a dona de casa já liberava a entrada para receber o jornal, o leiteiro, o açougueiro, a assinatura da revista chamada de Seleções, contendo assuntos diversos.

Cruzeiro e Manchete eram as revistas da época de minha vovó. Eram semanais e de folhas grandes e bem ilustradas.

Os vizinhos se encontravam na hora do chimarrão e a reunião era feita nas calçadas em frente da casa.

As crianças ficavam brincando de amarelinha, de esconde-esconde, de pular corda e de brincar de roda.

Durante as refeições a família toda se reunia e o chefe da casa sentava na ponta da mesa. Era o primeiro a ser servido e a dona da casa servia todos, antes de se servir.

Havia máquinas manuais para confeccionar as roupas que eram feitas em casa. Todas as mulheres aprendiam costura, bordados e trabalhos manuais diferenciados.

Não acontecia das damas de sociedade se depararem com o mesmo vestido nas festas de gala.

Os hábitos se modificaram em nome da modernidade.

O romantismo se perdeu e as relações amorosas se modificaram

O momento é outro com sua evolução científica e tecnológica, com novas descobertas e possibilidades.

Mas as conversas com as comadres ao entardecer, as visitas feitas regularmente aos amigos e familiares tomaram outro rumo.

Entre um e outro modo de proceder, em qualquer ocasião, precisamos retornar às origens, ao abraço carinhoso, â visita aos nossos avós e padrinhos.

Mas, os tempos mudam, as pessoas mudam.

E sempre é tempo de rever conceitos, viver praticando o bem, buscando a cumplicidade amorosa, mantendo o respeito aos pais e professores.

Se a família se desmembrar, não sabemos como serão nossos filhos e netos.

Talvez fiquem perdidos sem parâmetros a seguir, sem ambições saudáveis, sem vida interior, sem identidade.


KATIA CHIAPPINI

O ACORDEON


                            O ACORDEON 


O acordeon é chamado de sanfona

De gaita ou também de concertina

Alguns o chamam de acordeona

E tem o porte belo como bailarina


O acordeon chama por Carlos Gardel

E lembra Le Pera e Piazzolla

Porque no tango é qual pincel

Pinta a intimidade, toca Cartola


A gaita-ponto dá sinal de saudade

Quando chama a peonada no galpão

A gaita abre o leque da amizade

E traça um arco-íris no coração


O tocador de acordeon se vale

De todos os espaços além mar

Edith Piaf, musa francesa nos fale

Do acordeon, que a viu cantarolar


O acordeon toca o acorde sertanejo

Mas vibra na milonga com perfeição

É versátil e não anda qual caranguejo

Toca em frente no sertão e no salão


KATIA CHIAPPINI 



MAIS UMA SEMANA

                   


                     MAIS UMA SEMANA


Mais uma semana iniciou com novas possibilidades .

Mais um momento de vencer os desafios que a vida se nos apresenta.

Mais um tempo para entender que nossa missão não é fácil mas que temos um dever a cumprir, independente dos dias iluminados ou sombrios.

Mais uma semana para agradecer a Deus por Sua proteção

Mais uma semana de buscar bons exemplos e cultura em livros publicados a nossa espera nas estantes da biblioteca.

Mais uma semana para escutar música, ao entardecer, quando voltamos das lidas diárias e exaustivas.

Mais uma semana para ler a vida de São Damião que viveu entre os leprosos e lutou junto ao governo para que tivessem um tratamento justo e mais humano.

Mais uma semana para conhecer a história de Madre Teresa de Calcutá e de Irmã Dulce, ambas exemplo de doação e humanidade.

Mais uma semana para lembrar de médicos e enfermeiros que lutam, sem descanso, para salvar vidas em hospitais e emergências de saúde

 Mais uma semana para dar um espaço para o agradecimento e louvor a Deus.

Mais uma semana para tentar interagir com organizações solidárias que promovem o atendimento aos que moram nas ruas.

Mais uma semana para se dedicar com afinco ao trabalho e oferecer as palavras e obras a Deus.

Mais uma semana para rezar para que os cientistas desenvolvam vacinas contra os males do mundo.

Mais uma semana para pedir que Deus ilumine o coração de governantes que insistem em promover a guerra e não a paz dos povos.

Mais uma semana para acreditar em mudanças estruturais que promovam o bem estar da sociedade, tão vilipendiada e esquecida.

Mais uma semana para rezar pela harmonia entre os semelhantes.

Só mais uma semana!


KATIA CHIAPPINI

SORORIDADE

                           SORORIDADE


Esse termo muito utilizado modernamente significa irmandade.

É derivado do Latim e significa buscar a fraternidade

No italiano temos a expressão sorella que significa irmã.

As mulheres se agrupam em comunidade para defender seus direitos e temas relativos às leis que as protegem, se filiam a sindicatos e associações com o objetivo de se sentirem mais representadas em suas reivindicações.

A sororidade traz o desejo de buscar os direitos femininos e seu cumprimento. É uma prática inerente âs mulheres que apoiam umas as outras em prol da justiça social.

Os temas tratados buscam corrigir injustiça no trabalho, salário desigual ao do homem, pouca valorização .

O assédio físico e moral está  tornando maior o índice de feminicídio. Está atingindo níveis desastrosos e vergonhosos para o pais que deveria se apropriar do tema, já que
não o faz com dignidade e constância

Os preconceitos e o assédio atravessam a história e parecem se perpetuar, o que causa um desequilíbrio familiar insustentável e inadmissível.

As redes sociais divulgam casos e casos de agressões entre casais, mesmo na frente dos filhos.

A educação ainda em tons machistas, ajuda a desconstruir a importância da mulher no lar e no trabalho que desenvolve fora de casa.

A prática da sororidade busca reconstruir a sociedade, dando âs mulheres o espaço que nunca deveriam ter perdido.

As mulheres querem se reerguer e atingir o merecido lugar em sociedade. Elas se apoiam e crescem como uma organização que merece ser vista com seriedade.

É preciso dar uma resposta ao machismo exacerbado desfraldando a bandeira da igualdade, da fraternidade e respeito.

A prática da sororidade contribui para a coesão social tentando preservar o espírito de fraternidade entre os povos.

Ainda há muito a conquistar. Mas, mulheres não fogem da luta nem de seus princípios básicos, nem de seu direito de ir e vir sem ser molestada.

Que a ética e a política se voltem para a defesa dos direitos femininos e que a sororidade se faça cada vez mais presente nessa batalha e que o preconceito não seja o eleito das políticas públicas.


KATIA CHIAPPINI

ONDE ENCONTRAR DEUS

                ONDE ENCONTRAR DEUS


No silêncio encontramos tempo para falar com Deus

Na missa dominical ofertamos nossas palavras e ações a Deus. 

Na meditação erguemos nosso pensamento a Deus.

Mas, não podemos encontrá-lo entre lamúrias e blasfêmias. Não será possível encontrar sua palavra amiga se o coração estiver bloqueado.

Deus precisa ser chamado e honrado para que venha até nós.

Deus está no alto da montanha, na efervescência da natureza, na força das águas da cachoeira, no canto dos pássaros, no balanço das ondas do mar, na imensidão do cosmos.

Deus está ao nosso lado quando ajudamos o idoso a carregar as compras, quando atravessamos a rua oferecendo o braço para o deficiente visual.

Deus está ao nosso lado quando recolhemos as pedras que nos atiraram e seguimos nosso caminho sem recolher o ódio, a inveja ou a indiferença.

Deus está ao nosso lado quando praticamos o bem, quando sorrimos, quando abraçamos nosso semelhante, quando proferimos um bom conselho a quem nos solicita.

Em nossos momentos de raiva incontida, de maus pensamentos, de agressividade, Deus prefere se esconder para que não descubram que  está triste.

Quando nossa alma estiver em paz Deus estará vigiando

Encontrar Deus é não negar a centelha divina que nos foi dada por Ele. como o maior dom e prova  de magnanimidade e bondade.


KATIA CHIAPPINI

A QUALQUER TEMPO

               


                      A QUALQUER TEMPO


A qualquer tempo o amor é magia que ilumina

É chuva de risos e de rosas no leito do eleito

A qualquer tempo amar é um significativo momento

As peripécias amorosas roubam o brilho das estrelas

O encantamento se torna um eco que transpõe montanhas

Amar é desfilar entre nuvens, entre fadas e duendes, é pedir a bênção do gênio da lâmpada

Amar é jogar a moeda na fonte dos desejos pra fazer um pedido

A qualquer tempo , amar é não perder a cumplicidade

A qualquer tempo amar é um mistério e magia sem explicação

A qualquer tempo o amor pode surgir, sem que seja esperado

A qualquer tempo o amor que se sente é uma dádiva e uma dúvida.

A qualquer tempo a maturidade tem direito ao amor sem questionamentos, sem represálias

A qualquer tempo lute para ter as duas escovas de dente juntas, na pia do banheiro

A qualquer tempo esteja pronta para novo amor encontrar

A qualquer tempo saiba transpor os desafios. Vá procurar seu sapato de salto alto, seu vestido esvoaçante e vá passear consigo mesma.

A qualquer tempo faça uma viagem, coloque seu melhor  perfume e vá tomar um sorvete de chocolate com cobertura de caramelo, na Quinta Avenida de Nova York.

A qualquer tempo respire novos ares e busque sua essência

A qualquer tempo faça uma conexão com sua felicidade e erga-se da queda com dignidade e altivez.

Mas lembre-se: a qualquer tempo, faça chuva ou faça sol.


KATIA CHIAPPINI



 

quinta-feira, 14 de março de 2024

CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA

                     CASA DE CULTURA

                     MARIO QUINTANA


A Casa de Cultura Mario  Quintana é um local onde nos deparamos com diferentes atividades artístico-culturais que promovem o encontro de escritores, poetas, declamadores ,contadores de histórias,. artes cênicas, projeção de filmes, galeria de artes e espetáculos musicais. Mario Quintana, poeta gaúcho, habitou essa casa quando foi projetada, em tempos idos, para ser o Hotel Majestic

A  casa possui uma ala dedicada ao poeta, onde se pode visitar o quarto onde dormiu, alguns de seus objetos pessoais.

No sétimo andar há um café com uma parte coberta e outra ao ar livre, onde se descortina o pôr do sol e o Rio Guaíba.

Uma ocasião resolvi sentar no saguão para escrever um poema. Pensaram que eu fosse uma recepcionista e se dirigiam a mim para direcioná-los dentro da casa. Eu respondia qual era o andar do teatro, das obras em exposição, da peça infantil em curso.

Fiquei toda a tarde conduzindo as pessoas aos andares certos.

Era um dia de chuva e esperei a chuva passar ,já ao anoitecer, para voltar para minha casa.

Minha familiaridade com a casa se devia ao fato de que eu lecionei piano para a terceira idade, em especial. no quarto andar da Casa de Cultura.

Mas lecionava também para jovens e adultos.

Há na casa um local para ocupar as mesas com computadores, há 

uma sessão de músicas com fones individuais.

É possível ficar na biblioteca lendo, no jardim de inverno, ao ar livre.

As oficinas oferecem várias opções de cursos.

A casa recebe estudantes e professores para visitação.

Na entrada há um lugar aberto, onde as pessoas se reúnem para beber um chá, um café ,um refrigerante, enquanto discutem o roteiro do dia.

A Casa de Cultura é um patrimônio da cidade de Porto Alegre e recebe visitantes de várias nacionalidades. Essa diversidade é uma das características da casa. Há todo o tipo de vestimentas, pessoas tatuadas, outras com roupas de couro e botas, outras com batas bem soltas. São várias tribos convivendo em completa harmonia.

Desejamos que as autoridades ampliem o número de oficinas da casa, em especial, as aulas de dança e as turmas de ginástica.

No momento não há aulas de violão ou piano, como em outros tempos.

Ampliar os recursos e verbas públicas, deve ser a preocupação dos responsáveis pela cultura, de modo que a Casa Mario Quintana siga sendo uma referência e um chamamento para formar novos artistas.

É um privilégio para Porto Alegre poder contar com um local onde as artes tomam forma e os sentimentos se desenvolvem e se transformam em esteio do ser humano.

E todos os talentos artísticos divulgam seu trabalho . promovem o conhecimento das artes  e completam a educação emocional. 

Visitem a Casa de Cultura, assistam aos espetáculos musicais, compareçam ao teatro e estimulem a classe artística, aplaudindo os shows  de grupos nacionais que aqui se apresentam.

Sejam todos bem-vindos à Casa de Cultura Mario Quintana, localizada na rua dos Andradas, centro histórico. 

Agendem sua visitação e aproveitem esse espaço que é o orgulho dos gaúchos e com toda razão.


KATIA CHIAPPINI

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A ÁRVORE DA VIDA

                       A ÁRVORE DA VIDA


Somos parte da árvore da amizade quando temos esse propósito

Nada nos traz mais satisfação do que o empenho para conservar os bons amigos. 

Alguns galhos das árvores  são sustentáculo de outros mais frágeis, mas todos formam uma grande corrente da vida.

Algumas pessoas são folhas e outras são flores perfumadas.

Algumas se deixam abater e outras lutam e se renovam.

As árvores crescem e as amizades também. E ambas lutam para conseguir sua utilidade e permanência.

A árvore dá flores e oxigênio para o planeta.

A amizade se fortalece e aquece os corações

As raízes da árvore indicam quantos anos ela tem, bem como o formato e tamanho de seu tronco,

As raízes da amizade se nutrem de gestos solidários, de presença atuante, de empatia e simplicidade.

As flores e frutos das árvores revelam uma natureza pródiga 

Quando as amizades florescem e se aceitam nos bons e maus momentos, elas se fortalecem, nutrem a alma, tocam o coração e promovem a paz de espírito

As árvores são parte da subsistência do ser humano.

Amizades são pérolas preciosas que envolvem sentimentos puros e recíprocos. 

Somos parte da árvore da vida, dos desígnios de  Deus, do ventre materno.

Temos uma missão a cumprir para galgar os caminhos da solidariedade. Precisamos buscar o caminho da cooperação mútua para seguir os degraus que nos levarão à compreensão, ao desejo de viver em paz e harmonia com nosso semelhante.

Sejamos árvores de boa semeadura para colher os melhores frutos que a vida nos oferecer.

Sejamos missionários do bem e da verdade para merecer a proteção divina.

Sejamos eternos nos corações dos que nos amaram e amam.

Sejamos gratos a tudo que conseguimos com nosso próprio esforço e determinação na luta diária.

Quando os frutos caírem ao chão, vamos reiniciar novo plantio e esperar confiantes pela colheita.

Vamos entregar nossas palavras e obras a Deus e pedir Sua proteção

Vamos lutar para preservar a nossa identidade, sem enveredar por caminhos escusos e becos sem saída.

Que Deus nos guie os passos e caminhe ao nosso lado!

Que as árvores sigam enfeitando avenidas e praças e que sejam preservadas para o equilíbrio do planeta.

Que as amizades sejam um motivo de alegria em nossas vidas!


KATIA CHIAPPINI .

quarta-feira, 13 de março de 2024

VOLUNTARIADO: VISITA AO ASILO

                       VOLUNTARIADO:

                       VISITA AO ASILO

Uma das atividades que me deu grande satisfação foi a de visitar um asilo. As idosas já vem ao nosso encontro com um sorriso radiante.

Ao chegar fui visitar uma amiga que se instalara ali, alguns meses antes. Ela era cantora da noite, em bares e restaurantes.

Logo me convidou para ir até a sala do piano, porque queria me ouvir tocar. Fui com ela e percebi as idosas na sala de televisão, que ficava ao lado.

Quando dedilhava algumas músicas para minha amiga cantar, percebi uma movimentação e um deslocamento das idosas da sala de televisão para a sala do piano.

Elas foram chegando e se acomodando nas cadeiras, sem interromper nossa apresentação.

Mas, após minha amiga me agradecer, quando parou de cantar, as damas se aproximaram do piano e pediram que eu tocasse algumas canções que conheciam porque queriam cantar com o especial acompanhamento do piano.

Fiquei emocionada de ver a alegria que tomou conta do ambiente, semelhante aos pequenos alunos de uma turma de jardim de infância

Em certo momento resolveram dançar os boleros e tangos que eu interpretava e a alegria transbordou atravessando os corredores e demais ambientes do asilo. .

A hora passou e nem vimos passar, tal o encantamento e a energia do momento.

Logo, como era hora do lanche, fomos convidadas para passar ao refeitório.

Não consegui saborear lanche algum porque as idosas do asilo queriam me contar suas amarguras e dramas de família.

Descobri que uma dama estava apenas com 65 anos e fora colocada ali porque a família alegava que ela tinha um gênio difícil.

Havia um juiz de carreira, aposentado, de mente lúcida e brilhante, que me falou que ele estava ali por decisão própria, já que em casa se sentia rejeitado e completamente só, como se não morasse com a família.  Todos deixavam a casa para seus afazeres e não deixavam um lanche pronto, nem um suco ou leite para que pudesse se alimentar. E ele apresentava uma dificuldade de locomoção.

Outra senhora, na faixa de 70 anos, não se sentia bem, porque seus netos não a deixavam ver as novelas e o noticiário. E disputavam a mesma televisão com ela. pedindo que fosse fazer seus trabalhos manuais. pois
queriam ver as partidas de futebol.

Ainda outra simpática vovó, ocupava um quarto perto da secretaria e tinha uma tristeza no olhar. Percebi e perguntei o que a incomodava.

Ela me olhou transparecendo toda a sua amargura e falou:

- Hoje é o dia que minha família vem ao asilo efetuar o pagamento. Mas, nenhum deles vem me visitar. Permanecem só o tempo suficiente para passar um cheque e se retiram.

Foi possível perceber a carência dessas criaturas e sua alma sofrida

Outra dama de classe média se perdeu na rua e o marido resolveu leva-la para o asilo, sendo que não faltava dinheiro para contratar uma cuidadora. E ela era quem fazia toda a lida doméstica e se dedicava ao marido de uma maneira invejável.

 Mas, a tristeza foi tanta que essa mulher sofreu um infarto dois dias depois de ter chorado o tempo todo desde a chegada no local.

E o marido dela, talvez com remorso e arrependimento, durou mais três meses e teve um derrame fulminante.

Ao entardecer me despedi de minha amiga e das outras senhoras e senhores que me deram sua atenção.

Uma das damas pediu que eu não demorasse a voltar porque esse encontro nunca seria esquecido. E elas gostariam de repetir.

Fiquei alguns dias triste por lembrar de tanta abandono sem necessidade, da falta de humanidade dos familiares para com seus idosos.

Esses, e muitos deles, me confessaram que ajudaram financeiramente os seus netos, sem nenhum reconhecimento.

Mas sabemos que Deus é justo e dá a cada um aquilo que semeou. Os homens de boa vontade serão lembrados e convidados para o reino do céu, como Cristo falou.

 A justiça divina não falha. Então cada um colhe de acordo com sua semeadura

 Praticar voluntariado é uma atitude abençoada e gratificante. Cada sorriso que recebemos soa como uma joia preciosa.

E preciosos foram meus momentos junto aos idosos desse asilo.

Deus seja louvado!


KATIA CHIAPPINI

QUEM SOMOS

                            QUEM SOMOS


Somos o que?

Folha partida ?

Nem o porque 

Sabemos da vida


Vivemos cegos 

Sem rumo certo

E nosso Ego 

Some no deserto


Onde chegar

Sem esperança?

Como ancorar

Com confiança?


Qual o trajeto

 A percorrer

Se falta afeto 

Em nosso viver?


Crer no amor 

Como verdade

É ofertar o suor

E a identidade


Queria ser amada

É o que importa

Mas amor é estrada

Sem janela e porta


KATIA CHIAPPINI

ESQUECER OU LEMBRAR

                 ESQUECER OU LEMBRAR


Esqueço minhas vicissitudes

Tento cultivar as virtudes 

Esqueço espíritos menores

Esqueço meus pormenores


Lembro cavalgadas verdejantes

Lembro de amores itinerantes

Cultivo as amizades que tenho

Lembro de que nelas me detenho


Esqueço das pessoas mesquinhas

Porque são como ervas daninhas

Esqueço invejosos de plantão

Esqueço a desmedida ambição


Lembro de me afastar da maldade

De defender equilíbrio e sanidade

Faço o bem sem olhar a quem

Como  Cristo ensinou, como convém


Esqueço de quem não soube amar

O tempo cruel não vai me consolar

Esqueço do que preciso esquecer

Esqueço e sigo sem esmorecer


Lembro de meus anos dourados

De colegas e professores amados

Lembro de quem lembra de mim

Lembro do amado em lençóis de cetim


Se de nada mais me lembrasse

Queria recordar de tua face

Isso me bastaria e ainda seria

Tudo o que meu coração pediria


KATIA CHIAPPINI



FELIZ?

                                    FELIZ?


Quando estou feliz

Tudo parece sorrir 

Até o idoso me diz;

- Assim quero me sentir


Quando não estou feliz

Ainda assim agradeço

Deus é pai e me diz:

- O desafio é o começo


Quando estou a sorrir

Agradeço pelo meu dia

Uma prece vou sugerir

Pra quem vive em agonia


Quando não estou bem

Faço de conta que estou

Não vou brigar com ninguém

Aceito o que sentindo estou


Quando me vejo feliz

Uma sobremesa ofereço

Digo que eu mesma fiz

E os elogios agradeço


Sou eterno aprendiz

Aceito minha fraqueza

Feliz ou nem sempre feliz

Busco da vida a beleza


KATIA CHIAPPINI



terça-feira, 12 de março de 2024

O QUE SEI, O QUE SINTO

                O QUE SEI, O QUE SINTO


O que sei todos podem saber

O que sinto só eu estou buscando

O que sei preciso aprender

O que sinto, nem estou tateando


O que sei a vida está a delinear

O que sinto é uma espera constante 

O que sei, é visível, posso desenhar

O que sinto é abstrato e angustiante


O que sei, é que o futuro existe

O que sinto é que hoje nada sei

O que sei é que a dúvida persiste

O que sinto é medo do que verei


O que sei é que muito falta saber

O que sinto é que não me sinto bem

O que sei é que a espera é sofrer

O que sinto é que o sofrer vai e vem


O que sei a todos posso proferir

O que sinto nem mesmo sei avaliar

O que sei me fará em breve evoluir

O que sinto é vontade de chorar


O que sei é um processo constante

O que sinto nem sempre me faz bem

O que sei é que a luta é estressante

O que sinto é que tenho que ir além


O que sinto o corpo parece entender

O que sei é que a razão dá sinais

O que sinto é que sentir é sofrer

O que sei é que procuro ser mais


KATIA CHIAPPINI

NINGUÉM

NINGUÉM


Se eu não te enviar meus versos

Ninguém mais o fará 

Sou no verso e no reverso

A única que de ti lembrará

Ninguém esperaria tanto

Contando as ondas do mar

Ninguém cantaria o canto

O mesmo que sabes cantar

Ninguém ficaria sorrindo

Mesmo querendo chorar

Pra fazer de conta, fingindo

Que tu virias para me amar

Ninguém é de ninguém

Não se conhece o interior

Nem aquele que queres bem

Estará sempre ao teu dispor

Na vida há petiscos e riscos

Há também alguns bônus

Mas se for para amar, nem pisco

Quero do espírito o tônus

Sei que ninguém é perfeito

E nem sempre é previsível

Vou amar de qualquer jeito

Tornar possível o impossível

Vou amar com intensidade

Porque a vida é traiçoeira

Depois vou viver de saudade

Mas não ficarei sem eira nem beira


KATIA CHIAPPINI




segunda-feira, 11 de março de 2024

HOMENAGEM PARA ADÉLIA EINSFELDT

                          HOMENAGEM 

       
                          PARA ADELIA


Adélia, mulher visionária

Cuja determinação é visível

Adélia de dedicação missionária

Possui uma trajetória incrível


Adélia teve a infância roubada

A família se fez sobrevivente

Sua alegria na face estampada

Não revela a luta recorrente


Mas a alma foi abençoada

A tenacidade se fez presente

Foi longa e árida a jornada

Mas, Adélia seguiu em frente


Casou e constituiu família

Um dia descobriu-se escritora

Colheu amizades em sua trilha

De sua biografia foi a autora


Adélia desfilou na literatura

Seus textos foram bem aceitos

Adélia transpôs as amarguras

Fez dos poemas seus eleitos 


Ao completar seus 90 anos

Ainda defende sua opinião

Adélia colheu muitos manos

Porque fraterno é seu coração 


Felicidades, querida Adélia

Agradecemos tua contribuição

És flor formosa, és Camélia

E brilhas em qualquer estação


KATIA CHIAPPINI






sexta-feira, 8 de março de 2024

VIAGEM DE TREM

                        VIAGEM DE TREM


Houve uma época, quando havia a estação ferroviária, que os trens circulavam nas estradas e levavam carga e passageiros.

Nas férias  escolares, eu costumava visitar meus avós em Livramento, fronteira do Rio Grande do Sul com Uruguai. 

Era chamado de Minuano o trem de minha infância e adolescência.

Havia a possibilidade de viajar no ônibus leito, onde as camas de dois andares tornariam o transcurso mais confortável.

Mas, eu preferia ocupar uma poltrona, junto à janela, para vislumbrar a paisagem.

As crianças nos abanavam quando o trem passava. Era lindo ver as cabecinhas na janela, e a face risonha da infância. mesmo habitando casebres sem conforto algum.

Uma das vezes que fui de Porto Alegre para Livramento, sentei ao lado de um senhor simpático, porque esse era meu lugar.

Meu irmão e minha tia ficaram lado a lado e eu estava sozinha em outra poltrona.

Esse senhor levava um farnel de aroma muito especial que me despertou o paladar. Era uma galinha assada e bem dourada, coberta por farofa.

Quando ele se serviu, perguntou se eu aceitava um pedaço .Sem cerimônia alguma, escolhi uma sobrecoxa bem polpuda.

Mais tarde, ele se serviu novamente e me ofereceu outro pedaço.

Percebi que tinham sobrado pedaços pequenos para ele, já que voltou a me brindar com seu farnel. 

Acabou sem se alimentar direito.

Pedi desculpas por me servir dos pedaços maiores a cada vez.

O homem sorriu e parecia nem estar contrariado com a situação.

Em outra ocasião viajei no inverno e a noite estava muito fria.

Do meu lado um cidadão  dormia, coberto por um edredom bem recheado de espuma.

Esperei um pouco e depois de um tempo, puxei o edredom e me cobri com ele para dormir um pouco também.

Quando o homem se mexeu e começou a roncar, eu acordei bem assustada e já bem atenta. Ao perceber que o corpo do homem se mexeu, tirei o cobertor de meu corpo e coloquei sobre o do homem, novamente, Ele sentiu, acordou e me olhou surpreso porque eu não havia acabado de cobri-lo.

Eu não esperava por isso porque ele parecia estar dormindo profundamente.

Mas, pensei rápido e falei, antes que me perguntasse algo: 

- Senhor, estava lhe cobrindo porque, quando virou para o outro lado, seu edredom caiu.

O homem sorriu e agradeceu a minha atenção.

Quem viajava comido era o meu irmão e essa tia muito querida que era hóspede de meus avós.

 Ela levava uma garrafa com ela e eu pedia para provar a bebida que continha no vasilhame. Minha tia dizia:

- Não posso oferecer porque esse é meu xarope para a tosse.

Quando cresci , descobri que era um licor precioso e especial que ela sempre levava onde fosse.

A viagem de trem era um dos prazeres de minhas férias. O barulho do trem nos trilhos, as curvas, a fumaça, a paisagem que ia se descortinando, tudo era uma festa para os meus olhos.

O restaurante do trem tinha algumas iguarias diferenciadas e o ambiente era bem tranquilo e asseado. 

Numa de minhas viagens, me deparei com um cidadão que trazia uma galinha e achei curioso. Mas, a galinha não incomodou ninguém.

A visão das serras ou das campinas ou de grandes extensões de campo, com o gado pastando e cavalos correndo, era deslumbrante para quem morava na capital e nem conhecia essa paisagem cheia de surpresas.

Muitas viagens de trem fiz em minha vida. 

Quando a alfândega não era tão severa e revisava as bagagens de alguns trens e de outro não, eu trouxe um jogo de taças de cristal, em minha mala, enroladas em panos pequenos, uma a uma. E depois todas juntas enroladas num lençol para disfarçar.

Eram taças compradas no Uruguai e não deveriam estar no trem. Mas, uma prima pediu que as trouxesse e tive sorte de não ser revistada a minha bagagem, porque eu estava contrabandeando.

Depois disso, não a aceitei trazer mais nada de pessoa alguma.

A lembrança do trem Minuano nunca me abandonou.

Meu avô ia me buscar na estação .Eu encontrava meus primos que eram convidados para passar as férias junto comigo e com meu mano. Eu era a neta mais velha e colocava todos em ordem e meus avós apreciavam o fato de eu contar história para eles, durante a sesta que gostava de fazer junto com meu avô.

Ela e vovô trabalhavam na farmácia da família e descansavam um pouco após o almoço.

Vovó era incansável e nos esperava com doces em compota, com ambrosia, doce de ovos, pão caseiro e cucas recheadas de sabores diversos.

As férias eram perfeitas.

E o trem de ferro foi um importante personagem de  meus tempos de menina de tranças e de fita no cabelo.


KATIA CHIAPPINI

   

 

quinta-feira, 7 de março de 2024

FALANDO SOBRE A MULHER

 


            

              FALANDO SOBRE A MULHER!  


Hoje a palavra vem declarar

Vem com um único objetivo

Vem para a mulher conclamar

O respeito devido e seletivo


Tão fortes embora delicadas

Tão abnegadas em seus lares

Mulheres ainda desamparadas

Preferem andar aos pares


A mulher ainda não sabe

Se desprender dos grilhões

Muitas lutas ainda cabem

Para aparar os senões


A dominação é velada

O homem quer dominar

A mulher vive mascarada

Porque tem filhos para criar


O homem tem aventuras

E a mulher finge que é normal

Vive negando a amargura

Nem fala que se sente mal


Mas vai despertar um dia

E lutar pelos seus direitos

Chega de tanta hipocrisia

De ser um adorno no leito


KATIA CHIAPPINI


DIA DA MULHER: 8 DE MARÇO

             DIA DA MULHER; 8 de março

                              

Menina-mulher 

A menina apanha uma flor no canto da rua

A mulher se ajeita para receber flores do amado

A menina brinca de esconder com suas amigas

A mulher brinca de sorrir para o espelho e se enfeita

A menina se encanta com o canto dos pássaros

A mulher busca o canto da liberdade ameaçada

A menina embala a boneca de quem cuida com carinho

A mulher se faz boneca e insinuante para ser admirada

A menina toma banho de cachoeira despreocupada

A mulher se preocupa em poupar a água que é subsistência

A menina quer o amor de seus pais e irmãos

A mulher está em busca de um amor que caminhe ao seu lado

A menina quer brincar na chuva e sentir os pingos no rosto

A mulher quer uma chuva de pétalas de rosa  em seu leito

A menina se contenta em abraçar seus pais e irmãos

A mulher quer abraçar um trabalho que a acolha e dignifique 

A menina aplicada quer um elogio pelas boas notas na escola

A mulher quer mais escolas de turno integral para ver a juventude trilhar um caminho promissor

A menina ainda brinca de amarelinha, de pular corda, de jogar peteca, de montar quebra-cabeça.

A mulher já não brinca porque se preocupa em enfrentar os desafios da vida, as dificuldades diárias do lar  e dos múltiplos afazeres que tem pela frente.

A mulher luta por uma sociedade mais humanitária, justa e se preocupa com as desigualdades, com a discriminação, com a violência doméstica, com as promessas não cumpridas dos governantes não preparados para exercer altos cargos na política e na sociedade.

Amenina chora de emoção e logo seca suas lágrimas

 A mulher não esconde suas mágoas e chora pela humanidade sofrida e lamenta a falência da sociedade como um todo em desarmonia e involução dos costumes e da moralidade.

A mulher ainda acredita nas mudanças porque a esperança é uma crença que devemos preservar enquanto vivermos.

A mulher dispensa o título de rainha do lar e não admite mais ser Amélia, aquela que era a mulher de verdade, porque submissa e oprimida

A mulher quer galgar seu lugar ao sol, buscando sua realização já tardia mas possível.

A mulher é o equilíbrio da família e ninguém a substitui na dedicação e persistência.

Mulheres são flores delicadas, mas sabem ser flores de aço, firmes, batalhadoras e defensoras de seus filhos.

Ela são suporte, amparo, esteio e conselheiras em potencial.

Desejo que nessa data, 8 de março de 2024, as mulheres se tornem mais visíveis em suas múltiplas atuações como mães, esposas, filhas, educadoras, cuidadoras . 

E que se permitam ser o que quiserem ser. E  que não se deixem desrespeitar. E que sua voz tome maiores proporções .

Ser mulher é apenas ser.


KATIA CHIAPPINI