Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

domingo, 31 de julho de 2016

PAPAI E EU -MINICONTO

                   PAPAI E EU-MINICONTO

Meu pai e eu estávamos descendo no elevador do Banco do Brasil, após atualizarmos as carteiras de saúde.
Eu era uma adolescente na época em que se deu esse diálogo
Falei primeiro e papai ia me respondendo:
- Papai, você notou a diferença?
- Sim,estou ouvindo, pode falar
- Notei que quando fomos ao médico usando o convênio, o atendimento foi meteórico e restaram dúvidas sobre o diagnóstico.
-Sim, filha, quem sabe!
- Quando fomos ao consultório do médico particular, do mesmo que atende pelo convênio, aqui no Banco do Brasil, nos ofereceram cafezinho e revistas atualizadas para cumprir o período de espera.
- Mas filha, isso se fala em casa e não em público, concorda?
- Mas pai, é justamente o público que deve tomar conhecimento dessa realidade.
Meu pai percebeu os risos abafados e um certo rebuliço entre os transeuntes do elevador.
Papai se adiantou para sair logo, olhou para todos e disse:
- Ah! essa juventude!

KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 27 de julho de 2016

CONFLITOS DIÁRIOS

                     CONFLITOS DIÁRIOS

As vezes tão perto
Outras tão distante
Ora eu sou deserto
Ora eu sou retirante

Sou mas não queria
A que brincou de ser
Máscaras eu vestia
Pra ter um bem querer

Na pressa do dia a dia
Pouco tive nessa vida
Sou uma figura fugidia
Sorrindo em agonia

Mas sei viver a esperança
E fazer da mentira verdade
Tropeço na vida e na dança
Mas me ergo com serenidade

KATIA CHIAPPINI














terça-feira, 26 de julho de 2016

EU SEI ESPERAR!

           
                            EU SEI ESPERAR!

Espero a paz de tua presença
Um simples olhar de ternura
És meu sustentáculo e crença
Sou mulher-menina, formosura

Sei que há conflitos no amor
Sinto que incontido é o pranto
Há chamas de um terno calor
Há gotas de prazer e encanto

Me conduziste pelo caminho
Deixei a vida em tuas mãos
Encontrei ligeira o teu ninho
Me aninhei no inverno e verão

Meu corpo é tua âncora em cena
Me levas, me jogas, me tens
Sou madura-mulher e serena
Mas o corpo quer ir mais além

As vezes, espero - nem tudo sei -
Parece que escorrego num abismo 
Naquela ansiedade de quem tem
Ora uma certeza, ora ceticismo

Espero por um lindo momento
Para relembrar no dia final
Espero a visão do firmamento
Um balanço sensual e visceral

Espero o silêncio perfeito
No cansaço que vem depois
Acoplada ao eleito, no leito
Onde se vê um só e não dois

KATIA CHIAPPINI

segunda-feira, 25 de julho de 2016

DIA DE ENCONTRO!

                      DIA DE ENCONTRO!

Encontro é pura magia
Entre amado e amada
Uma tem pele macia
Outro busca a jornada

Um a outra percorre
Entre montes sem fim
Um é alpinista e escolhe
Repousar nela, no jardim

Agora ela é quem escala
Sulcos,fendas,sendas
Dois corpos, uma vala
Sem véus e sem rendas

É tatuando labirintos
Que amantes se dão
Vale em qualquer recinto
A esperada explosão

Antes calmo, agora tenso
O momento se acelera
O homem: ''será que venço''?
A mulher: ''calma,me espera''

Estou falando de nós
Entre sussurros e gemidos
Depois vem a saudade atroz
Só restam os dias vividos

Embora houvesse temor
Pelo pouco que te conheço
Sei que foi intenso o amor
Mas não sei o teu endereço

Descobriste, pouco a pouco
Segredos de minha anatomia
Gritaste meu nome já rouco
Entre o prazer e a agonia

KATIA CHIAPPINI

domingo, 24 de julho de 2016

MISERICÓRDIA!

      
                          MISERICÓRDIA!

Ave Maria cheia de graça
Protegei todas as raças
Os homens estão às traças
Manobras oprimem as massas

Essas que os governos exploram
E doam migalhas que sobram
E por elas não se desdobram
E só mais impostos cobram

Essas que fazem sacrifícios
Mal pagas em seu ofício
Pois a exploração virou vício
Sem trégua e sem benefícios

E não vislumbram, não, indícios
De reivindicar o interstício
É quase uma visão de hospício
Quase guerra sem armistício

Santa Maria, nossa mãe e de Deus
Rogai pelos filhos que são teus
Zelai pelos crentes ou ateus
Perdoai os arrependidos fariseus

KATIA CHIAPPINI

sábado, 23 de julho de 2016

AMARGA DECEPÇÃO

                       AMARGA DECEPÇÃO

Pálida, esquálida, desmaiou
Demente, impotente, ficou
Se torturou,castigou e se violou

Sua frágil figura, em verdade
Abandonada e sem dignidade
Só pedia a Deus por piedade

Não se exigiu, se dividiu
Caiu no abismo frio
Não se ouviu e se feriu

Nada quis e nem lhe servia
Quando ouviu:''não te queria''
Será ''titia'' e sem sua cria

Se acreditasse em sua voz
Em seu lamento atroz
Fugiria com passo veloz

Varreria da roupa a poeira
Não estaria sem ''eira nem beira''
Secaria a lágrima derradeira

Voltaria a ser destemida
Retiraria nova senha na vida
Pra escolher e não ser escolhida

KATIA CHIAPPINI

quinta-feira, 21 de julho de 2016

POR MAIS QUE......

                          POR MAIS QUE...

Por mais que a vida nos sorria
Infiltra-se uma lágrima no olhar
E chega esse amor de cortesia
E engana a quem quer se enganar

Por mais que o Sol nos ilumine
A Lua escurece sem que se requisite
Queira Deus que a razão determine
Que o sentimento não se precipite

Por mais que a vida seja bela
A ansiedade traz fragilidade
E o coração qual vidro de janela
Retém a garoa e esconde a verdade

Por mais que a estrada floresça
Há pedras em terreno árido
Importa criar laços - não se esqueça -
Deixar rubro o rosto antes pálido

KATIA CHIAPPINI

quarta-feira, 20 de julho de 2016

A PALAVRA AMIGA

                    A PALAVRA AMIGA

Não negue a ninguém um conselho
Nossa fragilidade é perceptível
Olhe-se, às vezes, no espelho
Descubra-se bem mais sensível

Diga uma palavra amiga
Permita-se ser mais natural
Ao abraçar diga: ''bom dia!''
Seja, para alguém, especial

Não custa ao outro auxiliar
Fazer o bem e compreendê-lo
As almas estão tristes a chorar
Mas dissimulam por zelo

Seja paciente e não intempestivo
Saiba acolher e repartir o pão
Não seja do orgulho cativo
Não humilhe o seu irmão

Só deixamos o bem que fazemos
Só o Bem a alegria nos traz
Do amor dos pais nascemos
E retribuir é semear a paz

KATIA CHIAPPINI

FELIZ DIA DO AMIGO !

terça-feira, 19 de julho de 2016

BREVE REFLEXÃO: MATURIDADE.

          REFLEXÃO PARA A MATURIDADE

Se você já criou seus filhos e netos com carinho e atenção, se já ajudou a pagar os custos dos estudos universitários, a estada em curso de Inglês, no exterior, se já cuidou dos netos para sua filha terminar a faculdade, então, já é hora de pensar em você.
Se conseguiu juntar alguma importância e capitalizou para a maturidade, tome a iniciativa de aproveitar essas economias em proveito próprio. Não deixe o dinheiro parado por ter pensado em deixar de herança..
Sinta-se capaz de programar uma viagem, de assistir um show artístico de nível internacional,  de comprar algumas peças de roupa que paralisam seus olhos, nas vitrines .Mude o corte de cabelo, a cor de cabelo. Faça aulas de Yoga, de dança, de alongamento, de Pilates, de Hidro-ginástica, de natação, conforme o que for o mais adequado para sua constituição e de acordo com a opinião do médico que a acompanha em suas consultas anuais.
Faça aquele passeio para visitar um filho distante, para seguir até a fonte dos desejos e jogar sua moeda, para visitar um templo budista e ouvir os monges, em seminários que canalizam seu desejo de evoluir espiritualmente.
Faça e desfaça, inicie um caminho que é só seu, independente do que seus familiares vão opinar.
Se esteve pensando em deixar o dinheiro acumulado para seus entes queridos,mesmo percebendo que cada um se sustenta com a profissão que possui, volte a refletir, volte os olhos para você mesma e siga seus desejos, sonhos e vontade própria.
Pense que dinheiro sempre será motivo de discórdia depois que você faltar. E muito dinheiro, na mesma proporção, trará mais discórdia entre os herdeiros.
Pense que mesmo havendo um testamento há maneiras de um irmão tirar proveito em seu benefício, porque os mais ''espertos'' passam a conversa fiada nos outros, de bom coração.
Guarde uma parte do que você juntou para custear despesas com sua saúde, se puder e se não quiser ser motivo de preocupação para seus descendentes.
A outra parte disponha como bem lhe aprouver e liberte-se dos encargos que teimam em lhe impor.
Se passou uma vida trabalhando e juntando seu sofrido dinheiro,com passo de formiga, não permita que alguma cigarra matreira o tire de você.
É de sua responsabilidade gerenciar suas economias.
Não permita que seus descendentes vendam a casa onde você mora para dividir o dinheiro.  Eles podem planejar interditá-la, com ajuda de um atestado médico, inescrupuloso, que a incapacite para continuar a lidar com suas economias. E depois disso, podem colocá-la numa casa geriátrica, contra sua vontade.
E nem que a vejam chorando vão ter outra atitude porque a ganância já terá se estabelecido nas mentes doentias e ingratas.
Querida dama de terceira idade, reflita sobre tudo o que acaba de ler e que talvez nem seja novidade. Mas pode lhe ser útil, porque pode dirimir dúvidas e servir de motivação para que perceba os caminhos que sua vida está tomando, antes que outras pessoas atravessem seus passos, e interfiram em sua liberdade. E não lhe proporcionem um alongamento de vida com alegria e o merecido respeito.
Hoje em dia, os caminhos escusos estão a nos tentar para o mal e ninguém pode confiar, plenamente, em ninguém.
As más companhias podem ser aquelas pessoas que se fazem amigas, mas que planejam, ao longo de um tempo, atos insanos e que lhe causam surpresas desastrosas.  E essas pessoas podem ser de nossa família, como podem ser nossos sócios na firma, como quaisquer outras pessoas próximas de nós, nas quais julgávamos poder confiar, indiscriminadamente.
Querida dama de melhor idade, lembre-se de que só será a melhor idade se você assim a fizer.
Seja você mesma ,mesmo na terceira ou quarta idade. Não é a idade que vai lhe deixar velha, e sim, a falta de sonhos, de planos, de energia espiritual. E essa vem da fé e da esperança que lhe pertence até seu último momento de existência.
Seus passos podem estar mais pesados mas sua essência pode ser sua força motriz a impulsionar o caminho que escolheu como seu.
Seja você mesma, sem tempo e a qualquer tempo.
E dê a si mesma, um tempo de reflexão sobre seu próprio tempo e o torne promissor, produtivo e feliz.
Seja feliz, minha querida dama de melhor idade!

KATIA CHIAPPINI

sábado, 16 de julho de 2016

CONFISSÕES AMOROSAS!

                       Confissões amorosas!

Hoje te espero, te venero e quero
Te prendo, me rendo, sendo ,crendo
Não penso, venço, tenso, sem lenço
Vem, há consenso, depois eu repenso

Me belisco, nem pisco, me arrisco
Eu fico assim, arisco, qual marisco
Sem futuro, insegura, sigo no escuro
Não me vem ar puro, só vejo um muro

Ora crente, ora ateu ,um dia já foste meu
Depois já me esqueceste e não me aqueceste
Por isso me arrependo, agora já entendo
Não me encontro sofrendo, estou me vendo

Foi sinal de carência, tirando a consciência
Recordando a efervescência, a inconsequência
Foi um breve momento, de um falso alento
Foi folha caída ao vento, foi entretenimento

Foi febre de ocasião, mão na mão, em vão
Pura e frágil ilusão, desprovida de noção
Foi um sonho criativo, que se fez intensivo
E te deixou cativo, tão terno quanto expressivo

Foi breve a estação, foi um tempo de verão
Tempo de folia e vibração: prêmio de consolação
Foi ímpeto, alucinação, sem rumo e sem razão
Mas foi imitação da vida: ora amor, ora paixão

KATIA CHIAPPINI



segunda-feira, 11 de julho de 2016

CONCEITUANDO O POETA!

                 CONCEITUANDO O POETA

Poetas são criaturas que priorizam os sentimentos sobre os bens materiais.
São criaturas aladas, descoladas, sonhadoras, boa gente, boa estirpe, reserva especial dos melhores e mais valiosos tonéis. São joias preciosas portadoras de sintonia fina e de refinada vida interior.
No silêncio das madrugadas enluaradas ou enlutadas, pululam poetas debruçados sobre seus textos, em casa ou no bar da esquina.
Então, os poetas se tornam magos e deixam-se transbordar através das rimas e aconchegam suas almas e as confortam.
E a sensibilidade do poeta, eivada de sutilezas, permanece ao dedilhar os bordões de um violão, bem como, ao conduzir uma dança dedilhada, pelas teclas de um piano acústico, para, surpreendentemente, musicar suas rimas.
Mas a palavra do poeta, contida nas folhas do livro, atravessa gerações de seres ávidos pelo saber e pela cultura de sua época, como de eras passadas.
Ao olhar para a fisionomia do poeta, você pode achar nela uma certa loucura, um semblante desligado,''fora da casinha'. Ou uma preocupação menos acentuada pelo seu visual.
O poeta esquece de fazer a barba, de cortar os cabelos, de trocar a camiseta, de colocar um pouco de Pomada Minâncora em sua mais recente espinha do rosto, visível e desnecessária.
Esquece que marcou hora para ir ao dentista e continua sorrindo sem o dente da frente.
O poeta pensa tanto que não pensa em sua aparência. A não ser que seja convidado pra receber uma medalha ou participar de um seminário, onde outros intelectuais vão estar presentes.
Mas o poeta sabe dar atenção ao jornaleiro, ao guardador de carros, sabe atravessar um cego de uma para outra calçada.
O poeta sabe declamar, incentivar a leitura e interagir com pessoas que guardam seus escritos numa gaveta e lá os esquecem.
Ele ensina a sair da comodidade e arriscar seu ingresso no mundo das rimas, aos que demonstram vontade e aptidão para tal.
O poeta é um ser abençoado por Deus e um pouco menos pelos homens, quando esses últimos só visam riqueza e poder.
Mas o poeta é único, se deixa levar pelas ondas dos sonhos, de seus ideais quase malucos, de sua personalidade ímpar e nem sempre compreendida. 
Poetas são boêmios, esquecem de controlar a bebida quando estão com os amigos do bar do bairro. Mesmo porque se eles não comparecerem no horário, os amigos começam a dar sinais pelo telefone celular que fala mais do que as pessoas, nesse mundo digital e sem volta. 
Poetas são fragmentos de nossa própria sensibilidade que se cala porque tem fé na fala das rimas que o poeta escreve e que nos revela e nos toca profundamente. Eles falam por todos nós, tudo o que já pensamos e não conseguimos externar.
Poetas são poetas e nada mais querem ser nessa existência.
Pois, tristezas todos temos e sofremos. Mas só os poetas externam e derramam nas folhas suas mazelas. E compartilham para atenuar e desabafar ,tudo aquilo que os oprime  e castiga.
Um louvor aos poetas de todos os cantos, em plantão permanente em defesa de suas rimas de estimação! E,em defesa da arte literária.
Uma salva de palmas prolongada e eterna!

KATIA CHIAPPIN

sexta-feira, 8 de julho de 2016

DEVANEIOS AMOROSOS

                  DEVANEIOS AMOROSOS

Ontem suspirei por ele
Por ele, ontem, eu esperei
Esperei perfilada na capela
Na capela onde amor jurei

Jurei não tirar a aliança
A aliança de casamento
Mas casamento não afiança
Não afiança o sentimento

O sentimento cria asas
Como asas de anjo eu queria
Mas queria retornar à casa 
À casa que foi lar, um dia,

Um dia já recebi flores
Flores com brilho e matizes
Matizes lembrando amores
Amores que plantam raízes

Raízes que não fixam caminhos
O caminho da cama desfeita
Desfeita mas feita pra ser ninho
Ninho da paixão e da colheita

KATIA CHIAPPINI


sábado, 2 de julho de 2016

MENINO DE RUA

                      MENINO DE RUA

Meninos de tantas preces
Sofrem seu drama calados
Meninos que a vida esquece 
Meninos de corpo marcado

Precisam então vender 
Balas e suas bugigangas
Para não apanhar, nem se ver 
Tratados como bois de canga

Não jogam o seu futebol
Não têm saúde e estão
Sem luz e sem farol
Meros alvos de ingratidão

Meninos tristes de rua
Morrem também de frio
Verdade tão nua e crua
Que não se vê, nem se viu

Sem gestos de amores
Buscam nova mãe ou pai
Pois se fazem desertores
Quando a fé se esvai

Se fazem alguma mutreta
São expulsos da vida
Passam a viver na sarjeta
Sem comida aquecida

Sua carências são suprimidas
Cortaram-lhes a infância
São folhas murchas e caídas
Como algo sem importância

KATIA CHIAPPINI