NADA MAIS SEI...
Balanço o meu lenço
Me canso, estou tenso
Não avanço, nem penso
Não alcanço e repenso
Não afianço: temor intenso
Estou manso: bom senso
Mãos tranço, não há consenso
Descanso e a mim dispenso
Se me lanço, estou denso
Meu ranço se faz intenso
Remanso e me prenso
Danço e nada venço...
KATIA CHIAPPINI
A ESPERA
A vida é feita de esperas. E longa é a espera!
Desde pequenos aprendemos que é preciso esperar.
Esperamos pela chegada dos pais, a cada dia.
Esperamos obter as melhores notas na escola. Esperamos a aprovação na prova do Vestibular.
Esperamos prosperar na carreira que escolhemos.
Esperamos pela seleção quando estamos concorrendo a uma vaga de emprego.
Esperamos na fila para conseguir uma consulta médica.
Esperamos para sermos atendidos em lojas comerciais, nos departamentos públicos, nas filas de Bancos, na chegada de um órgão ( pulmão, rim, coração ) compatível para transplante.
Esperamos por justiça, pela correta aplicação das leis, pelo sentimento solidário, pela prática da honestidade dos nossos parlamentares. Esperamos pelo cumprimento das promessas, em épocas de eleições.
Esperamos pela volta de um filho distante, por um e-mail, por um telefonema. Esperamos uma atitude de carinho.
Esperamos reunir todos os familiares nas festividades de final de ano.
Esperamos que a ira se aplaque e que as desavenças não se transformem em ódio pelo irmão de sangue. Pois, dessa forma, o desespero dos pais pode provocar uma terrível desfecho. em sua velhice.
Esperamos pelo patriotismo e pela ética. E pelo restabelecimento dos valores perdidos em relação aos rumos do nosso país.
Esperamos por homens que não priorizem a cobiça e nem a ambição desmedida que provoca guerras sem volta.
Esperamos por homens dignos e que não façam fortuna às custas de falcatruas de toda ordem e do dinheiro mal havido.
Esperamos pelo respeito que se deve ás crianças e aos idosos. Esperamos que nosso semelhante, um pouco diferentes, mas sem nenhuma culpa por isso, não seja discriminado, maltratado até a morte, depois de torturado brutalmente por monstros que se dizem humanos, mas que já ao nascer, revelaram sua má e incontrolável índole.
Esperamos restabelecer a esperança que perdemos e que fez com que nos perdêssemos, inclusive, de nós mesmos.
Esperamos um sinal de Deus, uma palavra amiga e um verdadeiro amigo. Não aquele amigo que frequenta a nossa casa só em dias de festas, mas,o que a frequenta em dias de doença ou de luto, para nos dar o apoio necessário.
Esperamos pela nossa própria mudança, pelo entendimento que precisamos ter para tratar dos problemas da melhor forma.
Esperamos semear em terreno fértil para colher os melhores frutos que a vida possa nos dar.
Esperamos por nossa evolução espiritual e que essa seja a nossa chance de descobrir e de conseguir ver que felicidade está nas coisas mais simples da vida. Como também nos momentos singelos, desprovidos de ostentação e poder econômico.
Mas precisamos esperar de nós mesmos o melhor resultado que desejamos para nosso futuro. E isso depende do trabalho contínuo que envolve o sacrifício e a determinação para a luta diária.
Nossos ombros devem suportar o peso da cruz que devemos carregar. E não podemos deixar que outros a carreguem. Não seria justo acrescentar mais uma cruz a quem já tem a sua própria.
Não podemos nos vangloriar de conseguir uma boa posição social sacrificando os que convivem conosco, abusando da boa vontade desses.
Ou somos homens ou fantoches, ou somos verdadeiros ou mascarados inconsequentes.
E lembrei de um detalhe: quem ama cuida.
Vamos cuidar do Brasil da maneira que nos for possível. Mas vamos fazer o que nos cabe, interagir com a comunidade, esclarecer nossas dívidas e participar de movimentos justos e dentro da legalidade e ordem.
Vamos esperar que um novo quadro restabeleça a confiança que perdemos nas instituições.
Afinal, como brasileiros, estamos esperando a um longo tempo e essa espera é o menor dos problemas. Se for para dar nova esperança ao povo sofrido e tão esquecido por seus governantes, que a espera seja bem-vinda. Desde que hajam ações comunitárias para estudar e encontrar as soluções que o país necessita.
Vamos confiar no ditado que fala:
- Quem espera sempre alcança.
Bom seria que ao final da espera todo o brasileiro tivesse um salário mínimo compatível, uma possibilidade de adquirir a sonhada moradia, uma promessa de ser bem atendido nos postos de saúde, bem como de obter uma redução nos custos dos remédios de uso contínuo. E, ainda, o direito à educação, mesmo nos locais mais afastados da dita civilização.
Um povo educado é um povo preparado para melhor escolher seus representantes.
Esperar é preciso...
Só vamos rezar para que o roto não governe o maltrapilho, para que o cego não olhe pelo que não enxerga, para que o mudo não fale sobre o que sempre se calou. Ou quando tentou falar, não foi ouvido...
KATIA CHIAPPINI
COLEÇÃO
Minha coleção é formada de pequenas lembranças guardadas no baú do quarto de casal.
As fotos de formatura dos filhos estão em destaque nos álbuns de fotografias e são resultado da transpiração.
Uma pauta musical contendo a melodia que fiz para minha neta, está amarelada de emoção.
Um poema que escrevi para minha filha, pela passagem de seus 15 anos, decorei e saí a declamar pelo salão.
Guardo as fotos do primeiro ano de vida dos meus três filhos e, seguidas vezes, as contemplo com emoção.
Guardo as sapatilhas de bailarina e meus passos mais longos deixei rodopiando nas valsas que me embalaram com vibração.
Guardo os queridos tios Léo e Bebê, em fotos e na lembrança. Eles foram os fiéis companheiros de minha infância, com os quais eu sorvia, nas manhãs geladas, da estância, o bom chimarrão.
Das colegas da Faculdade, guardo a alegria e descontração.
Dos acampamentos no mato, perto da estância de meus tios, guardo a magia do fogo de chão e da fogueira que espanta os animais de ocasião.
Das festas de meus filhos, nas Escolinhas, guardo , ainda, o fôlego para assoprar balão. E guardo coloridas velas e enfeites de decoração.
Guardo folhas secas nos livros, os discos de vinil, cartas perfumadas, do noivo, por quem eu tinha admiração.
Guardo a brisa do mar, de verão, nos passeios, ao entardecer, no calçadão.
Guardo as histórias que contava para os filhos dormirem. As mesmas que contei também aos netos, noite após noite, sem interrupção.
O que não coube no baú de recordações guardo na alma, como prêmio de consolação.
Meus descendentes irão revirar o baú e relembrar todos esses momentos lá armazenados,com empolgação.
E há o espírito do baú em nossos corações, sem tampa, livre, para permanecer reunindo novas lembranças que nossos netos e bisnetos sentirão em seu exercício de introspecção.
KATIA CHIAPPINI
AMOR UNIVERSAL
Antes crianças, adolescentes
Hoje maduros e transparentes
Nossa missão é envolvente
E nossos atos conscientes
Amar é um apelo intermitente
De todos nós seres carentes
Que não se abandone o deficiente
Como se fosse um ser demente
Acolhamos os seres viventes
Mesmo que sejam diferentes
Se a razão povoar nossa mente
O desamor não estará presente
O idoso já plantou sua semente
E recolheu os frutos nascentes
Devemos ter gestos condizentes
E dar a mão a nossa pobre gente
Bem-vindo ao que amor sente
E procura estar deveras ciente
De que colher a vida sabiamente
É refletir a luz do Sol nascente
Aprendamos com a dor pungente
Que deixa a alma mais valente
A lutar e, assim, seguir em frente
Em prol da justiça ainda pendente
KATIA CHIAPPINI
INVENTÁRIO
O meu agradecimento deixo aos que me consolaram.
As minhas preces são para os entes queridos e já falecidos que me amaram.
Uma boa semeadura deixo para ser feita pelos amigos que boas ações plantaram.
Minha coragem deixo aos colegas professores para que sigam perseguindo seus ideais em busca da valorização da carreira que abraçaram.
Meus bens materiais deixo bem especificado, quanto ao destinatário, para que se apoderem, sem conflitos, dos objetos e valores que restaram.
Meus valores cristãos agradeço aos meus pais que os formaram, ao mesmo tempo, que deixo aos descendentes que me ampararam.
O piano, inseparável companheiro, deixo a quem aprender a vibrar as teclas, também nos corações dos que o apreciaram.
Aos escritores amigos deixo minhas rimas que já se espalharam.
Aos compositores do meu círculo musical, deixo algumas notas de melodias de própria autoria, escritas em meu caderno de pautas que as abraçaram.
Aos que me amaram deixo a reciprocidade de sentimentos que se acumularam.
Aos que ainda me fazem sonhar com o amor, deixo dito que os sonhos quase acabaram.
A quem sonhei ter em meus braços e não tive, deixo registrado que a saudade se aninhou em meu ser e que os sentimentos românticos nunca se afastaram.
E minha alma alça voo para alcançá-los.
KATIA CHIAPPINI
ESCOLHA-SE MAIS MULHER
Se você não se defender
Se coragem não tiver
Inútil será viver
Se mudanças não fizer
Se por omissão se recolher
Se permanecer inço qualquer
Não fará sua vida valer
Se nem for e nem vier
Se você não se convencer
Se ao seu amor não se der
Será nó cego sem perceber
Mero protótipo de mulher
Reagir à dor ao sofrer
Se discriminação houver
É buscar novo amanhecer
Escolher-se mais mulher
Seja onde for, onde estiver
Diga o que ainda quer viver
Se não disser o que quer
Quem a quiser, não vai saber
KATIA CHIAPPINI
ANTES QUE SE TORNE ÓDIO
Todo e qualquer romance
No tempo logo se espalha
Tem diferentes nuances
Tanto constrói, como falha
Gestos mil e abrasivos
Carícias e promessas
Não são tão persuasivos
E se colhem às avessas
Difíceis são os amores
Há espinhos daninhos
São breves os calores
Como são os goles de vinho
As brigas e tantas intrigas
O temor e a desolação
Esperam que não sigas
Vivendo apenas de ilusão
Ao se definir o final
Resista sem ofender
Ora é o bem, ora o mal
E nada há pra fazer
De intrigas é essa rede
Retorne ao ponto morto
Não se jogue contra parede
Ancore em novo porto
Saia dessa andança
Antes que tudo desabe
Fique com suas lembranças
Com a melhor delas- você sabe -
Como quem ama e visita
Antes da morte o doente
Antes que no ódio invista
Saia pela porta da frente
KATIA CHIAPPINI
PENSAMENTO
Aprendi, ao longo da vida, que a dor anda de trem e a felicidade de avião. Então, cuide para não perder o próximo voo.
KATIA CHIAPPINI
DIA DA TERRA
Nessa data, 22 de abril, vamos nos lembrar do valor inestimável da terra que nos acolhe.
Desmatar as florestas, poluir rios e mares com dejetos, matar os animais, não descartar o lixo nos locais adequados, não economizar água e luz, tudo isso, se configura descaso contra o planeta. São estudados, ainda, os produtos tóxicos usados na agricultura, os produtos químicos depositados no solo e temas como o aquecimento global. Precisamos reciclar os materiais manufaturados e colocá-los no mercado para venda. Há esgotamento de recursos não renováveis quando as plantas e espécies animais são dizimados.
Então, cada vez que árvores, por exemplo, fossem abatidas, retirando-se a raiz das mesmas, por motivos ditos justificados, deveríamos exigir que as autoridades competentes fizessem a reposição do solo, plantando novas sementes que dariam origem a outras árvores, alguns anos depois.
Em 22 de Abril de 1970 foram dados os passos iniciais para criar uma agenda ambiental, com o senador Gaylord Nelson, ativista em prol dos cuidados para preservação do meio ambiente.
Em 2009, o dia da terra foi reconhecido pela ONU.
Mas quero salientar que aquele que visa poluir as mentes ou os que se deixam levar por caminhos escusos e atalhos inescrupulosos, não estão em conformidade com os valores que tornam possível uma convivência sadia e pacífica. Contar com homens dessa ordem é voltar ao tempo das cavernas, é voltar a fazer fogo friccionando uma pedra contra a outra. Maltratar os abandonados pela sorte, remover os índios de suas terras, ser ríspido para com os idosos ou deixá-los esquecidos num canto qualquer da casa, privar as crianças de carinho no lar, todos esses atos são nocivos ao planeta e à humanidade como um todo. Como, de resto, qualquer tipo de discriminação social.
Tanto os bens materiais indispensáveis à sobrevivência como nossos entes queridos, não podem ser descuidados.
Ao invés de perpetuarmos esses atos de corrupção e toda sorte de apadrinhamento e nepotismo, deveríamos estar lutando pela sustentabilidade e pela dignidade dos povos.
Um povo não é livre sem educação. É manipulado, desvirtuado e injustiçado, onde quer que esteja.
É massa de manobra. Mas devido ao fato de serem quase excluídos do grupo social, por falta de emprego ou por terem um salário de fome, sujeitam-se a receber uma cesta básica, por ocasião das eleições, quando se ''vendem'' e votam em qualquer cidadão oportunista e bajulador. E mais uma eleição não significa quase nada porque não cumpre com seus objetivos e metas.
E os materiais de segunda linha aplicados no programa'' Minha casa minha dívida'', estão a ruir. E as casas estão sendo invadidas por vândalos de plantão. E algumas estão sendo pagas em dia e seus donos não mereciam isso.
Mas não critico a iniciativa e nem o programa do governo, em tese. A ideia é pioneira, a iniciativa é meritória, independente de partido político.
Os homens é que desvirtuam as ações. Os homens é que constroem ao seu ''bel prazer'',sem licitações, sem cumprir normas legais.
Mas, hoje é dia do planeta e vamos desejar que sejamos poupados de tantos dissabores e horrores, de tantos fenômenos naturais que, em verdade, nos mesmos causamos com a agressão contante ao meio ambiente.
Vamos esperar que a conscientização venha logo e provoque substanciais mudanças. E que essa seja para propiciar uma vida com a qualidade esperada.
Vamos desejar que os governantes e responsáveis pelo bem viver se unam com o Papa Francisco e recebam as bênçãos e a palavra desse digno representante de Deus na terra.
KATIA CHIAPPINI
PENSAMENTO À FLOR DA PELE
Uma das maiores dores do ser humano é a de ter perdido um amor grandioso por sua própria incompetência.
KATIA CHIAPPINI
TERGIVERSANDO...
Divagando,vagando
Voando, sonhando
Amando, cantando
Vou caçando esperança...
Pensando, tentando
Ainda reformulando
Deletando e recriando
Vou colhendo andanças...
Tropeçando, levantando
Suando, procurando
Garimpando ,encontrando
Vou pintando nuanças...
Empurrando, carregando
Pesando, decifrando
Burilando, lapidando
Vou criando alianças...
Demarcando, implorando
Vivenciando, não capitulando
Renovando, idealizando
Vou desfazendo tranças...
Engalfinhando, galopando
Desbravando, arando
Regando e cuidando
Vou povoando as lembranças...
KATIA CHIAPPINI
REFLEXÃO
Quem não me quiser que seja feliz e quem me quiser que eu faça feliz.
KATIA CHIAPPINI
e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com
A DANÇA...
Desde D.João de Bragança...
A dança
Amansa
Se lança
Nos alcança
A dança
Tem nuança
Trama e trança
Nossa andança
A dança
Qual criança
É esperança
Não se cansa
A dança
É bonança
É aliança
Mas a dança
Sem temperança
Sem pujança
Avança
Para matança
KATIA CHIAPPINI
SOBRE O AMOR
O amor que se quer ou se tem
É feito de emoções invisíveis
Nem se sabe quando ele vem
É no entanto indescritível
Deixá-lo, assim, se expandir
Como um grito insano a ecoar
É cuidar para nada proibir
É deixar o desejo se encontrar
Ele vem no oásis, no deserto
Mesmo que seja na maturidade
Alerta! para estar bem perto
E colhê-lo ao cair da tarde
Ele vem no tempo - melhor tê-lo -
Como vem no barco o velejador
Não queira tanto entendê-lo
Aceite-o como o seu cobertor
KATIA CHIAPPINI
NAMORO VIRTUAL
Uma amiga minha, separada, depois de alguns anos, resolveu teclar na sala de bate papo, porque descobriu essa possibilidade.
Ela teve uma ideia e colocou um nick e escreveu:
- Procuro um homem para casar. E se não for essa a intenção não me chame para conversar.
Pois minha amiga foi atendida e logo iniciou uma conversa, troca de e-mails, fotos, nada que causasse constrangimento.
Ambos eram pessoas de idade madura e teclavam com respeito, como se fossem grandes amigos.
Depois de um tempo minha amiga aceitou conhecer essa pessoa. Ele era um homem alto e ela uma mulher de estatura média.
Mas isso não impediu a continuidade do relacionamento.
E, já estão juntos por 40 anos. E formaram uma família maior acrescida dos filhos de um casamento anterior de ambas as partes.
Mas há homens que querem falar só nessas salas e não demonstram intenção de conhecer a mulher. São agradáveis, ou parecem ser. Mas passam anos teclando e nada de se referir à possibilidade de um encontro, frente a frente com a mulher.
Como se fosse possível haver plena satisfação desse jeito.
Mas como, certamente, já são comprometidos, não dizem nada e seguem teclando para ter uma pessoa comunicativa, com quem possam, ora brincar, ora falar sério, confessar fatos de sua vida.
É um modo de ter uma companhia sem se envolver.
Mas sabemos que isso magoa, porque quando a mulher fala nesse assunto ,ele desconversa. E, sob pressão, até faz promessas de marcar um encontro.
Se esses homens falarem a verdade sobre sua situação de comprometimento, sabem que vão perder a companhia das noites e aquela conversa que preenche as madrugadas.
Um dia a mulher descobre que não há motivo para esperar aquele cavalheiro e deixa de teclar.
Mas se o homem for desimpedido, e mesmo assim, quiser ficar distante, pode ser imaturo, inseguro, sem querer se arriscar.
Quero dizer que todo o relacionamento só se completa com o conhecimento, com o encontro real.
A internet não pode propiciar o toque nos cabelos, um jeito de acariciar o rosto, um jeito de afagar as mãos, um abraço, um beijo.
Mas, as vezes, a mulher também não se anima a se arriscar. Ela pensa que se o parceiro não gostar de sua figura, vai precisar terminar com a amizade e não vai concretizar algo mais que esperava.
E ambos ficam nesse amor platônico, sem nada usufruir.
Mas, essa forma de se relacionar existe. É um arremedo de amor, uma ilusão de internet, uma simulação de bem querer. E as juras de amor são forçadas, são feitas para não perder aquele contato virtual.
E essas pessoas nunca vão se permitir amar de verdade, com a ferocidade das paixões que cegam, com o descanso no corpo um do outro, após o ato de amor.
Essas pessoas vivem pela metade porque prezam mais a sua individualidade e em nome dela, não sei o que pretendem.
Preferem manter a esposa que já não amam do que romper com uma estabilidade confortável. Mesmo amando outra pessoa.
E, na velhice, irão se dar conta de que a vida passou e os sentimentos ficaram esquecidos, assim como os reais prazeres da vida.
KATIA CHIAPPINI
POUCAS PALAVRAS ( muita desordem )
Essa situação de caos que nos assola começou em eras passadas, mesmo porque nada acontece sem razão e nem de uma hora para outra.
Faz alguns anos que Pelé falou e críticas sofreu ao se manifestar:
- O Brasil não é um país sério.
Quando era presidente da França, Charles de Gaulle, um embaixador brasileiro, Carlos Alves de Souza Filho, disse exatamente as mesmas palavras que Pelé proferiu.
E, na época, essa manifestação foi atribuída ao presidente da França, Charles de Gaulle. E toda a imprensa internacional citou a frase e atribuiu à Charles de Gaulle. Depois se esclareceu sobre a autoria da frase.
Os acontecimentos em pauta, passam pela quebra da moralidade pública, pela falta de escrúpulos, pela ambição desmedida em prol da riqueza e do poder.
As atitudes parciais que beneficiam poucos e que compram votos, são acolhidas por aqueles que se deixam corromper.
As altas taxas de juros, a queda do produto interno bruto, a retração da economia, acabam por gerar muitos males e, inclusive, a perda de emprego do brasileiro.
O aumento de impostos sem racionar gastos, as campanhas milionárias, a não contensão da inflação, a alta do dólar, o saque aos cofres públicos através do ''Caixa 2'', geram descontrole na condução do país como um todo, como uma unidade política que deve merecer todos os esforços para não sucumbir nessa avalanche de atos e fatos questionáveis.
E os sonegadores de impostos ocupam altos cargos nessa escalada e, muitas vezes, não sofrem punição.
A situação foi se agravando a partir da descoberta de tantos focos de corrupção, de norte a sul desse Brasil.
Os presos pertencentes aos altos escalões governamentais começaram a se multiplicar e atingiram um número nunca visto antes.
A partir do mensalão, para falar na época atual, outros escândalos financeiros se deram a conhecer e as operações que visam desmantelar os focos de corrupção não tiveram trégua.
E Dilma não conseguiu governar desde que assumiu suas funções, recentemente. A confusão se estabeleceu e desestabilizou o governo e os conflitos tomaram vulto.
Tantos desvios levaram a população a reagir .E as manifestações de rua cresceram e não pararam mais.
Um grupo não quer o afastamento de Dilma e outro quer que isso seja feito.
Mas o que ressalta aos olhos é que se estabeleceu uma equação de difícil solução.
Pois, independente de ser à favor ou contra Dilma, a desonestidade se infiltrou em todos os partidos. E parlamentares teimam em não querer deixar seus cargos, mesmo que seus nomes estejam em listas negras e já divulgados na imprensa oficial.
O fato é que a população se encontra sem amparo, totalmente desprotegida e sem saber em quem confiar.
Como exercer o direito do voto sem conseguir entender essa parafernália que se estabeleceu no país?
Onde está a seriedade?
Quando virá a mudança? E o restabelecimento dos valores morais e cívicos? Onde se escondeu a ética?
Os que se colocam a favor do impeachment dizem que é culpa grave se omitir e não tomar medidas contra a corrupção.
A lei da improbidade administrativa considera que a ação ou omissão dos governantes é crime.
Alem disso, a delação premiada se fez presente e deu novos elementos para fortalecer a opinião da oposição.
Temos, em contrapartida, a manifestação de juristas, advogados, fazendo o contraponto. Os professores universitários e alguns membros do Ministério Público divulgaram manifestos em carta aberta e abaixo -assinado contra o impeachment.
Os que se colocam contra o impeachment dizem que até o momento não se constatou crime de responsabilidade civil. E que nenhum ato da Presidenta Dilma se enquadra em crime passível de afastamento do governo. E sendo assim, seu afastamento seria um golpe contra a democracia, porque Dilma foi eleita com maioria dos votos.
Não saberia tomar partido e nem teria a necessária competência para me colocar como defensora de uns contra outros.
Não é minha intenção.
O que creio ser merecedor de atenção é o fato de que, seja qual for a decisão, após esse domingo histórico, em 17 de abril de 2016, sejam mantidas as investigações iniciadas . E sejam dados os devidos passos jurídicos em prol da continuidade dos processos iniciados.
E que haja punição efetiva e consciente em favor do povo brasileiro que exige justiça e condições favoráveis para cumprir com suas obrigações cívicas e profissionais.
Após a votação concluída, certamente, o estudo do Artigo 85 da lei maior, vai ser estudado em suas minúcias, porque se refere aos crimes de responsabilidade que viabilizam o impeachment. As regras estabelecidas não podem ser violadas por nenhum presidente nem atentar contra a Constituição Federal.
Então, o momento é dos mais delicados que esse país já viveu.
E o povo sofrido prece ter chegado ao limite máximo da tolerância.
E não é para menos, porque os altos salários de poucos justificam a desigualdade social e ao aviltamento dos salários de muitos trabalhadores que pagam seus impostos e estão dispostos a não perder a esperança nas transformações em prol da justa aplicação das leis, para restabelecer a confiança perdida.
E todos desejamos que o crescimento do Brasil retome suas rédeas porque estagnou, infelizmente, desde que o Congresso Nacional só se ocupa dos assuntos de seu próprio interesse, dos conchavos costurados e perpetuados, das grandes somas de dinheiro desviadas pelos corruptos de plantão.
Deus seja louvado!
Amém!
Queridos leitores do blog inspirações:
Ao cair da tarde, descubra o prazer de ouvir uma boa música e de se deixar levar pelas ondas sonoras, pelos sonhos acalentados.
Ouvir música, com os olhos vendados, deitada em sua cama, é um modo de relaxar o pensamento e de deixar que ele troque as preocupações por momentos de puro prazer, dentro do merecido lazer, ao final de mais um dia atribulado.
O pensamento voa para lugares nunca antes imaginados e deixa uma saudade, talvez sofrida, mas que é sinônimo de vida.
Na hora de dormir se você deixar um som em seu aparelho, escolhido para relaxar, um som suave, o sono vem de mansinho e vem tranquilo. E as preocupações se afastam do pensamento
A música tem o poder de penetrar nos sentimentos e de promover um estado de contemplação, onde a mente parece fazer uma pausa para absorver a melodia que preenche todo o ser. E a energia se renova, o sentimento se impõe, os bons fluidos se espalham muito além do momento em que o som se esvai e, de repente, pára.
Para a maturidade, aprender a tocar um instrumento é renovar as conexões cerebrais e as sinapses entre os neurônios.
Vem à tona a memória, a concentração, a percepção dos sons melodiosos. Desvenda-se um mundo de novas oportunidades.
E nada se compara ao prazer de sentir que a música sai do toque dos dedos de quem os pressiona no teclado ou nas cordas de um violão.
A música traz a chance de fazer amigos, de tocar em conjunto, em canto coral, em eventos.
Promove encontros prazerosos e a endorfina inebria o ser.
A música socializa e evita aquela vontade que toma conta de nós:
a de se isolar e de se consumir de tristeza.
Os médicos a recomendam para ativar o cérebro e para evitar artrite reumatoide ou artrose nas mãos. O exercício leva à reposição dos movimentos e evita que um copo escape das nossas mãos e se quebre, por exemplo.
Todo o músico quer estar entre outros músicos porque a vontade de trocar informações, composições e aprendizado acaba por unir.
Se puder, recupere as horas em que você deixou de tocar seu instrumento porque tinha que pensar em seu sustento e dar andamento aos estudos e ao trabalho.
Ajude a sua alma a flutuar no mundo dos sons para que seu corpo tenha mais estímulo para seguir na luta diária. A força do espírito vem a beneficiar a atividade do corpo.
E se quiser movimentar o lado direito e o esquerdo de seu cérebro toque piano. É o instrumento mais completo para ativar, como um todo, as conexões cerebrais.
E componha a sua música.
E faça de sua música a melhor parte de sua vida.
Queridos leitores, os bens materiais acumulados não devem nos tirar a sensibilidade. Não vivemos para acumular tantos bens, tanta poupança bancária, tantos terrenos ou imóveis.
Nada disso levamos conosco.
Levamos nossos sentimentos, nossa música preferida, nosso amor realizado, nossos valores de ordem moral.
E nossa essência precisa de nós e do conhecimento mais aprofundado de nós mesmos.
E a música que tocava naquela noite distante, quando descobrimos o amor de nossa vida, vamos ouvi-la, até o derradeiro suspiro.
KATIA CHIAPPINI
NÃO PRECISA FALAR COM DEUS
Aqueles que aprenderam a amar a Deus podem vê-lo, constantemente, diante de si, durante todas as horas do dia.
Quem crê em Deus não diz que ele está invisível, porque acredita que ele esteja visível, ao mesmo tempo, em todo lugar .Mas precisamos olhar com olhos de ver o nosso interior. A centelha divina habita em nós e essa consciência é a que precisamos ter para nos deixar envolver espiritualmente.
A crença em Deus não nos obriga a falar com Ele. Mas nos leva a agradecer pelas graças alcançadas. Não precisamos falar com Deus para que nos socorra em nossas vicissitudes e lamentos. Mesmo se estivermos revoltados com Deus, não nos deixará sem proteção. Não adianta dizer que O esquecemos porque Ele não nos esquece.
Mais importante do que falar com Deus é viver dentro de seus preceitos, virtudes e ensinamentos.
Quando nos sentirmos tristes ou solitários, basta que façamos uma visita ao orfanato. Levar um presente para uma criança e brincar com ela, é um gesto de amor. O sorriso infantil é a melhor recompensa, assim como o abraço, um beijo dado com entusiasmo.
Quando demonstramos amor ao semelhante estamos crescendo em nosso interior e meditando sobre as necessidades de nosso próximo.
Desde o dia do nosso nascimento, e mesmo antes disso, Deus está conosco.
Não precisamos falar com Deus porque ele ouve a voz do coração. Ele atende aos nossos anseios.
Quem vive espalhando que é ateu é o que mais fala em Deus, porque essa negação o incomoda e o faz repetir que não tem fé e que só acredita em si próprio.
Então, mesmo que alguém suba ao topo da montanha para blasfemar, negando a Deus, Ele calará sua voz com a simples e esplêndida visão da natureza vista do alto.
Porque Deus ali está
E quando a voz do homem se calar é porque reconheceu a existência de Deus
KATIA CHIAPPINI
EU NADA PEÇO...
Se vou merecer ou não
Falo em prosa e verso
Faço minha meditação
O impossível não peço
Os males e os vícios
No pensamento estão
Mas o trabalho é indício
De real superação
Não cometo excessos
Porque sigo a andança
Mas esforços não meço
Conservo meu lado criança
O que vier o tempo dirá
Virá veloz tal cachoeira
O bom senso me falará:
- Agora, suba a ladeira
Meu lugar é onde eu quiser
Nada peço mas conquisto
Quero amar: sou uma mulher
Em meus anseios eu insisto
Penso no amor que findou
É tarde e me sinto mais só
Um cipó já me enrolou
Mas com você quero um nó
KATIA CHIAPPINI
ENCONTRO DE DOMINGO
Na esquina
Eu avistei
É minha sina
Eu bem sei!
Conversamos
Desenvoltos
Combinamos
Bem soltos
Assuntos leves
Na calçada
Toques breves
Na madrugada
Então preenchi
Meu mundo oco
Me atrevi:
Falei de soco:
- Pague o prensado
Sou a sobremesa
Seja delicado:
- Mas faça a proeza
KATIA CHIAPPINI
DIVAGAÇÕES OU INQUIETAÇÕES
Dizem que nos próximos anos as pessoas estarão vivendo no sub-solo, como se fossem ratos, quando antes viviam como tigres inatingíveis em seu poder de mando.
Estamos sem direção, acumulando frustrações de toda ordem e confusos com os rumos da história.
Na ânsia de chegar aos outros planetas, ao homem robotizado, à cura de doenças fatais, estamos dando todos os créditos à ciência, ao mundo experimental dos laboratórios.
Mas toda invenção se volta contra o homem, quando não é capaz de utilizá-la para fins nobres.
Se o homem não dominar sua consciência não terá paz.
Buscar os prazeres fáceis, ser ambicioso além da conta, ter ânsia pelo poder e pela riqueza, atropelar o curso da história e se valer de atalhos escusos, subjugar o semelhante e aviltá-lo, são comportamentos que não vão trazer tranquilidade ao espírito e muito menos a descoberta da felicidade.
Estamos esquecendo de reverenciar a natureza pródiga, cuidar dos seus frutos, de sua beleza natural, de seus rios e mares.
Estamos descuidando de conhecer a nós mesmos e aprimorar esse espírito inquieto que leva à essência, à centelha divina que habita em nós.
Nossa identidade consciente não é resultante de um acidente cósmico, de uma fugaz descarga eletromagnética gerada por algumas partículas subatômicas ,à deriva, em algum lugar do espaço e do tempo.
O centro da consciência é uma unidade absoluta e indestrutível. É o ponto central que nos torna diferentes dos animais. Isso porque podemos expressar nossas ideias e a palavra nos é dada.
A consciência de nós mesmos leva ao autoconhecimento, ao conhecimento da alma.
A chave da felicidade é descobrir o elo pessoal entre nós e nossa consciência. Chegaremos, como consequência, ao mundo da meditação, da consciência cósmica. E iremos vislumbrar nossa missão nesse plano.
É a alma que chora, que ri ,que sofre, que nos faz viver. Em cada corpo é colocada uma alma, quando nascemos.
Um homem que se apaixonou por uma mulher e teve um relacionamento duradouro, é porque ultrapassou as barreiras da cega paixão, do apego ao corpo físico e soube transcender e atingir a consciência do verdadeiro amor. Aquele que se consolida com o passar dos anos. Aquele que respeita compartilha, se dedica nos bons e maus momentos, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Aquele amor que aceita as transformações físicas e externas do ser amado para se beneficiar com o carinho, com as
atenções, com a dedicação constante e recíproca.
Há uma energia que move o universo e toda a natureza.
Somos um pequeno grão de areia, uma fagulha de luz dentro do plano de Deus.
A consciência espiritual vai nos levar a Deus e nas orações vamos encontrar consolo e aprender a consolar nosso semelhante.
Precisamos entender que nada é nosso. Deus colocou todas as coisas para que o homem usufruísse delas.Mas as coisas vão ficar na terra,quando formos ao outro plano. Então, as coisas pelas quais tanto brigamos e ferrenhamente, nem são nossas: só usufruímos delas. Mas o espírito e a alma são a nossa realidade. As qualidades e os valores cristãos, esse vamos deixar como exemplo aos descendentes. Vamos ser lembrados pelo que fomos e não pelo que tivemos. Esses últimos são valores perecíveis que nossos filhos e netos, as vezes, nem saberão conservar.
Só a visão espiritual e a evolução em Cristo ,nosso mentor, irá levar os ´povos a disseminar tanta violência para, finalmente, atingir a paz.
Enquanto o homem não conhecer sua essência, sua consciência, enquanto não estudar a si mesmo para se entender, não teremos a evolução do espírito e nem a compreensão dos verdadeiros valores, para em nome deles, dialogar pela paz dos povos.
Sempre ouvimos os estudiosos falarem na imortalidade da alma. O sentido seria de que a alma se desprende do corpo quando esse morre e vai habitar outro corpo.
Se o homem achar que só precisa buscar o alimento, buscar um teto para morar, se acasalar e procurar se defender, está descuidando o conhecimento do espírito. Somos corpo e alma.
A fé nos faz ver que Deus vive em nós. É uma entidade divina que controla todas as forças que já existem e bem antes de nosso choro, ao nascer. Precisamos viver de acordo com a vontade divina e para que sejamos vistos como homens conscientes de nossas obrigações.
''Onde estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei entre vós''
''Muitos são os chamados e poucos os escolhidos''
''Os puros de coração alcançarão o Céu''
''Vinde a Mim, homens de boa vontade''
''Amai-vos, una aos outros, como Eu vos amei''
Palavras do Senhor!
Amém
KATIA CHIAPPINI
REFLEXÃO...
SOU AQUELA QUE PROCURA SER MAIS. PORQUE TER MAIS É MERA ILUSÃO!
KATIA CHIAPPINI
DELÍRIO
Da janela vejo a Lua
Poucas pessoas na rua
Deito e sonho que estou nua
Como quando sou tua
Acordo e o meu corpo sua
É delírio que se acentua
É a paixão pura e crua
Que fere como a pua
Arrepia e se perpetua
E no corpo, solitária, atua...
KATIA CHIAPPINI
MINICONTO FAMILIAR
O filho convidou seu pai para ir à Escola, por ocasião das apresentações alusivas ao dia dos pais.
Na manhã da apresentação choveu muito. O pai se acordou, olhou pela janela e voltou a dormir.
O filho, de 5 anos, acordou, logo em seguida e foi chamar o seu pai. O pai disse:
- Vamos dar uma volta de carro, meu filho.
-Mas pai...
-Sim filho,acho que perdemos a hora.
E o pai saiu de carro com o filho. Deu uma volta grande, ofereceu um lanche, se desculpou ao perceber que o filho estava quase calado.
Na outra manhã, quando fui varrer a casa, descobri um cartaz rasgado,em baixo da cama do quarto do filho.
Puxei com a vassoura, juntei os pedaços e li:
- Para o melhor pai do mundo, um desenho de seu filho
KATIA CHIAPPINI
QUASE SEI...QUASE NÃO SEI...
O ''quase'' que escritores, músicos e intelectuais usam em seus textos, pode dar a impressão de fuga, de não posicionamento. Pode ser um receio de serem mal interpretados em suas explanações.
O excesso de metáforas ou de palavras de difícil compreensão podem nos desviar do âmago e deixar um certo cansaço quando vamos interpretar o que lemos.
Mas não só os intelectuais usam o ''quase'' .Em todas as esferas da atividade humana, há o receio de se expor.
A sinceridade pura e simples, sem omissões, seria o dizer tudo sem constrangimento.
Mas dizer tudo nos compromete tanto quanto nada dizer ou ''quase dizer.
O''quase''é um modo de deixar nas entrelinhas uma percepção além das linhas e uma maneira de se colocar mais próximo da racionalidade. E o bom observador perceberá a mensagem embutida e não explícita do texto.
É claro que não nos satisfaz o fato de ''quase'' ter vivido um amor, uma ''quase'' alegria da mudança de emprego. E o ''quase'' que almejamos para atingir os pontos necessários para a aprovação no vestibular.
O homem em sua essência precisa ser inteiro. Precisa ser íntegro. Então não posso dizer: ele é ''quase'' honesto, ou'' quase'' justo.
E muito menos nos deixaria tranquilos se ouvíssemos:
- Ele é ''quase'' incorruptível.
O ''quase'' é frustrante mas necessário para o contraponto de algumas situações. Porque o silêncio feito na hora certa vale mais do que 1000 palavras.
Há um limite entre o falar e o não falar. E o não falar é uma conveniência estratégica.
Por exemplo, os casais que vivem uma vida longa em comum, dizem ''quase'' tudo o que pensam um do outro. O que fica sem ser dito é o silêncio inteligente. É aquilo que,se fosse dito, poderia magoar ou estremecer as relações e a estrutura do bem viver.
Há o ditado que diz: ''quem diz o que quer ouve o que não quer, ou,''não atire a primeira pedra quem tiver telhado de vidro', ou ainda,'' a palavra é prata e o silêncio é ouro.''
E se fôssemos dizer tudo o que pensamos de um grande amigo, para ele próprio, talvez não o tivéssemos por perto, nas vicissitudes da vida.
O equilíbrio entre fala e calar me parece ''quase'' perfeito. Mesmo difícil de ser atingido, deve ser perseguido. Porque esse é o modo de proceder, se quisermos estar receptivos às mudanças dos padrões comportamentais pelos quais passa a sociedade.
Entre o ''quase'' falar ou tudo falar, nesse percurso existe uma dúvida atroz.
Mas quem vai ganhar todos os créditos é aquele cidadão que levanta cedo, sai da cama, se apronta e vai para o trabalho. E faz o seu melhor, seja qual for a atividade desenvolvida.
É quem segue auxiliando o próximo sem esperar retribuição alguma.
É quem está chorando na alma e sorrindo na face.
É quem acredita nos amigos e aceita deles um abraço sincero.
Ganhará o cidadão que souber tomar as rédeas de sua própria vida e agir de modo a dar sentido aos seus dias. E, com isso, tiver orgulho da missão cumprida.
KATIA CHIAPPINI
NUANCES DA PAIXÃO
Quando você percebe é paixão
E uma onda em ebulição -majestosa-
É o olhar que desperta intenção
É o enlevo do cravo por sua rosa
O cravo move sua mão e a esquece
A rosa sente um arrepio crescente
O beijo ousado vem e enrubece
Se um é foz o outro é nascente
Paixão é curto fio de meada
Se se solta e percorre um caminho
São corpos na mesma invernada
Como cálice à procura ao vinho
A paixão cega a consciência
A pele se desnuda sem pejo
O acelerar vem, é consequência
Dos fatos e dos atos do desejo
Os corpos vibram e não se controlam
O balanço do amor não os detém
É instinto e não se aprende na escola
Ou você se faz ou não se faz refém
Paixão é o prazer pelos sentidos
É bálsamo, lenitivo e manjar
É um toque que desperta a libido
E um mergulho profundo além-mar
KATIA CHIAPPINI
A PARTIDA
Quem abandona o banco da praça é
porque não tem a quem esperar!
KATIA
A partida é sempre um momento dolorido: seja do amor, seja do ente querido, quando do último suspiro.
Partidas e despedidas são instantes de tristeza, de desconforto e de perdas, algumas vezes.
Se houve um querer sincero porque se transformou em inverdade e dobrou a esquina quando menos esperávamos?
E os dias que passamos cultivando esses laços? E as delicadezas que tivemos e a dedicação?
Tudo parece ruir sem deixar rastros. E esses gestos de ternura são esquecidos e desvirtuados.
Resta a sensação do abandono, da ilusão, do sonho ainda nem acalentado e sem tempo de existir plenamente.
Um até breve, outro até logo, depois tchau. E finalmente, o adeus definitivo e cortante, como um punhal no peito.
E alguns vão de mansinho, sem anunciar, sem justificativa e sem piedade. E sem terem sido sinceros ao partir e antes de se aventurar em outras buscas e afetos.
Adeus aos apelos íntimos, às conversas, aos desabafos. Nem a amizade resta porque, frágil, se desfaz.
A dor fere mas a saudade não se despede. Pelo menos a saudade é uma prova de que houve envolvimento. Só quem ama tem saudade. E quem ama vive e tem esperança de amar novamente, passado o grande golpe que tirou o chão, que desmantelou as estruturas dos sentimentos mais verdadeiros.
Na alma ecoa um sino sussurrando que a vida está nos esperando e o espelho revela que estamos nos movendo, que não viramos estátua, nem congelamos a energia vital que nos move e impulsiona para frente. Para tomar as rédeas de nossa existência com pulso firme e galhardia, precisamos ter a exata noção do que já conquistamos, para não jogar por água abaixo todo o nosso empenho em bem viver. E tudo o que conseguimos é parte de nossas vidas, de nosso esforço diário e de tantos sacrifícios.
As circunstâncias se sucedem sem previsibilidade .Em dado momento, há uma rotação na esfera dos sentimentos. E precisamos manter a fé e a esperança para prosseguir de cabeça erguida. E não pensar em sucumbir ou enveredar por caminhos escusos que não são os nossos.
Negar-se a viver é deixar que as intempéries vençam a nossa resistência.
Negar-se a viver é deixar emudecer a vez e a voz. Mas a voz é nosso grito de alerta, o grito de defesa e a possibilidade de dizer a todas as pessoas, com convicção:
- Hei de vencer!
O MAR QUANDO QUEBRA NA PRAIA É BONITO, É BONITO...
Sua bênção, Dorival, o cantador dos mares, que na partida levou o seu violão porque a canção não pode parar!
KATIA CHIAPPINI
