A ESPERA

                              A ESPERA

A vida é feita de esperas. E longa é a espera! 
Desde pequenos aprendemos que é preciso esperar.
Esperamos pela chegada dos pais, a cada dia.
Esperamos obter as melhores notas na escola. Esperamos a aprovação na prova do Vestibular. 
Esperamos prosperar na carreira que escolhemos.
Esperamos pela seleção quando estamos concorrendo a uma vaga de emprego.
Esperamos na fila para conseguir uma consulta médica.
Esperamos para sermos atendidos em lojas comerciais, nos departamentos públicos, nas filas de Bancos, na chegada de um órgão ( pulmão, rim, coração ) compatível para transplante.
Esperamos por justiça, pela correta aplicação das leis, pelo sentimento solidário, pela prática da honestidade dos nossos parlamentares. Esperamos pelo cumprimento das promessas, em épocas de eleições.
Esperamos pela volta de um filho distante, por um e-mail, por um telefonema. Esperamos uma atitude de carinho.
Esperamos reunir todos os familiares nas festividades de final de ano.
Esperamos que a ira se aplaque e que as desavenças não se transformem em ódio pelo irmão de sangue.  Pois, dessa forma, o desespero dos pais pode provocar uma terrível desfecho. em sua velhice.
Esperamos pelo patriotismo e pela ética. E pelo restabelecimento dos valores perdidos em relação aos rumos do nosso país.
Esperamos por homens que não priorizem a cobiça e nem a ambição desmedida que provoca guerras sem volta.
Esperamos por homens dignos e que não façam fortuna às custas  de falcatruas de toda ordem e do dinheiro mal havido.
Esperamos pelo respeito que se deve ás crianças e aos idosos. Esperamos que nosso semelhante, um pouco diferentes, mas sem nenhuma culpa por isso, não seja discriminado, maltratado até a morte, depois de torturado brutalmente por monstros que se dizem humanos, mas que já ao nascer, revelaram sua má e incontrolável índole.
Esperamos restabelecer a esperança que perdemos e que fez com que nos perdêssemos, inclusive, de nós mesmos.
Esperamos um sinal de Deus, uma palavra amiga e um verdadeiro amigo. Não aquele amigo que frequenta a nossa casa só em dias de festas, mas,o que a frequenta em dias de doença ou de luto, para nos dar o apoio necessário.
Esperamos pela nossa própria mudança, pelo entendimento que precisamos ter para tratar dos problemas da melhor forma.
Esperamos semear em terreno fértil para colher os melhores frutos que a vida possa nos dar.
Esperamos por nossa evolução espiritual e que essa seja a nossa chance de descobrir e de conseguir ver que felicidade está nas coisas mais simples da vida. Como também nos momentos singelos, desprovidos de ostentação e poder econômico.
Mas precisamos esperar de nós mesmos o melhor resultado que desejamos para nosso futuro. E isso depende do trabalho contínuo que envolve o sacrifício e a determinação para a luta diária.
Nossos ombros devem suportar o peso da cruz que devemos carregar. E não podemos deixar que outros a carreguem. Não seria justo acrescentar mais uma cruz a quem já tem a sua própria.
Não podemos nos vangloriar de conseguir uma boa posição social sacrificando os que convivem conosco, abusando da boa vontade desses.
Ou somos homens ou fantoches, ou somos verdadeiros ou mascarados inconsequentes.
E lembrei de um detalhe: quem ama cuida.
Vamos cuidar do Brasil da maneira que nos for possível. Mas vamos fazer o que nos cabe, interagir com a comunidade, esclarecer nossas dívidas e participar de movimentos justos e dentro da legalidade e ordem.
Vamos esperar que um novo quadro restabeleça a confiança que perdemos nas instituições.
Afinal, como brasileiros, estamos esperando a um longo tempo e essa espera é o menor dos problemas. Se for para dar nova esperança ao povo sofrido e tão esquecido por seus governantes, que a espera seja bem-vinda. Desde que hajam ações comunitárias para estudar e encontrar as soluções que o país necessita.
Vamos confiar no ditado que fala: 
- Quem espera sempre alcança.
Bom seria que ao final da espera todo o brasileiro tivesse um salário mínimo compatível, uma possibilidade de adquirir a sonhada moradia, uma promessa de ser bem atendido nos postos de saúde, bem como de obter uma redução nos custos dos remédios de uso contínuo. E, ainda, o direito à educação, mesmo nos locais mais afastados da dita civilização. 
Um povo educado é um povo preparado para melhor escolher seus representantes.
Esperar é preciso...
Só vamos rezar para que o roto não governe o maltrapilho, para que o cego não olhe pelo que não enxerga, para que o mudo não fale sobre o que sempre se calou.  Ou quando tentou falar, não foi ouvido...

KATIA CHIAPPINI