Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 17 de abril de 2016

NAMORO VIRTUAL

                      NAMORO VIRTUAL

Uma amiga minha, separada, depois de alguns anos, resolveu teclar na sala de bate papo, porque descobriu essa possibilidade.
Ela teve uma ideia e colocou um nick e escreveu:
- Procuro um homem para casar. E se não for essa a intenção não me chame para conversar.
Pois minha amiga foi atendida e logo iniciou uma conversa, troca de e-mails, fotos, nada que causasse constrangimento.
Ambos eram pessoas de idade madura e teclavam com respeito, como se fossem grandes amigos.
Depois de um tempo minha amiga aceitou conhecer essa pessoa. Ele era um homem alto e ela uma mulher de estatura média.
Mas isso não impediu a continuidade do relacionamento.
E, já estão juntos por 40 anos. E formaram uma família maior acrescida dos filhos de um casamento anterior de ambas as partes.
Mas há homens que querem falar só nessas salas e não demonstram intenção de conhecer a mulher. São agradáveis, ou parecem ser. Mas passam anos teclando e nada de se referir à possibilidade de um encontro, frente a frente com a mulher.
Como se fosse possível haver plena satisfação desse jeito.
Mas como, certamente, já são comprometidos, não dizem nada e seguem teclando para ter uma pessoa comunicativa, com quem possam, ora brincar, ora  falar sério, confessar fatos de sua vida.
É um modo de ter uma companhia sem se envolver.
Mas sabemos que isso magoa, porque quando a mulher fala nesse assunto ,ele desconversa. E, sob pressão, até faz promessas de marcar um encontro.
Se esses homens falarem a verdade sobre sua situação de comprometimento, sabem que vão perder a companhia das noites e aquela conversa que preenche as madrugadas.
Um dia a mulher descobre que não há motivo para esperar aquele cavalheiro e deixa de teclar.
Mas se o homem for desimpedido, e mesmo assim, quiser ficar distante, pode ser imaturo, inseguro, sem querer se arriscar.
Quero dizer que todo o relacionamento só se completa com o conhecimento, com o encontro real.
A internet não pode propiciar o toque nos cabelos, um jeito de acariciar o rosto, um jeito de afagar as mãos, um abraço, um beijo.
Mas, as vezes, a mulher também não se anima a se arriscar. Ela pensa que se o parceiro não gostar de sua figura, vai precisar terminar com a amizade e não vai concretizar algo mais que esperava.
E ambos ficam nesse amor platônico, sem nada usufruir.
Mas, essa forma de se relacionar existe. É um arremedo de amor, uma ilusão de internet, uma simulação de bem querer. E as juras de amor são forçadas, são feitas para não perder aquele contato virtual.
E essas pessoas nunca vão se permitir amar de verdade, com a ferocidade das paixões que cegam, com o descanso no corpo um do outro, após o ato de amor.
Essas pessoas vivem pela metade porque prezam mais a sua individualidade  e em nome dela, não sei o que pretendem.
Preferem manter a esposa que já não amam do que romper com uma estabilidade confortável. Mesmo amando outra pessoa.
E, na velhice, irão se dar conta de que a vida passou e os sentimentos ficaram esquecidos, assim como os reais prazeres da vida.

KATIA CHIAPPINI

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