Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sábado, 31 de maio de 2014

MARIANA CANTA!

Apresentando minha neta, tentando fazer um som de jazz, aos 13 anos de idade.
Seu talento está se delineando, aos poucos.

Cover - Etta James - All I Could Do Was Cry

Minha vida na estância São Miguel do Sarandi!

      Minha querência querida: LIVRAMENTO
              ( lembrando de meu tio Léo )

Meu tio Léo era virginiano como eu.Tinha o hábito de carregar papéis no bolso, com anotações do dia a dia. E a medida que tudo ia se resolvendo descartava os papéis. Eu faço o mesmo em minha agenda e vou deixando nela só as folhas referentes às anotações do que ainda preciso fazer.
Meu tio tinha por hábito convidar a mim, meu irmão e os demais primos para passar as férias na estância.
Eu era uma menina de 9 anos de idade quando fui pela primeira vez.
Cheguei tarde da noite e fui direto para o meu quarto, descansar. Na manhã seguinte, minha tia me levou para a frente da casa, abriu a porta e nem acreditei no que estava se descortinando em minha frente. Olhei ao redor, vi toda a extensão do campo e disse: 
 -Que pátio grande!
Era deslumbrante a força da natureza e a beleza do local, onde não se sabia onde começava e onde terminava o campo.
Entre os primos, meu irmão e eu éramos os mais velhos. Tínhamos a incumbência de zelar pelo sono dos tios, após o almoço. E, por isso manter toda a gurizada longe da casa até as 15 horas.
Eu gostava de conversar com o tio Léo quando ele chegava do campo. Era meu parceiro no jogo de dama, moinho e xadrez. Mas, como não admitia perder uma partida, inventava regras novas, na hora, para ganhar sempre. E minha tia que observava tudo ficava rindo de nossos momentos de jogos, as vezes, mais conturbados.
Quando meu tio ia fazer a barba eu ficava por perto fazendo muitas perguntas sobre o que aprendera no colégio, na quinta série.
Ele as respondia de qualquer jeito e eu o criticava:
-Mas que ignorância, meu tio!
E ele ficava contente porque eu achava um jeito de ganhar dele nesse jogo de perguntas e respostas, quando eu desenrolava tudo o que tinha aprendido em História, Geografia e Ciências.
É que eu, pequena, não tendo o alcance para entender que ele não poderia saber o que estudara quando menino, como eu, só poderia errar algumas respostas. E titia ainda se lembra que eu perguntava a ela:
-Titia, meu tio sempre foi burrinho assim?
Tio Léo e eu também brincávamos de fabricar licores caseiros.
Ele colocava sobre a mesa uma parafernália de coisas para que fizéssemos as misturas. Ele me deu algumas explicações e logo pensei em fabricar um licor que tivesse melhor sabor do que o dele.
Usávamos cachaça Velho Barreiro, mel, canela, leite condensado e frutas diversas do pomar de meu tio: jabuticaba, pitanga, peras, uvas, butiá, maçãs, limão...
Depois de feito o licor ainda ficava guardado por uns 12 meses e só depois se abria, no inverno. 
Então, eu chamava todos para provar uma dose e queria saber se o meu tio tinha conseguido o melhor sabor, ou eu. Sempre queria superá-lo nas brincadeiras porque ele implicava comigo, me provocava dizendo que era o melhor. Mas o fato é que ele tinha conseguido uma ajudante interessada em deixar o licor saboroso.
Outra brincadeira que meu tio fazia comigo e com os primos era dizer que falava vários idiomas. E começava a desenrolar um palavreado dito com rapidez, bem enrolado, mas de efeito interessante. Lembro-me de quando dizia estar falando em árabe, ficávamos encantados com o brilhantismo de titio.
E custamos a descobrir que o tio inventava os termos, apenas tentando manter o sotaque do idioma. Ele dizia alguns termos certos e depois intercalava palavras que nada queriam dizer e seguia com muita propriedade, como se estivessem corretas. E nos encantava ver a sua versatilidade.
Uma das tarefas que tínhamos que cumprir era a de mexer os tachos de doces que titia fazia. Formava-se uma fila e cada um deveria mexer o doce por 15 minutos e ir para o final da fila, sem nem pensar em abandonar o posto. Mas meu tio costumava nos gratificar com uma importância em dinheiro que íamos juntando para fazer alguma compra na cidade.
Eu contava isso para papai, quando voltava das férias, e ele me dizia para não aceitar dinheiro do tio, pois esse já nos dava casa e comida.
Mas é claro que aceitávamos o dinheiro, como os outros primos.
Em época de exposição, eu e meus primos ajudávamos a pentear ovelha. Esse é um trabalho especializado e tem que conhecer bem. Só assim o pelo fica bem aberto, bem farto e muito bonito para a exposição. Era um trabalho de equipe, ao redor da ovelha e abrindo com os dedos, um a um, seu pelo. Depois, sim, se penteava a ovelha e dava gosto de ver como se transformava. E esse era um modo de ganhar mais uns merecidos trocados.
Ao final da tarde se fazia a hora do lazer, com os tocadores de violão e acordeon e declamadores, na frente da casa.
Nas estâncias não havia luz elétrica, mas titio tinha gerador próprio.
Por volta das 22 horas ele dava três toques de sino, com um pequeno intervalo entre eles. Ao terceiro já tínhamos que estar no quarto para deitar, com dentes escovados e a roupa de dormir. 
Meu tio era metódico como todo o virginiano.
Recebia o capataz da fazenda, pontualmente ás 10 horas, e dava as instruções para o dia no campo. E, ao final da tarde, tomava conhecimento dos problemas relativos à campereada.
Precisava saber da marcação, da vacinação, da tosa...
Titio recebia prêmios e troféus em exposições de gado e os colocava, na sala, sobre a lareira.
Anos depois, levei meus três filhos para conhecer a estância e, como eu, ficaram encantados em participar dos trabalhos todos.
Eles se perdiam o campo, à galope, entre campos, riachos e várzeas.
E, perto da hora de jantar, o capataz recolhia todos e voltavam juntos para a casa grande. E minha tia Bebê, muitas vezes, ficou preocupada com o horário, já avançado, sem que avistasse a volta da turminha.
Mas tudo era muito bem orquestrado e minhas vivências, até hoje, já madura, se reportam a esses dias abençoados, onde o calor humano era o Bem maior.
E os tios hospitaleiros, Léo e Bebê, sempre nos deram bons exemplos de vida em família.
Meu tio vinha fazer revisões médicas em Porto Alegre, minha cidade. Nessas ocasiões, minha mãe me avisava e eu sempre passava uma tarde com eles.
Quando titio estava mais debilitado, em certa ocasião, disse-lhe que iria vê-lo na casa de sua filha, onde estava hospedado.
Titia me contou que eu falei que chegaria lá pelas 16 horas e que titio colocou uma cadeira e se sentou pertinho da saída do elevador a me esperar. E ficou ali desde às 15 horas. Quando o abracei senti sua emoção e também marejei os olhos, como ele.
Fui visitá-lo uns três meses antes de sua morte repentina e conversamos muito. Aconteceu que levei um caderno com poemas e crônicas a respeito da estância e entreguei a ele para que lesse algumas matérias que eu havia sublinhado.
E quando minha tia o chamou para almoçar ele se recusou a ir antes de terminar a leitura. Isso porque pegou o caderno e não descansou enquanto não passou os olhos em tudo. E escreveu uma dedicatória emocionada para mim, ao final das folhas. E assinou com a letra trêmula, dificultando-me a leitura.
Mas se alguma palavra ficou sem compreensão, é o que menos importa.
Porque guardo na memória todas as outras palavras de nosso convívio na estância e toda a riqueza dessas horas. É como se tivesse pintado um quadro em minha mente. Um quadro de valor estimativo e único.
E até hoje, já vovó e com nova missão, tenho certeza de que na estância eu fui muito feliz.
É dessas horas que guardo com ternura que eu tiro a força para vencer meus desafios de mãe e avó.
Uma força vital e insubstituível que jamais sonhei e que me fortalece quando lembro do carinho que eu e meus filhos tivemos naqueles pagos queridos.
O meu patrão é o Dr. Léo Bochado e a minha prenda, a mais linda desse rincão, é minha tia Bebê: dona Clementina Brochado.

                                   KATIA CHIAPPINI
                        e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com



quarta-feira, 28 de maio de 2014

LIVRAMENTO: MEU RINCÃO QUERIDO

                          MEU RINCÃO:
            SANTANA DO LIVRAMENTO

Meu rincão bem-amado
Minha terra e querência
Olhar esse pago rasgado
É voltar á minha essência

Santana abençoada
Do avô, da avó e tios
Dos primos, da alvorada
Das cachoeiras e rios

És meu segundo berço
Santana da fronteira
A ti eu não desmereço
Desde a vez primeira

Lembro das brincadeiras
E travessuras sem fim
Dessa gente hospitaleira
Que ainda chama por mim

Na estância-uma raridade-
Eu subia em árvores-adorava-
Desde a mais tenra idade
Pelos campos cavalgava

Ao ver o gaúcho no campo
E as prendas nas panelas
Eu dizia:''aqui eu acampo''
Como o Quero-quero:''sentinela''

E a boiada lagarteando
Fico perdida a olhar
O mascate vem chegando
Tecidos e rendas vem mostrar

Domingo tem fogo de chão
Tem churrasco e o contador
De ''causos''-lá no galpão-
Tem prenda enfeitada com flor

Rincão é mais que um chão
É a paixão pela terra
É um querer bem com razão
Que não se acanha com guerra

Santana do Livramento
-Essa querência me enlaça
É emoção com sentimento
Como o da primeira valsa

                                  KATIA CHIAPPINI
                                         e-mail;katia_fachinello42@hotmail.com

Dedico esses versos aos primos queridos, com os quais estive, na fronteira, e com os quais tive oportunidade de conviver e relembrar fatos de minha infância na estância São Miguel do Sarandi, fronteira com Uruguai.
E para a mais bela prenda desse rincão, minha tia Bebê, quero deixar um agradecimento especial pela acolhida que me foi dada, na ocasião.
Fico com a saudade que só existe para aqueles que viveram grandes sentimentos.  E os melhores momentos ficam tatuados no coração e nunca se desfazem porque são sinceros e significativos.

Katia



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Não se faça!

          
                         POR QUE SE FAZER?
          

Não se faça
Não implique
Não faça arruaça
Se identifique

Não renegue
O meu querer
Sossegue
Deixe acontecer

Nada tema
Venha com jeito
Sou um teorema
Quase perfeito

Não se omita
A vida é curta
Não faça fita
Senão surta

Não rejeite
Quem te ama
Se ajeite
Em minha trama

Não se rechaça 
Quem espera
E se tudo passa
O amor tempera

Já está na hora
Se decida
Venha sem demora
Sou fiel guarida

Precisa arriscar
Vencer o medo
É só me amar
Mesmo em segredo

Vamos ficar
Embevecidos
E até abafar
Nossos gemidos

O que lhe prende?
Venha-mansinho-
Meu amor se rende
Quero carinho!

                                 KATIA CHIAPPINI


VIVER SEM VIVER FELIZ NÃO É VIVER. É ENSAIAR A CENA E NUNCA ATUAR COMO ATOR PRINCIPAL.

KATIA

AINDA QUERO MAIS...


                             QUERO MAIS...
       
         

Quero que te envolvas comigo
Sou tua flor e tesouro
Sou segurança e não perigo
Sou raiz e ancoradouro

Quero entrar naquela igreja
Olhar para frente e te ver
Pedir que Deus nos proteja
Em nome do bem-querer

Quero o olhar carinhoso
Presente em meu cansaço
Aquele que me fixa dengoso
Pra pedir mais um abraço

Quero a melodia suave
E um bom vinho pra brindar
Estudar a pauta e a clave
Pra compor à beira-mar

Quero-te sempre ao meu lado
A cada nova alvorada
Vou cantar um lindo fado
Ser tua estrela encantada

Quero todos os teus gestos
E todos os jeitos de amar
Fiquei inerte qual objeto
Esperando o teu regressar

Quero tua explosão natural
Nada tenho pra me desculpar
A paixão é apelo visceral
E o amor sentimento sem par

                                    KATIA CHIAPPINI



quarta-feira, 21 de maio de 2014

UMA ROTINA SADIA PARA VIVER BEM

             OBSERVAÇÕES SOBRE A VIDA

Quando acordamos, a alegria deve acordar junto conosco e, já ao raiar do dia, vamos brindar a vida que temos.
O sol nasce todos os dias para que seu brilho nos beneficie.
A lua tem um brilho menor mas, nem por isso, é menos intensa. E, se não pudermos ser sol, sejamos, as vezes, como a lua.
Precisamos ser solidários porque não estamos sós e nem nascemos sem pessoas amigas ao nosso redor.
As flores existem para brindar os melhores momentos e, certamente agradeceriam se víssemos a grandeza de suas cores e aroma e se nosso viço fosse como o delas.
O alimento que está na mesa e que não falta porque o trabalho não o permite, esse sustento diário, é uma bênção renovada.
O mar acolhe os rios em seu leito porque sabe receber seus afluentes e colaborar com a harmonia cósmica. 
 Um farol pode observar toda a pujança da natureza.  Também podemos ser como ele e agradecer ao Criador por toda a fauna e flora que nos beneficia.
 A cachoeira vai correndo e limpando os caminhos que percorre, como podemos ir corrigindo nosso percurso.
Semeando e colhendo bons frutos em nossa caminhada vamos encontrar nosso semelhante aflito à espera de uma palavra consoladora e de esperança. Não podemos nos negar ao aflito.
Precisamos olhar para frente, para os lados, para trás, verificar nosso feitos e os próximos planos. E, as vezes, partir do nada e recomeçar.
Mas, principalmente, olhar para o céu e agradecer, em preces, tudo o que já conquistamos.
E saber que um novo dia é um mistério a desvendar e que tem, sim, seus tropeços, dificuldades e desafios. 
E que nossa centelha divina é a força essencial que nos permite prosseguir e vencer a nós mesmos.
E, se conseguirmos a paz de espírito, é porque a felicidade nos encontrou, depois de tanto insistir, e, finalmente nos sorriu.
Essas são minhas palavras do dia, e se forem úteis, serei feliz também como desejo que sejam.

                                     KATIA CHIAPPINI

       PORTO ALEGRE/ CASA DO POETA RIOGRANDENSE.








terça-feira, 20 de maio de 2014

OS GANSOS E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO

                      GANSOS E EQUIPES

Os gansos voam formando um 'V'' e quando cada ave bate as asas cria uma sustentação para a ave seguinte. E o grupo consegue voar 70% a mais do que se voasse isoladamente.
As equipes que trabalham unidas chegam ao resultado final mais rapidamente porque confiam e se apoiam ,umas nas outras.
Se um ganso se afasta da formação, procurando voar sozinho, logo percebe que fica mais lento e volta ao grupo para tirar vantagem da sustentação que esse lhe dá.
Da mesma forma uma equipe unida tem mais força e estímulo para prosseguir buscando suas metas.
Quando o ganso líder se cansa, ele se afasta do''V'', vai para o final da fila e outro ganso assume a liderança.
Em equipe é necessário fazer um revesamento quando o trabalho for árduo e assim o exigir.
Os gansos de trás grasnam, tentando encorajar os da frente a manter o ritmo e a velocidade no voo.
Toda a equipe de trabalho deve ser parceira e encorajar, uns aos outros, continuadamente.
E quando um ganso adoece, ou se fere,ou deixa o grupo, pelo menos dois gansos saem da formação e vão ao seu encontro para ajudar e proteger o companheiro.
Depois de solucionar o problema, esses três gansos se incorporam a outra formação em 'V'' e continuam voando, até encontrar seu grupo de origem e seguir com ele.
Uma equipe precisa ser unida e dedicada aos seus membros, como são os gansos.
Os gansos são exemplo a ser seguido porque sabem andar em grupo, apoiar, uns aos outros e exercer o poder de liderança.
Vamos tentar nos lembrar mais frequentemente desses conselhos e aprender a encorajar a equipe de trabalho, não diminuir ninguém, e, ao contrário, procurar o apoio, a força de vontade de prosseguir, o encorajamento e principalmente a amizade.
E foram os estudos científicos que chegaram a conclusão de que há razões para os gansos voarem em formação, se organizando em ''V.''
Essa sustentação que referimos é o segredo de um voo perfeito.
E, em última análise, o 'V'' que é o desenho da formação do voo, entre os gansos, é também e principalmente o 'V''da vitória, tanto dos gansos como das equipes de sucesso, cujo voo  se projeta no futuro e nos empreendimentos de vulto, desde que o grupo preserve a unidade e o espírito de solidariedade. 
Então,a lição dos gansos é de que, apesar das dificuldades,das diferenças de opiniões, podemos formar um grupo humano unido.
Se estiver em pauta a consciência do sentimento da partilha, a equipe estará em harmonia.
E a amizade será sempre um sentimento puro que deve continuar a preencher o coração dos homens de boa vontade. 
Quero que o único vírus digno de cultivar nessa existência seja o do amor universal.

                                  KATIA CHIAPPINI



segunda-feira, 19 de maio de 2014

MARIANA CANTA!

              MINHA NETA MARIANA!
               ( Aos 13 anos de idade)

Cover Etta James- I'd Rather Go Blind

A CHUVA E A CASA MÁRIO QUINTANA!

          A CHUVA E A CASA DE CULTURA

Fui surpreendida com a força da chuva e do vento ao tentar deixar a Casa de Cultura Mário Quintana, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Eu me encontrava na sala de música e executava uma peça ao piano.
Depois de dedilhar uma sonata de Beethoven, me desloquei até o saguão, vi uma mesa e uma cadeira ,sem o funcionário que ali permanecia, normalmente, e resolvi ocupar seu lugar. E, com a ideia de escrever, esperaria a chuva passar. Então, anotei algumas observações que me foram possíveis, na ocasião.
Algumas pessoas que permaneciam em pé, procuravam se comunicar com as outras.
Os jornais locais estavam á disposição pelos balcões. Os bares recebiam as pessoas que foram à procura de um café.
Percebi a inquietação dos demais que caminhavam de um lado para outro para ler a programação da Casa.
Os taxistas recebiam telefonemas de pessoas idosas já preocupadas com o fato de estar escurecendo. E o taxi é raro em dias de chuva. É preciso aguardar com paciência.
Outras pessoas procuravam as salas de cinema para assistir um filme estrangeiro premiado, como os que costumam estar em cartaz.
Logo chegou a turma do teatro para fazer um último ensaio.
As duas bibliotecas da  Casa estavam lotadas, bem como a sala de computação.
Como eu estava num recanto próximo da programação da Casa, o público se dirigia a mim e pedia informações diversas. Consegui responder a tudo porque o funcionamento da Casa de Cultura é do meu conhecimento. Nem precisei dizer que não era uma funcionária do local. Atendi às solicitações do público, como se da Casa fosse.
Tive oportunidade de lecionar piano para os alunos de terceira idade, especialmente, durante 8 anos consecutivos, na Casa. E minha experiência, nessa ocasião, foi gratificante.
Enquanto eu escrevia nem percebia o tempo passar. Quando parou a chuva verifiquei que já me encontrava esperando por duas horas.
Observei que o movimento se intensificou perto das 20 horas.
Os espetáculos programados em relação a shows musicais, danças e grupos de teatro se espalham pelos andares todos. Ou lançamento de obras literárias de conteúdo didático, sociológico, histórico, filosófico, entre outros. Ou exposições de quadros e esculturas de autores selecionados.
Além do que citei, a Casa de Cultura tem ainda outros tantos departamentos, como: oficinas diversas, discoteca, acervo de partituras musicais ,seminários, palestras, ensaio de canto coral e vários auditórios para sediar esses eventos. E modelo vivo, nu, nas aulas de pintura, notadamente, da figura humana. Outra iniciativa digna de louvor se deve ao fato da Casa promover aulas de dança para deficientes visuais. E observei, por algum tempo, a expressão de felicidade dos alunos, ao executar os movimentos com segurança.
E temos ainda o teatro infantil com apresentações programadas nos sábados e domingos às 16 horas. E são mantidas, ainda, as oficinas de expressão corporal, para os pequenos atores interessados no aprendizado das artes cênicas.
E no último andar temos um restaurante com dois ambientes: um fechado e outro aberto, ou seja, ao ar livre. Nesse último se pode ver o Rio Guaíba, o Cais do Porto e as embarcações que passam com graça, cada qual seguindo seu destino. E se observa, ao entardecer, o deslumbrante espetáculo do pôr do sol.
E nesse restaurante há música ao vivo e o lazer se faz presente. A energia se renova para mais um dia de trabalho.
É um local público que procura difundir a cultura em todos os seus segmentos. E os professores podem marcar a visita e frequentar os ambientes com suas turmas de alunos.
Há uma sala onde fica um pequeno museu contendo alguns pertences do poeta Mário Quintana. Ele morou nesse mesmo local, na época, Hotel Majestic.
Vou aproveitar que a chuva deu uma trégua e seguir meu itinerário interrompido. E o frio está chegando após a chuva, de mansinho.
A Casa de Cultura cumpre seu papel para com a sociedade. Seus frequentadores são fiéis e o ambiente respira intelectualidade. 
Vemos circular um público ávido pelo saber. E não é raro ver estudantes lendo por todo o canto, as vezes, sentados nas escadas.
Ainda, antes de sair, me deparo com um grupo de jovens trazendo maquetes de edificações, plantas baixas, para expor em uma das salas, cumprindo um projeto.
E os pingos de chuva, teimosos e acelerados, delinearam um contraponto com a frequência à Casa de Cultura, que permaneceu recebendo os transeuntes, sem se abalar com o tempo.
E a chuva se tornou breve para mim, concentrada em escrever, o que me é sempre prazeroso e um exercício estimulante para a mente.  A chuva parece reconfortante, algo melancólica, mas soa como a música da natureza renovando a vida e a terra que dela precisam. E traz as lembranças da infância com sua travessuras , quando as crianças se beneficiam dela, ao correr pela ruas alagadas.
Mas precisei recolher, discretamente, uns folhetos de propaganda , colocados sobre os balcões de entrada, para transformá-los em texto. E os pingos grossos da chuva junto ao movimento dos transeuntes se fizeram presentes, nesse momento, para inspirar essas linhas.
A mesma água que escorre pelas calçadas, num dia de chuva torrencial, sempre me faz pensar que poderia clarear as almas e tirar delas os rancores acumulados, contra si mesmo e contra toda a humanidade.
A vida é tão breve para perdermos tanto tempo com sentimentos menos nobres.
Mas, tive meu momento gratificante nessa tarde de chuva onde a tão propalada felicidade me pegou distraída.

                                 KATIA CHIAPPINI

                     e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com


OBSERVAÇÃO: TANTO A CHUVA COMO ESSE TEXTO VIERAM DE IMPROVISO!
ASSIM ACONTECEM OS MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO: SEM ESPERAR.

KATIA

sábado, 17 de maio de 2014

PECADO GRAVE!

                          PECADO GRAVE!

Pecado grave é frear a vida, contaminar os rios, banir as espécies animais do planeta, praticar queimadas criminosas. Pecado grave é a inércia, quanto a omissão. Pecado grave é maltratar o idoso, espancar a criança, maltratar a mulher e praticar outros atos de violência.
Pecado grave é ser responsável pelo alistamento e convocação de jovens soldados para a luta. E expulsar grupos indígenas de suas terras. Pecado grave é se insurgir contra grupos alternativos e tribos distintas dos parâmetros ditos normais. Pecado grave é incendiar uma pessoa, só porque essa mora na rua.
Pecado grave é estar conivente com a política exercida por grupos ditatoriais e deixar que se perpetuem no poder.
Pecado grave é roubar a merenda escolar dos inocentes, roubar igrejas, orfanatos ou asilos. Pecado grave é adulterar remédios e alimentos colocando em risco a saúde da população.
Pecado grave é desviar o dinheiro público como se fosse normal.
Peado grave é ser matador profissional ou aliciador de menores.
Pecado grave é ser um executivo de sucesso, mas um pai ausente da família.
Pecado grave é se orgulhar do volume de sua conta bancária e não dar ajuda financeira para um familiar com doença terminal.
Pecado grave é não corrigir a má distribuição de renda tornando a classe abastada mais privilegiada ainda, em detrimento dos demais assalariados. Pecado grave é aplicar a lei fazendo diferença entre as classes sociais e cometendo injustiças na aplicação.
Pecado grave é o crime passional e o que é praticado sob efeito das drogas. Esse último ,separando os filhos de seus pais ou avós.
Pecado grave é ficar de olho na mulher do próximo que, por sinal, mora bem próximo.
Pecado grave é preservar a aparência em detrimento da verdadeira essência.
E o pecador contumaz, desprovido de bons sentimentos, só terá paz e deixará os seus semelhantes em paz, por ocasião de sua morte.
Isso se conseguir se arrepender e orar para ser perdoado pelo Criador.
Não o julguem os homens: essa prerrogativa a Deus pertence.
E, pecado grave, ainda,  é não se dispor ao amor universal que dignifica e justifica a existência.

                                KATIA CHIAPPINI


quinta-feira, 15 de maio de 2014

TOLICE!

                            TOLICE

                                     Tolice é cultivar a dor
                                     E a ela não se sobrepôr
                                     Tolice é estar em torpor
                                     Tolice é se decompor

                                     Tolice é o tempo dispor
                                     Sem interferir, sem sensor
                                     Quem lutar à seu favor
                                     Não será o próprio opressor

                                     É enviar a Deus um louvor
                                     Para atenuar sua dor
                                     Tolice é perder o vigor
                                     É não ser contestador

                                    Tolice é se brincar não for
                                    Com o neto no escorregador
                                    É ser da vida um desertor
                                    É com amigos se indispor

                                   Tolice é não colher a flor
                                   Não dividir o cobertor
                                   Não ver da paixão a cor
                                   Ficar no frio sem calor

                                   Tolice é na vida não se impor
                                   Não agir com destemor
                                   Não ser o próprio redentor
                                   Não se inundar de amor

                                  KATIA CHIAPPINI


                                            e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com

terça-feira, 13 de maio de 2014

ENTRE O AMOR E A AMIZADE!

           AMOR E AMIZADE: BREVE ENSAIO

Amor sinaliza emoção
Amizade traz à razão
Amor é feito ilusão
Amizade é conciliação

Amor é pura contemplação
Amizade é realização
Amor é a espera em vão
Amizade é dedicação

Mas não se vive sem amor
Mesmo o que traz a dor
Carinho não escolhe cor
E quem o tem dá valor

Embora o amor seja etéreo
As vezes, é levado à sério
Precisamos tê-lo como mistério
Desvendar o seu critério

O amor é o melhor momento
Intenso tal qual o vento
É uma concha de sentimentos
Exercício de encantamento

Quem ama permanece cego
Essa verdade eu não nego
Mas meu amor não delego
É o oceano onde navego

O amor é sensibilidade
Sensação de cumplicidade
É do espírito a felicidade
E do corpo a saciedade

Mas amizade é devoção
Preenche mais que um verão
Ela nos traz a solução
Não compartilha a traição

O amor é irreal: um conceito
Machuca como um tiro no peito
Mas a amizade eu não rejeito
Cura as feridas do leito

Amizade é real sentinela
O amor foge e pula a janela
Amizade é uma flor bela
O amor deixa sequela

Entre amor e amizade- eu grito -
O amigo é leal- não é mito -
O amor é frágil- gera conflito -
Decifrem o teorema- tenho dito -

                                   KATIA CHIAPPINI 
                      e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com 



domingo, 11 de maio de 2014

UM PENSAMENTO !

                             UM PENSAMENTO:

                          Mães não perdoam: amam

                           FELIZ DIA DAS MÃES !
                         

                         Katia Chiappini /maio /2014
                                         katia
 _

SEMPRE MÃE!

                             SEMPRE MÃE!
      

O filho transgrediu
Sua razão falhou
Reagir não conseguiu
E, então, se acomodou

Mas depois chamou:
- Minha mãe, venha!
Chorou e solicitou:
-Mãe, dê-me outra senha

A  mãe acudiu correndo
O Bem venceu o Mal
O filho está sofrendo
A consciência deu sinal

Ser mãe é prosseguir
Ter poder de decisão
Se o filho não sucumbir
Cumprirá sua missão

A mãe acolhe e castiga
Cobra o amor e respeito
Corrigir é ser mais amiga
É exigir o que é direito

A sempre mãe dá o socorro
Recebe o arrependido
Desce do alto ou do morro
E perdoa o ser combalido

                               KATIA CHIAPPINI
                      E-mail:katia_fachinello42@hotmail.com








COM AS VIBRAÇÕES...

           COM AS VIBRAÇÕES DO AMOR
                     Mariana ( 12 ANOS )
               ( para minha mãe no seu dia )

´Com as vibrações do amor eu olho contemplativa para o alem .
 E com o som de tua voz eu me faço amor. Com teus olhos que brilham mais que estrelas e com teu corpo feito poesia, os meus olhos giram na direção do horizonte A única coisa que consigo sentir de ti é um amor infinito que me enche de esperanças. O infinito não se compara a ti porque é escuro e a única coisa que ele sente é dor, motivada pela fraqueza dos homens.
Quando te vejo lembro um campo de rosas. E me desarmo como se perdesse os sentidos. Não consigo nem falar.
Mas me sinto segura, pois és a única pessoa que importa para mim
Sei que fiz muitas coisas erradas e peço desculpas.
Mas, se me permite a palavra, gostaria de falar com as vibrações do amor por ti:
-Mãe, eu te amo!

                                                  Postado por  KATIA CHIAPPINI. 

                                                   FELIZ DIA DAS MÃES ! 


quinta-feira, 8 de maio de 2014

DIA DAS MÃES: 11/5/ 2014.

               
                   SAUDADES DE MINHA MÃE!
                  Meus netinhos: Helena e Bruninho 


                            

    Dedico esse texto à mamãe e a todas as mães.                

Cuidei de mamãe por 6 anos e meio acometida do mal de Alzheimer, doença degenerativa que mata a função dos neurônios e debilita todo o organismo.
Nos últimos anos coloquei três atendentes para me auxiliar. Mesmo assim, eu dormia num colchão no chão, ao lado da cama dela. Ela se levantava para ir ao banheiro, para comer banana, para caminhar pela casa e para abrir e fechar gavetas na ânsia de verificar se nada faltava de seus pertences. A doença deixa a pessoa desconfiada, com mania de atribuir aos outros o pseudo sumiço de suas coisas. Também deixa nervosa, agressiva, com o humor oscilante e teimosa com relação aos hábitos de higiene.
Apesar desse quadro que eu vislumbrava, diariamente, procurei maneiras de tornar minha mãe mais feliz.
Aos domingos, pela manhã, tínhamos um encontro com Inezita Barroso e outro com Rolando Boldrin na televisão educativa.
Os violeiros interpretavam modas de viola do tempo em que morávamos em Andradina, Estado de São Paulo. E minha mãe parecia reconhecer algumas canções, porque me olhava e sorria.
Ao anoitecer eu levava mamãe para se sentar na garagem com a porta aberta para a rua, onde podia ver o desfile dos transeuntes.
Ela olhava para a lua e estrelas e apontava com o dedo para o céu.
Gostou muito desse breve programa e todas as noites, mesmo com chuva ou frio, eu a levava ´para olhar o horizonte.
Em outra ocasião minha neta levou o gatinho para que mamãe pudesse brincar com ele. Ela o colocou no colo e acariciou seu pelo.
Em dado momento o gato se desvencilhou, pulou do colo de mamãe.
Minha mãe, em sua juventude, era muito vaidosa e dedicava um tempo para costurar as próprias roupas que tinha orgulho de confeccionar. Então, nunca deixei faltar um serviço de manicure e pedicure à domicílio. E mantinha seu corte de cabelo e pintura.
Nessas ocasiões eu mostrava seu rosto no espelho e ela sorria e apontava para o cabelo bem penteado.
Mamãe passou os dois últimos anos perdida de si mesma, olhando para o vazio, sem poder falar e sem reconhecer ninguém. 
Foi passando pela bengala, andador e finalmente foi colocada na cadeira de rodas, ao perder a força nas pernas.
Mesmo assim, eu costumava sentar ao seu lado e contar fatos de sua infância na casa paterna, na esperança de que , em algum momento, ela se reconhecesse dentro dessa cena familiar, através de um breve sorriso ou de um olhar mais intenso. Mamãe tinha lindos olhos verdes e uma pele de seda e morena. Se não fosse essa sua doença implacável não mostraria a idade.
Outro modo de fazê-la sorrir era mostrar no computador as fotos da família que eu havia colocado em álbuns e armazenado. Apreciou uma foto minha de tela inteira que mostrei a ela. Ficou com o olhar espantado e me olhando como se perguntasse como eu fui parar ali.
Ela olhava a foto e acariciava meu rosto e sorria para mim: uma cena emocionante.
Mamãe costumava chamar pelo nome de sua irmã que mora em Santana do Livramento, na fronteira. Comentei com minha tia esse fato e ela passou a visitar minha mãe, aproximadamente, de três em três meses. Nessas ocasiões me telefonava, ao chegar, e eu levava salgadinhos e doces para tomar um chá com ela e com minha mãe.
Nos últimos anos mamãe também chamava por meu irmão e se queixava para mim da ausência dele. Mas isso não ocorria porque o mano a visitava todas as tardes. Só que a memória curta de mamãe não registrava mais nada e passados cinco minutos, se perguntassem a ela quem havia saído da casa, após a visita, ela dizia: 
-Não vi ninguém, estou sozinha.
Isso, quando ainda podia falar.
Ela me chamava e pedia para sentar ao seu lado e dizia: 
-Sabia, filha, o teu irmão já me esqueceu!
E eu falava:
-Não, mamãe, ele vem sempre na parte da tarde.
Em certa ocasião me disse:
- Minha filha, pegaram até o meu dinheiro, não sei onde foi parar.
E eu mostrava a ela o extrato bancário e explicava que o dinheiro estava aplicado e bem guardado no Banco do Brasil.
Tentava explicar que eu e meu irmão estávamos gerenciando sua conta e tínhamos o suficiente para pagar suas despesas.
Outra alegria que dei à mamãe foi a de levá-la para passar as tardes na praça central da praia de Torres, Rio Grande do Sul.
Lá se reuniam malabaristas, pintores de rua, músicos, dançarinos, mágicos e o pessoal da capoeira. E também os bolivianos com suas flautas típicas, músicas folclóricas e ainda um tocador de violino muito talentoso. 
Mamãe, eu e uma ajudante, ficávamos na pracinha das 15 horas até 19 horas. Ela olhava atentamente para os pássaros pendurados nos fios, para as crianças, para os cães puxados por seus donos e para todo o espetáculo que a praça deixava vislumbrar. Sentávamos embaixo da figueira centenária, protegidas por sua sombra.
Ainda em Torres, convidei uma amiga para cantar canções antigas, no dia de seu aniversário. Ela ficou feliz e quase saltava da cadeira se movimentando para melhor sentir a música. Então ouvimos valsas, boleros, tangos e um repertório sertanejo, tudo muito harmonioso, e que transformou nossa tarde numa bênção. 
Essas foram as pequenas alegrias que proporcionei a minha mãe.
 E ela, ao saber que eu iria tocar piano no restaurante do hotel Plaza São Rafael, ficou encantada, e a cada apresentação minha, mandava entregar um ramalhete com rosas que eram colocadas sobre o piano.
E isso foi um pouco antes de adoecer, mas uma das últimas lembranças que tenho da alegria de mamãe. Chegou a me assistir numa das apresentações e permaneceu atenta durante o tempo todo. 
Durante todo o período que cuidei dela, também levei flores para trocar no vaso que ficava em seus aposentos.
O trabalho físico que tive com mamãe e as noites, quase em claro, pelo período de dois anos, nunca me deixaram contrariada. Sempre soube que era minha obrigação e a cumpri com desvelo, sem nada reclamar.
Mas o que ficou marcado, e que guardo na lembrança, foram as horas em que a fiz sorrir, sua emoção ao apertar as minhas mãos com ternura, os gestos de carinho e seu olhar agradecido.
E estou lembrando, bem ao final dessas linhas, de que eu falava para minha mãe:
- Vou ficar esperando por você, quando se for, mamãe.
E minha mãe, ainda saudável me dizia:
- Por que isso agora, minha filha?
E eu lhe respondia prontamente e sem pestanejar;
- Se eu não for mais útil,volte de onde estiver e leve-me  com você.
        

                                       KATIA CHIAPPINI 


           

                                         E-MAIL:KATIA_FACHINELLO42@HOTMAIL.COM