Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 19 de maio de 2014

A CHUVA E A CASA MÁRIO QUINTANA!

          A CHUVA E A CASA DE CULTURA

Fui surpreendida com a força da chuva e do vento ao tentar deixar a Casa de Cultura Mário Quintana, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Eu me encontrava na sala de música e executava uma peça ao piano.
Depois de dedilhar uma sonata de Beethoven, me desloquei até o saguão, vi uma mesa e uma cadeira ,sem o funcionário que ali permanecia, normalmente, e resolvi ocupar seu lugar. E, com a ideia de escrever, esperaria a chuva passar. Então, anotei algumas observações que me foram possíveis, na ocasião.
Algumas pessoas que permaneciam em pé, procuravam se comunicar com as outras.
Os jornais locais estavam á disposição pelos balcões. Os bares recebiam as pessoas que foram à procura de um café.
Percebi a inquietação dos demais que caminhavam de um lado para outro para ler a programação da Casa.
Os taxistas recebiam telefonemas de pessoas idosas já preocupadas com o fato de estar escurecendo. E o taxi é raro em dias de chuva. É preciso aguardar com paciência.
Outras pessoas procuravam as salas de cinema para assistir um filme estrangeiro premiado, como os que costumam estar em cartaz.
Logo chegou a turma do teatro para fazer um último ensaio.
As duas bibliotecas da  Casa estavam lotadas, bem como a sala de computação.
Como eu estava num recanto próximo da programação da Casa, o público se dirigia a mim e pedia informações diversas. Consegui responder a tudo porque o funcionamento da Casa de Cultura é do meu conhecimento. Nem precisei dizer que não era uma funcionária do local. Atendi às solicitações do público, como se da Casa fosse.
Tive oportunidade de lecionar piano para os alunos de terceira idade, especialmente, durante 8 anos consecutivos, na Casa. E minha experiência, nessa ocasião, foi gratificante.
Enquanto eu escrevia nem percebia o tempo passar. Quando parou a chuva verifiquei que já me encontrava esperando por duas horas.
Observei que o movimento se intensificou perto das 20 horas.
Os espetáculos programados em relação a shows musicais, danças e grupos de teatro se espalham pelos andares todos. Ou lançamento de obras literárias de conteúdo didático, sociológico, histórico, filosófico, entre outros. Ou exposições de quadros e esculturas de autores selecionados.
Além do que citei, a Casa de Cultura tem ainda outros tantos departamentos, como: oficinas diversas, discoteca, acervo de partituras musicais ,seminários, palestras, ensaio de canto coral e vários auditórios para sediar esses eventos. E modelo vivo, nu, nas aulas de pintura, notadamente, da figura humana. Outra iniciativa digna de louvor se deve ao fato da Casa promover aulas de dança para deficientes visuais. E observei, por algum tempo, a expressão de felicidade dos alunos, ao executar os movimentos com segurança.
E temos ainda o teatro infantil com apresentações programadas nos sábados e domingos às 16 horas. E são mantidas, ainda, as oficinas de expressão corporal, para os pequenos atores interessados no aprendizado das artes cênicas.
E no último andar temos um restaurante com dois ambientes: um fechado e outro aberto, ou seja, ao ar livre. Nesse último se pode ver o Rio Guaíba, o Cais do Porto e as embarcações que passam com graça, cada qual seguindo seu destino. E se observa, ao entardecer, o deslumbrante espetáculo do pôr do sol.
E nesse restaurante há música ao vivo e o lazer se faz presente. A energia se renova para mais um dia de trabalho.
É um local público que procura difundir a cultura em todos os seus segmentos. E os professores podem marcar a visita e frequentar os ambientes com suas turmas de alunos.
Há uma sala onde fica um pequeno museu contendo alguns pertences do poeta Mário Quintana. Ele morou nesse mesmo local, na época, Hotel Majestic.
Vou aproveitar que a chuva deu uma trégua e seguir meu itinerário interrompido. E o frio está chegando após a chuva, de mansinho.
A Casa de Cultura cumpre seu papel para com a sociedade. Seus frequentadores são fiéis e o ambiente respira intelectualidade. 
Vemos circular um público ávido pelo saber. E não é raro ver estudantes lendo por todo o canto, as vezes, sentados nas escadas.
Ainda, antes de sair, me deparo com um grupo de jovens trazendo maquetes de edificações, plantas baixas, para expor em uma das salas, cumprindo um projeto.
E os pingos de chuva, teimosos e acelerados, delinearam um contraponto com a frequência à Casa de Cultura, que permaneceu recebendo os transeuntes, sem se abalar com o tempo.
E a chuva se tornou breve para mim, concentrada em escrever, o que me é sempre prazeroso e um exercício estimulante para a mente.  A chuva parece reconfortante, algo melancólica, mas soa como a música da natureza renovando a vida e a terra que dela precisam. E traz as lembranças da infância com sua travessuras , quando as crianças se beneficiam dela, ao correr pela ruas alagadas.
Mas precisei recolher, discretamente, uns folhetos de propaganda , colocados sobre os balcões de entrada, para transformá-los em texto. E os pingos grossos da chuva junto ao movimento dos transeuntes se fizeram presentes, nesse momento, para inspirar essas linhas.
A mesma água que escorre pelas calçadas, num dia de chuva torrencial, sempre me faz pensar que poderia clarear as almas e tirar delas os rancores acumulados, contra si mesmo e contra toda a humanidade.
A vida é tão breve para perdermos tanto tempo com sentimentos menos nobres.
Mas, tive meu momento gratificante nessa tarde de chuva onde a tão propalada felicidade me pegou distraída.

                                 KATIA CHIAPPINI

                     e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com


OBSERVAÇÃO: TANTO A CHUVA COMO ESSE TEXTO VIERAM DE IMPROVISO!
ASSIM ACONTECEM OS MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO: SEM ESPERAR.

KATIA

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