Aquarela de poesias

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Poesias para você

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A GORJETA

                               A GORJETA

Há tempos atrás eu comecei a tocar piano em eventos particulares e em alguns locais de minha cidade de Porto Alegre.
Fazia apresentações no Plaza Hotel, Casa de Cultura Mário Quintana, em restaurantes dos Shoppings principais, em chás de aposentadas, no Plazinha Hotel e num bar de esquina, na noite, no bairro Menino Deus, o maior deles, onde havia um piano, no tempo de seu Cláudio, um dos proprietários.  E num restaurante de frutos do mar, que tem vista para o rio Guaíba, cujo piano fica na sala ''Ivone Pacheco'', prata da casa, excelente intérprete de jazz . La Piedra era o nome do restaurante. E onde Norminha, minha amiga, se apresentava, com violão e voz.
Numa dessas ocasiões eu me apresentava no Plaza Hotel. Era um pequeno bar, na entrada, especialmente para quem quisesse apreciar uns petiscos e se reunir com os amigos, após o trabalho, ao entardecer.
Comecei a interpretar músicas francesas. Sabia que um dos sócios apreciava muito qualquer melodia que fosse nesse estilo.
Quando foi o momento de meu intervalo, sentei com minhas amigas e solicitei um cafezinho.
Não demorou muito e um senhor se dirigiu a mim e pediu que tocasse um repertório de músicas italianas.
Voltei ao piano e atendi ao pedido que me fora feito. Após um certo tempo, olhei para o canto do piano e vi que esse mesmo senhor deixara um envelope ali, discretamente.
No próximo intervalo verifiquei que se tratava de uma gorjeta considerável mas não guardei: deixei o envelope no mesmo lugar.
Ao término do tempo combinado, fechei o piano, ajeitei a capa, arrumei a banqueta e aquele senhor ainda estava na mesa no bar, sentado,calmamente. Achei por bem devolver o envelope como me fora dado. E dirigindo-me ao senhor, eu disse:
-Senhor, é com prazer que toco minha música e o hotel já me remunera devidamente. 
-Mas é com um prazer maior que eu lhe dou essa gorjeta porque estive na Itália, recentemente, e não ouvi músicas dessa qualidade em nenhum local público. Seu sentimento me emocionou.
-Mas eu ficaria constrangida...
-E eu ficaria magoado
Bem, longe de mim magoar um frequentador do bar.
E assim dizendo guardei o envelope, agradeci, me despedi e deixei o local, ainda atordoada.

                                       KATIA CHIAPPINI


                         -e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com

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