Aquarela de poesias

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Poesias para você

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O DESTINO DE CADA UM...

                           DEPOIMENTO

Entre o período de 27 de fevereiro de 2007 e 30 de janeiro de 2016 conversamos pela internet.
Como não acreditávamos num final feliz houve o rompimento. O tempo se esqueceu de nos dar maturidade. E por força do hábito ficamos na expectativa de um retorno que não se dará.
Resta afundar cabeça, corpo e membros no trabalho de cada dia. E que representa uma compensação. Pois o trabalho é nossa força motriz. A serenidade irá voltar se não perdermos tempo em atribuir culpas ou julgamentos.
Os sinais de rompimento se fizeram presentes mas fingimos não entender.
Depois que as comportas se romperam e um mar de lamas se alastrou por tudo, quase nada foi possível fazer porque quase tudo se perdeu.
Poucos rastros foram salvos. Ficaram algumas fotos, mensagens, falas românticas, juras de amor que mais pareciam frases de efeito.
A insegurança, a indecisão e o medo de se revelar perseguiram os atores nesse palco da vida.
O amor platônico do século vinte e um surgiu e sumiu sem explicações. Nunca se soube porque e como começou e nem porque acabou.
As falas do computador foram sumindo e se tornando menos frequentes. As desculpas mal construídas foram se avolumando.
Eu esperava que me convidassem para ser a única visitante de um recanto secreto e escolhido para me receber. Um recanto florido, no alto do morro, com vista para o mar, com jeito de romance, com previsão de bom tempo.
Mas, ao contrário, tudo se rompeu.
Após 7 anos e meio percebi que talvez tenha sido apenas um passatempo. Um entretenimento amoroso e uma vítima de minha própria carência. Foi como se tivesse caminhado sem rumo para chegar a lugar nenhum.
Mas ainda por algum tempo,na fração de instantes, entre meia noite e duas horas da madrugada, vou ter a sensação de que ao abrir o computador, um vai estar esperando pelo outro. E vai olhar com certa aflição para a tela  e tentar encontrar a saudação de sempre:    - Boa noite.
E cada um, de um e de outro lado da tela, e bem distantes em quilometragem, vai fixar os olhos no nada e vai lembrar que podia ter acontecido tudo.
E uma ilusão chamada amor vai permanecer nos sonhos e na saudade. Porque nas almas sensíveis não é possível apagar sentimentos como se apaga ou se corrige uma palavra errada.
E esse que poderia ter sido um amor grandioso, incontrolável e genuíno não passará de uma frágil construção da debilidade de seres humanos e carentes, que se deixaram iludir para não se sentirem tão sós.
E por essa razão, um amor platônico, antes dos tempos modernos, era rompido com explicações que não deixassem mágoas, era comunicado com carinho, sem querer ofender para deixar uma boa lembrança.
E hoje, um amor platônico nem se desfaz por um e-mail bem construído. Apenas uma palavra deixada no skype deleta tudo e, unilateralmente, é colocada em nossa tela. E nada é preciso falar porque a mensagem é definitiva.
Acabou e muito bem acabado.
Ou, quem sabe, mal acabado. 
Só sei que entrei e saí com a roupa do corpo,mas ainda me sinto sem roupa...

                                 KATIA CHIAPPINI
                      E-mail:katia_fachinello42@hotmail.com


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