Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 11 de agosto de 2013

U M DESFECHO INUSITADO !

                         O BEIJO NA MÃO !

Existe um hábito que observamos ao andar de ônibus. É o ingresso de pessoas pedindo esmola, nas dependências do coletivo, para os mais variados fins. Em troca se recebe um santinho, um cartão de agradecimento ou u material explicativo que expõe o motivo do pedido.
As pessoas ouvem o pedinte sem dar atenção e nem se emocionam com os relatos. Isso porque há esmoleiros nas ruas, nas sinaleiras e em diversos pontos da cidade, com suas histórias sempre iguais e duvidosas. E filhos emprestados são usados para comover as pessoas e até crianças de colo passam fome e frio nas ruas.
Certo dia encontrei uma amiga no mesmo ônibus e fomos conversando durante o trajeto, colocando assuntos em dia e combinando um lanche no Shopping. 
Um cidadão maltrapilho, falando com lentidão e de fisionomia abatida, nos chamou a atenção ao entrar no ônibus.
Expôs seus motivos para estar solicitando um auxílio e ao final do discurso se revelou aidético.
Minha amiga, impressionada, retirou uma nota de 5 reais da carteira e guardou a bolsa, novamente. Eu separei algumas moedas de minha niqueleira  sem me preocupar com a quantia.
O homem foi passando entre os bancos e recebendo pequenas quantias em niqueis. E agradecia cada importância recebida, mesmo a de valor ínfimo.
Eu estava sentada junto à janela e minha amiga junto ao corredor do ônibus.
Em dado momento, quando percebi, o homem estava ao meu lado esperando a doação e tratei de colocar as moedas em sua mão.
Minha amiga sussurrou :
- Além de moedas o menor valor que tenho é uma nota de 5 reais.
- Mas e as moedas ?
- É que quero evitar o contato com a mão do pedinte.
- Então , mostre que está lhe oferecendo uma nota de 5 reais e peça que a pegue para guardar diretamente no bolso de sua calça.
- Sim, justamente , essa é a ideia.
Enquanto minha amiga fazia essa confidência vi o homem se distanciar para recolher outros donativos. Falei para minha amiga se levantar para dar o dinheiro a ele. Ela dobrou a nota ao meio, no sentido do comprimento, pegou numa ponta e apresentou a outra ponta para o homem recolher e guardar.
O homem abriu seu melhor sorriso e falou :
- Que Deus lhe retribua em dobro !
Minha amiga olhou para o homem, sem acreditar, conteve um gesto agressivo de repulsa, congelou a expressão de contrariedade e espanto. O que se explica porque o homem ficou tão feliz que , inesperadamente, puxou para si a mão de minha amiga e, antes que essa percebesse, a beijou. E exalando uma etérea felicidade ficou repetindo as palavras que ficaram ecoando no ônibus :
- Muito obrigado ! muito obrigado! muitíssimo obrigado !

                                     KATIA CHIAPPINI
                       e-mail: katia_fachinello42@hotmail.com




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