Aquarela de poesias

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Poesias para você

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

CONSIDERAÇÕES E COMPARAÇÕES

        CONSIDERAÇÕES E COMPARAÇÕES

Chamo as teclas brancas do piano de plebe e as pretas de nobres. Sempre pensei que somos assim, um pouco de tudo e que necessitamos nos completar, buscando no outro o que não temos.
Quando as teclas pretas entram na melodia, ela se torna expressiva e atinge o seu apogeu. Os tons menores precisam das teclas pretas para expressar sua tristeza. Os tons maiores são alegres e finalizam a música com resolução e certeza. Os tons menores deixam o final suspenso e o som parece querer mais um acorde. Em nossa vida ora estamos em Dó maior ora em Dó menor, ora alegres e ora tristes. Mas nunca definitivamente alegres e nunca definitivamente tristes. E estar alegres ou tristes é uma permissão que damos a nós mesmos, uma livre escolha, um modo de agir na vida. E apesar do que estamos vendo, não devemos desistir e nem entrar em coma, ainda estando vivos. E enquanto respiramos o ar da alvorada, ou ouvimos o canto dos pássaros, estamos ouvindo nosso interior, nossa essência maior, nossa centelha divina.
Somos, ora sons diminutos, ora aumentados, ora harmônicos, ora dissonantes, ora presto, ora prestíssimo ou simplesmente adágio. Somos um ritmo lento, um ''ritardando', quando as mágoas não se resolveram.
Somos ''vibratos'' ou melismas'','' drive'' ou ''apogiatura''.
Somos um eco permanente a interagir no universo. E buscando o próprio som, o melhor tom para nos expressar e descortinar nosso lugar ao sol, nosso terreno demarcado.
Temos sede e fome de viver nossas melodias, sonhos, devaneios, segredos e enredos.
Temos sede de mudanças, de desafios, de contrariedades para formar o espírito que se fortalece nas dissonâncias e nos acordes tumultuados.
Ainda vamos nos embalar na melodia suave, na ''cantata angelical dos grandes mestres da harmonia, na suavidade da balada sentimental, ao lado de um ser que sabemos imperfeito, bem melhor do que um príncipe que vira sapo ou de um sapo que vira príncipe, ao toque da varinha mágica da incerteza.
Desejo que a vida seja harmônica e melodiosa, em ritmo de valsas, boleros, milongas e tangos viscerais e ardentes.
Trocar de ritmo , ao longo da vida, de acordo com nossa evolução e discernimento, de acordo com o senso de responsabilidade e coerência,para, em última análise, equilibrar razão com emoção, é o que nos impele a cumprir nossa missão.

KATIA CHIAPPINI

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