Mamãe já não saía de casa. Para que não permanecesse sentada sempre na mesma poltrona, na mesma sala, dia após dia, imaginei experimentar algo diferente para distraí-la. Como eu pousava com mamãe, resolvi colocá-la em outra cadeira, na frente de casa, ao entardecer e após o seu lanche. Ela já não conseguia falar. Só balbuciava algumas sílabas e palavras curtas. Não tinha condições de fazer uma frase completa e isso a aborrecia porque ficava tentando se expressar sem sucesso.
Ao se deparar com a passagem do dia para a noite, acomodada na frente da casa, sentia no rosto a brisa e ficava sorrindo para mim.
Eu apontava para o céu, as estrelas e as nuvens. E mamãe olhava na mesma direção porque eu ia explicando o que estávamos vendo e chamando sua atenção para as belezas do firmamento. Mamãe olhava os transeuntes, percebia a algazarra das crianças pequenas correndo pela calçada. Apontava com admiração para os pássaros que se balançavam nos fios de eletricidade, pulando de um para outro, com sua sinfonia de gorjeios. Gostava de ver os cães passeando com suas donas, e quase arrastando-as, devido à força e pressa que tinham, de passear na rua. E me tocava no braço para ver aqueles casais de meia idade ainda de mãos dadas.
Assim ,permanecíamos, mamãe e eu, entre 20 h e 23 h e 30 min.
E mamãe demonstrava impaciência na hora de voltar para dentro de casa. Mas tinha um sono tranquilo após se inebriar com as belezas de uma natureza pródiga.
E todas as cores coloriam o coração de mamãe. Depois disso eu a colocava na cama, cobria e apagava a luz. Beijava o seu lindo rosto e me recolhia para o merecido descanso.
Eu me deitava no colchão que ficava ao lado da cama de minha mãe.
E antes de dormir agradecia a Deus por mais um dia com mamãe.
KATIA CHIAPPINI
-EMAIL: katia_fachinello42@hotmail.com
MAMÃE ,EU E A NATUREZA.
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