Minha mãe já estava dispersa e com o olhar ao longe, devido a sua doença degenerativa, aos 90 anos de idade.
Uma tarde fomos vê-la, minha filha, os dois netos e eu.
Minha neta levou uma gatinha para colocar no colo de mamãe. A gata ficava um pouco e fugia para o chão porque mamãe a apertava demais, sem perceber.
Então eu fui buscar uma champanha para brindar com mamãe e família.
Mamãe pegou sua taça onde colocamos só um pouco da bebida e sorriu Nós estávamos unindo as taças para o brinde quando mamãe, inesperadamente, ergueu seu copo e a gata ,ao mesmo tempo. E sob nossos olhos, surpresos,colocou a cara da gata dentro da taça como se quisesse que ela brindasse conosco. A gata, ligeira, pulou para o chão e sumiu da sala, correndo para outra ponta da casa e não voltou mais.
Mas mamãe voltou a sorrir e sua alegria foi o que levamos para nossa casa.
Eram breves os momentos de lucidez, ou quase. Mas para nós eram os mais preciosos. Porque a cada sorriso de mamãe nos sentíamos recompensados e cientes de seu amor por nós.
E nos breves momentos em que notávamos alguma reação aos nossos esforços, agradecíamos a Deus por estarmos reunidos ao seu redor.
Mamãe já não estava mais ali. Mas nos estamos com ela, hoje, após 3 anos de seu falecimento. E estaremos sempre em nossos corações e em nossas orações.
KATIA CHIAPPINI
Minha mãe foi preciosa para a minha formação por sua firmeza de caráter e dedicação ao lar.
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