Aquarela de poesias

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Poesias para você

sábado, 18 de fevereiro de 2017

MINHA MÃE

                           MINHA MÃE

Mamãe faleceu em 2011,aos 90 anos de idade e lembro-me dela todos os dias.
Mamãe aprendeu a costurar olhando o trabalho de minha vó.
Vovó fazia a roupa dos 7 filhos e tinha gosto nessa tarefa.
Minha mãe era a única que se sentava ao lado de vovó para ver como era esse ofício.
E assim, de tanto observar e ajudar vovó a cortar os moldes, em jornal, para depois confeccionar a roupa, passou a fazer sua própria roupa, quando adolescente.
Comprava lindos tecidos de seda, rendas e enfeites. E gostava de ver o trabalho finalizado e bem talhado para as medidas de seu corpo.
Suas camisolas de dormir pareciam vestidos de festa, tal o capricho e riqueza de detalhes feitos com cuidado, bem como a perfeição no acabamento de cada peça.
Chiffon ,tafetá, musseline e tule bordado eram tecidos finos que mamãe comprava para se apresentar nas festas da sociedade local.
Rendas e paetês enfeitavam as roupas que minha mãe, tão bem, confeccionava.
A moda era tradicional, primava pelo bom gosto e pela elegância.
As moças se vestiam com requinte e de modo discreto.
Minha mãe fez o meu vestido de casamento. Demorou um mês para terminar os bordados feitos nas mangas e na barra.
A cauda era imensa e bordada com detalhes que ela mesma desenhou.
O véu tinha flores aplicadas com ponto cheio.
Quando jovem chamava a atenção, ao desfilar pela cidade de Livramento, fronteira com Uruguai.
Era linda e muito elegante.
Meu pai a viu numa casa de chá, se aproximou e se apaixonou por ela, à primeira vista. E viveram juntos até a viuvez dela.
Escrevi um texto sobre mamãe em 17 de fevereiro, desse ano, em homenagem à data de seu nascimento.
E nesse texto, lembrei daquela máquina Singer, manual, onde se dava manivela e se tocava com os pés. Nela minha mãe trabalhou muito, até a chegada da máquina elétrica, também da marca Singer. 
Hoje, tantos anos depois, vemos as moças nas ocasiões sociais ,com roupas amassadas, desfiadas e com aspecto de usadas.
Não temos mais os salões iluminados e as festas onde a recreação era sadia e o respeito  era ponto de honra, nos flertes e primeiros olhares.
Minha mãe não viu a moda dos nossos dias.
Seria uma decepção ver o modo displicente e distraído de se vestir , mesmo em ocasiões formais.
Mas, quero parabenizar todas as costureiras que ainda confeccionam roupas bem talhadas, que conservam a elegância na sobriedade.
É um ofício digno de aplausos!
Saudades de minha mãe, uma verdadeira artista na arte de reinventar, de criar modelos e estilos comportados e nem por isso, menos belos.

KATIA CHIAPPINI

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